terça-feira, 15 de maio de 2018

🍩 Churros Paulista: o mainframe açucarado das ruas de São Paulo

 


🍩 Churros Paulista: o mainframe açucarado das ruas de São Paulo

Por Vagner Bellacosa ☕💭

Existem sons que definem uma cidade.
Em São Paulo, é o apito do metrô, o freio do busão… e o bip-bip mágico do carro de churros subindo a rua às quatro da tarde.
Esse é o chamado ancestral da infância, o interrupt mais doce do sistema operacional da memória paulistana.

O churros, que nasceu na Espanha, atravessou o oceano e chegou ao Brasil pelas mãos dos imigrantes ibéricos e feirantes criativos. Mas foi nas ruas de São Paulo, nos anos 1970 e 1980, que ele ganhou alma própria: recheado, doce e ambulante.
Nada de café com leite e jornal. O verdadeiro lanche da tarde era um churros de doce de leite escorrendo, embalado em guardanapo e saudade.


🌆 De Madrid ao M’Boi Mirim

Na Espanha, churros se come com chocolate quente, em cafés fechados.
Em São Paulo, se come na calçada, em pé, ao som do trânsito.
O paulista, prático e faminto, não quis esperar o chocolate derreter — preferiu o recheio pronto, direto da máquina prateada que parece saída de um laboratório soviético.

O carro de churros virou parte do DNA das quebradas: inox reluzente, aroma de fritura, doce de leite fervendo, e aquele operador lendário — o sysadmin do açúcar — girando a manivela com a precisão de um programador COBOL veterano.


💾 Arquitetura de um churros perfeito

Um churros é basicamente uma transação batch de felicidade:

  • Massa quente (input).

  • Fritura crocante (processamento).

  • Doce de leite ou goiabada (output).

  • Açúcar e canela (logging).

Quando tudo roda sem erro, o resultado é um commit direto no coração.




🍯 Curiosidades e cultura

  • O primeiro carro de churros paulistano data do início dos anos 70, inspirado nas “churrerías” espanholas, mas adaptado ao estilo de rua brasileiro.

  • Nos anos 90, o churros de feira virou febre: doce de leite, chocolate, goiabada — e mais tarde, até “duplo recheio”, uma inovação que faria Turing sorrir.

  • Hoje, há food trucks gourmet tentando reinventar o clássico… mas a verdade é: churros bom é o do tio da esquina, com óleo duvidoso e amor garantido.




Bellacosa comenta

O churros paulista é o mainframe do açúcar urbano — sólido, resiliente e sempre em produção, mesmo sem contrato de manutenção.
Ele representa o Brasil como ele é: doce, criativo e um pouco improvisado.
E quando o bip-bip ecoa pela rua, não é só comida… é o ping da infância chamando pra login.


domingo, 13 de maio de 2018

📟🌸 “ABEND NO SISTEMA, FOME NO SISTEMA — UM DIA COMUM NO ANTIGO ABN AMRO REAL”

 


📟🌸 “ABEND NO SISTEMA, FOME NO SISTEMA — UM DIA COMUM NO ANTIGO ABN AMRO REAL”
Crônica Bellacosa Mainframe para os padawans otakus com CPF ativo e saudade de São Paulo raiz


Estamos em 1999, avenida Paulista, coração financeiro do Brasil, ainda atarefados com a fusão do banco, as correções do bug do milenio, o famoso Y2k. Mas era um dia absolutamente comum no antigo ABN AMRO Real, aquele prédio onde a gente sabia que se o CICS estivesse lento, provavelmente a cafeteria também estaria, entupida de analistas parlapiando. Eu e a Lili estávamos naquela conversa matinal clássica de quem já sobreviveu a mais dumps do que relacionamentos:

“Capitão, você já viu esse ABEND S0C7? Seu programa de rateio de acionista,, aqui tá mastigando alfanumérico como se fosse RAMEN.”
“Manda o dump, Lili… vamos ver qual tabela ODO explodiu desta vez.”



