Mostrar mensagens com a etiqueta Amanda. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Amanda. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 12 de maio de 2020

🎞️ Crônicas da Juventude Paulistana – Capítulo 3: O Amor, a Vitrolinha e o Caos Adolescente

 


🔥🖤 Post Bellacosa Mainframe / El Jefe – “Amanda, o Xu, o Boris e Eu: o Bug Romântico de 1991”

🎞️ Crônicas da Juventude Paulistana – Capítulo 3: O Amor, a Vitrolinha e o Caos Adolescente


Existem amores que não acabam — apenas entram em loop, igual disquete riscado.
E tem histórias que, quando a gente lembra, dá aquele misto de riso, vergonha e nostalgia de um tempo em que o amor era analógico e o coração vivia sem antivírus.


🧃 O Triângulo dos Perdidos

No começo era simples:
Eu, Amanda e o tarô.
Mas como tudo que envolve adolescentes, som de Legião e ciúme gratuito, o código-fonte da história logo começou a travar.

Foi então que descobri a primeira verdade de bastidor:
O Boris, aquele por quem minha irmã Vivi suspirava, na real, estava era de olho na Soninha — a discreta, a que ninguém percebia até sorrir.
E enquanto isso, a Amanda, minha musa, virou personagem central de um script digno de novela da Manchete:
um triângulo amoroso entre eu, ela e o Xu — o sujeito de boné virado, sorriso fácil e coleção de LPs dos Engenheiros.




🚲 O amor pedalado

Pra ver a Amanda, eu fazia o que hoje pareceria ficção:
atravessava cidades de bicicleta, da minha quebrada até Ferraz de Vasconcelos, só pra passar a tarde no quintal da casa dela.
O chão de cimento quente, o som da vitrolinha tocando “Biquíni Cavadão”, “Barão Vermelho” ou um “Rádio Táxi” meio arranhado, e aquele grupo de adolescentes debatendo a vida como se fosse um manifesto.

A gente falava de tudo — escola, música, amores, sonhos e tragédias inventadas.
E no meio disso, o amor parecia um jogo de tabuleiro:
cada jogada valia um beijo, uma DR ou uma semana de silêncio.


💞 Amanda, a bugadora de corações

A Amanda tinha aquele tipo de brilho que confundia o processador emocional de qualquer um.
Num dia, era poesia pura.
No outro, caos completo.
Ora ficava comigo, ora com o Xu, dependendo da fase lunar e do humor da vitrolinha.
A gente achava tudo isso o máximo — como se o amor fosse uma Olimpíada de egos e beijos roubados.

Mas o destino, esse programador irônico, guardava o plot twist:
num sábado qualquer, com cheiro de pastel de feira e fita rebobinando com caneta Bic, ela simplesmente apareceu de mãos dadas com um terceiro cara.
Um nome novo no elenco.
Fim de jogo.


🥀 O bug sentimental

Ali, entre o choque e a risada amarga, percebi o que ninguém ensina nos livros de autoajuda:
a adolescência não é sobre “felizes para sempre”.
É sobre sentir tudo, sem saber o que fazer com isso.
O coração era um HD pequeno demais pra tanta emoção, e o amor — esse programa experimental — vivia travando.

O Xu sumiu.
O Boris continuou seu rolê com a Soninha.
A Amanda virou lenda urbana dos bailinhos.
E eu?
Eu fiquei com uma lembrança que ainda hoje toca baixinho, feito vinil arranhado numa vitrolinha velha.


🖤 Epílogo de El Jefe

O tempo passou, o amor virou meme, e o coração — aquele adolescente doido — aprendeu a rir das próprias quedas.
Mas sempre que o cheiro de maresia e música dos 90 me encontra, eu lembro de Ferraz, do portão de ferro, da bicicleta cansada e da Amanda com seu sorriso que desafiava a lógica.

Porque no fim das contas, a gente não amava pessoas.
Amava o sentir — aquele bug doce e dolorido que fazia o mundo parecer possível.


