sexta-feira, 14 de julho de 2023

🔍 COBOL Mainframe e o Código Legado: sobreviver, entender e não quebrar produção

 



🔍 COBOL Mainframe e o Código Legado: sobreviver, entender e não quebrar produção

Se você trabalha com COBOL no mainframe, preciso ser honesto logo de início:

👉 Seu trabalho provavelmente não é escrever código novo. 👉 Seu trabalho é entender código antigo o suficiente para não destruir um sistema que sustenta a empresa.

Este post é inspirado no IBM COBOL Software Development Practices – Module 3: Working with Existing Code, mas com uma diferença fundamental:

📌 aqui não tem romantização, marketing nem slide bonito. 📌 aqui tem legado, risco, produção e decisões difíceis.


1️⃣ A verdade que poucos cursos falam em voz alta

Muitos analistas acertam quando dizem que o foco do COBOL hoje não é criar sistemas novos do zero.

A realidade é esta:

  • código escrito por pessoas que já se aposentaram

  • regras de negócio que nunca foram documentadas

  • batch que roda há 15, 20, 30 anos

  • sistemas que não podem parar

Trabalhar com legado não é atraso tecnológico. 👉 É engenharia em ambiente hostil.


2️⃣ Identificar mudanças não é caçar erro

Um dos maiores erros de quem começa no legado é confundir:

“isso está feio” com ✅ “isso está errado”

Antes de pensar em mudar qualquer linha, você deveria conseguir responder:

  • isso é bug ou regra de negócio?

  • esse código roda sempre ou só em exceção?

  • quem consome essa saída além do que aparece no programa?

📍 Situação real: Você encontra um IF gigante, cheio de GO TO e NEXT SENTENCE.

Junior pensa:

“Vou refatorar isso tudo.”

Mainframeiro experiente pensa:

“Onde está o dump? Qual batch chama isso? Quem usa esse arquivo?”

👉 No legado, entender vem antes de melhorar.


3️⃣ Decidir quanto mudar: o princípio do Do No Harm

Esse é o ponto mais valioso do módulo — e o mais ignorado na prática.

No mainframe, nem tudo que está errado deve ser corrigido.

Escala real de decisão:

  • 🔴 Não mexer – código crítico, sem teste, sem histórico

  • 🟠 Isolar – código suspeito, mas necessário

  • 🟡 Ajuste cirúrgico – bug conhecido, impacto controlado

  • 🟢 Refatorar – sistema compreendido, risco aceitável

  • Reescrever – raro, caro e politicamente complexo

📍 Frase obrigatória em qualquer análise de legado:

“Isso precisa ficar bonito ou precisa continuar pagando salário no fim do mês?”


4️⃣ Ferramentas modernas ajudam — mas não pensam por você

Existem ferramentas modernas, mas são caras, nem sempre a disposição e demadam um extenso treinamento para utiliza-las, conheça algumas:

  • IBM Developer for z/OS

  • Code Review for COBOL

  • Utilities de migração

  • automação, DevOps, integração

Mas aqui vai a verdade da trincheira:

⚠️ Ferramenta não substitui leitura de código. ⚠️ Ferramenta não entende contexto histórico. ⚠️ Ferramenta não assume a culpa quando produção cai.

Ferramentas apontam. 👉 Quem decide é o engenheiro.


5️⃣ Code Review for COBOL: salvador e armadilha

As regras de revisão são excelentes:

  • código inacessível

  • PERFORM recursivo

  • GO TO fora de escopo

  • NEXT SENTENCE

  • escopos implícitos

Mas atenção:

🚨 Regra acionada ≠ erro funcional.

📍 Situação clássica: O Code Review aponta Unreachable Code. Você remove. Produção cai.

Depois descobre que:

  • o trecho só executava em falha rara

  • era acionado por JCL alternativo

  • ninguém lembrava mais

👉 Ferramenta mostra o problema. 👉 Engenharia decide a ação.


6️⃣ O que quase nenhum curso fala: dump e produção

É no dump que você realmente entende o legado:

  • fluxo real

  • valores inesperados

  • corrupção de dados

  • PERFORM assassino

Código bonito não paga SLA. Batch atrasado custa dinheiro. Mudança errada custa carreira.

COBOL legado é técnica + responsabilidade.


7️⃣ Como se aprende COBOL legado de verdade

Não é só em curso. Não é só ferramenta. Mas sim após horas de trabalho, analisando fluxogramas amarelados, ficando vesgo de analisar listagem de programas e apontar duvidas.

O ciclo real é:

  1. ler o código

  2. rodar o batch

  3. analisar o dump

  4. entender impacto

  5. decidir não mexer

  6. documentar

  7. só então, talvez, mudar


☕ Conclusão Bellacosa Mainframe

Os conselhos, workshops, a literatura e o curso tem a mentalidade correta. A trincheira ensina o resto.

