segunda-feira, 10 de junho de 2024

⚙️ Comparativo Técnico: z/OS x Hardware IBM Z

 


⚙️ Comparativo Técnico: z/OS x Hardware IBM Z

Aspectoz/OS (Sistema Operacional)IBM Z (Hardware Mainframe)
🧭 Função PrincipalSistema operacional corporativo de missão crítica, responsável por gerenciar recursos, segurança e execução de aplicações.Plataforma de hardware projetada para alta disponibilidade, segurança, processamento transacional e virtualização extrema.
🕰️ Primeiro Lançamento2001 (evolução do OS/390)2000 (início da linha zSeries com o z900)
🧬 Origem / LinhagemDescendente direto do MVS e OS/360.Evolução do System/360 (1964) e System/390.
🧠 ArquiteturaSoftware de 64 bits, multiprocessado, com suporte a Sysplex, WLM, RACF, UNIX System Services, e automação inteligente.Hardware CISC (Complex Instruction Set Computing) com processadores Telum de 7 nm ou 5 nm, suporte a criptografia e IA on-chip.
🧩 Componentes-ChaveJES2/JES3, TSO/E, ISPF, RACF, DFSMS, SDSF, WLM, z/OSMF.Processadores Telum, canais OSA-Express, CPs, zIIPs, zAAPs, IFLs, HMC, PR/SM, Crypto Express.
💾 Gerenciamento de DadosDFSMS, VSAM, DB2, HSM, zFS.Discos ECKD, adaptadores FICON, subsistemas DS8000, memória ECC.
☁️ VirtualizaçãoGerenciada via LPARs e z/VM (camada de hardware).Suporte nativo a PR/SM (Processor Resource/System Manager) para isolamento e virtualização física.
🔐 SegurançaControlada via RACF e SAF (System Authorization Facility). Suporte a criptografia, multifator e logs integrados.Criptografia pervasiva via Crypto Express e Telum AI Security Engine; isolamento físico entre partições.
🔄 DisponibilidadeSuporte a Parallel Sysplex, automação de failover e alta resiliência (99,9999% uptime).Hardware redundante (cooling, energia, canais, processadores, I/O) e hot-swap em quase todos os componentes.
🔢 EscalabilidadeMilhares de jobs simultâneos, centenas de LPARs, clusters Sysplex integrados.Até centenas de núcleos físicos, petabytes de RAM, e milhares de canais de I/O.
🧮 Desempenho TípicoOtimizado para transações e batch; workload inteligente via WLM.Capaz de processar bilhões de transações por dia (banco, varejo, governo).
💬 InterfacesISPF, TSO, SDSF, z/OSMF (GUI e REST APIs).HMC (Hardware Management Console), Support Element, interfaces web e CLI.
🧰 Linguagens e AmbientesCOBOL, PL/I, Assembler, Java, C, Python, REXX, UNIX shell.Compatível com z/OS, z/VM, z/VSE, Linux on Z, KVM, e firmware proprietário.
🧩 IA e Observabilidadez/OS 3.x traz suporte a OpenTelemetry e integração com IBM AI Ops.z16/z17 possuem Telum AI Accelerator para inferência de IA em tempo real.
🧙 Compatibilidade RetroativaProgramas MVS e OS/390 ainda rodam!Suporte total a hardware e software legado com microcódigos de compatibilidade.
🔁 Ritmo de AtualizaçãoVersões a cada 3–4 anos, com service packs contínuos.Novo hardware a cada 2–3 anos (z13 → z14 → z15 → z16 → z17).
🏁 Filosofia“Confiabilidade e estabilidade antes da inovação apressada.”“Performance e segurança com continuidade total.”
Curiosidade BellacosaUm job JCL escrito nos anos 80 ainda roda hoje sem recompilar.O IBM Z é projetado para funcionar por mais de 30 anos com peças trocadas em operação.

🔍 Como se complementam

O z/OS é o maestro, e o IBM Z é a orquestra.
Sem o hardware, o z/OS não toca.
Sem o z/OS, o hardware não entende a música.
Juntos, formam o ambiente mais resiliente, previsível e seguro já criado.


Curiosidades Bellacosa

  • O z/OS foi o primeiro sistema operacional 64-bit corporativo do mundo (antes do Windows e Linux!).

