Awa Odori — O Carnaval Desengonçado Mais Encantador do Japão
(por Oni Bellacosa, em plena madrugada, com cheiro de miojo no ar)
Se tem uma coisa que eu aprendi mergulhando nos festivais japoneses é que o Japão sabe fazer festa como sabe fazer mainframe: com disciplina, tradição, rituais quase sagrados e um caos maravilhosamente organizado.
E dentro desse universo existe um festival tão icônico, tão vivo e tão… estranhamente engraçado, que até hoje me fascina:
o Awa Odori.
Você já ouviu falar, El Jefe?
Porque se não ouviu, sente-se aqui ao lado do Oni, que hoje a escrita vem inspirada.
🎎 O que é o Awa Odori?
É simples e genial: um festival de dança que acontece desde o século XVI na província de Tokushima, onde milhares de pessoas saem pelas ruas dançando um estilo que mistura tradição, exagero, alegria e passos que parecem saídos de um glitch de animação.
Os japoneses definem assim:
“Os tolos dançam, os tolos assistem. Melhor dançar.”
E esse já é o espírito Bellacosa do festival.
🏮 Origem: nasceu da cachaça — literalmente
Aqui entra o easter-egg histórico.
No século XVI, o daimyō Hachisuka Iemasa inaugurou seu castelo em Tokushima. Para comemorar, liberou sake à vontade para o povo.
E o povo, como todo bom povo que toma aquela liberdade, ficou completamente calibrado.
Resultado: eles começaram a dançar de forma totalmente desconjuntada, tropeçando, rindo, inventando passos que desobedeciam a gravidade e qualquer lógica biomecânica.
Nascia ali o Awa Odori, batizado com o nome antigo da região: Awa.
Ou seja:
👉 o festival mais importante de Tokushima nasceu de um porre coletivo comemorativo.
Coisa linda.
🕺 Como é a dança?
Imagine o seguinte:
-
cotovelos altos
-
joelhos dobrados
-
movimentos diagonais
-
passos repetitivos como loop JCL
-
rostos sorridentes quase caricatos
-
mulheres com chapéu amigasa parecendo personagens de anime histórico
-
homens batendo palmas e gritando “Yatto-sa! Yatto-sa!”
Tudo acompanhado de shamisen, taiko, flautas e sinos.
É um espetáculo.
É caoticamente coordenado.
É mainframe executando batch e online ao mesmo tempo.
🌏 Quando e onde ver
O Awa Odori Festival acontece de 12 a 15 de agosto, durante o Obon (feriado dos mortos), quando as almas retornam para casa.
Tokushima vira um servidor rodando em 200% da CPU — e ninguém reclama.
Mas existem versões menores em:
-
Koenji (Tóquio) — o mais famoso depois de Tokushima
-
Minami-Koshigaya
-
Kagurazaka
-
Nakameguro
Se quiser ver a versão “original”, vá para Tokushima.
Se quiser ver a versão “hipster-tokyozada”, vá para Koenji.
🥷 Curiosidades dignas de um dump SYSLOG
1. O festival quase foi proibido
Durante o período Edo, o shogunato achava que o Awa Odori tinha… “excesso de alegria”.
Sim, essa foi a acusação.
O Japão é tão organizado que até a alegria precisava ser autorizada.
2. Já rolou censura moral
No início do século XX, algumas danças eram consideradas “sensuais demais”, especialmente as dos homens bêbados improvisando movimentos suspeitos.
A polícia chegou a intervir para “moralizar” a dança.
Imagina o BO:
“Detido por requebrar com entusiasmo.”
3. Existem times profissionais de Awa Odori
Chamados de REN, são grupos que treinam o ano inteiro.
Isso mesmo: treino de dança que surgiu de gente bêbada.
O Japão é lindo.
4. Você pode participar sem saber nada
Existe a “Niwaka Ren”, uma ala onde qualquer turista pode entrar e dançar junto.
É como entrar no CICS sem saber o que está fazendo — mas funciona.
5. O festival é tão famoso que criou polêmicas políticas
Tokushima tem briga entre prefeitura, comitê do festival e patrocinadores sobre quem controla o evento.
Em 2018 houveram tretas públicas, notas oficiais, discussões acaloradas — tudo por um festival de dança de bêbados ancestrais.
✔️ Dicas Bellacosa para o viajante Oni
1. Chegue cedo
Se você chegar em cima da hora, vai ver o festival igual quem vê JES2 por terminal lento:
vai travar tudo.
2. Leve leque ou toalhinha
Agosto = calor supremo
O calor japonês é diferente, é agressivo, é úmido, é pegajoso.
O festival é no meio da rua.
Você vai suar como se estivesse rodando SORT sem PARM SIZE.
3. Coma antes
As ruas ficam lotadas e conseguir comida é uma side quest.
4. Entre na dança
Mesmo se você dançar como Windows travando, ninguém vai ligar.
Awa Odori é sobre ser bobo com orgulho.
5. Reserve hotel com antecedência absurda
Tokushima lota rápido, tipo IMS sob ataque.
🌟 Meu comentário Bellacosa sentimental
O Awa Odori tem algo especial:
ele é uma dança que nasceu da bagunça, virou tradição e hoje é símbolo de alegria coletiva.
É a prova de que nem toda história precisa nascer organizada para virar cultura.
Às vezes o caos vira rito.
Às vezes a festa vira legado.
Às vezes o tropeço vira arte.
E isso, meu caro El Jefe, é poesia.
🥢 Easter-eggs culturais
-
Alguns shamisen do festival tocam ritmos influenciados por Okinawa — detalhe que só repara quem saca de música tradicional.
-
Há grupos REN inspirados em animes, com figurinos moderninhos.
-
Koenji Awa Odori já foi cenário de episódios de dramas japoneses nos anos 90.
-
Alguns passos lembram movimentos de teatro Noh — influência ancestral.
-
Há lendas que dizem que espíritos se juntam à dança durante o Obon, invisíveis, mas presentes.
🚫 Problemas legais e censura moderna
Hoje em dia existem:
-
restrições de horário
-
limites de barulho
-
controle rígido de patrocínio
-
censura de roupas muito reveladoras
-
proibição de vendedores ambulantes não cadastrados
-
regras anti-assédio muito rígidas (ainda bem)
E existe um debate acalorado sobre a “comercialização” do festival — uns dizem que virou espetáculo turístico demais, outros defendem que evoluir faz parte.
Fechando o batch da madrugada
Se você gosta de cultura japonesa, alegria coletiva e tradições que surgiram de um porre bem dado, o Awa Odori é obrigatório.
É o Japão no modo mais humano, mais leve, mais caótico e mais livre — o Japão que dança sem se preocupar com o amanhã.
E eu, Oni Bellacosa, recomendo com a mesma firmeza com que recomendo revisar seu JCL antes de submeter no JES2.
Sem comentários:
Enviar um comentário