🔍 COBOL Mainframe e o Código Legado: sobreviver, entender e não quebrar produção
Se você trabalha com COBOL no mainframe, preciso ser honesto logo de início:
👉 Seu trabalho provavelmente não é escrever código novo. 👉 Seu trabalho é entender código antigo o suficiente para não destruir um sistema que sustenta a empresa.
Este post é inspirado no IBM COBOL Software Development Practices – Module 3: Working with Existing Code, mas com uma diferença fundamental:
📌 aqui não tem romantização, marketing nem slide bonito. 📌 aqui tem legado, risco, produção e decisões difíceis.
1️⃣ A verdade que poucos cursos falam em voz alta
Muitos analistas acertam quando dizem que o foco do COBOL hoje não é criar sistemas novos do zero.
A realidade é esta:
código escrito por pessoas que já se aposentaram
regras de negócio que nunca foram documentadas
batch que roda há 15, 20, 30 anos
sistemas que não podem parar
Trabalhar com legado não é atraso tecnológico. 👉 É engenharia em ambiente hostil.
2️⃣ Identificar mudanças não é caçar erro
Um dos maiores erros de quem começa no legado é confundir:
❌ “isso está feio” com ✅ “isso está errado”
Antes de pensar em mudar qualquer linha, você deveria conseguir responder:
isso é bug ou regra de negócio?
esse código roda sempre ou só em exceção?
quem consome essa saída além do que aparece no programa?
📍 Situação real: Você encontra um IF gigante, cheio de GO TO e NEXT SENTENCE.
Junior pensa:
“Vou refatorar isso tudo.”
Mainframeiro experiente pensa:
“Onde está o dump? Qual batch chama isso? Quem usa esse arquivo?”
👉 No legado, entender vem antes de melhorar.
3️⃣ Decidir quanto mudar: o princípio do Do No Harm
Esse é o ponto mais valioso do módulo — e o mais ignorado na prática.
No mainframe, nem tudo que está errado deve ser corrigido.
Escala real de decisão:
🔴 Não mexer – código crítico, sem teste, sem histórico
🟠 Isolar – código suspeito, mas necessário
🟡 Ajuste cirúrgico – bug conhecido, impacto controlado
🟢 Refatorar – sistema compreendido, risco aceitável
⚫ Reescrever – raro, caro e politicamente complexo
📍 Frase obrigatória em qualquer análise de legado:
“Isso precisa ficar bonito ou precisa continuar pagando salário no fim do mês?”
4️⃣ Ferramentas modernas ajudam — mas não pensam por você
Existem ferramentas modernas, mas são caras, nem sempre a disposição e demadam um extenso treinamento para utiliza-las, conheça algumas:
IBM Developer for z/OS
Code Review for COBOL
Utilities de migração
automação, DevOps, integração
Mas aqui vai a verdade da trincheira:
⚠️ Ferramenta não substitui leitura de código. ⚠️ Ferramenta não entende contexto histórico. ⚠️ Ferramenta não assume a culpa quando produção cai.
Ferramentas apontam. 👉 Quem decide é o engenheiro.
5️⃣ Code Review for COBOL: salvador e armadilha
As regras de revisão são excelentes:
código inacessível
PERFORM recursivo
GO TO fora de escopo
NEXT SENTENCE
escopos implícitos
Mas atenção:
🚨 Regra acionada ≠ erro funcional.
📍 Situação clássica: O Code Review aponta Unreachable Code. Você remove. Produção cai.
Depois descobre que:
o trecho só executava em falha rara
era acionado por JCL alternativo
ninguém lembrava mais
👉 Ferramenta mostra o problema. 👉 Engenharia decide a ação.
6️⃣ O que quase nenhum curso fala: dump e produção
É no dump que você realmente entende o legado:
fluxo real
valores inesperados
corrupção de dados
PERFORM assassino
Código bonito não paga SLA. Batch atrasado custa dinheiro. Mudança errada custa carreira.
COBOL legado é técnica + responsabilidade.
7️⃣ Como se aprende COBOL legado de verdade
Não é só em curso. Não é só ferramenta. Mas sim após horas de trabalho, analisando fluxogramas amarelados, ficando vesgo de analisar listagem de programas e apontar duvidas.
O ciclo real é:
ler o código
rodar o batch
analisar o dump
entender impacto
decidir não mexer
documentar
só então, talvez, mudar
☕ Conclusão Bellacosa Mainframe
Os conselhos, workshops, a literatura e o curso tem a mentalidade correta. A trincheira ensina o resto.
No mainframe:
O melhor programador não é o que escreve o código mais bonito. É o que entende o legado, muda pouco, documenta bem e mantém o sistema vivo.
Se você vive isso no dia a dia, comenta aqui 👇
🔹 Já encontrou código que parecia errado, mas salvava produção?
🔹 Já decidiu não mexer — e dormiu tranquilo?
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