segunda-feira, 4 de maio de 2015

AV OTAKU – O SUBMUNDO QUE VIROU CULTURA POP

 


AV OTAKU – O SUBMUNDO QUE VIROU CULTURA POP (AO ESTILO BELLACOSA MAINFRAME PARA O EL JEFE MIDNIGHT LUNCH)

Existem temas que caminham na borda do abismo cultural: proibidos, polêmicos, mas irresistíveis para quem gosta de entender como o Japão consegue transformar qualquer nicho em uma indústria multimilionária. Pois bem… hoje descemos a escada de emergência do prédio corporativo do mainstream, viramos à esquerda no corredor sombrio, passamos pela luz piscando e entramos num universo tão contraditório quanto fascinante: o mundo do AV Otaku.

Sim, AV – Adult Video – e Otaku – o fã obsessivo. Um encontro improvável que o Japão transformou em produto, cultura, mercado, fandom e, claro, folclore urbano.



A ORIGEM – QUANDO OS OTAKUS DESCOBRIRAM O ADULTO (E O ADULTO DESCOBRIU OS OTAKUS)

Nos anos 1980–1990, enquanto o Ocidente descobria VHS com capinhas brilhantes escondidas atrás da cortina vermelha das videolocadoras, o Japão vivia uma explosão dupla:

  1. A era de ouro dos animes e mangásAkira, Ranma ½, Sailor Moon, Evangelion

  2. A consolidação da indústria AV – estúdios como SOD, Moodyz, Alice Japan.

E entre esses dois mundos surgiu uma terceira força: o fã obcecado por personagens 2D, moe, mechas, idols e fantasia, que começou a buscar no AV produções com:

  • Atrizes vestidas de personagens,

  • Cosplays improvisados ou profissionais,

  • Roteiros inspirados em mangás adultos,

  • Estéticas que lembravam doujins e ero-mangas,

  • Fantasias típicas do imaginário otaku.

O mercado percebeu isso mais rápido que um CICS recebendo transação em pico.


A PROFISSIONALIZAÇÃO DO “AV OTAKU”

Por volta de 2000–2010, o termo “AV Otaku” já era usado para definir:

  • fãs que consomem exclusivamente AV de temas otaku;

  • colecionadores de DVDs de atrizes que fazem cosplay;

  • fãs que seguem atrizes como se fossem idols;

  • gente que vai a eventos especializados, como AV Matsuri;

  • consumidores de filmes AV com estética anime/mangá.

E então veio o salto quântico: AV + Cosplay profissional.

Atrizes começaram a aparecer:

  • de Sailor Moon (óbvio),

  • de Asuka Langley,

  • de Hatsune Miku,

  • de personagens de games de luta,

  • e até de monstros e mechas (Japão sendo Japão…).

Você acha estranho?
Amigo… tem AV de Ultraman, Godzilla, Kamen Rider e até Thomas, o Trem Sorridente.
O Japão não conhece limites.
Só especificações técnicas.


CURIOSIDADES NO MODO SYS1.PARMLIB

1. Atriz AV Idol no Comiket? Já aconteceu.

Várias atrizes vendiam DVDs próprios como se fossem doujinshi.
Fila grande? óbvio.

2. Existe ranking de “AV Cosplay Mais Bem Feito do Ano”.

Com júri especializado. É sério.

3. A SOD criou uma linha inteira chamada “Otaku Specialty”.

Direcionada para fãs de:

  • mechas

  • maids

  • personagens de RPG

  • lolis (dentro da lei japonesa, com cuidados absurdos)

4. Algumas atrizes AV têm mais fãs otakus do que idols reais.

E participam de eventos com glowsticks e coreografias.

5. A estética “2.5D” nasceu parcialmente dessa fusão.

O termo hoje é moda — mas começou no underground.


ASPECTO SOCIOLÓGICO — O JAPÃO E A CULTURA DA FANTASIA

O AV Otaku funciona como:

  • escapismo

  • entretenimento

  • fetiche fabricado

  • consumo performático

E é também reflexo de:

  • isolamento social,

  • cultura de idolatrar beleza idealizada,

  • pressão social por perfeição,

  • hiperfantasia 2D do mundo otaku.

Enquanto isso, no Ocidente: “isso é estranho”.
No Japão: “isso é terça-feira”.


MERCADO, RENTABILIDADE E INDUSTRIALIZAÇÃO

A indústria AV japonesa vale bilhões por ano.
Dentro dela, o nicho otaku é pequeno, mas extremamente lucrativo porque:

  • colecionadores compram tudo,

  • fãs são fiéis,

  • a estética não envelhece (cosplay é eterno),

  • produtos físicos ainda são fortes no Japão.

AV Otaku ainda aparece em:

  • eventos underground,

  • maid cafés “especiais”,

  • lojas tipo Mandarake (ala secreta),

  • DVDs com tiragem limitada,

  • revistas especializadas.

No digital, plataformas como Fanza e R18 possuem categorias inteiras dedicadas ao tema.


EASTER EGGS QUE SÓ UM OTAKU ROOT FULL PRIVILEGE SABE

  • Existe um AV inteiro feito como se fosse um episódio de Evangelion.
    Com abertura, encerramento e trilha remixada.

  • Cosplay de One Piece é proibido por editoras, mas existe clandestino.

  • Um diretor famoso de AV já foi assistente de storyboard de anime.
    Troca de mercado nada ortodoxa.

  • Algumas atrizes AV já viraram dubladoras de jogos eróticos.
    O ciclo completo da existência japonesa.

  • O termo “2.5D Idol” nasceu parcialmente na indústria AV.
    Antes de virar moda nos palcos oficiais.


VAGNER OTAKU MODE: ON – O COMENTÁRIO PESSOAL

O AV Otaku não deve ser visto como tabu, mas como:

  • peça cultural,

  • expressão estética,

  • indústria criativa,

  • e espelho do lado “weird” que torna o Japão… Japão.

Se o mundo otaku é feito de camadas — anime, mangá, games, idols, cosplay —
o AV Otaku é aquela camada subterrânea que poucos admitem, mas muita gente consome.

É como aquele dataset esquecido em um GDG que ninguém assume ter criado, mas todo mundo usa.


CONCLUSÃO — O SUBMUNDO QUE VIROU PARTE DO FOLCLORE OTAKU

O AV Otaku não é só pornografia.
É cultura pop alternativa.
É mercado.
É estética.
É identidade.
É o Japão em sua forma mais estranha, criativa e inconfundível.

E no El Jefe Midnight Lunch, onde celebramos tudo que vive na fronteira entre o proibido e o fascinante, nada combina mais com nossa pegada Bellacosa Mainframe do que mergulhar nesses recantos do imaginário japonês.

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