  • O IBM Z é o único hardware que consegue rodar workloads de IA, batch, OLTP e nuvem simultaneamente no mesmo chip.

  • Todo processador Telum é testado por 24 horas em cargas reais de CICS e DB2 antes de sair da fábrica.

  • O sistema z/OS ainda contém rotinas de código assembler escritas há mais de 40 anos — e elas funcionam perfeitamente.


💡 Dica Bellacosa para Padawans

Se quiser entender o poder do mainframe, olhe para o casamento entre o z/OS e o IBM Z:
o primeiro pensa, o segundo executa — e ambos nunca dormem.

Para o profissional moderno, dominar z/OS + arquitetura Z é como ter duas chaves do mesmo cofre:
uma abre os dados, a outra os protege.


sábado, 8 de junho de 2024

🧠💾 DevOps no Mainframe: Quando o COBOL Encontrou o Git

 


🧠💾 DevOps no Mainframe: Quando o COBOL Encontrou o Git

Por Vagner Bellacosa – Bellacosa Mainframe Chronicles – “Porque até o z/OS precisa de pipeline”


“No início, havia o JCL. E o JCL era bom.
Mas um dia o DevOps olhou para o Mainframe e disse:
‘Que tal versionar isso aí?’”
Antigo Provérbio da Guilda dos Analistas de Produção, circa 2018.


⚙️ 1. A Origem da Força: Mainframe Antes do DevOps

Nos primórdios do tempo digital — década de 60 — o Mainframe era o único devops possível.
Desenvolvia, testava, implantava e executava tudo no mesmo lugar.
Sem containers, sem cloud, sem microservices. O sistema era monolítico, mas estável como uma rocha.

Os times trabalhavam em ciclos longos:

  • meses para desenvolver,

  • semanas para testar,

  • e madrugadas inteiras para colocar em produção com medo do abençoado abend U4038.

💡 Curiosidade Bellacosa:
O termo DevOps só surgiria nos anos 2000, mas os mainframers já praticavam sua essência muito antes — colaboração, automação e controle eram o DNA natural do z/OS.


🔄 2. O Encontro dos Mundos: DevOps e COBOL

Quando o mundo distribuído começou a falar em Agile, CI/CD e pipelines, o Mainframe parecia o tiozão da família que ainda usava pager.
Mas o que pouca gente sabia é que o tiozão guardava o cofre dos bancos, das seguradoras e dos governos.

E então... 💥
IBM, Broadcom, Rocket e BMC perceberam: era hora de modernizar sem destruir.

Assim nasceu o DevOps para Mainframe:
A fusão entre práticas modernas (Git, Jenkins, SonarQube, API Gateway) e linguagens lendárias (COBOL, PL/I, JCL, Assembler).


🧰 3. As Ferramentas da Nova Ordem

O arsenal do Cavaleiro DevOps Mainframe é poderoso e variado.
Veja o comparativo entre o lado clássico e o lado moderno da força:

⚔️ Era Clássica🛰️ Era DevOps
Librarian / EndevorGitHub / GitLab / Bitbucket
JCL SUBMIT manualJenkins Pipeline / Tekton
Compilação no TSOBuild automático com DBB (Dependency Based Build)
ChangeMan / SCLMUrbanCode Deploy / Ansible
Control-M / CA7Orquestração via API REST
ISPF EditorVisual Studio Code com Zowe Explorer
Spool JES2Logs integrados no Jenkins e Splunk

🧩 Easter Egg Técnico:
O Zowe é o primeiro projeto open source oficial da IBM Z — e seu nome vem da junção de “z/OS” + “owe” (de open web).
Sim, o Mainframe virou web-friendly.


🔬 4. O Workflow do Padawan DevOps Mainframe

Vamos decodificar o ciclo de vida moderno de um projeto COBOL com DevOps.

🪐 Etapa 1 – Codificação

O desenvolvedor escreve o COBOL no VS Code com o plugin Zowe Explorer, salvando direto no Git.

“Adeus ISPF Edit... Olá Ctrl+S!”

⚙️ Etapa 2 – Build Automatizado

O commit aciona o Jenkins, que executa o IBM DBB — ferramenta que compila COBOL, monta COPYBOOKS e cria LOADs automaticamente.

