terça-feira, 6 de novembro de 2018

O brilho que guiava os pequenos Onis – e que hoje me faz falta

 


📜 El Jefe Midnight Lunch – Bellacosa Mainframe Chronicles
O brilho que guiava os pequenos Onis – e que hoje me faz falta

Essa memória, ah… essa aqui não tem CEP, não tem JCL fixo, não tem dataset endereçado em um único volume.
Ela é um PDS espalhado pela vida, com membros gravados em Urupês, Ibitinga, São José do Rio Preto, Catanduva, São Carlos, Sorocaba, Pirassununga e Taubaté.

Se procurar bem, acho até que tem alguns registros perdidos no track daquela estrada de terra onde eu caí de bicicleta pela primeira vez.

Mas em todos esses lugares…
em todas essas noites…
existia um personagem que fazia o coração do pequeno Oni acelerar:

o vagalume.



✨ Os pirilampos – os LEDs da natureza, antes da natureza virar shopping center

Anos 1970 e 1980.
Ruas de terra.
Pouquíssima luz pública.
Mato crescendo livre, como se fosse proprietário do terreno (e era mesmo).
O mundo ainda não tinha sido atacado pelo bug do excesso de iluminação, do excesso de concreto, do excesso de tudo.

E ali, no meio daquela escuridão amiga, uma coreografia mágica acontecia:

pontos de luz flutuantes, piscando devagar…
como pequenos mainframes bioluminescentes rodando seus próprios ciclos de IPL noturnos.

Eu amava vagalumes.
De verdade.
De um jeito profundo, puro, quase reverente.

Era como caminhar numa trilha guiada por estrelas que desceram pra brincar com a gente.


🌿 O patch da Dona Mercadê – olhos brilhando e potes com furinhos

Minha mãe, Dona Mercadê, contava histórias da infância dela no norte do Paraná, onde os vagalumes eram tantos que pareciam iluminar o quintal inteiro.
Ela dizia que pegava alguns em potes de vidro com tampas furadinhas.
Só para curtir o brilho por alguns minutos.

E os pequenos Onis da Dona Mercadê, claro… replicaram o script.

A gente fazia o mesmo:
capturava alguns, via aquela luz mágica correndo no potinho…
e depois soltava.

Porque a verdadeira beleza era ver o bichinho livre.
Livre e brilhando.




🕷️🐞 Uma fauna inteira que dividia a paisagem

Naquela época, tinha inseto pra dar e vender.
A biosfera era quase um sysplex completo:

  • besouros gigantes

  • besouros com chifre que pareciam saídos de um RPG

  • joaninhas simpáticas

  • lacraias medonhas

  • aranhas que te julgavam de longe

  • centopeias com cara de “tenta ver pra ver”

Alguns perigosos, outros camaradas.
Alguns pousavam suavemente na mão.
Outros você olhava de longe e dizia:
“passo”.

Mas todos tinham espaço no mundo.
Porque havia muito mato, muito verde, muito silêncio.
E principalmente: pouca luz artificial pra bagunçar o baile da natureza.




💔 Hoje… o sumiço

Hoje… se eu disser que vejo vagalume no quintal, estou mentindo.
Faz anos que não vejo um sequer.
As ruas claras demais mataram a magia.
O verde virou cimento.
Os bichinhos perderam lar, perderam ritmo, perderam espaço.

E eu?
Eu perdi parte daquela infância.
Aquela sensação de trilha iluminada por pequenas almas luminosas.
Aquele silêncio pontuado por piscadas mágicas.


📌 No fundo, o que eu queria mesmo…

…era abrir a janela de casa agora,
ver um único vagalume,
um só, piscando devagar,
e sentir por um instante o mesmo encanto que senti em 1978, 1981, 1984…

Mas, enquanto ele não aparece,
guardo o brilho na memória —
porque algumas luzes não se apagam nunca.

Bellacosa out. ✨🟢🌙


segunda-feira, 5 de novembro de 2018

💍 Mulheres Over 40 e o Loop do “Casar de Novo”

 


💍 Mulheres Over 40 e o Loop do “Casar de Novo”

Por El Jefe — uma reflexão Bellacosa Mainframe para quem já cansou do Ctrl+C Ctrl+Casamento

Tem algo curioso acontecendo na geração over 40.
Muitas mulheres, incríveis, inteligentes, bem resolvidas, depois de dois ou três relacionamentos fracassados, decidem… tentar casar de novo.

