quinta-feira, 1 de outubro de 2020

🧩 1. Origem do problema social: o individualismo moderno

 

🧩 1. Origem do problema social: o individualismo moderno

A principal raiz está no avanço do individualismo como valor central das sociedades modernas.

  • Antigamente, o casamento e os relacionamentos eram vistos como deveres sociais e familiares, com forte influência religiosa e cultural.

  • Hoje, a prioridade é a realização pessoal e emocional, o que é positivo, mas cria uma tensão constante entre liberdade e compromisso.

  • As pessoas esperam que o parceiro satisfaça necessidades emocionais profundas — o que antes era função da comunidade, da religião e da família ampliada. Isso gera pressão e frustração.


📱 2. Escapismo e tecnologia

O escapismo se intensificou com o avanço das tecnologias digitais:

  • Redes sociais e entretenimento constante oferecem recompensas imediatas e sensação de conexão sem risco emocional real.

  • Essa hiperestimulação faz com que a vida cotidiana e o parceiro pareçam “sem graça” ou “pesados” em comparação.

  • Há também a “comparação social constante” — casais se medem por padrões irreais de felicidade e romance vistos online.

  • Isso cria uma forma de distanciamento emocional disfarçado: a pessoa se refugia em jogos, séries, redes ou fantasias virtuais quando o relacionamento se torna difícil.


💔 3. Aumento dos atritos conjugais

Os conflitos aumentaram porque:

  • A comunicação direta e empática se perdeu — estamos mais conectados digitalmente e mais desconectados emocionalmente.

  • Os papéis de gênero tradicionais mudaram rapidamente, mas as estruturas emocionais e culturais não acompanharam essa mudança.

  • A expectativa de “parceria perfeita” gera intolerância à frustração. Pequenas diferenças viram grandes crises.

  • O estresse econômico e a precariedade da vida moderna dificultam a estabilidade emocional — há menos tempo, energia e paciência para construir vínculos profundos.


📉 4. Por que os casamentos diminuem e os divórcios aumentam

  • Autonomia financeira, principalmente das mulheres, reduziu a dependência econômica e o medo de sair de relações ruins.

  • A ideia de que “a vida é curta e quero ser feliz” prevalece sobre “preciso manter o compromisso”.

  • A cultura do descartável — onde tudo é substituível — contaminou a percepção dos relacionamentos.

  • E o próprio conceito de amor mudou: de algo baseado em “dever e construção” para algo baseado em sentimento instantâneo e compatibilidade emocional.


🧠 5. Ligação entre escapismo e distanciamento

Quando a realidade frustra, o ser humano busca refúgio psicológico.

  • Esse refúgio pode ser digital, imaginativo, artístico ou sexual (pornografia, redes, metaverso, IA, etc.).

  • O problema é quando o escapismo vira mecanismo de evitação — fugir da dor, da conversa difícil, da intimidade real.

  • Em excesso, ele atrofia a capacidade de lidar com a frustração e a imperfeição, elementos centrais da vida a dois.


🌍 Em resumo:

O aumento dos atritos e divórcios é um sintoma de uma sociedade:

  • mais individualista,

  • mais sobrecarregada,

  • mais digitalizada,

  • e menos treinada para a vulnerabilidade emocional e o diálogo.

O escapismo é tanto causa quanto consequência disso: fugimos porque é difícil nos conectar — e quanto mais fugimos, menos sabemos nos conectar.

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