Enquanto o SYSLOG cuspia mensagens $HASP e o RACF fazia aquele “não vai passar!” digno de Gandalf corporativo, monte de memos enviados a Analise de Produção e naquele status de waiting, quando a conversa desandou — como sempre — para comidas japonesas.

Porque é isso: nada une mais um time de mainframe do que COBOL e carboidratos.







🍙 ONIGUIRI — O Capitão jurava que era coxinha triangular

Lili, com a sabedoria ancestral de quem já brigou com VSAM RLS, disse:

“Lili, não se estresse, mas eu sempre achei que oniguiri era tipo uma coxinha de sushi.”

E Lili, já em modo senpai, mas quase tacando o teclado na minha cabeça:

“Oniguiri é arroz moldado com carinho e desespero… tipo adaptar copybook novo às 11h58 antes de virar janela.”

Falamos de umeboshi, nori, triângulos, e daquela clássica cena dos animes em que o herói segura o oniguiri com brilho mágico como se fosse um “recupera arquivo perdido” do SDSF.


🍢 DANGO — O trio bolinha que parece job rodando em classe A

Eu ri:

“Dango parece spool: tudo em filinha.”

E a Lili:

“E quando vem com molho mitarashi, parece até que passaram caramelo na JCL pra ver se roda mais rápido.”

Já estávamos naquele nível da fome em que qualquer objeto circular virava comida.


🍰 CASTELLA — O bolo que engana qualquer analista no horário da tarde

Este curioso e atrapalhado amigo:

“Esse é aquele bolo de mel que parece pão de ló?”

Lili no comando...


“Sim, o bolo importado pelos portugueses no século XVI… o único código legado dessa época que ainda funciona sem ABEND.”


🍮 PUDIM JAPONÊS — O PUDIM OTAKU OFICIAL

E, obviamente, caímos na discussão eterna: “Por que no anime o pudim brilha?”

Minha resposta técnica:

“Porque os animadores usam brilho pra dizer: ‘se alguém comer isso sem permissão, o episódio vira filler de briga’.”


De repente…

O relógio do CICS marcava 11h59

E Lili soltou:

“Capitão, se a gente não sair AGORA, só sobra aquele obentô triste com arroz duro do bar da esquina.”

E como dois analistas experientes evitando S322 em batch crítico, levantamos imediatamente.


🍜 Destino: Um restaurante japonês delicioso na Brigadeiro Luís Antônio

Saímos pela Paulista com aquela sensação de missão crítica:
“Se não chegar antes do meio-dia, a fila é maior que validação de RACF num dia de troca de senha.”

E fomos lembrando dos clássicos:

  • Temaki do tamanho de um volume VSAM

  • Lámen fumegante que cura até dump de madrugada

  • Katsu que crunch-crunch igual teclado mecânico novo do programador

  • Karaage que te dá vontade de escrever copybooks melhores

Lili, empolgada:

“Hoje eu quero katsudon. Igual o do Yu-Gi-Oh.”
“Mano… katsudon é do Yuri on Ice.”
“É tudo com Y… deixa quieto.”

E rimos.

Porque mainframe é isso:
entre um ABEND e outro, a gente cria histórias, gargalha e sempre, sempre planeja o almoço.



🍡🍡🍡 Para saber mais sobre delícias da culinária niponica: 🍱🍱🍱

30 comidas japonesas em animes

https://eljefemidnightlunch.blogspot.com/2012/08/30-comidas-otaku-que-aparecem-em-animes.html


Doces niponicos para otakus

https://eljefemidnightlunch.blogspot.com/2013/06/parte-1-doces-otaku.html


Comidas japonesas de rua e barraquinhas

https://eljefemidnightlunch.blogspot.com/2014/10/parte-2-lanches-street-food-otaku.html


Pratos quentes e deliciosos da culinaria japonesa

https://eljefemidnightlunch.blogspot.com/2015/09/parte-3-pratos-quentes-caseiros-otaku.html


Comidas classicas japonesas.

https://eljefemidnightlunch.blogspot.com/2016/07/parte-4-classicos-tradicionais.html


Comidas exoticas e bizarras no Japão

https://eljefemidnightlunch.blogspot.com/2017/01/parte-5-comidas-estranhas-bizarras-dos.html


sábado, 12 de maio de 2018

🧨 Parte 2 — O Século da Pressa: O Mercado Engoliu o Homem

 


🧨 Parte 2 — O Século da Pressa: O Mercado Engoliu o Homem

por Bellacosa Mainframe ☕💼

O novo milênio chegou prometendo liberdade, tecnologia e prosperidade.
Mas entregou algo bem diferente: pressa, cobrança e cansaço crônico.

