terça-feira, 4 de maio de 2021

Um visão sobre corpos e estetica

 


🧠 1. O padrão estético japonês

O Japão é uma sociedade que valoriza a disciplina, o controle e a aparência de “equilíbrio”.
Desde cedo, a magreza é associada à boa saúde, elegância e autocontrole — enquanto o excesso de peso é visto como falta de esforço ou descuido.
Isso vem de séculos de cultura confucionista e da estética wabi-sabi (beleza da simplicidade e moderação).

💡 Curiosidade: Em japonês, palavras como 「デブ」(debu, “gordo”) são usadas com conotação abertamente pejorativa, mesmo em contextos cotidianos.


📺 2. A tradução disso no anime

Nos animes, pessoas gordas costumam aparecer:

  • Como alívio cômico (ex: tropeçando, comendo demais, sendo “bobas”).

  • Como vilões, que simbolizam “excesso”, “preguiça” ou “corrupção”.

  • Raramente como protagonistas sérios, bonitos ou românticos.

Exemplos clássicos:

  • Majin Buu (Dragon Ball Z): infantil, cômico e destrutivo — tudo em contraste com os heróis magros e definidos.

  • Choji Akimichi (Naruto): é ridicularizado por comer muito, mesmo sendo corajoso e leal.

  • Takeo Gouda (Ore Monogatari!!) — uma rara exceção positiva, tratado com dignidade e ternura.


🎨 3. O peso da indústria idol e da cultura “kawaii”

A cultura japonesa moderna está muito ligada ao ideal de “fofura” (kawaii), magreza e juventude.
Estúdios de anime refletem esse padrão — desenham corpos esguios, olhos grandes, pernas longas.
Isso é reforçado pela indústria idol, onde artistas são pressionados a manter peso extremamente baixo.

💬 Resultado:
Corpos fora do padrão “magro e fofo” são quase sempre tratados como piada, ameaça ou obstáculo.


📉 4. O impacto da TV e das normas sociais

No Japão, obesidade é tratada quase como um problema social.
Há leis que incentivam empresas a controlar o índice de massa corporal dos funcionários — a famosa “Lei Metabo” (2008), que exige medições anuais de circunferência abdominal em adultos.

Esse contexto faz com que a gordura seja vista como algo a corrigir, não a aceitar, e isso se infiltra nas narrativas de anime.


🌈 5. Mas há mudanças chegando

Nos últimos anos, surgem exceções que tratam corpos diversos com respeito e empatia.

  • “My Love Story!!” (2015) — um protagonista corpulento e gentil.

  • “Aggretsuko” — critica os padrões de aparência e o machismo no trabalho.

  • “Watashi ga Motete Dousunda” (Kiss Him, Not Me) — aborda a pressão estética de forma irônica.

Fandoms também estão reagindo: muitos artistas e fãs criam releituras com “body diversity”, especialmente fora do Japão.


🪞 6. O espelho cultural

O anime não é gordofóbico por si só — ele apenas espelha uma sociedade que ainda é.

O Japão preza pela harmonia e evita confrontos diretos, então mudanças de mentalidade vêm devagar.
Mas conforme o público internacional cresce e discute temas como autoaceitação e diversidade corporal, os criadores começam a repensar suas representações.


Conclusão Bellacosa

A gordofobia nos animes é o reflexo de uma cultura que valoriza o controle e teme o “excesso” — seja de peso, emoção ou diferença.
Mas assim como os personagens evoluem, a arte japonesa também pode mudar.

E quem sabe, no futuro, vejamos mais protagonistas que comem ramen sem culpa e ainda salvam o mundo com um sorriso sincero. 🍜💪

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