No mainframe:

O melhor programador não é o que escreve o código mais bonito. É o que entende o legado, muda pouco, documenta bem e mantém o sistema vivo.

Se você vive isso no dia a dia, comenta aqui 👇

🔹 Já encontrou código que parecia errado, mas salvava produção?

🔹 Já decidiu não mexer — e dormiu tranquilo?

#Mainframe #COBOL #Legado #zOS #EngenhariaDeSoftware #BellacosaMainframe

quarta-feira, 5 de julho de 2023

💔 O Enjoo do Amor — quando o desejo perde a curiosidade

 


💔 O Enjoo do Amor — quando o desejo perde a curiosidade

(Por Vagner Bellacosa – Bellacosa Mainframe)

Ninguém avisa quando o amor começa a desbotar.
Ele não morre com brigas ou traições espetaculares — morre devagar, nas entrelinhas do cotidiano.
Um dia, aquilo que era risada vira silêncio; o toque, costume; o olhar, distração.
E o que antes era fogo vira cinza morna.

Chamam de “enjoo”, mas é mais profundo que isso.
É a morte da curiosidade.
Quando o outro deixa de ser um mistério a ser descoberto e vira apenas uma presença previsível.
Quando a alma se acostuma demais, o corpo deixa de responder.

No começo, tudo é descoberta.
A voz encanta, o cheiro prende, o gesto fascina.
A dopamina faz festa no cérebro, e a gente acredita que encontrou algo raro, eterno.
Mas o amor é químico e também cotidiano — e a rotina cobra manutenção.
Quando a admiração se apaga, o desejo também recolhe suas malas e vai embora sem aviso.

O “enjoo” chega quando a admiração se perde.
Quando o encanto vira irritação, quando a leveza vira obrigação.
É quando a convivência cansa, não pelo tempo, mas pela falta de frescor.
O mesmo beijo que antes acelerava o pulso agora é apenas gesto automático — uma saudação protocolar entre dois sobreviventes de um amor que já foi.

E então surge o mais cruel dos sentimentos: a indiferença.
Não há mais raiva, nem ciúme, nem saudade.
Há apenas o vazio confortável de quem não sente nada.
O outro passa a ser parte do cenário — presença que não ilumina, ausência que não dói.

Mas nem sempre é culpa de alguém.
Às vezes o “enjoo” é apenas o sinal de que um cresceu e o outro não.
De que um ainda busca horizontes, enquanto o outro se contenta com a sombra.
O amor, quando não se reinventa, se repete — e o repetido, cedo ou tarde, cansa.

No fundo, o desejo não morre — ele muda de endereço.
Vai morar onde ainda há espanto, curiosidade, admiração.
Porque amar, de verdade, é continuar querendo descobrir o outro, mesmo depois de saber tudo.

O “enjoo do amor” é o ponto em que o encanto pede renovação e o coração decide se fica por ternura ou parte por instinto.
E às vezes, partir é apenas reconhecer que o amor foi bonito — mas já foi.


🕯️ Bellacosa Mainframe Chronicles — Reflexões sobre o humano, o tempo e o que se apaga devagar.


🎨 O Código de Cores dos Animes — Quando a Paleta Fala à Alma

🎨 O Código de Cores dos Animes — Quando a Paleta Fala à Alma



Os animes japoneses não apenas contam histórias — eles pintam emoções. Cada tom, cada sombra, cada centelha de cor é uma extensão da alma dos personagens e da filosofia visual japonesa. Enquanto o ocidente busca o realismo cromático, o anime busca o sentido simbólico da cor — e nisso reside sua beleza quase espiritual.


🌸 1. A cor como emoção — o DNA visual japonês

Na estética nipônica, a cor não é mero enfeite: é um estado de espírito.
O vermelho vibra como a paixão e o sangue dos samurais; o azul acalma como a brisa de Kyoto; o branco purifica como a neve no Monte Fuji.

Desde os tempos do ukiyo-e (as gravuras do “mundo flutuante”), artistas japoneses associavam cada cor a uma sensação transitória — a beleza efêmera da vida. Essa filosofia sobrevive nos animes, onde a cor fala antes das palavras.

“As cores em um anime são a respiração do roteiro.”
Bellacosa 


🔴 2. Vermelho — a chama da vida e do instinto

Personagens de cabelo ou roupa vermelha raramente são neutros.
Eles são impulsivos, passionais, líderes natos — movidos por fogo interior.

Exemplos:

  • Asuka Langley (Evangelion) — o vermelho da arrogância e do orgulho.

