domingo, 21 de julho de 2024

Por que existe uma perseguição ao fetichismo nos animes?

 


Por que existe uma perseguição ao fetichismo nos animes?

Durante uma maratona recente, percebi algo que se tornou cada vez mais evidente: a presença constante do fetichismo nos animes e, ao mesmo tempo, a onda de críticas e tentativas de censura que vem crescendo ao redor dele. Entre saias esvoaçantes, meias que vão até o meio da coxa e personagens com caudas felinas, o fetiche não é apenas um detalhe estético. Ele virou campo de batalha cultural.

Afinal, por que o fetichismo é tão atacado, mesmo sendo parte da identidade visual e narrativa de tantos animes?


Antes de tudo: o contexto

O anime nasceu em um Japão que encara a sensualidade de forma diferente do Ocidente. É um país que mistura tradição conservadora com uma indústria de entretenimento ousada. Os fetiches estéticos aparecem como:

• Estilo visual (meias, óculos, cosplay)
• Arquétipos narrativos (tsundere, maid, nekomimi)
• Exagero artístico ligado à fantasia e escapismo

Ou seja, o fetichismo não é apenas sexual. É parte da linguagem do anime. O problema surge quando essa linguagem esbarra em diferentes valores culturais, especialmente quando o público é global.


O lado que acusa: “isso é exploração e infantilização”

A crítica atual vem principalmente de três frentes:

1️⃣ Preocupação com a sexualização de menores
A linha entre “adolescentes estilizados” e menor de idade mal definida causa atrito. Personagens que aparentam pouca idade geram desconforto legítimo.

2️⃣ Receio do fetiche virar fetichização
Quando o recurso visual não adiciona nada à história e vira único objetivo da obra, muitos afirmam que se trata apenas de exploração comercial.

3️⃣ O embate com padrões ocidentais
Países com visões mais rígidas sobre sexualidade pressionam plataformas a censurar conteúdo, criando a narrativa de que “anime normaliza comportamentos nocivos”.

Argumento principal deste lado: fetichismo descontrolado banaliza temas sensíveis.


O lado que defende: “faz parte da liberdade artística”

Quem apoia a permanência desse elemento nos animes, normalmente diz:

1️⃣ O fetiche no anime é simbólico
Catgirls, por exemplo, não são “objetos”, mas arquétipos que representam liberdade, fofura e transgressão visual.

2️⃣ Arte precisa de espaço para exagerar
Animes não buscam realismo. Ou seja, fantasia sexual funciona como catarse e imaginação.

3️⃣ Não consumir é mais fácil do que censurar
Há gêneros para todos. Existe anime sem fanservice e existe anime que é só fanservice. A escolha do público deveria prevalecer.

Argumento principal deste lado: limitar fetichismo significa limitar criatividade.


Onde está o equilíbrio?

Como fã, percebo que o debate fica polarizado pela falta de nuances. Alguns pontos parecem razoáveis para ambos os lados:

• Obras que lidam com personagens menores exigem responsabilidade estética e narrativa.
• Fetiche pode ser usado como ferramenta visual legítima, desde que não destrua a própria história.
• Crítica construtiva e liberdade artística não precisam ser inimigas.

O problema não é o fetichismo existir, e sim quando ele substitui enredo, desenvolvimento de personagem ou propósito narrativo.


Conclusão de um otaku apaixonado

O fetichismo nos animes não nasceu para provocar polêmica, mas para enriquecer a fantasia. No entanto, a globalização do anime trouxe novas sensibilidades para o jogo. O fandom está mudando e as produtoras também.

Talvez a verdadeira questão não seja “por que existe fetichismo nos animes?”, mas sim:

“Como equilibrar liberdade artística com responsabilidade cultural?”

Até lá, cada temporada trará novos exemplos da luta entre o “ai meu Deus” e o “ai, que delícia”.

O importante é continuar assistindo com senso crítico e, acima de tudo, entender que o anime é um espelho das nossas fantasias. Algumas nos orgulham. Outras nos assustam. Todas dizem algo sobre nós.

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