domingo, 10 de julho de 2022

🎬 Seção Especial – Cinema Contemporâneo: O Ruído da Tela

 


🎬 Seção Especial – Cinema Contemporâneo: O Ruído da Tela

“Por que os filmes de hoje não prendem?”

Você não está sozinho nesse sentimento. Muitos perceberam que o cinema contemporâneo frequentemente não emociona como antes — e há razões concretas para isso:


⚡ 1. O excesso de fórmula e previsibilidade

Estúdios modernos dependem de dados, pesquisas e algoritmos para prever o que gera lucro:

  • Franquias e universos compartilhados (Marvel, DC) dominam a produção.

  • Sequências e reboots são garantias de público.

  • Test screenings e focus groups moldam roteiros até o último detalhe.

Resultado: filmes seguros, previsíveis e sem risco — emoção quase zero, porque a narrativa já é conhecida antes de ser contada.


🌀 2. Ruído digital e atenção fragmentada

A atenção do público mudou: notificações, redes sociais e TikTok fragmentam o foco.
Estúdios respondem com filmes de ação rápida, cortes constantes e estímulos visuais exagerados.
O efeito: cansaço mental e sensação de superficialidade, especialmente para quem cresceu com cinema clássico ou histórias mais contemplativas.


💡 3. Cinema antigo: ritmo, imersão e complexidade

Filmes do século XX tinham:

  • Ritmo contemplativo — espaço para sentir e refletir.

  • Desenvolvimento profundo de personagens.

  • Uso magistral de enquadramento, luz, som e silêncio.

Essa combinação criava imersão emocional, algo que muitos blockbusters modernos sacrificam em prol do impacto imediato.


⚖️ 4. Não é nostalgia, é diferença de expectativa

A insatisfação não é falha sua. Você percebe mudanças de linguagem e percepção: o cinema atual é feito para atenção rápida, não para envolvimento profundo.
Seu gosto por narrativa e atmosfera mostra sensibilidade e refinamento, não defeito.


🌹 5. Sobrevivendo ao cinema moderno

  • Busque cineastas independentes ou de autor fora do mainstream.

  • Experimente cinema estrangeiro; eles frequentemente fogem da fórmula.

  • Retorne aos clássicos do século XX sem culpa.

  • Desligue distrações digitais: o cinema pede presença.


☕ Conexão Bellacosa

O cinema moderno, assim como redes sociais e relacionamentos, é muitas vezes ruído para nossos sentidos, projetado para manter atenção, não alma.
O antídoto? Escolher com cuidado o que consome, respeitar seu ritmo interno e manter espaço para experiência emocional genuína.

Porque, no fundo, a arte nunca perdeu valor — apenas mudou o canal de transmissão.

sexta-feira, 8 de julho de 2022

🔥 PARTE 2 — CLOUD PARA MAINFRAMEIROS RAIZ

 


🔥 PARTE 2 — CLOUD PARA MAINFRAMEIROS RAIZ

(Ou: “Explicando cloud pra quem já sobreviveu a VSAM corrompido, JCL sem SYSOUT e abend S0C7 às 17h35.”)

Pegue seu café, abra o SDSF no coração e vem comigo.


☁️ 1️⃣ EC2 — Explicado como se fosse uma LPAR (porque… é quase isso mesmo)

Na visão Bellacosa Mainframe:

👉 EC2 = LPAR com liberdade de adolescente que acabou de ganhar a primeira moto.

Enquanto a LPAR do z/OS é aquela coisa séria, parruda, certificada, com CPU, memória e I/O milimetricamente controlados pelo PR/SM…
EC2 é o “irmão caçula” moderninho, criado para escalar, quebrar e renascer com a facilidade de um RESTART JOB no JES2.

🧠 Tabela mental:

Conceito MainframeEquivalente Cloud
LPAREC2 Instance
CP / IFL / zIIPvCPU
HCD / IOCPFlavor / Instance Type
IPLBoot da VM
Hipervisor PR/SMHypervisor Xen/KVM da AWS
HLASM do sistemaAMI (Amazon Machine Image)

💡 Curiosidade estilo Bellacosa:

Se no mainframe você precisa abrir chamado, pedir mudança, esperar janela…
No EC2 você clica em “Launch Instance” e pronto.
Desprotegido? Sim.
Perigoso? Com certeza.
Divertido? Demais. 😎




☁️ 2️⃣ Kubernetes — explicado como se fosse um Sysplex adolescente

Se o Sysplex fosse um jovem rebelde, cheio de hormônios, tatuagem de “Available 99.999%”, e que adora brigar com todo mundo…
ele seria o Kubernetes.

