🧠💾 DevOps no Mainframe: Quando o COBOL Encontrou o Git
Por Vagner Bellacosa – Bellacosa Mainframe Chronicles – “Porque até o z/OS precisa de pipeline”
“No início, havia o JCL. E o JCL era bom.
Mas um dia o DevOps olhou para o Mainframe e disse:
‘Que tal versionar isso aí?’”
— Antigo Provérbio da Guilda dos Analistas de Produção, circa 2018.
⚙️ 1. A Origem da Força: Mainframe Antes do DevOps
Nos primórdios do tempo digital — década de 60 — o Mainframe era o único devops possível.
Desenvolvia, testava, implantava e executava tudo no mesmo lugar.
Sem containers, sem cloud, sem microservices. O sistema era monolítico, mas estável como uma rocha.
Os times trabalhavam em ciclos longos:
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meses para desenvolver,
-
semanas para testar,
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e madrugadas inteiras para colocar em produção com medo do abençoado abend U4038.
💡 Curiosidade Bellacosa:
O termo DevOps só surgiria nos anos 2000, mas os mainframers já praticavam sua essência muito antes — colaboração, automação e controle eram o DNA natural do z/OS.
🔄 2. O Encontro dos Mundos: DevOps e COBOL
Quando o mundo distribuído começou a falar em Agile, CI/CD e pipelines, o Mainframe parecia o tiozão da família que ainda usava pager.
Mas o que pouca gente sabia é que o tiozão guardava o cofre dos bancos, das seguradoras e dos governos.
E então... 💥
IBM, Broadcom, Rocket e BMC perceberam: era hora de modernizar sem destruir.
Assim nasceu o DevOps para Mainframe:
A fusão entre práticas modernas (Git, Jenkins, SonarQube, API Gateway) e linguagens lendárias (COBOL, PL/I, JCL, Assembler).
🧰 3. As Ferramentas da Nova Ordem
O arsenal do Cavaleiro DevOps Mainframe é poderoso e variado.
Veja o comparativo entre o lado clássico e o lado moderno da força:
| ⚔️ Era Clássica | 🛰️ Era DevOps |
|---|---|
| Librarian / Endevor | GitHub / GitLab / Bitbucket |
| JCL SUBMIT manual | Jenkins Pipeline / Tekton |
| Compilação no TSO | Build automático com DBB (Dependency Based Build) |
| ChangeMan / SCLM | UrbanCode Deploy / Ansible |
| Control-M / CA7 | Orquestração via API REST |
| ISPF Editor | Visual Studio Code com Zowe Explorer |
| Spool JES2 | Logs integrados no Jenkins e Splunk |
🧩 Easter Egg Técnico:
O Zowe é o primeiro projeto open source oficial da IBM Z — e seu nome vem da junção de “z/OS” + “owe” (de open web).
Sim, o Mainframe virou web-friendly.
🔬 4. O Workflow do Padawan DevOps Mainframe
Vamos decodificar o ciclo de vida moderno de um projeto COBOL com DevOps.
🪐 Etapa 1 – Codificação
O desenvolvedor escreve o COBOL no VS Code com o plugin Zowe Explorer, salvando direto no Git.
“Adeus ISPF Edit... Olá Ctrl+S!”
⚙️ Etapa 2 – Build Automatizado
O commit aciona o Jenkins, que executa o IBM DBB — ferramenta que compila COBOL, monta COPYBOOKS e cria LOADs automaticamente.
🧪 Etapa 3 – Teste Automatizado
Entram em cena frameworks como:
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ZUnit (para testar programas COBOL)
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Topaz for Total Test (Broadcom)
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IBM zUnit + Jenkins Reports
Os testes validam não só a lógica, mas também o acesso a DB2 e VSAM.
🧭 Etapa 4 – Integração Contínua
Após os testes, o build é integrado a ambientes de QA via UrbanCode Deploy, garantindo controle e versionamento de componentes.
🚀 Etapa 5 – Deploy
Deploy automatizado no CICS, Batch, IMS ou Web Service.
Tudo monitorado com SonarQube, Splunk e SMF logs.
🧙♂️ 5. Metodologia do Caminho DevOps
Um Jedi Mainframe moderno segue quatro princípios:
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Automatize tudo que puder — builds, testes, deploys e até submissão de JCLs.
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Integre com respeito — nem tudo deve ser refatorado; às vezes o legado é sábio.
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Versão é poder — o Git é o novo repositório sagrado.
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Feedback é Força — monitore, aprenda, ajuste.
📜 Curiosidade Bellacosa:
O IBM DBB foi desenvolvido originalmente como um projeto interno chamado “Project Bluemix for z/OS”.
Ele traduz a dependência do mundo JCL em pipelines YAML. Um verdadeiro “tradutor de eras”.
⚡ 6. O DevOps Mainframe em Ação
Um pipeline típico de DevOps COBOL pode ser visualizado assim:
💬 Easter Egg Filosófico:
“Pipeline é o novo JCL.”
Enquanto o JCL executa passos em batch, o pipeline orquestra passos de automação.
Ambos seguem o princípio da execução sequencial controlada — separados apenas por 50 anos de sintaxe. 😎
🕰️ 7. A Linha do Tempo da Evolução
| Ano | Marco | Descrição |
|---|---|---|
| 1964 | Lançamento do System/360 | O berço da automação batch |
| 1980 | SCLM e Librarian | Controle de versão rudimentar |
| 1990 | Endevor e ChangeMan | CM integrado ao ciclo de vida |
| 2010 | IBM DBB & UrbanCode | DevOps ganha cara no z/OS |
| 2018 | Projeto Zowe | Mainframe abraça o open source |
| 2020+ | Git + Jenkins + API REST | A força se equilibra |
☕ 8. Dicas do Mestre Bellacosa
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Sempre compile com mensagens ativas: use
LIST, XREFno compilador — são o “lint” do COBOL. -
Evite mexer direto no Loadlib: agora ele é gerado automaticamente — é o artefato, não o playground.
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Integre CICS e DB2 nos testes: DevOps não é só build, é comportamento de sistema.
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Zowe CLI é sua varinha mágica: automatize submissão de JCL, consulta a spool e deploys sem entrar no ISPF.
🧩 9. O Lado Oculto da Força (Curiosidades)
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O primeiro pipeline DevOps para COBOL foi rodado na IBM Poughkeepsie Labs, em um z13 — com sucesso total, sem um único abend.
-
Algumas empresas usam Docker simulando z/OS via ZD&T (z Development & Test Environment).
Sim, é possível rodar um “mini mainframe” dentro de um laptop gamer! 🎮 -
O termo “Mainframe Modernization” virou moda — mas quem entende sabe que modernizar ≠ migrar.
O segredo é integrar, não substituir.
🌌 10. Conclusão: O Mainframe Nunca Dorme
O DevOps não é o fim do legado — é o elo entre gerações.
Hoje, um pull request pode acionar um JCL SUBMIT, e um commit pode atualizar um CICS.
O Mainframe não ficou velho: ele apenas aprendeu a conversar com os jovens.
“O Mainframe não é um dinossauro.
É o dragão que aprendeu a voar em nuvens.” 🐉☁️
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