🧪 Etapa 3 – Teste Automatizado

Entram em cena frameworks como:

  • ZUnit (para testar programas COBOL)

  • Topaz for Total Test (Broadcom)

  • IBM zUnit + Jenkins Reports

Os testes validam não só a lógica, mas também o acesso a DB2 e VSAM.

🧭 Etapa 4 – Integração Contínua

Após os testes, o build é integrado a ambientes de QA via UrbanCode Deploy, garantindo controle e versionamento de componentes.

🚀 Etapa 5 – Deploy

Deploy automatizado no CICS, Batch, IMS ou Web Service.
Tudo monitorado com SonarQube, Splunk e SMF logs.


🧙‍♂️ 5. Metodologia do Caminho DevOps

Um Jedi Mainframe moderno segue quatro princípios:

  1. Automatize tudo que puder — builds, testes, deploys e até submissão de JCLs.

  2. Integre com respeito — nem tudo deve ser refatorado; às vezes o legado é sábio.

  3. Versão é poder — o Git é o novo repositório sagrado.

  4. Feedback é Força — monitore, aprenda, ajuste.

📜 Curiosidade Bellacosa:
O IBM DBB foi desenvolvido originalmente como um projeto interno chamado “Project Bluemix for z/OS”.
Ele traduz a dependência do mundo JCL em pipelines YAML. Um verdadeiro “tradutor de eras”.


6. O DevOps Mainframe em Ação

Um pipeline típico de DevOps COBOL pode ser visualizado assim:

GIT PUSH ↓ JENKINS PIPELINE ↓ IBM DBB BUILD ↓ ZUNIT / TOPAZ TESTS ↓ URBANCODE DEPLOY ↓ Z/OS CICS EXECUTION ↓ MONITOR / FEEDBACK LOOP




💬 Easter Egg Filosófico:
“Pipeline é o novo JCL.”
Enquanto o JCL executa passos em batch, o pipeline orquestra passos de automação.
Ambos seguem o princípio da execução sequencial controlada — separados apenas por 50 anos de sintaxe. 😎


🕰️ 7. A Linha do Tempo da Evolução

AnoMarcoDescrição
1964Lançamento do System/360O berço da automação batch
1980SCLM e LibrarianControle de versão rudimentar
1990Endevor e ChangeManCM integrado ao ciclo de vida
2010IBM DBB & UrbanCodeDevOps ganha cara no z/OS
2018Projeto ZoweMainframe abraça o open source
2020+Git + Jenkins + API RESTA força se equilibra

8. Dicas do Mestre Bellacosa

  • Sempre compile com mensagens ativas: use LIST, XREF no compilador — são o “lint” do COBOL.

  • Evite mexer direto no Loadlib: agora ele é gerado automaticamente — é o artefato, não o playground.

  • Integre CICS e DB2 nos testes: DevOps não é só build, é comportamento de sistema.

  • Zowe CLI é sua varinha mágica: automatize submissão de JCL, consulta a spool e deploys sem entrar no ISPF.


🧩 9. O Lado Oculto da Força (Curiosidades)

  • O primeiro pipeline DevOps para COBOL foi rodado na IBM Poughkeepsie Labs, em um z13 — com sucesso total, sem um único abend.

  • Algumas empresas usam Docker simulando z/OS via ZD&T (z Development & Test Environment).
    Sim, é possível rodar um “mini mainframe” dentro de um laptop gamer! 🎮

  • O termo “Mainframe Modernization” virou moda — mas quem entende sabe que modernizar ≠ migrar.
    O segredo é integrar, não substituir.


🌌 10. Conclusão: O Mainframe Nunca Dorme

O DevOps não é o fim do legado — é o elo entre gerações.
Hoje, um pull request pode acionar um JCL SUBMIT, e um commit pode atualizar um CICS.
O Mainframe não ficou velho: ele apenas aprendeu a conversar com os jovens.