E eu fico pensando — por quê?
Por que esse retorno quase automático ao altar emocional, como se a vida só fizesse sentido dentro de um relacionamento formal?


🕰️ A herança invisível

Talvez porque fomos criados numa cultura onde o “final feliz” ainda tem formato de cerimônia, não de liberdade.
Lá no fundo, o inconsciente coletivo ainda sussurra:

“Você só é completa se alguém te escolher.”

Mesmo que ela tenha casa própria, carreira sólida e uma bagagem emocional de guerra, ainda há uma pressão — social, familiar e até interna — para “não ficar sozinha”.

Mas o paradoxo é cruel:
quanto mais tentam preencher o vazio com outro casamento, mais se afastam da leveza que tanto buscam.


🔄 O loop do recomeço

Casar novamente, para muitas, virou uma espécie de reinício de sistema.
Uma tentativa de reconfigurar o coração, como quem formata um HD esperando que o novo sistema rode sem travar.

Mas o problema raramente está no “outro”.
Está no roteiro que se repete — nas expectativas copiadas, nos papéis herdados, nas mesmas promessas instaladas com outro nome de usuário.

E aí o ciclo se repete: paixão, convivência, desgaste, frustração… reboot.
Até que, um dia, percebem que o amor não se encontra no “recomeço”,
mas no descanso do próprio sistema.


🌙 Liberdade 4.0

Por que não viver leve?
Por que não escolher encontros sinceros, afetos breves, conexões reais — sem a necessidade de transformar tudo em contrato social?

Liberdade não é solidão.
É ter a escolha de não precisar preencher o vazio com outro CPF.

A vida adulta tem beleza no silêncio, no vinho tomado sem pressa, na cama grande com travesseiro sobrando, no encontro casual que não cobra fidelidade nem entrega carência.


☕ Amor com manutenção preventiva

Talvez o segredo não esteja em “casar de novo”,
mas em reaprender a amar fora da obrigação.

Casamento não é atualização de software —
não é porque a última versão deu bug que a próxima vai rodar liso.

Talvez o amor precise de menos altar e mais autenticidade.
Menos status e mais verdade.
Menos “felizes para sempre” e mais “felizes enquanto fizer sentido”.


Enquanto isso, sigo observando o mundo pelos reflexos da janela,
vendo corações tentando se reiniciar sem fazer backup de si mesmos.
E pensando que, às vezes, o mais bonito é simplesmente ficar offline por um tempo.

#ElJefe #BellacosaMainframe #Reflexões #RelacionamentosModernos #AmorMadura #Over40 #FilosofiaDoCotidiano #VidaSolo #LiberdadeEmocional #CaféDaMadrugada


segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Gêneros de Mangá: Guia Completo para Otakus e Futuros Mangakas

 




Gêneros de Mangá: Guia Completo para Otakus e Futuros Mangakas

O universo dos mangás é tão diverso quanto fascinante. Cada gênero tem sua própria linguagem, público-alvo e estilo artístico, e conhecer essas categorias é essencial tanto para leitores quanto para quem deseja criar histórias. Neste post, vamos explorar os principais gêneros, com dicas, curiosidades e exemplos que todo otaku precisa conhecer.


1. Shonen (少年)

  • Público-alvo: Meninos adolescentes (12–18 anos)

  • Estilo de traço: Dinâmico, cenas de ação, expressões exageradas, personagens heroicos.

  • Principal título: Naruto

  • Autor: Masashi Kishimoto

  • Curiosidades:

    • Foco em amizade, superação e aventura.

    • Geralmente histórias de crescimento do protagonista.

    • Mangás shonen muitas vezes têm batalhas épicas com poderes especiais.

  • Comentário: Ideal para iniciantes no mangá, pois ensina narrativa visual clara e personagens carismáticos.


2. Shojo (少女)

  • Público-alvo: Meninas adolescentes (12–18 anos)

  • Estilo de traço: Linhas delicadas, olhos grandes e expressivos, cenários detalhados e românticos.

  • Principal título: Sailor Moon

  • Autor: Naoko Takeuchi

  • Curiosidades:

    • Centrado em romance, amizade e emoções.

    • Muitas vezes contém elementos de fantasia e drama.

  • Comentário: Ótimo para aprender sobre expressão emocional e narrativa sentimental.


