🟣⚙️ TRETA.LOG – CECAP 1984
O Neury, o Celo, o Maurício… e o Loop Infinito de Cascudos
Tem histórias do CECAP que parecem programas mal estruturados, daqueles que entram em loop eterno porque ninguém colocou um IF de saída.
E uma dessas joias do meu arquivo SMF mental envolve o Neury da quadra D — amigo, adversário, vítima, comparsa e mascote não oficial das confusões da época.
Pra entender, você precisa lembrar:
O CECAP não era um bairro.
Era um cluster de mini-feudos, cada quadra com seu líder, seus guerreiros, seus onis e suas rivalidades medievais.
Quadra B aliada a C, C contra D, D contra E…
Se deixasse, virava Game of Thrones versão mamona.
E as guerras de mamona, meu amigo…
Ali era bala real.
Nem a tropa de choque da SHCP daria conta.
Mas entre uma guerra e outra, surgiam as alianças improváveis — e também as tretazinhas clássicas, aquelas que começavam por bobagem:
✔ jogo de bafo com figurinhas dos chicletes Ploc, Ping Pong
✔ bolinha de gude
✔ valendo tazo que nem existia ainda
✔ disputa boba por garota
✔ ou só porque alguém respirou mais forte no campinho
Às vezes, muito raro, por que eram preciosas figurinhas da editora Abril de algum álbum do momento.
🔥 Entra em cena: Neury, O Alvo Fácil do Cluster
Eu e o Celo, meu primo e parceiro de crimes lúdicos, éramos uma dupla perigosa:
juntos, virávamos um sistema integrado, quase um CICS+DB2 da malandragem infantil.
Quando jogávamos contra os outros — fosse bafo, bila, pipas ou o que aparecesse — a união fazia a força… e o lucro.
E o Neury, coitado, sempre topava jogar.
O problema é que ele tinha um mal perder tão grande quanto o manual do MVS.
E ele reclamava.
Chorava.
Esbravejava.
Aí sobrava pra quem?
Pra mim, claro.
Eu tinha que dar cascudos pedagógicos para “resetar” o garoto.
Mas o Neury tinha um amigo maior, mais velho e mais forte:
➡️ Maurício, o tanque de guerra humano da quadra D.
E aí nascia o loop eterno mais famoso da história do CECAP:
-
Eu dava cascudo no Neury
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Maurício vinha e batia no Celo
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Aí eu ia e batia no Neury de novo
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Maurício batia em mim
-
O Celo — bravo, porém imprudente — batia no Neury
-
E tudo recomeçava…
Sim, era isso mesmo:
um WHILE TRUE DO da violência controlada e perfeitamente equilibrada.
⚙️ 🛑 Maurício.exe encontrou erro e deixou de responder
Até que um dia, do nada, Maurício juntou nós três:
— Chega. Não vou mais me meter, cês que se virem.
E foi embora, tipo um sysadmin largando o sistema e dizendo: “se virar, molecada”.
A partir dali, o loop foi diminuindo.
Mas o Neury continuou sendo aquele personagem icônico:
apanhava, brigava, reclamava…
e no dia seguinte aparecia lá:
— Vamo jogar?
— Vamo brincar?
Era quase um RETURN CODE 00 automático.
Ele não guardava rancor — apenas hematomas.
🟢 Quadra a Quadra: O Cluster do CECAP
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Quadra B → Luciano, o líder.
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Quadra D → Alessandro, primo do Luciano, meio diplomata, meio general romano.
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Quadra C → Xulapa, o líder oficial.
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Número 2 da C → Celo, meu primo, rei das tretas e das ideias ruins.
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Eu → recémt-chegado, sem direito até a foto do crachá ainda.
Mas, vou te falar…
Mesmo sem cargo oficial, vivi as melhores tardes da minha vida:
✔ jogos de taco
✔ queimada
✔ pega-pega
✔ esconde-esconde
✔ “mana-mula”
✔ SWAT de bicicleta (uma obra-prima antes de existir videogame decente)
✔ futebol no campinho
✔ jaboticabas colhidas na base da ousadia
✔ nadar no córrego perto do arrozal (proibido, claro — por isso era bom)
1984 foi um batch perfeito.
Rodou com RC=00.
Tirando os cascudos.
Tirando as tretas.
Tirando o Marreco — que ainda me perseguia em meio a todas essas aventuras.
Mas, sinceramente?
Era parte do charme.
Era parte do caos.
Era parte do aprendizado on-line da vida real, sem manual, sem JIRA, sem logs.
Era só a vida acontecendo, linda e cheia de bugs corrigíveis.
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