📜 El Jefe Midnight Lunch – Bellacosa Mainframe Chronicles
O brilho que guiava os pequenos Onis – e que hoje me faz falta
Essa memória, ah… essa aqui não tem CEP, não tem JCL fixo, não tem dataset endereçado em um único volume.
Ela é um PDS espalhado pela vida, com membros gravados em Urupês, Ibitinga, São José do Rio Preto, Catanduva, São Carlos, Sorocaba, Pirassununga e Taubaté.
Se procurar bem, acho até que tem alguns registros perdidos no track daquela estrada de terra onde eu caí de bicicleta pela primeira vez.
Mas em todos esses lugares…
em todas essas noites…
existia um personagem que fazia o coração do pequeno Oni acelerar:
o vagalume.
✨ Os pirilampos – os LEDs da natureza, antes da natureza virar shopping center
Anos 1970 e 1980.
Ruas de terra.
Pouquíssima luz pública.
Mato crescendo livre, como se fosse proprietário do terreno (e era mesmo).
O mundo ainda não tinha sido atacado pelo bug do excesso de iluminação, do excesso de concreto, do excesso de tudo.
E ali, no meio daquela escuridão amiga, uma coreografia mágica acontecia:
pontos de luz flutuantes, piscando devagar…
como pequenos mainframes bioluminescentes rodando seus próprios ciclos de IPL noturnos.
Eu amava vagalumes.
De verdade.
De um jeito profundo, puro, quase reverente.
Era como caminhar numa trilha guiada por estrelas que desceram pra brincar com a gente.
🌿 O patch da Dona Mercadê – olhos brilhando e potes com furinhos
Minha mãe, Dona Mercadê, contava histórias da infância dela no norte do Paraná, onde os vagalumes eram tantos que pareciam iluminar o quintal inteiro.
Ela dizia que pegava alguns em potes de vidro com tampas furadinhas.
Só para curtir o brilho por alguns minutos.
E os pequenos Onis da Dona Mercadê, claro… replicaram o script.
A gente fazia o mesmo:
capturava alguns, via aquela luz mágica correndo no potinho…
e depois soltava.
Porque a verdadeira beleza era ver o bichinho livre.
Livre e brilhando.
🕷️🐞 Uma fauna inteira que dividia a paisagem
Naquela época, tinha inseto pra dar e vender.
A biosfera era quase um sysplex completo:
-
besouros gigantes
-
besouros com chifre que pareciam saídos de um RPG
-
joaninhas simpáticas
-
lacraias medonhas
-
aranhas que te julgavam de longe
-
centopeias com cara de “tenta ver pra ver”
Alguns perigosos, outros camaradas.
Alguns pousavam suavemente na mão.
Outros você olhava de longe e dizia:
“passo”.
Mas todos tinham espaço no mundo.
Porque havia muito mato, muito verde, muito silêncio.
E principalmente: pouca luz artificial pra bagunçar o baile da natureza.
💔 Hoje… o sumiço
Hoje… se eu disser que vejo vagalume no quintal, estou mentindo.
Faz anos que não vejo um sequer.
As ruas claras demais mataram a magia.
O verde virou cimento.
Os bichinhos perderam lar, perderam ritmo, perderam espaço.
E eu?
Eu perdi parte daquela infância.
Aquela sensação de trilha iluminada por pequenas almas luminosas.
Aquele silêncio pontuado por piscadas mágicas.
📌 No fundo, o que eu queria mesmo…
…era abrir a janela de casa agora,
ver um único vagalume,
um só, piscando devagar,
e sentir por um instante o mesmo encanto que senti em 1978, 1981, 1984…
Mas, enquanto ele não aparece,
guardo o brilho na memória —
porque algumas luzes não se apagam nunca.
Bellacosa out. ✨🟢🌙


