sábado, 26 de outubro de 2002

A cidade de Santa Tereza de Avila e suas muralhas medievais

Ávila em Castela e Leão 


Estamos passeando na cidade de Santa Teresa de Jesus, a freira fundadora da ordem das Carmelitas de descalças, uma jóia de cidade medieval.



Esta cidade esta cercada de muralhas lindamente conservadas que protegem toda a cidade velha, para completar a imponência do lugar existem 80 torres de guarda instaladas nas muralhas. Deixando este complexo defensivo ainda mais belo e imponente.

Mas a coisa que mais me marcou e que ainda hoje as vezes me vêem a mente. Foi andando pelas muralhas existe um ponto onde tem uma placa comemorativa, bem que de comemorativa tem nada. Dizendo que a cidade sentia vergonha que numa determinada data centenas de famílias tiveram que emigrar para a  França devido a ruína económica da região.

Os ciclos económicos são cruéis atingindo todos de maneira indiscriminadamente.

Outra coisa bacana que vi, uma igreja extramuros que contem , segundo o pároco, a historia em quadrinhos mais velha da Espanha, quiçá da Europa. São passagem da Bíblia feita como uma HQ para evangelizar os analfabetos.

sexta-feira, 25 de outubro de 2002

Segovia a cidade do Aqueduto

Como no caminho de Santiago descobri algo único sobre os romanos.

Anteriormente comentei em um outro post sobre o Eng. Carlos, que havia conhecido durante a peregrinação de Santiago em um dos albergues de Peregrino e todas as noites conversamos, ele um Valenciano muito orgulhoso de seu região contou-me grandes historias que me deixou bem curioso em conhecer Valência.



Nao me recordo em qual dos albergues ele apareceu vestindo uma camisa com um Aqueduto Romano em toda a sua gloria, curioso perguntei se era em Valência, fato que negou dizendo que ficava em Castela e Leão. Anotei o fato e é claro parti em busca desta tão bela obra.

E aqui estou rodando em Castela em busca de uma obra de arte da engenharia romana, com seus arcos e em pé por mais de 2000 anos, resistindo a tantas e tantas guerras, terremotos etc.

Claro que Segóvia não é apenas um aqueduto, tem cada palácio um mais lindo que o outro, alem de um castelo muito bonito, na minha opinião o mais bonito de Espanha.

quarta-feira, 23 de outubro de 2002

Salamanca a cidade mais divertida que estive Parte II

Andando e vivendo Salamanca.


Encantado com a ponte romana do Rio Tormes, estudei cada detalhes, subi e desci, olhei por cima e por baixo, pois esqueci de dizer que no caminho de Santiago, conheci um Valenciano engenheiro que me ensinou o procedimento das construções romanas de arcos e a pedra fundamental que segurava toda a estrutura, em outro post comentarei mais de Carlos, pois nossa amizade ainda me forneceu outras ideias de viagem.



Nossa que delicia de dias passei por aqui, aproveitando para explorar os arredores e conhecer mais cidades: digno de nota foi minha visita a Ávila e Segóvia.

Estando em Salamanca a cidade que abriga a primeira universidade Espanhola, centro da cultura espanhola e repositório dos livros mais antigos de Espanha. Durante minha estada visitei a biblioteca, a universidade, o claustro da catedral e ouvi lendas sobre o sapo da catedral.

Curiosamente não saboreei nada marcante por aqui, por mais que me recordo a única extrapolia alimentar foi com um amigo catalão em que aprendi a comer o famoso pantomato e a beber vinho com coca-cola, isso mesmo, segundo ele é uma bebida comum entre a juventude compra-se o vinho mais forte e vagabundo que puder e mistura ambos. Também não posso esquecer da enfermeira do Tormes.

segunda-feira, 21 de outubro de 2002

Salamanca a cidade mais divertida que estive.

Capital europeia da cultura de 2002

Engraçado como certas coisas são marcantes na vida de uma pessoas, vim parar em Salamanca devido ter visto um livro, no Brasil muitos anos atrás quando estudava espanhol, Este livro era editado na cidade de Salamanca e somente por isso tive curiosidade de visitar esta cidade.



Surpreendentemente ao chegar na cidade aqui estava uma festa total, afinal Salamanca em 2002 era a Capital Europeia da Cultura e convenientemente estava eu aqui bem na semana principal do evento, claro que acabei ficando aqui mais do que o previsto afinal a festa estava botando para quebrar, fiz muitos amigos nesta cidade, marcante foi conhecer Verónica uma amizade que durou alguns anos, após esta visita.

