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segunda-feira, 17 de março de 2014

🌦️ Sempre um Isekai — Capítulo IV: Depois da Tempestade

 

🌦️ Sempre um Isekai — Capítulo IV: Depois da Tempestade

A grande tempestade de 1983 passou, mas deixou rastros.
Uma dorzinha teimosa, um silêncio que nem o tempo apagava.
De São Paulo fomos para o Quiririm, em Taubaté, uma nova fase, um novo reboot da vida — outro “universo paralelo” no meu eterno isekai.

Os meses em São Paulo ficaram soterrados sob uma pedra de esquecimento, e o menino que chegou ao interior era outro: cauteloso, mas ainda curioso.
Terminei o 3º ano com a professora Maria, curiosamente xará da minha antiga mestra de Pirassununga.
O destino, caprichoso como sempre, parecia brincar com variáveis de nomes e destinos.


🏫 A superação e o trofeuzinho

No início, quase repetente — perdido entre traumas e mudanças —, mas me recuperei.
E aquela recuperação virou medalha: uma pequena estátua de metal, um trofeuzinho entregue pela professora Maria.


Não era o prêmio em si que importava, mas o reconhecimento.
Era o sistema dizendo: “Job concluído com sucesso.”

Comecei o 4º ano com a professora Lygia, veterana, calma, dona de um olhar que atravessava as travessuras e enxergava o menino que tentava se reconstruir.


Tinha longa carreira, um magistério de décadas — sabia dosar afeto e disciplina como quem compila sabedoria em tempo real.





🚲 Aventuras no CECAP e o primo Marcelo

No CECAP do Quiririm, a vida começou a rodar de novo.


Ao meu lado, o parceiro inseparável: meu primo Marcelo.
Um companheiro de aventuras, loucuras e risadas — uma das melhores variáveis dessa fase do programa da vida.

Com ele, vieram as brincadeiras de bicicleta, as corridas sem destino, os mergulhos nos rios e córregos, as travessias perigosas até Tremembé e Caçapava.
Íamos pescar peixinhos de aquários, procurar frutos no mato e sítios ao redor laranjas, caquis, goiabas, amoras, nesperas, pitangas, jabuticabas, e cometíamos os lendários “furtos de caqui” em uma chácara com altos muros, com a desculpa que era para presentear as professoras da escola — um ato de rebeldia com intenções poéticas. Que recebiam os frutos com largos sorrisos, sem imaginarem as travessuras para obte-los.


💕 Paixões, confusões e risadas

Na escola, o elenco era digno de uma novela infantil.
Tinha o Adriano, o “louco”, que transformava qualquer aula em comédia; a Adriana, doce e gentil; e a Angélica, uma loirinha italiana de olhos claros que me deixava sem ar.
Sapequinha, risonha, o tipo de menina que encantava só de existir.


Ficou na memória como uma dessas subrotinas do coração que nunca se apagam.


Também havia a Márcia, irmã do Reinaldo, ciumento e destemido.
Cada beijo que eu ganhava dela custava uma surra — parecia um loop infinito de amor e castigo.
E a Rosemeire, que andava com o perigoso “Marreco” — mas isso, como dizem, é outro capítulo do manual.



🌺 Família, risadas e Menudos

No meio de tudo isso, um brilho especial: minha prima Andreia.
Conversar com ela era leve, divertido.
Compartilhávamos sonhos e gargalhadas na Quadra C do CECAP, entre pipas, bicicletas e confissões inocentes.



Ela era fã dos Menudos, e eu zoava fazendo imitação para lá de vergonhosas, no mais puro sarrismo — mas confesso, hoje entendo aquele brilho no olhar adolescente dela. A Vivi apesar de pequenina também seguia os passos da Deia e era maluquinha pelo grupo do não se reprima. Para as meninas era a diversão  em fitas k7 e os programas de auditório tocando sósias e playbacks.

Eram tempos simples, quase analógicos.
A vida se media em pedaladas, o amor em bilhetes dobrados, e a amizade em risadas ecoando pelo fim de tarde.



☕ Epílogo Bellacosa

O Quiririm me ensinou que a vida é um sistema resiliente: mesmo após uma queda feia, ele reinicia, recompila e segue rodando.
Ali reaprendi a ser menino, reaprendi a confiar.
Os traumas viraram código comentado, as lembranças, arquivos de backup que guardo com carinho.