Os anos 2000 e 2010 foram o laboratório da ansiedade.
O crachá, antes símbolo de pertencimento, virou algema digital.
E o antigo pacto entre empresa e empregado se dissolveu como café solúvel na água morna do RH.

A meritocracia virou religião, e o PowerPoint, seu evangelho.
Coach virou profeta, KPI virou mandamento.
Aquele escritório onde o chefe conhecia o nome de todos foi substituído por open spaces com eco de solidão — e frases motivacionais coladas na parede pra disfarçar o vazio:

“Sonhe grande”,
“Pense fora da caixa”,
“Vista a camisa.”

Sim, a mesma camisa que agora ninguém mais lavava — porque ninguém mais tinha tempo.


⚙️ A Era do Desempenho Infinito

A lógica mudou.
Trabalhar deixou de ser um meio de vida e passou a ser um modo de sobrevivência emocional.
As metas se multiplicaram, os bônus diminuíram, e a pressão virou combustível.

As empresas descobriram que o medo é mais eficiente que o salário.
Basta ameaçar o desligamento, e pronto: nasce o colaborador ideal, sempre disponível, sempre sorrindo, mesmo com o burnout pendurado no crachá.

💻 As salas ficaram mais modernas, as pessoas mais exaustas.
Os computadores ficaram mais rápidos, os dias mais curtos.
E o elogio se tornou uma moeda rara — trocada apenas por “proatividade”, “resiliência” e “espírito de dono”.


🧠 Curiosidade de bastidor

Foi nessa época que o departamento de Recursos Humanos deixou de cuidar de pessoas e passou a administrar métricas.
RH virou planilha, e gente virou dado.
Os “colaboradores” começaram a se tratar como “ativos humanos”.
A linguagem corporativa virou uma espécie de dialeto orwelliano:
“Desligamento” no lugar de “demissão”.
“Sinergia” no lugar de “ordem”.
“Propósito” no lugar de “lucro”.


📟 Easter-egg: O 3270 do Capitalismo Turbo

No mainframe, o terminal 3270 responde rápido — mas só se você sabe o comando certo.
No capitalismo moderno, os comandos mudaram.
O “F3=Exit” foi substituído por “F∞=MaisMetas”.
E o “Enter” virou o novo “Sim, senhor”.

A velocidade que antes era sinal de eficiência virou sinônimo de ausência de pausa.
Trabalhar virou rodar em loop, sem commit de reconhecimento.


💣 O novo credo

O trabalhador pós-2000 aprendeu a sorrir cansado.
A dizer “tudo bem” quando não está.
A acreditar que o sucesso está a um curso online de distância — quando o verdadeiro curso é pra dentro, não pra fora.

A empresa virou um organismo faminto:
se alimenta da energia, do tempo e da juventude de seus colaboradores.
E ainda manda um e-mail motivacional no fim do expediente com o assunto:

“Juntos, somos mais fortes.”


🎯 Conclusão Bellacosa

A pressa virou o novo status.
Quem dorme, perde.
Quem sente, atrasa.
Quem pensa, questiona — e quem questiona, é desligado.

Vivemos a era em que o crachá não abre portas — abre feridas.
A meritocracia virou máscara pra desigualdade, e o “propósito corporativo” virou anestesia pra um sistema que suga em nome da performance.

A alma do trabalho foi substituída por métricas, e o tempo virou um ativo tóxico.
Bem-vindo ao Século da Pressa —
onde todo mundo corre, mas ninguém chega a lugar nenhum.


