Bunch e os sete anões
A analogia “BUNCH e os Sete Anões” é uma das mais saborosas — e irônicas — da história do mercado de mainframes nas décadas de 1960 e 1970. Ela mistura rivalidade tecnológica, marketing agressivo e uma boa dose de folclore corporativo, exatamente no espírito old school do mundo mainframe.
Quem cunhou o termo
O termo BUNCH surgiu dentro da própria indústria e da imprensa técnica norte-americana no final dos anos 1960. Ele não foi “oficialmente registrado” por uma única pessoa, mas é amplamente atribuído a analistas de mercado e jornalistas especializados, que buscavam uma forma rápida de classificar os concorrentes da IBM.
Já a contraparte “os Sete Anões” foi uma alfinetada informal, quase uma fofoca de corredor corporativo, atribuída a executivos e engenheiros da IBM, usada de forma meio jocosa (e meio arrogante) para se referir aos concorrentes menores.
A metáfora vinha diretamente do conto da Branca de Neve:
a IBM era a “Branca de Neve” dominante, e os outros… bem, os anões.
O que era o BUNCH
BUNCH é um acrônimo formado pelas iniciais dos principais concorrentes da IBM no mercado de mainframes:
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Burroughs
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Univac
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NCR
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Control Data Corporation (CDC)
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Honeywell
Essas empresas disputavam grandes contratos governamentais, bancários, militares e científicos.
Quem eram “os Sete Anões”
Além das empresas do BUNCH, o rótulo “Sete Anões” incluía também:
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RCA
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GE (General Electric)
Por isso, dependendo da época e da fonte, você verá variações na lista. Mas a ideia central era sempre a mesma:
👉 todos juntos ainda não alcançavam o domínio da IBM.
O papel da IBM: a “Branca de Neve”
Nos anos 1960–70, a IBM dominava entre 65% e 75% do mercado mundial de mainframes. O lançamento do IBM System/360 (1964) foi um divisor de águas:
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Arquitetura compatível entre modelos
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Forte ecossistema de software
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Suporte técnico agressivo
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Contratos “casados” (hardware + software + serviços)
Isso deixou os concorrentes em desvantagem brutal.
Curiosidades e fofocas corporativas 🧾
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💬 Diz-se que engenheiros da IBM usavam o termo “anões” em reuniões internas, nunca publicamente.
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🧠 A CDC, com Seymour Cray, chegou a superar a IBM em computação científica, mas não em volume de vendas.
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🏦 Burroughs dominava bancos porque sua arquitetura era orientada a transações e segurança.
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🧾 Univac carregava o prestígio de ter feito o primeiro computador comercial da história.
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💣 Honeywell era forte em contratos militares e aeroespaciais.
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😬 A GE saiu do mercado de mainframes em 1970, vendendo sua divisão para a Honeywell.
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🔥 A RCA fez o mesmo, abandonando o setor por prejuízos enormes.
Easter eggs técnicos
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Muitos sistemas do BUNCH tinham arquiteturas mais elegantes que as da IBM, mas perdiam no ecossistema.
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Algumas linguagens e conceitos de segurança bancária nasceram nos mainframes da Burroughs.
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A obsessão da IBM por compatibilidade nasceu do medo real de perder espaço para o BUNCH.
Dicas para quem estuda mainframe hoje
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Entender o BUNCH ajuda a compreender por que a IBM virou sinônimo de mainframe.
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Muitas ideias modernas de virtualização, segurança e transações nasceram nesses “anões”.
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A arrogância da IBM quase virou fraqueza — e foi isso que levou aos processos antitruste nos anos 1970.
Conclusão ao estilo Bellacosa Mainframe 😎
O BUNCH e os Sete Anões não eram fracos — eram fragmentados.
A IBM venceu menos pela tecnologia pura e mais pela estratégia, padronização e controle do ecossistema.
No fim das contas, a história dos mainframes prova uma velha verdade do mundo corporativo:
Não basta ser o mais inteligente da sala — é preciso ser o mais organizado.