“O Mainframe não é um dinossauro.
É o dragão que aprendeu a voar em nuvens.” 🐉☁️

 

quinta-feira, 6 de junho de 2024

🎭 Os Estereótipos do Japão em Anime — Espelhos Culturais de uma Sociedade Silenciosa

 


🎭 Os Estereótipos do Japão em Anime — Espelhos Culturais de uma Sociedade Silenciosa

Por Bellacosa Mainframe — Cultura, Código e Consciência


🏯 1. O Estudante Dedicado — O Peso da Perfeição

Símbolo de: esforço, disciplina, expectativa social
Personagens:

  • Shinji Ikari (Evangelion)

  • Light Yagami (Death Note)

  • Deku (My Hero Academia)

  • Hinata Hyuga (Naruto)

O Japão vê o sucesso acadêmico como a primeira prova de valor social.
Esses personagens vivem sob a lógica do ganbaru (esforçar-se até o limite), carregando a culpa de falhar e o medo de decepcionar.

Por trás do sorriso estudioso, há insônia, solidão e autoexigência.
É o reflexo da juventude japonesa que aprende cedo que nota baixa é pecado social.

🧩 Curiosidade: o Japão tem uma das maiores taxas de suicídio juvenil entre países desenvolvidos — muitos casos ligados à pressão escolar.


💼 2. O Salaryman — O Samurai Corporativo

Símbolo de: lealdade, sacrifício e obediência
Personagens:

  • Gendou Ikari (Evangelion)

  • Retsuko e seus colegas (Aggretsuko)

  • Tanaka (Tanaka-kun wa Itsumo Kedaruge)

O salaryman é o herdeiro moderno do bushido, o código dos samurais — mas agora sua espada é um crachá.
Ele trabalha, bebe e dorme para a empresa.
Nos animes, é retratado como figura ausente, fria ou submissa ao sistema — símbolo do colapso da individualidade.

💬 Bellacosa insight: o salaryman é o “mainframe humano” — confiável, mas incapaz de se desligar.


🎓 3. A Colegial Idealizada — Pureza e Repressão

Símbolo de: inocência, conformismo, beleza idealizada
Personagens:

  • Asuka Langley Soryu (Evangelion)

  • Mikasa Ackerman (Attack on Titan)

  • Sailor Moon (Bishoujo Senshi Sailor Moon)

O uniforme colegial (seifuku) virou ícone mundial.
Mas por trás da estética fofa há um controle cultural sobre a feminilidade.
A colegial é vista como símbolo de pureza, mas ao mesmo tempo fetichizada pela sociedade adulta.

🪞 É o paradoxo do Japão moderno: um país que venera a juventude e teme a mulher madura.


👓 4. O Gênio Solitário — A Inteligência como Escudo

Símbolo de: isolamento, superioridade, incapacidade emocional
Personagens:

  • L (Death Note)

  • Shouko Nishimiya (A Silent Voice)

  • Armin Arlert (Attack on Titan)

No Japão, ser inteligente é virtude — mas exibir emoção é fraqueza.
Esses personagens mostram o preço da genialidade: solidão e desconexão emocional.
Eles vivem o honne e o tatemae em sua forma extrema: por dentro gritam, por fora calculam.

💡 Bellacosa insight: a mente brilhante no Japão é admirada, mas raramente compreendida.


🕶️ 5. O Delinquente com Coração — Rebeldia com Código

Símbolo de: resistência ao sistema, masculinidade alternativa
Personagens:

  • Yusuke Urameshi (Yu Yu Hakusho)

  • Onizuka (Great Teacher Onizuka)

  • Hanagaki Takemichi (Tokyo Revengers)

O yankii (delinquente escolar) é o anti-salaryman: caótico, emocional, espontâneo.
Ele desafia regras, mas tem seu próprio código de honra.
Em um país que prega obediência, ele representa o espírito livre que o Japão tenta conter.

💥 Curiosidade: o movimento bosozoku (gangues de motoqueiros dos anos 80–90) inspirou diretamente esses personagens.


🧘 6. A Menina Misteriosa — O Silêncio como Linguagem

Símbolo de: introspecção, trauma, repressão emocional
Personagens:

  • Rei Ayanami (Evangelion)

  • Homura Akemi (Madoka Magica)

  • Yuki Nagato (The Melancholy of Haruhi Suzumiya)

Ela fala pouco, mas sente muito.
O Japão admira o autocontrole e o silêncio — e essas personagens refletem a beleza da contenção emocional.
São metáforas da alma japonesa: calmas por fora, em tempestade por dentro.

🧩 Bellacosa insight: o silêncio japonês não é vazio — é a forma mais elegante de dizer “não posso dizer”.


