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domingo, 6 de setembro de 2015

📜 A Latrina de Ibitinga — O Vilão Final do Arc Rural

 


📜 A Latrina de Ibitinga — O Vilão Final do Arc Rural
Ao estilo Bellacosa Mainframe, para o glorioso El Jefe Midnight Lunch.


Ah, Ibitinga
Terra mágica das tanajuras crocantes, do sítio encantado, onde o fusquinha vermelho desafiando estradas sem pavimento, no barro, com buracos, com poeira, onde a comida do forno a lenha tinha gosto de abraço de avó, onde os vaga-lumes piscavam como LEDs de placa-mãe iluminando a noite rural.

Ali, entre galos orgulhosos, galinhas tagarelas, pintainhos confusos e frutas colhidas no pé, o coração da criança pulsava mil aventuras por minuto.
Mas como todo bom enredo — seja anime, HQ, novela mexicana ou crônica mainframe — sempre existe um vilão.

E naquele sítio o vilão tinha nome, cheiro, presença e uma arquitetura digna de Silent Hill Rural Edition:

💀 A Latrina.



🚪 A Cabine do Terror em Madeira Duvidosa

A latrina de Ibitinga era uma estrutura icônica:
uma casinha de madeira simples, meio torta, feita com tábuas que rangiam como portas de dungeon mal lubrificadas.

Ali, no meio do cafezal, parecia um boss final aguardando a vítima entrar:

“Você precisa enfrentar o medo para liberar o buffer interno.”

Podia ter vaga-lume, grilo, galinha, até o galo cantando sinfonias matinais…
Mas pisou na porta da latrina: reset emocional.



🕳️ A Fossa Abissal

A parte inferior da latrina era uma fossa funda, negra, úmida, fedida, viva.

Um verdadeiro poço das trevas, um buraco de RPG com level 99 de toxicidade.
Embaixo, borbulhando, estava o inferno biológico:

O Abismo da Merda.

Se Dante Alighieri tivesse visitado Ibitinga antes de escrever A Divina Comédia,
teria acrescentado esse círculo do inferno, com certeza.

E, sobre esse abismo, sustentando a integridade da missão fisiológica, havia:

🪵 Duas tábuas.

Só isso.
Duas tábuas velhas.
Passadas, empenadas, talvez carcomidas.
Tábuas que pareciam olhar pra você e sussurrar:

“Vai cair, campeão.”



🧎‍♂️ O Ninja Rural: Operação Cocorô

Para executar o famoso número 2, não era simples sentar e contemplar a vida.
Era uma operação de guerra:

  1. Entrar.

  2. Fechar a porta torta.

  3. Ajustar os pés sobre as tábuas suspeitas.

  4. Abaixar-se cuidadosamente.

  5. Encontrar equilíbrio zen.

  6. Rezar para todas as divindades conhecidas e desconhecidas.

  7. Executar o processo sem tremer as pernas.

  8. Torcer para que nada caia (incluindo você).

Era literalmente ficar de cócoras, como um ninja do esgoto, a centímetros de despencar no buraco existencial.

E o medo era real.
Muito real.

Não importava que nunca tivesse acontecido com ninguém.
Na cabeça da criança, havia sempre a possibilidade de:

BREAKPOINT: TÁBUA QUEBRA
FATAL ERROR: MERGULHO EM MERDA
GAME OVER



🎉 O Duplo Prazer da Sobrevivência

O ato era físico, claro.
Mas a vitória era psicológica.
Ao sair da latrina, duas coisas aconteciam ao mesmo tempo:

  1. A alma ficava leve.

  2. O coração celebrava: “Eu sobrevivi!”

Era quase um rito tribal.
Uma iniciação rural.
Um achievement desbloqueado:

“Escapei da Fossa +10 de coragem.”

E, depois disso, tudo voltava à magia:
os grilos, as cigarras, o brilho dos vaga-lumes, as galinhas em fila indiana, a charrete na madrugada com lampião tremulando, o colchão de palha fazendo crec crec, o céu estrelado que mais parecia BIOS gráfico da natureza.

Sim, Ibitinga era quente.
Quente na memória, no coração e no afeto.

