segunda-feira, 23 de outubro de 2023

🌆 Amparo — a cidade que me escolheu



🌆 Amparo — a cidade que me escolheu
por El Jefe, Bellacosa Mainframe

Há cidades que escolhemos.
Mas há outras — raras, misteriosas — que nos escolhem primeiro.
Amparo foi assim: caí de paraquedas e, sem perceber, aterrissei dentro de um daqueles capítulos que mudam a trajetória da vida.

Carrego dela grandes e maravilhosas lembranças… mas também um furo no coração, desses que o tempo não remenda. Foi lá que aprendi que o amor pode ser abrigo e também partida.
Foi lá que me tornei um pouco mais frio, um pouco mais desconfiado do coração.



E, como toda boa história que insiste em ter continuação, voltei um dia — e reencontrei outro amor.
Os olhinhos azuis.
O coração gravado na árvore, ainda visível, resistindo à chuva e ao tempo.
O 23 de outubro, que se tornou data sagrada e melancólica.
Os apelidos carinhosos, a clandestinidade de Campinas, os finais de semana no banco da praça, o cinema da estação, o pastel mais famoso da cidade… e, claro, o algodão doce feito numa máquina centenária — doce até na lembrança.

Campinas virou depois minha armadilha favorita.
Mas Amparo… ah, Amparo foi o primeiro tom de uma melodia que nunca terminou.

Hoje, talvez aquela moça — agora senhora — nem se lembre mais de mim.
Mas eu ainda cultivo a memória, cuido dela com o mesmo zelo de quem guarda uma relíquia.
E, vez ou outra, entre um gole e outro, me pego suspirando…
porque há histórias que não pedem explicação.
Apenas acontecem, deixam marcas, e seguem colorindo o que fomos.




El Jefe, com um copo meio cheio e o coração meio vazio, lembrando que certas cidades não passam — elas permanecem. 🍷🌙


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