🍶 7. O Sensei — A Autoridade Benevolente (ou Tóxica)

Símbolo de: hierarquia, respeito e poder emocional
Personagens:

  • Jiraiya (Naruto)

  • Koro-sensei (Assassination Classroom)

  • Gojo Satoru (Jujutsu Kaisen)

O sensei é o guia, o modelo — mas também pode ser o vilão.
Representa o respeito quase sagrado à autoridade no Japão, mas também o perigo do poder não questionado.
Nos animes modernos, o sensei é humano: falha, erra e às vezes carrega o peso de um sistema ultrapassado.

💬 Bellacosa insight: o verdadeiro sensei é o que ensina a pensar, não o que exige obediência.


🎮 8. O NEET / Hikikomori — A Fuga do Mundo

Símbolo de: desilusão, alienação social, resistência passiva
Personagens:

  • Satou Tatsuhiro (Welcome to the NHK)

  • Kazuma Satou (KonoSuba)

  • Subaru Natsuki (Re:Zero)

São os “filhos do colapso econômico”.
Desistem da vida corporativa e se isolam do mundo real —
mas o anime lhes dá mundos alternativos, onde podem existir sem culpa.

Bellacosa insight: o isekai é a fuga digital do hikikomori — o sonho de viver onde o fracasso é ressignificado como aventura.


🌸 Conclusão Bellacosa — O Japão e Suas Máscaras

Os estereótipos dos animes não são caricaturas — são interfaces sociais.
Cada personagem é uma máscara cultural (tatemae) que esconde um grito silencioso (honne).

Por isso, o anime emociona: porque sob o brilho dos olhos gigantes, o Japão confessa o que nunca diria em voz alta.

“Trabalhamos demais, amamos pouco, obedecemos muito.
Mas ainda sonhamos.”

E talvez seja esse o segredo do sucesso global do anime:
ele traduz para o mundo o que o Japão sente, mas não fala.

terça-feira, 4 de junho de 2024

💭 Escapismo Virtual — A Arte de Fugir sem Sair do Lugar



 💭 Escapismo Virtual — A Arte de Fugir sem Sair do Lugar

Vivemos conectados. As telas são janelas e prisões. Um toque nos leva a mundos encantados, um clique nos esconde da realidade. E entre um login e outro, surge um velho conhecido da era digital: o escapismo virtual.

Mas o que é, afinal, essa vontade de desaparecer — ainda que por dentro de uma tela?


🌌 A Fuga que Consola

O escapismo virtual é a arte de fugir sem sair do lugar. É quando nos refugiamos em filmes, jogos, animes, redes sociais ou fanfics para escapar das dores, pressões e silêncios da vida real.
Não se trata apenas de preguiça ou alienação — é, muitas vezes, um grito disfarçado de refúgio.
Um “pause” emocional num mundo que exige performance constante.

A mente, exausta, busca abrigo nas dimensões que pode controlar. Lá, o herói vence, o amor acontece, o final é previsível — e isso traz alívio.


💡 O Lado Belo da Fuga

Nem todo escapismo é vilão.
O mesmo refúgio que afasta do caos pode inspirar, curar, e até salvar.
Quem nunca encontrou motivação em um personagem de anime?
Quem nunca chorou com um jogo, ou aprendeu sobre empatia num mundo fictício?

Esses universos nos emprestam coragem.
E quando voltamos — um pouco mais inteiros — percebemos que fugir por instantes também é uma forma de sobreviver.


⚠️ O Perigo da Moradia Permanente

O problema começa quando a fuga deixa de ser pausa e vira moradia.
Quando o avatar substitui o rosto, o feed substitui o olhar, e o like vira afeto.
A linha que separa o conforto da prisão é tênue — e o silêncio digital é traiçoeiro.

Escapar demais é esquecer-se de quem habita o corpo.
É viver “online” e morrer “off”.


🔍 Entre o Real e o Virtual

O segredo está no equilíbrio: usar o virtual como ponte, não como muro.
Jogar, assistir, criar, compartilhar — tudo isso é humano.
Mas sentir, viver, errar e se conectar com o que não cabe em pixels — isso é essencial.

O escapismo é válido quando serve para recarregar a alma, não para enterrar o “eu”.


Reflexão Bellacosa

Vivemos em tempos em que a dor é rápida e o consolo é digital.
Mas nenhuma tela reproduz o calor de um abraço, o peso do tempo ou o som da própria respiração.
Fugir faz parte da jornada — desde que a gente saiba voltar.