Mas nada — absolutamente nada — supera a emoção de ter enfrentado…

A Latrina Maldita do Sítio.


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

📜 As Crônicas da Berinjela Cósmica — Ibitinga, o Sítio e o Festival Gastronômico do Destino


📜 As Crônicas da Berinjela Cósmica — Ibitinga, o Sítio e o Festival Gastronômico do Destino

Ao estilo Bellacosa Mainframe, para o arquivo eterno do El Jefe Midnight.


Há histórias na vida que não seguem lógica, não pedem licença e nem esperam nosso paladar crescer.
Simplesmente acontecem.
E uma delas é o Festival da Berinjela de Ibitinga.

Na mesma linha temporal nebulosa — aquele buffer misterioso entre 1978 e 1980 — estávamos de novo no sítio da família amiga do meu pai. Um cenário bucólico, com cheiro de lenha queimando, milho secando no paiol, galinhas ciscando e a eterna brisa quente do interior.

Meu pai, todo animado, anunciou:

— “Minha mãe, dona Anna, vai nos visitar!”

Os sitiantes iluminaram o rosto como NPCs recebendo uma quest rara.

— “E o que ela gosta de comer?”

Meu pai, naquele momento inocente e desprevenido, olhou em volta.
Viu a horta.
E lá estavam: fileiras intermináveis de berinjelas roxas.

E soltou a sentença que mudaria o menu do universo:

— “Ah, minha mãe gosta de berinjela.”

Pronto.
Era o prenúncio do caos culinário.


🍆 O Dia da Grande Beringelada

Chegou o fim de semana.
Todos embarcamos no lendário Fusquinha vermelho, sacolejando na estrada de terra, entre sítios, porteiras, pastos e aquele cheiro de mato quente que entra pelas janelas.

Ao chegar, a cena parecia saída de um anime culinário:

Uma mesa colossal.
E tudo — absolutamente tudo — era feito com berinjela.

A dona da casa tinha se dedicado como uma chef Michelin do campo, e produziu um cardápio digno de ritual:

  • berinjela frita,

  • berinjela à milanesa,

  • berinjela ensopada,

  • berinjela grelhada,

  • berinjela com queijo,

  • berinjela recheada,

  • berinjela à parmegiana,

  • conserva de berinjela,

  • berinjela agridoce,

  • salada de berinjela,

  • e mais umas três variações místicas que desafiam a própria memória RAM.

Era uma orgia gastronômica berinjelesca, uma overdose vegetal pré-internet, pré-globalização e pré-trauma infantil reconhecível.


🐔 O Contrabando Gastronômico Sob a Mesa

Eu e Vivi, jovens padawans do paladar, não muito fãs do vegetal…
tivemos uma ideia brilhante: usar as galinhas como parceiras do crime.

Elas ciscavam sob a mesa, inocentes, ávidas, prontas.

E nós, discretos, diplomáticos, solidários:

— ops
pluft
— lá ia uma rodela de berinjela direto para o papo da galinha

O avianato agradecia.
Nosso paladar também.

Mas, justiça seja feita:
o pão caseiro, feito no forno à lenha, era um poema.
E a comida preparada no fogão do rancho tinha aquele sabor único que só existe quando a lenha canta, crepita e abençoa cada panela.

O carinho da família amiga era palpável.
Era mais que comida — era comunhão, era ritual, era acolhimento.


🐥 Entre Pintinhos, Poeira e Frutas do Pé

O resto do dia foi um daqueles típicos capítulos de infância rural:

  • correr atrás das galinhas,

  • acariciar pintinhos,

  • subir em árvores,

  • comer fruta direto do pé,

  • brincar na terra vermelha quente,

  • escutar histórias dos adultos,

  • sentir o tempo passar mais devagar.

Coisa simples.
Coisa que cura.
Coisa que marca.



🚽 O Episódio da Fossa (Prévia do Próximo Capítulo)

E já que estamos falando de autenticidade rural…

Ir ao banheiro na roça era apenas para os fortes.
Latrina.
Buraco.
Fossa profunda.
Cheiros indescritíveis.
Medos primitivos.

Mas isso, caro leitor…
tem seu próprio capítulo reservado, digno de trilogia.