☠️ Filosofia Bellacosa Mainframe:
O amor dos anos 90 não tinha WhatsApp, crush, nem ghosting.
Mas tinha carta, tinha espera, tinha emoção sem backup.
E quando travava, a gente não formatava o coração — só deixava ele descansar…
até o próximo play.


segunda-feira, 11 de maio de 2020

🕶️ Memórias de uma festa muito louca – verão, vinil e caos adolescente de 1990




🕶️ Memórias de uma festa muito louca – verão, vinil e caos adolescente de 1990


Existem noites que não cabem em calendário — ficam ali, em loop dentro da memória, rodando como um vinil arranhado de The Cure, misturado com cheiro de cigarro, perfume barato e o zumbido dos amplificadores.
Essa história é de 1990, o ano em que tudo era possível: o Brasil redescobria a democracia, São Paulo fervia em tribos, e a juventude… bom, a juventude testava todos os limites da sanidade.


🎛️ O convite indecente da Vivi

Tudo começou com minha irmã, Vivi — a dona da bagunça, a curadora oficial da minha juventude desgovernada.
Ela apareceu certa noite dizendo:

“Você vai comigo numa festa. Vai ser diferente.”

Diferente era pouco.
A Vivi era do tipo que trocava o uniforme da escola por uma jaqueta militar cheia de patches, vivia entre bailinhos, matinês e o subterrâneo da cena carecas do subúrbio e eu no oposto na cena gótica paulistana.
Eu era o irmão mais velho, meio nerd e as vezes orbitava esse mundo underground— ora curioso, ora arrastado — até o dia em que ela resolveu que eu precisava “socializar com o grupo” da classe dela na escola..
Aceitei, meio sem saber no que estava me metendo.


🏚️ A casa, o som, o caos

A festa acontecia numa casa velha em Ferraz de Vasconcelos — paredes sem reboco, dessas com fios a mostra e construção sempre em curso.

As luzes eram fracas, o som era alto, e o repertório ia de Joy Division a Ira!, passando por Legião Urbana, Siouxsie and the Banshees e um lado B de Ultraje a Rigor que só DJ de fita cassete conhecia.

Foi lá, entre copos de refrigerante turvo e risadas nervosas, que eu conheci Amanda, mal sabia eu, que o treco era armado.
Ela tinha o cabelo cumprido no famoso corte Pigmalião, um brotinho bem graciosa, uma camiseta do The Smiths e um olhar que misturava desafio com tédio.
Falava pouco, ria pouco, mas quando ria, o tempo travava — como quando o walkman engole a fita.


💥 A noite que saiu do script

Tudo ia bem até que alguém trouxe uma garrafa suspeita, e a festa virou experimento social.
Tinha quem dançasse, quem chorasse, quem filosofasse sobre o fim do mundo.
Lá pelas duas da manhã, o quarto de hóspedes virou pista improvisada, o quintal virou confessionário, e o lider da patota— um skatista descolado chamado Boris — decidiu participar da coreografia.

Amanda me puxou pra varanda e disse:

“Essas festas são como a vida. Todo mundo acha que tem o controle, mas no fundo ninguém sabe o que tá fazendo.”

Naquele instante, entre o som distante de New Order e o frio cortando o ar, percebi que ela estava certa — e que a adolescência é isso: uma sucessão de erros bonitos e lembranças meio borradas que o tempo transforma em poesia.


🖤 Epílogo: AMANDA 

O sol nasceu como um deboche.
A casa parecia ter sido bombardeada por glitter e Marlboro.
A Vivi dormia abraçada numa caixa de vinil, e Amanda, ah Amanda curtimos um bom momento e a Amanda, entrou para a história como a garota que me pegou, misturada a cartas de Tarot, papos exotéricos e drinks de vodka barata...

Mas toda vez que ouço “Love Will Tear Us Apart”, o coração dá aquele segfault leve — tipo sistema tentando reler um setor antigo do disco rígido da memória.


🧃 Filosofia de Balcão do El Jefe

A juventude dos anos 90 foi o último sistema operacional analógico: instável, bonito, perigoso, cheio de vírus e músicas boas.
E as Amandas que passaram pela vida foram as atualizações que nunca mais vieram — mas deixaram log no coração.


☠️ Dica de El Jefe:
Se um dia você encontrar uma fita K7 velha com o nome “Festa da Soninha 1990”, não jogue fora.
Coloque pra tocar.
Deixe o chiado preencher o silêncio.
E lembre-se:

“A gente não viveu pra entender — viveu pra sentir.”