3. Seinen (青年)

  • Público-alvo: Homens jovens/adultos (18–40 anos)

  • Estilo de traço: Mais realista, detalhado e maduro, com violência e complexidade emocional.

  • Principal título: Berserk

  • Autor: Kentaro Miura

  • Curiosidades:

    • Aborda temas psicológicos, políticos e filosóficos.

    • Maior liberdade artística em termos de conteúdo adulto.

  • Comentário: Excelente para quem quer explorar temas profundos e traços detalhados.


4. Josei (女性)

  • Público-alvo: Mulheres jovens/adultas (18–40 anos)

  • Estilo de traço: Elegante, realista, foco em expressões e situações do cotidiano.

  • Principal título: Nodame Cantabile

  • Autor: Tomoko Ninomiya

  • Curiosidades:

    • Romance adulto, dramas profissionais e familiares.

    • Difere do shojo por ser mais maduro e realista.

  • Comentário: Ideal para explorar diálogos realistas e desenvolvimento psicológico de personagens.


5. Kodomo (子供)

  • Público-alvo: Crianças (até 12 anos)

  • Estilo de traço: Simples, divertido, cores vivas (em revistas coloridas ou educativas).

  • Principal título: Doraemon

  • Autor: Fujiko F. Fujio

  • Curiosidades:

    • Ensino de valores como amizade, respeito e criatividade.

    • Tramas curtas e fáceis de acompanhar.

  • Comentário: Bom para iniciantes que querem experimentar narrativa simples e humor leve.


6. Gekiga (劇画)

  • Público-alvo: Adultos (18+), geralmente leitores de temas sérios.

  • Estilo de traço: Realista, sombrios, narrativa madura e dramática.

  • Principal título: A Drifting Life

  • Autor: Yoshihiro Tatsumi

  • Curiosidades:

    • Criado para diferenciar quadrinhos adultos da cultura pop juvenil.

    • Foca em temas cotidianos, sociais e psicológicos.

  • Comentário: Excelente para aprender storytelling sério e técnicas de sombra e realismo.


7. Yaoi / Boys’ Love (BL) / Shonen-ai

  • Público-alvo: Mulheres jovens e adultas

  • Estilo de traço: Romântico, focado em personagens masculinos e relações emocionais.

  • Principal título: Junjou Romantica

  • Autor: Shungiku Nakamura

  • Curiosidades:

    • Explora relacionamentos entre homens com foco emocional.

    • Muitas vezes contém drama, comédia e romance.

  • Comentário: Permite explorar emoções e relacionamentos complexos.


8. Yuri / Girls’ Love (GL) / Shoujo-ai

  • Público-alvo: Mulheres e adolescentes

  • Estilo de traço: Delicado, com foco em expressões e romance entre meninas.

  • Principal título: Strawberry Panic

  • Autor: Sakurako Kimino

  • Curiosidades:

    • Desenvolve relações românticas femininas com nuances emocionais.

    • Pode variar de leve romance a dramas intensos.

  • Comentário: Excelente para praticar diálogos internos e sentimentos sutis.


9. Mecha

  • Público-alvo: Geralmente shonen/seinen, fãs de ficção científica

  • Estilo de traço: Robôs detalhados, tecnologia futurista, cenas de ação épicas.

  • Principal título: Mobile Suit Gundam

  • Autor: Yoshiyuki Tomino

  • Curiosidades:

    • Combina ação, drama e política futurista.

    • Foco em batalhas mecânicas e estratégias militares.

  • Comentário: Ideal para treinar desenho técnico e cenas de ação complexas.


10. Isekai / Fantasia

  • Público-alvo: Shonen, seinen ou shojo

  • Estilo de traço: Variedade ampla, dependendo da fantasia; cenários detalhados e magia.

  • Principal título: Re:Zero

  • Autor: Tappei Nagatsuki

  • Curiosidades:

    • Personagem é transportado para outro mundo; aventura, magia e drama são comuns.

    • Mistura ação, humor e romance em universos imaginários.

  • Comentário: Excelente para experimentar criatividade, worldbuilding e narrativa épica.


Dicas finais para otakus e aspirantes a mangakas

  • Conheça cada gênero antes de tentar escrever: entender o público-alvo é essencial.

  • Misturar gêneros pode gerar histórias únicas (ex.: shonen + isekai).

  • Observe estilos de traço e narrativa para adaptar à sua história.