🧠 Analogia oficial do Bellacosa:

Sysplex / Parallel SysplexKubernetes
Várias LPARs cooperandoVários nós (nodes)
XCF/XES faz o cluster conversarControl Plane/Gossip
WLM distribui workloadScheduler
CICS Regions, DB2 Data SharingPods/Deployments/StatefulSets
IPL, PARMLIBYAML (sim, YAML é o novo PARMLIB gagá)
VTAM / TCPIPkube-proxy / CNI

O Kubernetes faz balancing, reinicia container que cai, escala instâncias e mantém tudo estável — exatamente como um Sysplex faria…
Só que com muito mais drama, logs misteriosos e YAML torto.

🍜 Easter egg para Otakus da Infra:

“Pod” lembra aquelas cápsulas de dormir de anime cyberpunk?
Pois é, funciona parecido: cada pod é um mini-contâiner pronto para morrer no próximo deploy.
Kubernetes é puro shonen: luta, dor, respawn infinito.


☁️ 3️⃣ S3 — explicado como datasets SEM limite de extents (o sonho proibido)

Sim, meus caros…
O S3 é o dataset que o VSAM gostaria de ser quando crescer.

🤯 No S3:

  • Não tem EXTENT

  • Não tem SPACE=TRK

  • Não tem DSORG=PS

  • Não tem REPRO corrompendo dados

  • Você guarda TUDO e ele não reclama

🧠 Comparação:

MainframeS3
DatasetObjeto
Catálogo / VVDSBucket Index
SMS ClassStorage Class
HSM MIGRATE/RECALLLifecycle Policy
RACF DATASET ProfilesIAM Policies

O S3 é basicamente um GDG infinito que nunca dá “limit exceeded”.
Imagina um STORAGE que nunca vira “primary/secondary insufficient”.
É o paraíso dos operadores e o inferno de quem paga a conta.


☁️ 4️⃣ MAPA MÁGICO — Cloud explicado com equivalências Mainframe

🧵 CICS (transações)

→ Lambda, API Gateway, Fargate
(Pedacinhos rápidos de lógica servidos sob demanda.)

🔐 RACF (segurança, profiles, permissões)

→ IAM (políticas, usuários, roles, MFA, keys)

IAM é praticamente um RACF com interface bonitinha (mas tão complicado quanto RACF se você usar errado).

📄 JCL (orquestração de jobs)

→ CloudWatch Events, Step Functions, Terraform, CI/CD YAML
(Jobs em YAML… a vida é cruel.)

📬 JES2 (fila e roteamento de jobs)

→ SQS, SNS, EventBridge
(Filas, roteamento e distribuição — sem o charme do $HASP.)

🌐 VTAM (rede e sessões)

→ VPC, Subnets, Security Groups
(VTAM era o pai do networking, a VPC é o filho hipster dele.)

🤖 OPS/MVS, REXX, Automação

→ Lambda + EventBridge + API + Scripts
(O equivalente moderno ao operador ninja das madrugadas.)


🧙‍♂️ Bellacosa Dica Ninja

Se você entende bem mainframe, a cloud fica MUITO mais fácil, porque:

z/OS já fazia tudo antes da cloud existir.
Cloud = um Sysplex gigante e improvisado, distribuído pelo planeta.


quinta-feira, 7 de julho de 2022

🌠 「短冊」– Tanzaku: os papéis dos desejos que dançam com o vento

 


🌠 El Jefe | Bellacosa Mainframe apresenta:

「短冊」– Tanzaku: os papéis dos desejos que dançam com o vento

☕ Uma história onde o mainframe encontra o céu estrelado


Se você já viu uma árvore enfeitada com tiras coloridas de papel balançando sob o céu noturno de julho, parabéns — você testemunhou um dos rituais mais poéticos do Japão: o Tanzaku (短冊), os papelzinhos dos desejos do festival Tanabata (七夕).