Participei pela primeira vez de uma Cow Parade e toda noite havia shows e durante o dia varios eventos em paralelo com todos os museus abertos ao publico gratuitamente, passeios guiados pela cidade contando a historia de Salamanca, passeio pelo rio Tormes.

Granada a cidade do Califa

Caminhando pelas ruas de Granada.


A riqueza arquitectónica de Granada não esta limitada apenas a Alhambra e arredores, a cidade inteira é um museu a céu aberto,  para os estudantes de arquitectura uma aula ao ar livre.



Inacreditavelmente pontes, fontes, mesquitas convertidas em igrejas, azulejos e ferro fundido encantam o viajante, que independente o numero de vezes que aqui vem, sempre se surpreende com um detalhe que havia passado em branco.

Nao se esqueçam de provar a culinária, a comida não tem a beleza de um prato francês, mas a riqueza do sabor é única, uma mistura de sabores árabes, mediterrânicos e espanhol.

A minha recomendação não se riam... era um frango frito com batata frita vendida em casinhas pequenas espalhadas pela cidade. Um sabor que não encontrei em nenhum outro lugar.

Ia-me esquecendo aqui existe algo diferente nas encostas de Alhambra no antigo bairro árabe existem casas de ciganos escavadas na pedra, parecendo casas de hobbits, achei muito curioso quando passei, mas fiquei receoso de tirar fotos.

domingo, 20 de outubro de 2002

Alhambra sede do califado de Granada - Parte I

Fonte dos leões e a riqueza cultural moçarábica


A Medina de Alhambra é a obra prima da arte moçárabe, cuja beleza jamais foi igualada. Andando por este palácio fortaleza, sede do antigo califado de Granada vislumbra-se todo o engenho da cultura mourisca.



Obras em tijolo, estuque, gesso, azulejo, madeira e tecido mostraram-nos uma pequena sombra de como era real beleza do palácio na era dos Califa. O domínio das auge através de diversos encanamentos e tubulaçoes terminando em adoráveis espelhos d'agua e fontes. Sendo a mais famosa a fonte dos Leões.

Sem esquecer o alcazar, o generalife que possui imensos jardins e hortas em seu interior, bem como as margens da muralha o bairro do Albaicín, que mantém a beleza inconfundível de Granada.

Os artesãos mourisco conquistaram toda a península ibérica sendo que foram requisitados para embelezar diversos palácios e residências sumptuosas, sendo que persistiram por muito séculos, após a conquista militar de Granada e acabaram sendo incorporados a cultura ibérica.

sábado, 19 de outubro de 2002

Alhambra sede do califado de Granada Parte II

Mais riquezas desta maravilhosa obra de arte moçarábica.

Nao consigo parar de me surpreender, pois explorando cada compartimentos e cómodos deste palácio, a cada curva tem algo de belo a ser visto.




Andando pelo exterior vendo as torres de guarda, estábulos, pátios de treino, almoxarifes e cisterna temos a noção da engenhosidade desta construção, incrível obra de arte da engenharia e arquitectura.
Alem disso vemos as hortas e jardins e não consigo vislumbrar a quantidade de pessoas que trabalhavam nesse palácio a época do Califa.
Conta uma lenda que após a rendição do Califa, na trégua foi permitido recolher objectos de valor e partirem. Chegando as margens do mediterrâneo onde uma frota aguardava para leva-lo ao exílio, com os olhos cheios de lágrimas ele voltou os olhos para Granada e pendurou uma  corrente com uma chave no peito, chave esta que simbolizava a abertura da sua casa para o regresso.
Verdade ou não, sabe-se que em Marrocos muitas famílias ainda tem penduradas na parede a chave da porta da antiga casa em Espanha.

sexta-feira, 4 de outubro de 2002

Toledo a cidade dos Ferreiros - Parte II

Vestígios romanos: O Hipódromo


Que cidade fantástica, suas ruelas e becos, pontes e construções a beira do rio Tejo, sentei sobre uma pedra e imaginei quantas batalhas aquelas muralhas testemunharam, quantos povos passaram por estas terras e aqui deixaram seu testemunho. Gostaria tanto de falar a língua das pedras e pena que as pedras não falam, pois contariam historias sem parar.




