sábado, 13 de julho de 2013

🟣⚙️ TRETA.LOG – CECAP 1984

 


🟣⚙️ TRETA.LOG – CECAP 1984

O Neury, o Celo, o Maurício… e o Loop Infinito de Cascudos

Tem histórias do CECAP que parecem programas mal estruturados, daqueles que entram em loop eterno porque ninguém colocou um IF de saída.
E uma dessas joias do meu arquivo SMF mental envolve o Neury da quadra D — amigo, adversário, vítima, comparsa e mascote não oficial das confusões da época.

Pra entender, você precisa lembrar:
O CECAP não era um bairro.
Era um cluster de mini-feudos, cada quadra com seu líder, seus guerreiros, seus onis e suas rivalidades medievais.
Quadra B aliada a C, C contra D, D contra E…
Se deixasse, virava Game of Thrones versão mamona.

E as guerras de mamona, meu amigo…
Ali era bala real.
Nem a tropa de choque da SHCP daria conta.

Mas entre uma guerra e outra, surgiam as alianças improváveis — e também as tretazinhas clássicas, aquelas que começavam por bobagem:

✔ jogo de bafo com figurinhas dos chicletes Ploc, Ping Pong

✔ bolinha de gude

✔ valendo tazo que nem existia ainda
✔ disputa boba por garota
✔ ou só porque alguém respirou mais forte no campinho

Às vezes, muito raro, por que eram preciosas figurinhas da editora Abril de algum álbum do momento.



🔥 Entra em cena: Neury, O Alvo Fácil do Cluster

Eu e o Celo, meu primo e parceiro de crimes lúdicos, éramos uma dupla perigosa:
juntos, virávamos um sistema integrado, quase um CICS+DB2 da malandragem infantil.

Quando jogávamos contra os outros — fosse bafo, bila, pipas ou o que aparecesse — a união fazia a força… e o lucro.

E o Neury, coitado, sempre topava jogar.
O problema é que ele tinha um mal perder tão grande quanto o manual do MVS.

E ele reclamava.
Chorava.
Esbravejava.
Aí sobrava pra quem?
Pra mim, claro.
Eu tinha que dar cascudos pedagógicos para “resetar” o garoto.

Mas o Neury tinha um amigo maior, mais velho e mais forte:
➡️ Maurício, o tanque de guerra humano da quadra D.

E aí nascia o loop eterno mais famoso da história do CECAP:

  • Eu dava cascudo no Neury

  • Maurício vinha e batia no Celo

  • Aí eu ia e batia no Neury de novo

  • Maurício batia em mim

  • O Celo — bravo, porém imprudente — batia no Neury

  • E tudo recomeçava…

Sim, era isso mesmo:
um WHILE TRUE DO da violência controlada e perfeitamente equilibrada.



⚙️ 🛑 Maurício.exe encontrou erro e deixou de responder

Até que um dia, do nada, Maurício juntou nós três:

Chega. Não vou mais me meter, cês que se virem.

E foi embora, tipo um sysadmin largando o sistema e dizendo: “se virar, molecada”.

A partir dali, o loop foi diminuindo.
Mas o Neury continuou sendo aquele personagem icônico:
apanhava, brigava, reclamava…
e no dia seguinte aparecia lá:

Vamo jogar?
Vamo brincar?

Era quase um RETURN CODE 00 automático.
Ele não guardava rancor — apenas hematomas.



🟢 Quadra a Quadra: O Cluster do CECAP

  • Quadra B → Luciano, o líder.

  • Quadra D → Alessandro, primo do Luciano, meio diplomata, meio general romano.

  • Quadra C → Xulapa, o líder oficial.

  • Número 2 da C → Celo, meu primo, rei das tretas e das ideias ruins.

  • Eu → recémt-chegado, sem direito até a foto do crachá ainda.

Mas, vou te falar…
Mesmo sem cargo oficial, vivi as melhores tardes da minha vida:

✔ jogos de taco
✔ queimada
✔ pega-pega
✔ esconde-esconde
✔ “mana-mula”
✔ SWAT de bicicleta (uma obra-prima antes de existir videogame decente)
✔ futebol no campinho
✔ jaboticabas colhidas na base da ousadia
✔ nadar no córrego perto do arrozal (proibido, claro — por isso era bom)




1984 foi um batch perfeito.
Rodou com RC=00.
Tirando os cascudos.
Tirando as tretas.
Tirando o Marreco — que ainda me perseguia em meio a todas essas aventuras.

Mas, sinceramente?
Era parte do charme.
Era parte do caos.
Era parte do aprendizado on-line da vida real, sem manual, sem JIRA, sem logs.

Era só a vida acontecendo, linda e cheia de bugs corrigíveis.

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