  • Eren Yeager (Attack on Titan) — a fúria contida do sangue e da rebelião.

Curiosidade: No Japão, o vermelho também simboliza proteção espiritual, usado em templos e portões torii. Nos animes, ele marca o herói que luta contra o destino.


🔵 3. Azul — serenidade, racionalidade e tristeza silenciosa

O azul no anime é introspectivo. Ele representa personagens equilibrados, pensadores ou melancólicos.
É a cor da mente e da solidão — o contraponto do vermelho.

Exemplos:

  • Rei Ayanami — o azul translúcido da ausência de emoção.

  • Subaru Natsuki (Re:Zero) — o azul da reflexão e do arrependimento.

Dica de observação: Azul em cenas noturnas ou interiores sugere introspecção ou recolhimento emocional.


🟢 4. Verde — juventude, esperança e natureza

O verde é a cor da renovação, da harmonia e do crescimento.
Personagens verdes são, em geral, equilibrados, esperançosos ou ligados à natureza.

Exemplos:

  • Deku (Izuku Midoriya) — literalmente, “verde”, o símbolo da esperança heroica.

  • Zoro (One Piece) — o equilíbrio entre força e lealdade.

Curiosidade: No simbolismo japonês, o verde também remete à sabedoria natural, como o chá verde que acalma e purifica a mente.


🟣 5. Roxo — mistério, nobreza e ambiguidade

O roxo é a cor da dupla face: místico e sombrio, nobre e perigoso.
Personagens roxos carregam segredos, dilemas morais ou poderes espirituais.

Exemplos:

  • Shinobu Kocho (Demon Slayer) — delicadeza letal.

  • Lelouch vi Britannia (Code Geass) — a nobreza envolta em tragédia.

Nota estética: O roxo é muito usado para indicar contradição interna — um personagem que é ao mesmo tempo luz e sombra.


🟡 6. Amarelo — energia, otimismo e caos controlado

Amarelo é a cor da vitalidade e da excentricidade.
É a cor dos personagens cheios de energia, mas também dos que vivem no limite entre a genialidade e a loucura.

Exemplos:

  • Naruto Uzumaki — a luz dourada da persistência.

  • Killua Zoldyck — juventude elétrica e perigo contido.

Curiosidade: O amarelo em animes não é só alegria — pode ser o brilho que cega, a luz que se torna arrogância.


⚫⚪ 7. Preto e Branco — o yin e yang da narrativa visual

  • Preto: Mistério, maturidade, melancolia.

  • Branco: Pureza, vazio, renascimento.

Exemplos:

  • L (Death Note) — o branco do raciocínio e o preto da obsessão.

  • Kaworu Nagisa — branco angelical, mas com melancolia existencial.

Na arte japonesa, essas cores são opostas, mas complementares. Em muitos animes, a combinação das duas indica dualidade filosófica, a eterna dança entre luz e trevas.


🧡 8. Rosa — inocência, amor juvenil e idealismo

O rosa é uma cor emocional e simbólica. Representa o amor puro, o romantismo e a vulnerabilidade.

Exemplos:

  • Sakura Haruno (Naruto) — a jovem que amadurece emocionalmente.

  • Zero Two (Darling in the Franxx) — o amor que desafia a humanidade.

Curiosidade: O rosa é muito usado em shoujos e animes slice of life para retratar sentimentos efêmeros, o famoso mono no aware — a beleza do que está prestes a desaparecer.


🌅 9. O uso simbólico do cenário

As cores não vivem apenas nos personagens. O cenário fala com a mesma intensidade:

  • Céus avermelhados indicam conflito ou presságio.

  • Tons pastéis marcam momentos nostálgicos.

  • Azuis pálidos anunciam solidão.

Em Your Name (Kimi no Na wa), as cores do entardecer — entre o dia e a noite — representam o tempo suspenso, o instante mágico em que o destino muda.


✨ 10. O código invisível — quando a cor é narrativa

Grandes diretores de anime, como Makoto Shinkai, Hayao Miyazaki e Satoshi Kon, usam o código cromático para conduzir o espectador sem que ele perceba.
Uma cor dominante pode se tornar o fio emocional da história.

  • Em Spirited Away, o vermelho protege e purifica Chihiro.

  • Em Perfect Blue, o azul simboliza o desmoronamento da identidade.

O espectador sente — mesmo sem entender conscientemente. É o poder do código de cores: a emoção antes da razão.


☯️ Conclusão — A cor como alma da narrativa

O código de cores dos animes é uma arte silenciosa. Ele traduz emoções humanas em vibrações visuais.
Entender essas cores é enxergar o espírito da cena, a filosofia escondida por trás da estética.

