🎨 Screentones no mangá e anime — o truque visual dos mestres japoneses
Se você já folheou um mangá preto e branco e pensou: “Como eles conseguem dar tanta profundidade e textura só com tons de cinza?”, bem-vindo ao mundo mágico dos screentones — ou, como são chamados no Japão, “ton” (トーン).
🖋️ O que são screentones?
Screentones são camadas adesivas ou digitais com padrões de pontos, linhas, texturas ou sombreados usados pelos artistas de mangá para criar profundidade, contraste e emoção sem precisar usar cor.
Antes da era digital, o artista cortava folhas finas e transparentes com lâmina — tipo decalque — e aplicava diretamente sobre o papel do desenho. Hoje, softwares como Clip Studio Paint, MediBang Paint e Photoshop já trazem bibliotecas inteiras de screentones digitais.
🧩 Como funciona?
Os screentones simulam tons de cinza através de densidades de pontilhado (halftone).
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Pontos mais próximos → área mais escura
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Pontos mais espaçados → área mais clara
Essa ilusão ótica cria sombras, gradientes, luz, profundidade e até textura de tecido ou cabelo.
💡 Exemplos de estilos e obras
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Osamu Tezuka (Astro Boy, Black Jack) — um dos pioneiros no uso de screentones, especialmente para criar efeitos de brilho metálico e contraste dramático.
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Rumiko Takahashi (Inuyasha, Ranma ½) — usa screentones suaves para cabelos, roupas e emoções cômicas.
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CLAMP (Cardcaptor Sakura, X/1999) — exploram screentones delicados e ornamentais, criando aquele “brilho etéreo” nos personagens.
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Kentaro Miura (Berserk) — exemplo extremo: texturas densas e sobreposição de screentones criam o clima sombrio e brutal da obra.
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Naoko Takeuchi (Sailor Moon) — usa tons cintilantes e suaves, com muitos brilhos, dando feminilidade e leveza.
🖌️ Tipos de screentones mais usados
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Densidade (Dot tone): Pontilhado para sombras e volumes.
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Line tone: Linhas para movimento e tensão.
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Pattern tone: Padrões (flores, corações, estrelas) — muito comum em shōjo.
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Gradient tone: Transições suaves, imitando degradê de luz.
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Effect tone: Raios, brilhos, faíscas e fundos de impacto.
⚙️ Screentones digitais: a nova geração
Hoje, artistas usam screentones digitais arrastando e soltando camadas prontas.
O Clip Studio Paint é o queridinho dos mangakás modernos — ele até converte automaticamente grayscale em screentone para publicação impressa.
💡 Dica: se quiser experimentar, procure o pacote “Manga Materials” no CSP Assets — tem milhares de tons usados por profissionais.
🤓 Curiosidades para otaku
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Mangakás tradicionais guardavam pilhas de screentones em pastas numeradas — cada padrão tinha código!
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Um erro ao cortar screentone era caríssimo — as folhas eram importadas e vendidas por unidade.
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No anime, o screentone é raramente usado diretamente, mas inspirou o “halftone shading” em aberturas e filtros artísticos (como em Mob Psycho 100 ou SPY×FAMILY).
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Alguns artistas “assinam” seu estilo pelo tipo de screentone — por exemplo, Takehiko Inoue (Slam Dunk, Vagabond) mistura screentone com nanquim e pincel seco para um realismo sem igual.
☕ Dica Bellacosa para curiosos de plantão:
Quer entender o charme dos screentones?
Pegue um volume de “Death Note” e observe como o contraste entre luz e sombra muda conforme a moral de Light Yagami desce a ladeira.
Isso não é só roteiro — é screentone trabalhando!
📚 Resumo Bellacosa Style:
Screentones são o “Photoshop analógico” do mangá. Criam atmosfera, drama e textura com engenhosidade.
De folhas adesivas cortadas à mão a bibliotecas digitais, eles transformam preto e branco em pura emoção visual.

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