quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

🥀 A Filosofia do Desejo em Anime — Parte 2: Poder, Submissão e o Mito da Mulher Ideal

 


🥀 A Filosofia do Desejo em Anime — Parte 2: Poder, Submissão e o Mito da Mulher Ideal

O desejo humano é um sistema operacional arcaico — não tem atualização, apenas novas interfaces.
Nos animes, esse sistema aparece travestido de narrativa, estética e simbolismo.
O Japão, com sua mistura de repressão e contemplação, transformou o desejo em arte visual.
E é nesse paradoxo — entre o pudor e o fascínio — que o fetiche encontra sua morada filosófica.


⚖️ O Desejo como Poder

O poder é o fetiche supremo.
Não há nada mais erótico, em termos simbólicos, do que o ato de dominar e ser dominado
não no corpo, mas na mente.

Lelouch (Code Geass) manipula a vontade dos outros com um olhar.
Light Yagami (Death Note) mata com uma caneta.
Makima (Chainsaw Man) transforma submissão em culto.

Todos compartilham um mesmo arquétipo: o poder que desperta desejo, e o desejo que corrompe o poder.
É um jogo antigo, com regras invisíveis, onde o prazer está em quem comanda o tabuleiro —
não necessariamente quem vence a partida.

🔎 Curiosidade Bellacosa: o Japão sempre tratou a autoridade como uma forma de erotismo cultural.
O samurai se ajoelha diante do shogun com a mesma reverência de quem se entrega a um amor impossível.


🩸 Submissão: o outro lado do espelho

Se há prazer em dominar, há mistério em se entregar.
O fetiche da submissão, tão recorrente nos animes, é menos sobre humilhação e mais sobre confiança.
A submissão é, paradoxalmente, o gesto mais poderoso —
é entregar o controle e confiar que o outro não destrua sua essência.

Personagens como Shinji (Evangelion), Subaru (Re:Zero) e até Guts (Berserk)
representam essa fragilidade: o homem que sofre, que falha, mas que se ergue com a dor.
A submissão emocional se torna rito de passagem.

🔎 Curiosidade Bellacosa: Freud chamaria isso de “economia da libido”;
eu prefiro chamar de “o combustível da narrativa”.


🌸 A Mulher Ideal: o fetiche que o Japão exportou

A cultura japonesa construiu um mito perigoso e belo:
a mulher perfeita — pura, gentil, silenciosa, e ao mesmo tempo inatingível.
Rei Ayanami, Belldandy, Hinata Hyuga, Rem —
todas refletem o ideal de uma feminilidade dócil, quase sagrada.

Mas também há o outro extremo:
as mulheres dominantes, fortes, perigosas —
Makima, Esdeath, Revy, Motoko Kusanagi —
símbolos da independência que fascina e ameaça.

Ambas são projeções do mesmo desejo:
o homem dividido entre querer proteção e ser destruído.

🔎 Curiosidade Bellacosa: o fetiche pela mulher ideal é, na verdade, uma tentativa de domar o caos do mundo moderno.
O amor vira refúgio; o ideal feminino, o antivírus emocional.


Epílogo de Balcão

O desejo, nos animes, é uma lente de aumento sobre a alma humana.
Ele revela o medo, a solidão, o poder e a fragilidade de quem ama e sonha demais.
Por isso, o fetiche, quando bem explorado, não é vulgar — é filosófico.
Ele pergunta:

“O que é realmente belo: o corpo que se oferece ou o olhar que o torna desejável?”

Talvez o segredo esteja aí.
Entre submissão e poder, o fetiche é o lembrete de que o amor —
como a própria vida — só existe enquanto houver risco.

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