🕯️ O Brasil Pós-2018 — O Fim da Inocência Digital
📖 Por Bellacosa Mainframe
Lá por 2018, o Brasil já não era o mesmo daquele das avenidas lotadas de 2013.
A chama que iluminava cartazes e esperanças havia se transformado em uma fogueira azul-clara — feita de posts, memes e fake news.
O país descobriu que a revolução agora tinha Wi-Fi, mas não necessariamente sabedoria.
O que começou como grito por mudança virou uma guerra por narrativa.
E o Brasil, sempre criativo, aprendeu rápido a usar o teclado como espada.
💻 A Era dos Engajamentos e das Bolhas
A utopia da internet livre morreu discretamente — soterrada por bots, algoritmos e influenciadores com promessas de verdade absoluta.
As timelines viraram territórios ideológicos,
os grupos de família — campos de batalha.
O brasileiro, que sempre gostou de conversa de bar, trocou o copo de cerveja pelo caps lock.
E de tanto gritar, esqueceu de ouvir.
As redes sociais não nos conectaram: nos espelharam.
Mostraram o que queríamos ver, reforçaram o que já acreditávamos,
e o país virou um mosaico de certezas absolutas e empatia rarefeita.
⚔️ A Política do Meme
A política virou entretenimento.
As manchetes foram substituídas por threads e reactions.
O debate racional — esse velho professor cansado — perdeu lugar para os gladiadores do trending topic.
Não se elegiam mais ideias, mas personas.
E no palco da pós-verdade, os fatos eram apenas figurantes.
O Brasil, que sempre se viu como povo cordial,
descobriu o prazer de odiar com convicção.
E cada lado acreditava ser o herói da história —
sem perceber que ambos eram apenas personagens de um mesmo script global,
escrito nas salas frias do Vale do Silício.
⚙️ A Nova Máquina de Poder
2018 também marcou a consolidação do algoritmo como entidade política.
Ele não tem ideologia, mas tem interesse: manter você online.
Quanto mais tempo você briga, comenta, compartilha, mais valioso você se torna.
O algoritmo aprendeu a entender raiva, medo, indignação —
e nos transformou em energia elétrica para seu império invisível.
O Brasil entrou na era da automação das emoções.
🔍 O Fim da Inocência Digital
Não há mais inocentes no digital.
As mesmas ferramentas que prometiam libertar o cidadão,
agora o cercam em muros de opinião e manipulação emocional.
Em 2018, a esperança perdeu a ingenuidade.
E o Brasil aprendeu — da forma mais dura — que a liberdade sem filtro pode ser um labirinto.
Mas também aprendeu algo mais profundo:
Que o verdadeiro ato de resistência agora não é gritar — é pensar.
Desconfiar. Ler. Duvidar do vídeo perfeito, do texto inflamado, da voz suave que promete “o fim de tudo isso”.
☕ Comentário aos Padawans
Toda tecnologia nasce com um ideal — e termina com um custo.
A televisão nos ensinou a ver.
A internet nos ensinou a mostrar.
Mas as redes nos ensinaram a performar.
O desafio agora é reaprender a ser humano —
fora das métricas, das curtidas e das certezas instantâneas.
O Brasil precisa de menos trending topic e mais mesa de bar.
Menos “lacrei” e mais “entendi”.
Menos heróis, mais cidadãos.
Bellacosa Mainframe
“Em 2013 gritávamos nas ruas.
Em 2018 gritávamos nas telas.
Em 2025, talvez aprendamos a escutar.” 🎧

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