“Em cada tom, há um sentimento. Em cada sombra, uma memória.
O anime não pinta o mundo — ele pinta a alma humana.”

terça-feira, 4 de julho de 2023

🌿 ⑤ – Natsume Yūjinchō (O Livro dos Amigos de Natsume)

 


🌿 ⑤ – Natsume Yūjinchō (O Livro dos Amigos de Natsume)

Ano: 2008
Estúdio: Brain’s Base (depois Shuka)
Gênero: Slice of Life, Sobrenatural, Drama


🍃 Sinopse

Takashi Natsume é um jovem que consegue ver yōkai, espíritos e criaturas invisíveis aos olhos humanos. Após herdar o “Livro dos Amigos” de sua avó Reiko, ele descobre que ela aprisionava os nomes de espíritos — e agora cabe a ele libertá-los.
Em cada episódio, Natsume vive pequenos encontros que falam de solidão, lembrança e reconciliação — entre o humano e o invisível, o passado e o agora.


🌸 Curiosidades

  • O anime é inspirado em contos tradicionais japoneses e na estética mono no aware — a beleza melancólica das coisas que passam.

  • Nyanko-sensei, o gato redondo e espirituoso, é um dos mascotes mais amados dos animes iyashikei (curativos).

  • A série possui mais de 70 episódios e é considerada um dos pilares do gênero Slow Life espiritual.


💡 Dica Bellacosa

Não assista apressado. Natsume Yūjinchō deve ser degustado como chá morno — um gole de cada vez.
Cada espírito libertado é, na verdade, uma lembrança libertada dentro de nós mesmos.


🕊️ Filosofia Slow Life

A vida não é uma corrida, mas um diálogo silencioso entre as estações.
O anime nos lembra que há beleza em simplesmente existir entre o visível e o esquecido — e que viver devagar é uma forma de ouvir o mundo outra vez.

segunda-feira, 3 de julho de 2023

🐘 O “elefante” secreto dos animes: quando a zoeira é cultural!

 


🐘 O “elefante” secreto dos animes: quando a zoeira é cultural!

Se você já viu um anime ou mangá e de repente apareceu um elefante, um trompete soando, ou algum som animalesco misterioso num momento embaraçoso... parabéns: você acabou de presenciar o poder da metáfora japonesa!

No Japão, há uma longa tradição de “gag visuais” — piadas visuais usadas para evitar dizer algo direto demais. Como a cultura japonesa é muito discreta com temas corporais, criaram-se formas simbólicas e fofinhas de falar de coisas que, digamos, não se comentam em horário nobre.

👉 O elefante, nesse caso, virou uma dessas gírias.
A origem vem do formato e da brincadeira fonética entre certas palavras e sons. Em japonês, “zou” (象) significa “elefante”, e seu trocadilho visual e sonoro acabou sendo usado em mangás de comédia ou ecchi como um jeito leve e caricatural de se referir à masculinidade — sem nunca mostrar nada.

🌀 Por que sons animalescos?
No humor japonês, sons exagerados — mugidos, rugidos, trombetas — servem como mimetismo cômico. Em vez de uma cena explícita, o público entende o contexto só com o som. É uma técnica clássica do manzai (humor de duplas japonesas), que influenciou profundamente os animes e mangás.

🍙 Curiosidade cultural:
Na censura japonesa, metáforas animais, vegetais e até mecânicas são usadas desde os anos 70 em revistas de humor adulto. Isso virou um estilo de “linguagem visual” que sobrevive até hoje nas comédias de anime.

🎬 Exemplo clássico:
Em animes como Golden Boy (1995) e Baka to Test to Shoukanjuu, é comum ver piadas que misturam ruídos absurdos, expressões animalescas e enquadramentos caricatos — tudo para criar constrangimento cômico sem vulgaridade.

🎌 Dica para o otaku observador:
Quando ver um animal, vegetal ou objeto surgindo “do nada” numa cena constrangedora… pause e pense: isso não está ali por acaso! É uma piada cultural, uma metáfora visual, parte da linguagem oculta dos animes.

💡 Outros símbolos parecidos:

  • 🍌 Bananas – piada clássica de humor físico;

  • 🍆 Beringela (nasu) – emoji e trocadilho universal;

  • 🐍 Cobra – referência mística e de virilidade;

  • 🐓 Galo – usado em trocadilhos visuais com sons (“kokekokko”);

  • 🐘 Elefante – o mais “nobre” dos símbolos cômicos.

No fim das contas, o elefante dos animes é menos uma piada “maliciosa” e mais uma aula de como o Japão transforma tabus em arte visual, com criatividade, respeito e um toque de nonsense que só os japoneses dominam.

Então da próxima vez que ouvir um “pruuu!” no anime... não ria apenas — entenda a tradição cultural por trás do trompete!