sábado, 8 de junho de 2024

🧠💾 DevOps no Mainframe: Quando o COBOL Encontrou o Git

 


🧠💾 DevOps no Mainframe: Quando o COBOL Encontrou o Git

Por Vagner Bellacosa – Bellacosa Mainframe Chronicles – “Porque até o z/OS precisa de pipeline”


“No início, havia o JCL. E o JCL era bom.
Mas um dia o DevOps olhou para o Mainframe e disse:
‘Que tal versionar isso aí?’”
Antigo Provérbio da Guilda dos Analistas de Produção, circa 2018.


⚙️ 1. A Origem da Força: Mainframe Antes do DevOps

Nos primórdios do tempo digital — década de 60 — o Mainframe era o único devops possível.
Desenvolvia, testava, implantava e executava tudo no mesmo lugar.
Sem containers, sem cloud, sem microservices. O sistema era monolítico, mas estável como uma rocha.

Os times trabalhavam em ciclos longos:

  • meses para desenvolver,

  • semanas para testar,

  • e madrugadas inteiras para colocar em produção com medo do abençoado abend U4038.

💡 Curiosidade Bellacosa:
O termo DevOps só surgiria nos anos 2000, mas os mainframers já praticavam sua essência muito antes — colaboração, automação e controle eram o DNA natural do z/OS.


🔄 2. O Encontro dos Mundos: DevOps e COBOL

Quando o mundo distribuído começou a falar em Agile, CI/CD e pipelines, o Mainframe parecia o tiozão da família que ainda usava pager.
Mas o que pouca gente sabia é que o tiozão guardava o cofre dos bancos, das seguradoras e dos governos.

E então... 💥
IBM, Broadcom, Rocket e BMC perceberam: era hora de modernizar sem destruir.

Assim nasceu o DevOps para Mainframe:
A fusão entre práticas modernas (Git, Jenkins, SonarQube, API Gateway) e linguagens lendárias (COBOL, PL/I, JCL, Assembler).


🧰 3. As Ferramentas da Nova Ordem

O arsenal do Cavaleiro DevOps Mainframe é poderoso e variado.
Veja o comparativo entre o lado clássico e o lado moderno da força:

⚔️ Era Clássica🛰️ Era DevOps
Librarian / EndevorGitHub / GitLab / Bitbucket
JCL SUBMIT manualJenkins Pipeline / Tekton
Compilação no TSOBuild automático com DBB (Dependency Based Build)
ChangeMan / SCLMUrbanCode Deploy / Ansible
Control-M / CA7Orquestração via API REST
ISPF EditorVisual Studio Code com Zowe Explorer
Spool JES2Logs integrados no Jenkins e Splunk

🧩 Easter Egg Técnico:
O Zowe é o primeiro projeto open source oficial da IBM Z — e seu nome vem da junção de “z/OS” + “owe” (de open web).
Sim, o Mainframe virou web-friendly.


🔬 4. O Workflow do Padawan DevOps Mainframe

Vamos decodificar o ciclo de vida moderno de um projeto COBOL com DevOps.

🪐 Etapa 1 – Codificação

O desenvolvedor escreve o COBOL no VS Code com o plugin Zowe Explorer, salvando direto no Git.

“Adeus ISPF Edit... Olá Ctrl+S!”

⚙️ Etapa 2 – Build Automatizado

O commit aciona o Jenkins, que executa o IBM DBB — ferramenta que compila COBOL, monta COPYBOOKS e cria LOADs automaticamente.

🧪 Etapa 3 – Teste Automatizado

Entram em cena frameworks como:

  • ZUnit (para testar programas COBOL)

  • Topaz for Total Test (Broadcom)

  • IBM zUnit + Jenkins Reports

Os testes validam não só a lógica, mas também o acesso a DB2 e VSAM.

🧭 Etapa 4 – Integração Contínua

Após os testes, o build é integrado a ambientes de QA via UrbanCode Deploy, garantindo controle e versionamento de componentes.

🚀 Etapa 5 – Deploy

Deploy automatizado no CICS, Batch, IMS ou Web Service.
Tudo monitorado com SonarQube, Splunk e SMF logs.


🧙‍♂️ 5. Metodologia do Caminho DevOps

Um Jedi Mainframe moderno segue quatro princípios:

  1. Automatize tudo que puder — builds, testes, deploys e até submissão de JCLs.

  2. Integre com respeito — nem tudo deve ser refatorado; às vezes o legado é sábio.

  3. Versão é poder — o Git é o novo repositório sagrado.

  4. Feedback é Força — monitore, aprenda, ajuste.

📜 Curiosidade Bellacosa:
O IBM DBB foi desenvolvido originalmente como um projeto interno chamado “Project Bluemix for z/OS”.
Ele traduz a dependência do mundo JCL em pipelines YAML. Um verdadeiro “tradutor de eras”.


6. O DevOps Mainframe em Ação

Um pipeline típico de DevOps COBOL pode ser visualizado assim:

GIT PUSH ↓ JENKINS PIPELINE ↓ IBM DBB BUILD ↓ ZUNIT / TOPAZ TESTS ↓ URBANCODE DEPLOY ↓ Z/OS CICS EXECUTION ↓ MONITOR / FEEDBACK LOOP




💬 Easter Egg Filosófico:
“Pipeline é o novo JCL.”
Enquanto o JCL executa passos em batch, o pipeline orquestra passos de automação.
Ambos seguem o princípio da execução sequencial controlada — separados apenas por 50 anos de sintaxe. 😎


🕰️ 7. A Linha do Tempo da Evolução

AnoMarcoDescrição
1964Lançamento do System/360O berço da automação batch
1980SCLM e LibrarianControle de versão rudimentar
1990Endevor e ChangeManCM integrado ao ciclo de vida
2010IBM DBB & UrbanCodeDevOps ganha cara no z/OS
2018Projeto ZoweMainframe abraça o open source
2020+Git + Jenkins + API RESTA força se equilibra

8. Dicas do Mestre Bellacosa

  • Sempre compile com mensagens ativas: use LIST, XREF no compilador — são o “lint” do COBOL.

  • Evite mexer direto no Loadlib: agora ele é gerado automaticamente — é o artefato, não o playground.

  • Integre CICS e DB2 nos testes: DevOps não é só build, é comportamento de sistema.

  • Zowe CLI é sua varinha mágica: automatize submissão de JCL, consulta a spool e deploys sem entrar no ISPF.


🧩 9. O Lado Oculto da Força (Curiosidades)

  • O primeiro pipeline DevOps para COBOL foi rodado na IBM Poughkeepsie Labs, em um z13 — com sucesso total, sem um único abend.

  • Algumas empresas usam Docker simulando z/OS via ZD&T (z Development & Test Environment).
    Sim, é possível rodar um “mini mainframe” dentro de um laptop gamer! 🎮

  • O termo “Mainframe Modernization” virou moda — mas quem entende sabe que modernizar ≠ migrar.
    O segredo é integrar, não substituir.


🌌 10. Conclusão: O Mainframe Nunca Dorme

O DevOps não é o fim do legado — é o elo entre gerações.
Hoje, um pull request pode acionar um JCL SUBMIT, e um commit pode atualizar um CICS.
O Mainframe não ficou velho: ele apenas aprendeu a conversar com os jovens.

“O Mainframe não é um dinossauro.
É o dragão que aprendeu a voar em nuvens.” 🐉☁️

 

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