📜 A Latrina de Ibitinga — O Vilão Final do Arc Rural
Ao estilo Bellacosa Mainframe, para o glorioso El Jefe Midnight Lunch.
Ah, Ibitinga…
Terra mágica das tanajuras crocantes, do sítio encantado, onde o fusquinha vermelho desafiando estradas sem pavimento, no barro, com buracos, com poeira, onde a comida do forno a lenha tinha gosto de abraço de avó, onde os vaga-lumes piscavam como LEDs de placa-mãe iluminando a noite rural.
Ali, entre galos orgulhosos, galinhas tagarelas, pintainhos confusos e frutas colhidas no pé, o coração da criança pulsava mil aventuras por minuto.
Mas como todo bom enredo — seja anime, HQ, novela mexicana ou crônica mainframe — sempre existe um vilão.
E naquele sítio o vilão tinha nome, cheiro, presença e uma arquitetura digna de Silent Hill Rural Edition:
💀 A Latrina.
🚪 A Cabine do Terror em Madeira Duvidosa
A latrina de Ibitinga era uma estrutura icônica:
uma casinha de madeira simples, meio torta, feita com tábuas que rangiam como portas de dungeon mal lubrificadas.
Ali, no meio do cafezal, parecia um boss final aguardando a vítima entrar:
“Você precisa enfrentar o medo para liberar o buffer interno.”
Podia ter vaga-lume, grilo, galinha, até o galo cantando sinfonias matinais…
Mas pisou na porta da latrina: reset emocional.
🕳️ A Fossa Abissal
A parte inferior da latrina era uma fossa funda, negra, úmida, fedida, viva.
Um verdadeiro poço das trevas, um buraco de RPG com level 99 de toxicidade.
Embaixo, borbulhando, estava o inferno biológico:
O Abismo da Merda.
Se Dante Alighieri tivesse visitado Ibitinga antes de escrever A Divina Comédia,
teria acrescentado esse círculo do inferno, com certeza.
E, sobre esse abismo, sustentando a integridade da missão fisiológica, havia:
🪵 Duas tábuas.
Só isso.
Duas tábuas velhas.
Passadas, empenadas, talvez carcomidas.
Tábuas que pareciam olhar pra você e sussurrar:
“Vai cair, campeão.”
🧎♂️ O Ninja Rural: Operação Cocorô
Para executar o famoso número 2, não era simples sentar e contemplar a vida.
Era uma operação de guerra:
-
Entrar.
-
Fechar a porta torta.
-
Ajustar os pés sobre as tábuas suspeitas.
-
Abaixar-se cuidadosamente.
-
Encontrar equilíbrio zen.
-
Rezar para todas as divindades conhecidas e desconhecidas.
-
Executar o processo sem tremer as pernas.
-
Torcer para que nada caia (incluindo você).
Era literalmente ficar de cócoras, como um ninja do esgoto, a centímetros de despencar no buraco existencial.
E o medo era real.
Muito real.
Não importava que nunca tivesse acontecido com ninguém.
Na cabeça da criança, havia sempre a possibilidade de:
BREAKPOINT: TÁBUA QUEBRA
FATAL ERROR: MERGULHO EM MERDA
GAME OVER
🎉 O Duplo Prazer da Sobrevivência
O ato era físico, claro.
Mas a vitória era psicológica.
Ao sair da latrina, duas coisas aconteciam ao mesmo tempo:
-
A alma ficava leve.
-
O coração celebrava: “Eu sobrevivi!”
Era quase um rito tribal.
Uma iniciação rural.
Um achievement desbloqueado:
“Escapei da Fossa +10 de coragem.”
E, depois disso, tudo voltava à magia:
os grilos, as cigarras, o brilho dos vaga-lumes, as galinhas em fila indiana, a charrete na madrugada com lampião tremulando, o colchão de palha fazendo crec crec, o céu estrelado que mais parecia BIOS gráfico da natureza.
Sim, Ibitinga era quente.
Quente na memória, no coração e no afeto.
Mas nada — absolutamente nada — supera a emoção de ter enfrentado…