O que dizem os estudos
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“Tribo de Consumo de Animes: O Anime como um Totem”
Esse estudo etnográfico analisa como os fãs de anime formam uma “tribo de consumo” no Brasil. Os autores mostram que o anime funciona quase como um símbolo central (um totem) para a identidade dos jovens: ele molda hábitos, estilo visual, preferências culturais, organização social e até valores. Ou seja, o anime não é só entretenimento, mas algo que ajuda as pessoas a se definirem socialmente. Revista Feevale+1 -
Comportamento de consumo entre plataformas legais e ilegais
Outro estudo (Universidade de Fortaleza) investigou como os consumidores lidam com streaming (legal) vs plataformas ilegais para assistir animes. O que aparece bastante: existe uma “complexidade” no comportamento. Muitas pessoas usam serviços legais, mas continuam consumindo conteúdo pirata. Um dos motivos é simplesmente acesso / custo / disponibilidade. Se algo não está disponível legalmente de forma acessível, a pirataria acaba ocupando esse espaço. Periódicos UFPE -
Eventos e a dimensão social (o “turismo otaku”)
Há estudos que olham para os eventos de cultura pop/anime — por exemplo, o Anime Friends. Esses eventos não são só para consumo (comprar produtos, assistir painéis etc.), mas também para socialização, compartilhamento de identidade cultural, pertencimento a uma comunidade. Isso reforça os laços entre fãs, gera redes de convívio, amizades etc. Sou UCS+1 -
Geração, memória afetiva e infância
Muitos fãs cresceram vendo animes na TV aberta (nos anos 80/90/2000) — Dragon Ball, Cavaleiros do Zodíaco, Pokémon, etc. Isso cria uma memória afetiva forte. Animes foram parte da infância de muitas pessoas, e isso facilita a identificação, nostalgia e o costume de consumir esse tipo de mídia. Há uma aceitação cultural grande porque várias gerações viram isso “como normal”. Estudos sobre streetwear, moda etc. também apontam que essa exposição antiga conta muito. Repositorio PUCSP+2Correio Braziliense+2 -
Estética, narrativa e diversidade de temas
Os animes/mangás trazem estilos de narrativa, estética visual e temas que podem ser distintos do que é comum em outras mídias ocidentais: sejam temas mais fantásticos, roteiros que mesclam drama, comédia, ação, romance, dilemas morais ou existenciais, etc. A variedade permite que diferentes públicos encontrem algo que fale mais diretamente com suas emoções, sua imaginação ou seus valores. Isso também aparece como um fator nos estudos de preferência. Por exemplo, em pesquisas de geração Z, os motivos mais citados para consumir anime são qualidade da animação, personagens/relacionamentos envolventes, criatividade da narrativa. Fatos do Mundo Geek -
Acesso tecnológico / digitalização
Com a chegada de plataformas de streaming e internet de banda larga, ficou mais fácil assistir animes legendados, dublados ou com bom acesso. O acesso digital diminuiu barreiras de distribuição, legendas e importações, e isso permite que conteúdos que antes eram “difíceis” de achar agora estejam ao alcance. Isso amplia muito o público. Também o compartilhamento em redes sociais, fanarts, memes, tudo isso cria visibilidade e contagia mais pessoas. (Embora nem todos os conteúdos sejam oficiais, claro.) JBox+1
Possíveis razões mais gerais (teóricas)
Com base nesses estudos, algumas hipóteses que explicam por que muitos brasileiros gostam tanto de anime/mangá:
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Pertencimento e identidade: fazer parte de algo (tribo otaku) gera sentido, relacionamentos sociais, reconhecimento mútuo entre fãs.
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Escapismo e fantasia: animes oferecem mundos diferentes, que permitem escapar da realidade, explorar imaginação, temas mais universais, às vezes menos centrados ou limitados pelas convenções culturais ocidentais.
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Nostalgia: para quem cresceu assistindo, há um vínculo emocional; para nov@s, a nostalgia é passada culturalmente (familiares, amigos que já gostavam).
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Variedade de gênero: não é só ação ou comédia; há romance, drama psicológico, slice of life, horror, ficção científica, esportes. Essa diversidade atrai públicos muito distintos.
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Ícone cultural vigente / influência global: animes/mangás são parte de um fenômeno global; o Japão se tornou uma marca de cultura pop com forte apelo em música, moda, games etc. Brasil “importa” isso culturalmente, e muitos jovens veem como algo “cool” ou de status cultural dentro de grupos.
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Custo-benefício, acessibilidade: embora existam custos (assinaturas, produtos oficiais), há também muitas formas de acesso gratuito ou de baixo custo (TV aberta, internet, pirataria). Isso facilita a difusão em camadas mais amplas da população.
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