Então, permita-se sonhar.
Mas lembre-se: a vida real ainda é o maior RPG que existe.
E você, meu caro leitor, é o protagonista.


Entre a fuga e o retorno, encontramos o sentido de continuar.

domingo, 2 de junho de 2024

🎭 2.5-jigen no Ririsa — Quando o amor ultrapassa a tela



 🎭 2.5-jigen no Ririsa — Quando o amor ultrapassa a tela

Há animes que falam de fantasia, outros de batalhas, e alguns que mergulham fundo na alma humana. 2.5-jigen no Ririsa (em inglês, 2.5 Dimensional Seduction) é desses que te fazem rir, corar e refletir sobre o que é real e o que é apenas uma “dimensão de refúgio”.


📖 Sinopse

Baseado no mangá de Yu Hashimoto, publicado originalmente em 2019 e adaptado para anime em 2024, a história gira em torno de Okumura, um estudante obcecado por uma personagem 2D chamada Lilliel, heroína de um mangá fictício. Sua vida muda quando conhece Ririsa Amano, uma colega tímida que compartilha o mesmo amor pela personagem — mas de uma forma diferente: ela é cosplayer e dá vida à Lilliel no mundo real.

A trama desenrola-se entre o choque do “ideal” 2D e o contato com a emoção humana 3D. Aos poucos, Okumura precisa decidir se o amor que sente pode ultrapassar as barreiras da fantasia.


👩‍🎤 Personagens Principais

  • Ririsa Amano — A cosplayer apaixonada, sensível e determinada a mostrar que o amor pelo 2D pode coexistir com a vida real.

  • Okumura — O otaku devoto, preso a um amor “perfeito” de papel, que aprende a lidar com sentimentos verdadeiros.

  • Mika — Amiga de Ririsa, espirituosa e observadora; traz o equilíbrio e o toque de comédia à história.

  • Lilliel — A personagem fictícia que, mesmo inexistente, se torna um elo emocional entre todos.


🧠 Mensagem Filosófica

2.5-jigen no Ririsa toca num tema atualíssimo: a tênue fronteira entre o escapismo digital e a conexão humana.
O “2.5D” é o ponto de encontro entre fantasia e realidade — o palco onde projetamos o que gostaríamos de ser e o que tememos sentir. Ririsa representa o esforço de transformar admiração em autenticidade, enquanto Okumura é o espelho de quem se refugia em mundos perfeitos para evitar se machucar.

A série nos lembra que amar é aceitar as imperfeições da vida real, sem negar a beleza que a fantasia pode oferecer.


💡 Dicas de Bellacosa

  • Preste atenção nas metáforas visuais: o contraste entre as cores vibrantes do cosplay e os tons neutros do cotidiano reflete o conflito entre sonho e realidade.

  • As cenas no clube de cosplay são pequenas aulas sobre autoexpressão e vulnerabilidade.

  • A trilha sonora mistura elementos de J-pop e instrumentais suaves — perfeito para quem gosta de animes com pegada emocional e estética moderna.


🔍 Curiosidades

  • O termo “2.5D” vem do teatro japonês 2.5D Stage Play, que adapta obras de anime e mangá para o palco — é uma fusão de real e fictício.

  • O mangá foi um sucesso inesperado nas plataformas digitais japonesas, especialmente entre leitores que se identificam com a solidão moderna.

  • Ririsa é inspirada em cosplayers reais — Yu Hashimoto entrevistou várias antes de desenvolver sua personalidade.


🎬 Estilo

O anime combina romance, slice of life e comédia leve, com uma direção visual limpa, planos próximos e narrativa sensorial. Ideal para quem curte títulos como Wotakoi, Komi-san wa Komyushou desu ou Oshi no Ko.


☕ Reflexão Final Bellacosa:
Em um mundo onde a tela se tornou extensão do coração, 2.5-jigen no Ririsa nos pergunta: até que ponto o amor precisa ser palpável para ser verdadeiro? Talvez, o verdadeiro 2.5D não esteja nas páginas nem no palco, mas no instante em que dois mundos — o da imaginação e o da emoção — se tocam.


Assista, reflita, e permita-se sentir um pouco além da quarta parede.