Mas por trás daqueles papéis balançando graciosamente ao vento, há séculos de poesia, astronomia, amor e superstição — e, claro, umas boas fofoquices cósmicas.


🌌 A origem: amor, estrelas e caligrafia

O Tanzaku nasceu junto com o Tanabata Matsuri, o Festival das Estrelas, celebrado em 7 de julho.
A lenda fala de Orihime (a princesa tecelã) e Hikoboshi (o pastor de estrelas) — amantes separados pela Via Láctea, que só podem se encontrar uma vez por ano.

Durante essa época, o povo japonês começou a escrever poemas e desejos em pequenos papéis coloridos — os tanzaku — e pendurá-los em bambus, acreditando que o vento levaria os pedidos ao céu.

Os primeiros registros datam do período Heian (794–1185), quando a aristocracia japonesa já amava transformar tudo em arte, inclusive os sonhos.


🪶 O formato do sonho

O Tanzaku é uma pequena tira retangular de papel, tradicionalmente de washi (papel japonês feito à mão), e cada cor tem um significado simbólico — como se fosse o JCL dos desejos:

CorSignificado“Parâmetro espiritual”
🟦 AzulAprendizado, sabedoria//TANZAKU EXEC PGM=ESTUDO
🟥 VermelhoAmor, paixão, coragem//HEART DD DISP=SHR
🟩 VerdeSaúde, vitalidade//LIFE DD SYSOUT=*
🟨 AmareloAmizade, prosperidade//SOCIAL DD DISP=KEEP
⚪ BrancoPureza, introspecção//SOUL DD DCB=(RECFM=F)

As pessoas escrevem frases curtas — desejos, metas, orações ou até confissões românticas — e penduram nos ramos de bambu, símbolo de força e flexibilidade.


💫 Curiosidades que o El Jefe adoraria

  • 🎋 Depois do festival, os bambus com tanzaku costumam ser queimados ou lançados em rios, para que os desejos subam aos céus com a fumaça — um upload celestial.

  • 🖌️ Antigamente, estudantes escreviam pedidos para melhorar sua caligrafia, em homenagem à deusa tecelã Orihime.

  • 🌠 A prática foi inspirada na tradição chinesa do Qixi, que também celebra o encontro das estrelas Vega e Altair.

  • 📜 Monges zen veem no tanzaku um exercício de impermanência — o vento leva o desejo, o tempo leva o papel.


💕 Fofoquices do universo

Reza a lenda que, se chove no Tanabata, Orihime e Hikoboshi não conseguem se encontrar, e o choro dos amantes forma os rios da Terra.
Mesmo assim, há quem acredite que, quando o vento balança um tanzaku, é Hikoboshi sussurrando “vou te ver de novo”.

E no Japão moderno?
Os tanzaku viraram até memes!
Muita gente escreve desejos engraçados como “Quero férias pagas” ou “Tomara que meu chefe nunca descubra o bug de produção” 😂


📺 Tanzaku nos animes

Ah, o espírito dos desejos está em todo lugar no universo otaku:

🌌 “Your Name (君の名は)” — a ligação entre os protagonistas ecoa o mesmo fio invisível do Tanabata e seus desejos.
🎋 “Clannad” — há uma cena com tanzaku que representa esperanças e reconciliação familiar.
🌠 “Kimi ni Todoke” — os desejos românticos dos estudantes sob o bambuzal são puro Tanabata moderno.
“Cardcaptor Sakura” — um episódio inteiro mostra os tanzaku e a crença na magia dos pedidos inocentes.

E claro:
em muitos slice-of-life, o tanzaku é aquele toque final — o detalhe que transforma uma cena cotidiana num momento de poesia.


🌿 Dica Bellacosa Mainframe

Escreva o seu próprio tanzaku digital.
Abra seu terminal e digite:

DISPLAY "願い事: Que eu nunca perca a curiosidade pelos mistérios da vida."

Depois...
feche os olhos e imagine seu desejo sendo compilado no universo,
com retorno code 0000.


☕ Conclusão

O Tanzaku é mais do que papel e tinta — é um lembrete de que todo sonho precisa ser escrito, mesmo que o vento o leve embora.
Porque, no fim das contas, a esperança também precisa de um JOB agendado.