💼 #ElJefeMidnight #BellacosaMainframe #CrônicasDoTrabalho
🚀 #Meritocracia #FuturoDoTrabalho #RH #Performance #AnsiedadeCorporativa #COBOLDaVida


quinta-feira, 10 de maio de 2018

🧠 Modems Clássicos dos Anos 1990

 



🧠 Modems Clássicos dos Anos 1990



AnoModelo / FabricanteVelocidade MáximaTipo / PadrãoObservações
1990U.S. Robotics Courier HST9.600 bpsProprietário (HST)Muito usado por BBS e hackers; top de linha.
1991Hayes Smartmodem 96009.600 bpsV.32Referência da época; “Hayes Compatible” virou padrão.
1992SupraFAXModem 1440014.400 bpsV.32bisPopular por incluir fax e preço acessível.
1993Zoom Telephonics 14.414.400 bpsV.32bisUm dos mais vendidos para uso doméstico.
1994USRobotics Sportster 2880028.800 bpsV.34Alta performance para BBS e primeiras ISPs.
1995Hayes Accura 2880028.800 bpsV.34Modem confiável e fácil de configurar.
1996USRobotics Courier V.34+33.600 bpsV.34+Um dos melhores modems analógicos antes do 56K.
19973Com/USRobotics 56K X256.000 bpsX2 (pré-V.90)Tecnologia proprietária, depois virou padrão.
1998Motorola VoiceSurfer 56K56.000 bpsV.90Primeiro padrão global de 56K.
1999Creative Modem Blaster 56K56.000 bpsV.90 / V.92Incluía software de fax e voz, muito usado no Windows 98.



💾 Extras e curiosidades

  • 🔌 Interface: maioria conectava via porta serial RS-232, e só no fim da década surgiram os modems PCI internos.

  • 📞 Linha telefônica: exigia conexão discada (com aquele som icônico “chiado de modem”).

  • 📠 Fax: muitos modelos tinham função fax embutida (classe 1 e 2).

  • 🖥️ Softmodems (“winmodems”) surgiram no final da década — mais baratos, mas dependentes da CPU.

  • 🌐 Velocidade real: embora chamados “56K”, raramente passavam de 48 Kbps em uso real.,

Animes com Temas de Maturidade Emocional e Infância Distorcida

 


🧠 1. Animes com Temas de Maturidade Emocional e Infância Distorcida

Esses mostram crianças enfrentando o mundo adulto cedo demais — como Rin.

a) Usagi Drop (2011)

  • Tema: Adoção, crescimento, amadurecimento emocional.

  • Semelhança: Relação entre adulto e criança com tom sensível e ético.

  • Curiosidade: O mangá muda o tom no final (de forma polêmica), mas o anime foca apenas na parte pura e paternal.

  • Mensagem: Amor responsável e amadurecimento mútuo.

b) Aishiteruze Baby★★ (2004)

  • Tema: Responsabilidade, família, afeto.

  • Sinopse: Um adolescente mulherengo precisa cuidar de uma garotinha abandonada.

  • Semelhança: Mostra a transformação emocional de um adulto imaturo que aprende o valor da empatia e do cuidado.

c) Elfen Lied (2004)

  • Tema: Trauma, abandono, inocência e violência.

  • Semelhança: Assim como Rin, a protagonista Lucy carrega traumas profundos de infância e expressa amor de forma confusa e destrutiva.


💔 2. Animes sobre Amores Impossíveis e Relações Éticas

Retratam sentimentos complicados entre pessoas de idades ou mundos diferentes, mas com reflexão moral.

a) Koi Kaze (2004)

  • Tema: Relação proibida, moral e conflito interno.

  • Sinopse: Um homem adulto se apaixona pela própria irmã mais nova.

  • Semelhança: Conflito entre sentimento e ética, tratado com maturidade e sofrimento, não com fetichismo.

b) Mahou Shoujo Madoka Magica (2011)

  • Tema: Infância confrontando sacrifício e dor.

  • Semelhança: Crianças enfrentando dilemas adultos e consequências irreversíveis.

  • Mensagem: Crescer é entender a perda da inocência.