Porque, no fundo, a infância é o primeiro mainframe que a gente aprende a operar — e o último que a gente esquece de desligar.

#Quiririm #Cecap #Taubate 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O dia em que o mini Oni perdeu para o cãozinho do apocalipse

 


📜 El Jefe Midnight Lunch – Bellacosa Mainframe Logs
O dia em que o mini Oni perdeu para o cãozinho do apocalipse

Voltemos à Pirassununga, 1983 — aquele ambiente rural-urbano onde o asfalto não era bem asfalto, o silêncio não era bem silêncio, e as crianças não eram exatamente crianças… eram unidades autônomas de caos, equipadas com energia infinita, pés ligeiros e zero bom senso.

E no meu caso específico:
um pequeno Oni em modo provocação contínua.




🐕💀 O cruz-credo em miniatura – 30 cm de ódio puro

No caminho da escola, existia um ser.
Um daemon canídeo.
Uma criatura saída diretamente do IBM Hell Center, versão 30 centímetros de altura, perninhas finas, latência zero e latido com volume de sirene de teste de descompressão.

Eu tentava passar no modo stealth.
Mas a peste me detectava a 100 metros de distância, como se tivesse um RACF EXIT escrito só para identificar Bellacosa.

E começava o ataque sonoro.
Latido atrás de latido…
Um log interminável de aborrecimento.

A antipatia era mútua:
eu achava ele insuportável,
e ele achava que minha existência era uma ofensa pessoal.



🥢 A guerra fria Bellacosa vs. Mini-Cão

Em certos dias, eu no modo Oni provocador:

  • batia o pé no chão

  • arrastava galhos na grade

  • fazia tec-tec-tec-tec só pra irritar

  • e ainda olhava com cara de “chama no x1, coragem!”

Todo santo dia tinha algum episódio.
E nenhum de nós queria perder.

Mas… toda guerra tem um dia decisivo.



☠ A vingança canina – O ataque surpresa

Lá vou eu caminhando com um pote de peixinhos (não lembro por quê, mas a vida do Bellacosa é um RDD cheio de registros bizarros).
Um adolescente estava com o portão aberto e pediu para ver os peixes.
Eu, educado, entreguei o pote.

Foi quando, do fundo do inferno, saiu ele:

o mini Cavaleiro do Apocalipse, versão toy, vindo na velocidade de um I/O mal configurado.

Eu, com o dono ali do lado, não podia reagir como de costume.
Então fiz o que qualquer Oni covarde, desesperado e consciente da própria mortalidade faria:

fugi e trepei numa árvore.

E foi por pouco.
Mas o ódio canino daquele demônio de 30 cm era maior que seu tamanho.

Ele deu um salto.
Um salto digno de Olimpo canino.

E abocanhou minha panturrilha.

Não foi profundo.
Não foi sério.
Mas doeu…
e pior…
feriu o orgulho.

Meu log interno registrou:

“Erro crítico: mini-cão venceu o embate. Orgulho comprometido. Reiniciar?”

O dono capturou a fera, pediu desculpas, prendeu o mini-cerberus e quase se ajoelhou de vergonha.
Eu respondi:

— “Tá tudo bem… não foi nada…”

Por dentro?

Eu queria formatar aquele cachorro.
Com baixa densidade.
E sem backup.



🐦 Sobre animais… cada um com seu bicho

Esse episódio reforçou algo que me acompanha até hoje:
nunca fui fã de cachorros, principalmente os barulhentos.

A Vivi sempre foi o oposto: ama cães, gatos, tudo que tenha pelo e quatro patas.
Os bichinhos sempre foram dela — eu só convivia.

Eu?
Sou do time das aves.
Mas não curto gaiolas.
Gosto de liberdade.
Gosto do som de asas.
Da ideia de voar.

Mas essa conversa fica para outro capítulo.



📌 E assim termina o dia em que o Oni foi derrotado…

Derrotado por um canino de bolso.
Um microserviço do caos.
Um processo zombie cheio de dentes.

Mas faz parte da vida.
Nem sempre o herói vence.
Às vezes, quem ganha é o monstrinho de 30 cm com complexo de Napoleão.

Quando quiser, puxo mais um registro desse data set da infância.
É só mandar o comando:

CALL RARIDADE,MODE=NOSTALGIA

Bellacosa out. 🐕🔥🕶️