sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Awa Odori — O Carnaval Desengonçado Mais Encantador do Japão

 


Awa Odori — O Carnaval Desengonçado Mais Encantador do Japão

(por Oni Bellacosa, em plena madrugada, com cheiro de miojo no ar)

Se tem uma coisa que eu aprendi mergulhando nos festivais japoneses é que o Japão sabe fazer festa como sabe fazer mainframe: com disciplina, tradição, rituais quase sagrados e um caos maravilhosamente organizado.
E dentro desse universo existe um festival tão icônico, tão vivo e tão… estranhamente engraçado, que até hoje me fascina:
o Awa Odori.

Você já ouviu falar, El Jefe?
Porque se não ouviu, sente-se aqui ao lado do Oni, que hoje a escrita vem inspirada.




🎎 O que é o Awa Odori?

É simples e genial: um festival de dança que acontece desde o século XVI na província de Tokushima, onde milhares de pessoas saem pelas ruas dançando um estilo que mistura tradição, exagero, alegria e passos que parecem saídos de um glitch de animação.

Os japoneses definem assim:

“Os tolos dançam, os tolos assistem. Melhor dançar.”

E esse já é o espírito Bellacosa do festival.




🏮 Origem: nasceu da cachaça — literalmente

Aqui entra o easter-egg histórico.

No século XVI, o daimyō Hachisuka Iemasa inaugurou seu castelo em Tokushima. Para comemorar, liberou sake à vontade para o povo.
E o povo, como todo bom povo que toma aquela liberdade, ficou completamente calibrado.

Resultado: eles começaram a dançar de forma totalmente desconjuntada, tropeçando, rindo, inventando passos que desobedeciam a gravidade e qualquer lógica biomecânica.

Nascia ali o Awa Odori, batizado com o nome antigo da região: Awa.

Ou seja:
👉 o festival mais importante de Tokushima nasceu de um porre coletivo comemorativo.
Coisa linda.


🕺 Como é a dança?

Imagine o seguinte:

  • cotovelos altos

  • joelhos dobrados

  • movimentos diagonais

  • passos repetitivos como loop JCL

  • rostos sorridentes quase caricatos

  • mulheres com chapéu amigasa parecendo personagens de anime histórico

  • homens batendo palmas e gritando “Yatto-sa! Yatto-sa!”

Tudo acompanhado de shamisen, taiko, flautas e sinos.

É um espetáculo.
É caoticamente coordenado.
É mainframe executando batch e online ao mesmo tempo.


🌏 Quando e onde ver

O Awa Odori Festival acontece de 12 a 15 de agosto, durante o Obon (feriado dos mortos), quando as almas retornam para casa.
Tokushima vira um servidor rodando em 200% da CPU — e ninguém reclama.

Mas existem versões menores em:

  • Koenji (Tóquio) — o mais famoso depois de Tokushima

  • Minami-Koshigaya

  • Kagurazaka

  • Nakameguro

Se quiser ver a versão “original”, vá para Tokushima.
Se quiser ver a versão “hipster-tokyozada”, vá para Koenji.


🥷 Curiosidades dignas de um dump SYSLOG

1. O festival quase foi proibido

Durante o período Edo, o shogunato achava que o Awa Odori tinha… “excesso de alegria”.
Sim, essa foi a acusação.
O Japão é tão organizado que até a alegria precisava ser autorizada.


2. Já rolou censura moral

No início do século XX, algumas danças eram consideradas “sensuais demais”, especialmente as dos homens bêbados improvisando movimentos suspeitos.
A polícia chegou a intervir para “moralizar” a dança.

Imagina o BO:

“Detido por requebrar com entusiasmo.”


3. Existem times profissionais de Awa Odori

Chamados de REN, são grupos que treinam o ano inteiro.
Isso mesmo: treino de dança que surgiu de gente bêbada.
O Japão é lindo.


4. Você pode participar sem saber nada

Existe a “Niwaka Ren”, uma ala onde qualquer turista pode entrar e dançar junto.
É como entrar no CICS sem saber o que está fazendo — mas funciona.


5. O festival é tão famoso que criou polêmicas políticas

Tokushima tem briga entre prefeitura, comitê do festival e patrocinadores sobre quem controla o evento.
Em 2018 houveram tretas públicas, notas oficiais, discussões acaloradas — tudo por um festival de dança de bêbados ancestrais.


✔️ Dicas Bellacosa para o viajante Oni

1. Chegue cedo

Se você chegar em cima da hora, vai ver o festival igual quem vê JES2 por terminal lento:
vai travar tudo.


2. Leve leque ou toalhinha

Agosto = calor supremo
O calor japonês é diferente, é agressivo, é úmido, é pegajoso.
O festival é no meio da rua.
Você vai suar como se estivesse rodando SORT sem PARM SIZE.


3. Coma antes

As ruas ficam lotadas e conseguir comida é uma side quest.


4. Entre na dança

Mesmo se você dançar como Windows travando, ninguém vai ligar.
Awa Odori é sobre ser bobo com orgulho.


5. Reserve hotel com antecedência absurda

Tokushima lota rápido, tipo IMS sob ataque.


🌟 Meu comentário Bellacosa sentimental

O Awa Odori tem algo especial:
ele é uma dança que nasceu da bagunça, virou tradição e hoje é símbolo de alegria coletiva.

É a prova de que nem toda história precisa nascer organizada para virar cultura.
Às vezes o caos vira rito.
Às vezes a festa vira legado.
Às vezes o tropeço vira arte.

E isso, meu caro El Jefe, é poesia.


🥢 Easter-eggs culturais

  • Alguns shamisen do festival tocam ritmos influenciados por Okinawa — detalhe que só repara quem saca de música tradicional.

  • Há grupos REN inspirados em animes, com figurinos moderninhos.

  • Koenji Awa Odori já foi cenário de episódios de dramas japoneses nos anos 90.

  • Alguns passos lembram movimentos de teatro Noh — influência ancestral.

  • Há lendas que dizem que espíritos se juntam à dança durante o Obon, invisíveis, mas presentes.


🚫 Problemas legais e censura moderna

Hoje em dia existem:

  • restrições de horário

  • limites de barulho

  • controle rígido de patrocínio

  • censura de roupas muito reveladoras

  • proibição de vendedores ambulantes não cadastrados

  • regras anti-assédio muito rígidas (ainda bem)

E existe um debate acalorado sobre a “comercialização” do festival — uns dizem que virou espetáculo turístico demais, outros defendem que evoluir faz parte.


Fechando o batch da madrugada

Se você gosta de cultura japonesa, alegria coletiva e tradições que surgiram de um porre bem dado, o Awa Odori é obrigatório.

É o Japão no modo mais humano, mais leve, mais caótico e mais livre — o Japão que dança sem se preocupar com o amanhã.

E eu, Oni Bellacosa, recomendo com a mesma firmeza com que recomendo revisar seu JCL antes de submeter no JES2.

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