🎋 Bellacosa Mainframe – onde até os desejos têm um SYSOUT no céu.
Post do blog El Jefe, edição especial Tanabata Night.


segunda-feira, 4 de julho de 2022

Quando a inocência encontra o desejo — o desconforto de Usagi Drop



Quando a inocência encontra o desejo — o desconforto de Usagi Drop

(Um ensaio Bellacosa sobre limites, afeto e o que nos assusta na ficção)


🌸 O anime que começou com ternura

“Usagi Drop” é, à primeira vista, uma das histórias mais doces que o Japão já produziu.
Um homem adulto, Daikichi Kawachi, assume a criação de Rin — uma menina silenciosa e gentil, filha ilegítima de seu falecido avô.
A narrativa acompanha o florescimento de um vínculo puro, quase sagrado: o amor cotidiano, feito de cuidado, paciência e doçura.

Mas quem prestava atenção notava algo nas entrelinhas: uma ligação emocional profunda, complexa, e não totalmente inocente.
Um amor que, embora paternal, carregava um tipo de intimidade emocional intensa demais para ser simples.


🕊️ O salto que dividiu corações

Quando o mangá avançou no tempo e revelou Rin adulta, confessando seu amor por Daikichi, o público explodiu em raiva.
O que antes era terno tornou-se, de repente, incômodo.
Como aceitar que aquele vínculo — que representava a pureza — se transformasse em algo romântico?

Mas o choque revela algo sobre nós, não apenas sobre a autora.
Afinal, por que esse final parece tão errado, se no fundo muitos já o sentiram possível?


🧩 A psicologia do desconforto

O que Usagi Drop faz é tocar em um ponto raríssimo na ficção moderna:
a ambiguidade emocional.
O amor, quando vivido intensamente, nem sempre se encaixa em rótulos.
Entre o cuidado paternal e a admiração, há uma linha tênue — e é nela que o mangá dança, sem pedir desculpas.

O desconforto vem porque a autora expôs o que o leitor pressentia, mas não queria reconhecer.
Ela quebrou o pacto tácito de “pureza eterna”, e forçou o público a encarar uma emoção que não cabe na moral convencional.


🔥 A coragem (ou imprudência) de Yumi Unita

Yumi Unita não escreveu sobre romance proibido — escreveu sobre o tempo.
Sobre como duas pessoas podem crescer juntas e, ao amadurecer, ver seus papéis se dissolverem.
Ela quis mostrar que o amor muda de forma, e às vezes isso é bonito, às vezes é desconcertante.

Mas o público queria conforto, não reflexão.
Queria um final de laços familiares, não um espelho psicológico.
E quando a arte reflete o que a moral não quer ver, o autor vira vilão.


🧠 Entre o certo e o verdadeiro

Usagi Drop nos coloca diante de uma verdade incômoda:
as emoções humanas não obedecem fronteiras éticas com a mesma rigidez que os códigos sociais.
E a ficção, quando é honesta, nos obriga a olhar para isso.

Não é sobre justificar o final — é sobre entender o que ele revela.
Rin não é símbolo de incesto ou tabus.
Ela é metáfora da passagem do tempo, do afeto que cresce e se transforma, e da fragilidade com que o ser humano redefine seus vínculos.


💬 Comentário Bellacosa

O ódio ao final de Usagi Drop não nasceu de um erro da autora — nasceu do nosso desejo de que o amor fique no formato que nos conforta.
Mas o amor, na vida real, raramente respeita moldes.
Ele muda, confunde, às vezes dói.

Yumi Unita apenas ousou mostrar o que quase ninguém tem coragem:
que até a pureza pode amadurecer e que o amor, quando cresce demais, perde o rótulo e ganha humanidade.


Para pensar

Talvez Usagi Drop nunca tenha sido uma história sobre paternidade.
Talvez sempre tenha sido sobre como o tempo desfaz os papéis e deixa apenas o sentimento nu.

E talvez o desconforto que sentimos não seja sobre eles —
mas sobre o medo de que, dentro de nós, também haja afetos que não cabem nas definições que o mundo aceita.


Porque no fim, o que mais assusta em Usagi Drop não é o que a autora escreveu — é o que ela fez a gente sentir.