💬 3. Animes com Reflexão sobre Educação, Proteção e Psicologia Infantil

Retratam o papel do adulto como guia, e o impacto das emoções infantis.

a) Barakamon (2014)

  • Tema: Encontro entre um artista e uma menina curiosa de uma ilha.

  • Semelhança: A relação é de crescimento mútuo e ternura, sem tons provocativos.

  • Mensagem: A pureza da infância pode curar um adulto quebrado.

b) Bunny Drop (Usagi Drop) – novamente se destaca aqui, como versão ética e emocional do mesmo tema.

c) March Comes in Like a Lion (2016)

  • Tema: Depressão, trauma e cura emocional.

  • Semelhança: A relação entre o protagonista e as irmãs Kawamoto tem a mesma função curadora que Rin tinha para Aoki, mas sem transgredir limites morais.


🔥 4. Obras Mais Polêmicas e Psicologicamente Pesadas

Se você quer explorar o lado mais provocativo, sem cair no vulgar, mas sim no questionamento ético e humano, essas são opções interessantes:

a) School Days (2007)

  • Tema: Relações tóxicas, amor distorcido, consequência emocional.

  • Semelhança: Mostra o que acontece quando o desejo não é mediado pela ética.

b) Saishuu Heiki Kanojo (Saikano) (2002)

  • Tema: Amor e destruição no limite da inocência.

  • Semelhança: Personagens jovens enfrentando sentimentos e responsabilidades muito além de sua idade.

c) Kodomo no Omocha (1996)

  • Tema: Traumas de infância, amadurecimento, responsabilidade emocional.

  • Curiosidade: Apesar do tom de comédia, trata de abandono, violência doméstica e amadurecimento precoce — um espelho mais leve de Kodomo no Jikan.


💡 Se você busca a mesma “energia emocional” de Kodomo no Jikan:

→ Experimente começar nesta ordem:

  1. Usagi Drop (para o lado ético e emocional)

  2. Koi Kaze (para o dilema moral)

  3. Aishiteruze Baby★★ (para o amadurecimento afetivo)

  4. March Comes in Like a Lion (para a profundidade psicológica)

  5. Kodomo no Omocha (para o contraste infância x trauma)


terça-feira, 8 de maio de 2018

🌸 Kodomo no Jikan — Entre a inocência e o abismo do olhar adulto

 


🌸 Kodomo no Jikan — Entre a inocência e o abismo do olhar adulto

“Nem toda infância é doce. Às vezes, ela apenas finge ser.”


🕰️ O tempo das crianças… e dos adultos que as observam

Em meio à enxurrada de animes escolares, Kodomo no Jikan (こどものじかん) surgiu como uma faísca incômoda — e necessária.
Lançado em 2005 como mangá de Kaworu Watashiya, e adaptado para anime em 2007, ele não quis ser apenas “mais uma comédia colegial”.
Foi um espelho distorcido sobre a infância, o trauma e a forma como o mundo adulto se projeta nas crianças.

Enquanto muitos tentaram censurá-lo, outros o viram como um retrato simbólico — um grito sobre o amadurecimento precoce e a solidão moderna.


📖 Sinopse — quando brincar deixa de ser simples

O professor Daisuke Aoki acaba de assumir uma turma do ensino fundamental.
Entre alunos comuns e lições simples, uma menina se destaca: Rin Kokonoe.
Ela é carismática, inteligente… e provocante — mas não no sentido óbvio.
Sua atitude reflete uma criança que cresceu rápido demais, com marcas invisíveis que transformam carinho em confusão.

Ao redor dela, amizades intensas, traumas familiares e a tênue linha entre proteção e afeto fazem do cotidiano escolar um campo emocional minado.


🌸 Personagens que revelam o invisível

👧 Rin Kokonoe
Espirituosa, precoce, marcada por perdas. Sua “ousadia” é apenas o disfarce de quem sente falta de afeto verdadeiro.

👩‍🏫 Daisuke Aoki
Um adulto gentil tentando entender os limites da empatia. Representa o olhar ético, o desconforto e a culpa de um mundo que já esqueceu o que é pureza.