Iria me embebedar no túnel do tempo e viajar com cada detalhe, minha imaginação fértil, viajou vendo em desfile homens de todos os tempos, desde a época das cavernas ate os dias de hoje. Teve um dia que conheci Mabel, uma garota toledana que após boas conversas sob cinema ainda tive a oportunidade de conhecer mais sobre o cinema espanhol e pensar que tudo começou através de uma revista em quadradinho do Mortadelo e Salamino.

Voltando aos vestígios romanos, visitei um hipódromo romano, vestígios de pontes e partes defensivas, vi maquetas da cidade como fora outrora, vi todos as reconstruções que os povos bárbaros fizeram durante a baixa idade media, depois os acréscimos dos mouros e por fim os trabalhos dos cristão que conquistaram a cidade por ultimo, segundo a lenda sem derramamento de sangue, devido exitir um acordo que dizia que a cidade poderia manter todos os seus símbolos, inclusive o Morcego que representava a cidade.

Moinhos de Vento do Don Quixote nos arredores de Toledo (Espanha)

Andando pelas terras de Castela  Mancha

Depois de palmilhar Toledo resolvi expandir meus limites e fui andar pelas terriolas próximas. Saindo bem cedo, mochila as costa, fui me aventurando em busca de tesouros, imaginando que a qualquer momento encontraria o Don Quixote pelo caminho.



Para tornar a viagem bem divertida, em um café instalado dentro de um moinho, conheci um casal de americanos em ferias, conversa vai conversa, acabamos explorando diversas outras pequenas vila durante sempre conversando e trocando impressões sobre as duas Américas, recheada de historia Europeia (a esposa era professora de historia ibérica).

A província de Toledo é muito rica em construções históricas, sendo que recomendo uma boa exploração com tempo, sem contar que a culinária, os vinhos são bons demais.

Para aqueles que gostam de caminhar a região é servida por trem e para chegar as pequenas vila experimente ónibus ou como eu, vá de carona tem que ter um pouco de cara-dura :)

quarta-feira, 2 de outubro de 2002

Toledo a cidade dos ferreiros

Durante toda a idade media o aço toledano foi melhor


Conhecia Toledo de leituras de cavaleiros medievais, grande guerreiros cuja a bravura no campo de batalha era lendário e suas armas forjadas pelos hábeis artesãos toledanos, tornavam-os mais temidos. Assim que cheguei em Espanha tratei de descobrir qual era o melhor caminho para aqui chegar, qual a rota, como fazer etc.



Vindo de trem de Madrid foi super fácil chegar, na estação de trem nas informações procurei um albergue bom e barato, para minha surpresa a chegar em Toledo me indicaram um albergue da juventude, próximo ao rio Tejo e perto das muralhas, surpreendentemente fiquei hospedado em um castelo medieval. Foi o máximo, sozinho num quarto com banheiro, me recordo que pego o telefone e ligo para minha mãe dizendo onde estava e o que estava fazendo, grandes risadas foram dadas.

Amei Toledo e continuo amando ate hoje, foi uma cidade que marcou meu coração e ainda nos dias de hoje me pego pensando sobre ela, me deliciando com as muralhas, as lendas, os segredos, os museus e o melhor de tudo as comidas. Também visitei ruínas romanas, museu do El Greco e tantas coisas que faltaria espaço para escrever.

Digno de nota, em uma tarde muito quente vi um curioso bar, em que entrei e qual não foi minha surpresa fui atendido por uma japonesa, conversamos durante muito tempo contando historias do mundo e ela me preparou minha primeira sangria verdadeiramente espanhola feitas por mãos nipónicas.


terça-feira, 1 de outubro de 2002

Um pouco mais Madrid

Olhando melhor Madrid

O consulado atrasou ainda mais o processo, continuo ilhado por aqui, logo vamos bater mais perna.

Esqueci de dizer que estou hospedado em uma republica de estudante então aqui o negocio é a maior azucrinaçao, o tempo doido em trotes e partidas, arrumei amizade com uns espanhóis e em algumas noites saímos para curtir a vida nocturna. Muita bagunça retornando as vezes com o sol nascendo.


Teve dia que saia da cama por volta das 14 horas e aproveitava para beber umas e sair de novo para zoeira, estes cara não estudavam de jeito nenhum, esqueci de dizer que teve um dia que fui de contrabando ate a universidade ver uma aula em espanhol (economia), claro que dormi a meio do treco.
Bom mas tudo o que é bom, dura pouco, resolvi minha vida e precisava retornar a Lisboa, deixando aquela trupe de doidos.  Nao sei dizer por que, mas fiquei com tanta vontade de estudar naquela universidade. kkkkkk