💌✨ Post Bellacosa Mainframe / El Jefe Midnight Lunch Edition
📬 “Cartas ao Mar” — o verão de 1991 e o amor que viajava em envelopes
Existem memórias que não se apagam — apenas ficam guardadas no spool do coração, esperando o comando certo pra serem impressas outra vez.
Verão de 1991, Praia Grande, São Paulo.
O som das ondas misturado com o apito do picolé Chica-Bon, o cheiro de protetor solar misturado com maresia, e o vento trazendo aquela promessa que só os amores de verão sabem fazer: a de durar pra sempre… mesmo que o sempre dure apenas até o próximo janeiro.
Foi ali que apareceu ela — Claudiane Peres, de Catanduva.
Cabelos ao vento, sorriso de pôr do sol, e aquele jeito tímido de quem dizia muito sem precisar falar nada.
Entre beijinhos roubados, sorvete de casquinha, e passeios de mãos dadas no calçadão, o tempo parecia suspenso — uma versão analógica do amor, sem filtros nem notificações.
💌 O tempo das cartas
Quando as férias acabaram, a maré levou cada um de volta ao seu porto.
Mas a história não se dissolveu — virou papel, tinta e selo.
Era o tempo do namoro por correspondência, aquele ritual sagrado que fazia o coração bater mais forte só de ouvir o carteiro gritar:
“Cooorreiooo!”
A expectativa era um misto de ansiedade e doçura.
Abrir o envelope era quase abrir o peito: o cheiro do papel, a letra dela, as palavras redondas e carinhosas, o “até logo” escrito com esperança.
Depois vinha o outro ritual — responder.
Caprichar na letra, escolher o envelope mais bonito, passar perfume (sim, perfume!), e caminhar até a agência dos Correios, coração em overclock, imaginando a carta cruzando estradas, cidades e saudades.
⏳ A lentidão bonita
Hoje tudo é instantâneo: mensagens que atravessam o mundo em segundos.
Mas naquela época, o amor tinha latência de semanas — e era justamente isso que o tornava especial.
Cada carta era um checkpoint emocional, um snapshot da alma de dois adolescentes tentando entender o tempo.
A espera era parte da magia.
Com o tempo, claro, as cartas foram rareando.
Vieram as provas, os empregos, os compromissos, os desencontros.
Até que um dia o carteiro deixou de gritar seu nome, e a caixa de correio ficou muda.
Mas o coração… o coração guardou backup.
🌅 Trinta anos depois
Hoje, em 2020, o verão ainda tem o mesmo cheiro salgado da Praia Grande.
Você passa pelo mesmo calçadão e quase pode ver o reflexo de dois jovens caminhando lado a lado.
O tempo apagou as pegadas, mas não o arquivo de memória.
E fica aquela pergunta que ecoa suave, entre uma onda e outra:
“Será que a Claudiane casou?
Teve filhos? Netos?
Será que às vezes ela também pensa naquele verão?”
Talvez sim, talvez não.
Mas o importante é que houve.
Houve aquele amor simples, sincero, que cabia em duas páginas de papel almaço e um selo de 50 cruzeiros.
🕯️ Filosofia de balcão do El Jefe
O amor de carta é o COBOL dos sentimentos — antigo, mas confiável.
Demora pra compilar, mas quando roda, grava tudo na fita da memória.
E enquanto houver lembrança, sempre haverá um E SE… flutuando no ar, suave como o vento do mar em 1991.
📮 Dica de El Jefe:
Se um dia achar uma carta antiga numa gaveta, não jogue fora.
Leia.
Sinta.
Ali mora um pedaço do que você foi — e talvez do que ainda é.
“Cartas são como conchas: simples por fora, mas cheias de oceano por dentro.” 🌊💙
















