🥃 Froids Top Froids
Sabe, à s vezes a vida é uma longa mesa de bar, dessas de madeira antiga, cheias de riscos, histórias e copos esquecidos. A gente senta, brinda, acredita — e só muito tempo depois percebe que brindava sozinho.
Foram seis e poucos anos, tempo suficiente pra construir memórias, planos e algumas ilusões bem embaladas em papel de presente. Ambos tÃnhamos filhos, e eu, ingênuo talvez, achei que o amor incluÃa também o que vem junto: o que é sangue, o que é alma, o que é parte do outro.
Mas o tempo, ah, o tempo é o melhor detetive que já existiu. Ele vai revelando as pequenas omissões, os gestos que nunca vieram, as palavras que ficaram sempre para “depois”. E foi só agora, com a poeira baixada e o coração desarmado, que notei: nunca houve um simples “alô” pro meu filho, um gesto, uma lembrança, nem uma camiseta enviada por correio.
Curioso como o afeto pode ser seletivo — ela cobrava minha presença nos dramas, nas urgências, nos tropeços, mas nunca atravessou a ponte até o meu lado da história.
E é aà que Freud bate o copo na mesa e ri com sarcasmo: “o inconsciente sabia, meu caro, só você que não quis ver”. Pois é. Froids top Froids.
Hoje olho pra trás sem raiva, mas com uma calma de quem entendeu que amor sem empatia é só ego disfarçado de parceria. A falta de um gesto simples falou mais alto que mil palavras bonitas.
No fim, o que fica é aprendizado e um gole de lucidez.
Brindo ao que foi, ao que sobrou — e ao que finalmente entendi.
🥃 El Jefe Bellacosa Mainframe, edição de outono e autocrÃtica.

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