💢 Kuro Kagami
Protetora, ciumenta, temperamental. Um reflexo da infância confusa que tenta entender o que é amor, amizade e medo.

🐰 Mimi Usa
A doçura e a dor em forma de personagem. Tímida, vive a vulnerabilidade silenciosa que tantas crianças escondem.


🧠 Feitos e bastidores curiosos

✨ O mangá teve 8 volumes publicados entre 2005 e 2013.
🎬 O anime, lançado em 2007, sofreu forte censura — chegando a ser cancelado em redes japonesas antes da exibição completa.
🖋️ A autora, Kaworu Watashiya, afirmou em entrevistas que o foco era mostrar como os adultos projetam sexualidade e medo onde há apenas carência e confusão emocional.
📚 O título literalmente significa “O Tempo das Crianças”, sem conotação sexual — o choque cultural veio da leitura ocidental.
💬 Apesar das polêmicas, o mangá manteve vendas sólidas e público fiel, principalmente entre leitores interessados em dramas psicológicos e realismo social.


⚖️ Recepção — entre o tabu e o elogio

No Japão, Kodomo no Jikan foi visto por parte da crítica como um estudo de comportamento humano, com ênfase na psicologia infantil.
Já no Ocidente, o título enfrentou rejeição, censura e acusações de impropriedade, mesmo entre otakus mais abertos.

Mas quem o leu por completo percebeu o que poucos notaram:
Watashiya não erotiza a infância — ela denuncia como a sociedade faz isso todos os dias, silenciosamente.
O desconforto é o ponto. O incômodo é a mensagem.


🎨 Estilo e simbolismo

A estética doce, o traço “moe” e o colorido alegre criam o contraste que define a obra.
Por trás dos olhos grandes e das fitas no cabelo, há melancolia, crítica e metáfora.
Cada gesto de Rin é uma mistura de provocação e dor — e cada sorriso, uma forma de disfarçar a solidão.

Esse contraste lembra o impacto de obras como Oyasumi Punpun e Made in Abyss, onde o visual terno esconde um abismo existencial.


💡 Dicas para assistir ou ler

  1. 🕊️ Evite o julgamento precoce.
    Leia a obra como metáfora social, não como escândalo.

  2. 📘 Prefira o mangá.
    A censura do anime dilui os temas psicológicos.

  3. 🧩 Observe os detalhes.
    Gestos, silêncios e olhares dizem mais que as palavras.

  4. 🕯️ Tenha maturidade emocional.
    É uma leitura sobre trauma e empatia — não entretenimento leve.

  5. 🔍 Pesquise sobre o contexto cultural.
    A diferença entre “olhar japonês” e “olhar ocidental” muda toda a percepção.


🌌 Se você gostou de Kodomo no Jikan, veja também:

💔 Koi Kaze — romance trágico e ético sobre amor proibido e sentimento real.
🕊️ Aoi Bungaku Series — adapta clássicos japoneses sobre culpa e humanidade.
🔪 School Days — o colapso emocional do amor adolescente.
🌙 Oyasumi Punpun — amadurecer é uma dor que não tem cura.
🩸 Elfen Lied — entre sangue e ternura, a alma humana exposta.
⚙️ Made in Abyss — aventura e trauma camuflados em estética infantil.
💣 Saikano — o amor em meio à destruição total.


🪶 Conclusão — a coragem de olhar o que ninguém quer ver

Kodomo no Jikan é uma obra sobre limites humanos: entre o amor e a dor, o afeto e o trauma, o riso e a perda.
Mais do que um anime polêmico, ele é um espelho incômodo da sociedade moderna, que prefere fingir inocência enquanto a infância se esvai.

Não é um título para todos, mas para quem o encara com mente aberta, é uma das experiências narrativas mais ousadas e emocionalmente sinceras da cultura otaku.

“Talvez crescer seja apenas isso: aprender a sobreviver ao que sentimos.”


✒️ Por Bellacosa
🕯️ Arte, emoção e análise cultural sem filtros — porque o mundo dos animes é mais profundo do que parece.