  • Leia amplamente e pratique storyboards (names) para cada gênero que você explorar.

domingo, 21 de outubro de 2018

🧠💭 Quando o Subconsciente nos Trai — ou o “ABEND” Psicológico da Mente Humana

 



🧠💭 Quando o Subconsciente nos Trai — ou o “ABEND” Psicológico da Mente Humana
por Bellacosa Mainframe – edição El Jefe Midnight


Há momentos em que o subconsciente é como aquele job rodando em background, silencioso, invisível, mas com permissão total de SYSADM. Ele sabe tudo o que você tentou DELETE, o que você EDITou e até o que achou que estava salvo em PRIVATE LIBRARY.

E aí, do nada… boom! — um print inesperado, um comentário fora de hora, uma confissão velada. O “racional” até tenta dar um CANCEL, mas o estrago já está feito.
É o famoso ABEND S0C4 emocional: acesso indevido a uma área da memória que devia estar bloqueada.


🕵️ O porquê do “leak” mental

Nosso subconsciente é o CICS interno — sempre ativo, lidando com milhares de requisições, memórias, traumas, desejos e gatilhos. Quando o racional relaxa — seja por emoção, fadiga ou distração — o controle de segurança falha e um transaction leak acontece: o subconsciente assume o terminal e despeja na tela o que estava reprimido.

É a sessão não encerrada corretamente.

Freud chamava isso de ato falho. Eu chamo de dump afetivo — porque revela muito mais do que gostaríamos.


⚙️ Como “treinar o racional”

A mente racional é o RACF da consciência — responsável por autenticar, filtrar e liberar o que pode sair pro mundo exterior.
Mas o RACF interno precisa de manutenção preventiva.

💡 Eis algumas rotinas úteis:

  1. Audite seus logs mentais — pratique autoanálise. Pergunte-se: “por que eu penso isso?”, “o que esse comentário diz sobre mim?”.

  2. Monitore o CPU emocional — quando cansado, ansioso ou eufórico, o racional perde prioridade de execução. Nessas horas, evite conversas delicadas.

  3. Implemente timeouts — respire três segundos antes de responder algo importante. Essa pausa simples é como um WAIT no sistema, dando tempo ao racional de reassumir o controle.

  4. Revise seus scripts de defesa — evite “automatismos” emocionais. Eles são macros que rodam sem supervisão e quase sempre dão abend.

  5. Faça backups emocionais — escrever, meditar, conversar, cuidar da mente. Um sistema limpo processa melhor as emoções e reduz o risco de data leak.


🧩 Curiosidade de bastidor

Psicólogos cognitivos descobriram que o cérebro fala primeiro com o subconsciente — o racional só traduz depois. Ou seja, às vezes a “boca fala sem passar pelo compilador lógico”.
É como se o subconsciente tivesse autorização de superusuário.
E o racional? Apenas um estagiário com permissão read-only.


☕ Fechando o job

No fundo, o subconsciente não é vilão — ele apenas executa processos que o racional preferiu adiar.
A traição ocorre quando a mente tenta esconder de si mesma algo que precisa ser processado.

Treinar o racional não é censurar o subconsciente — é ensinar os dois a trabalharem em batch, em harmonia.
Porque quando o racional e o instintivo rodam sincronizados, o sistema mental flui, o throughput da alma aumenta e a vida roda sem abend.


Bellacosa Mainframe
Porque até o inconsciente tem logs, e eu aprendi a ler os meus.


quinta-feira, 18 de outubro de 2018

📜 Bombonière da Tia Guiomar — O Paraíso Açucarado do Pequeno Oni

 


📜 Bombonière da Tia Guiomar — O Paraíso Açucarado do Pequeno Oni
Bellacosa Mainframe • Arquivos Pessoais • 1982/1983


Eu sempre digo que certas épocas não passam — elas ficam instaladas na memória como programas residentes, TSOs sentimentais rodando em background, prontos para serem acionados com um simples comando: RECOVER.SWEET.DAYS.

Hoje o prompt abriu na tela, piscou, e voltou nítido como fotografia revelada em papel Kodak: 1982/1983, o biênio que mexeu com as placas tectônicas da família Bellacosa. Coisas grandes aconteceram — mudanças profundas, rupturas e remendos, alegrias e perdas embutidas. Mas hoje, neste shift, foco em outra partição do disco: Doçura. Travessura. Infância em ASCII de açúcar cristal.




Porque nesse tempo nasceu um novo paraíso do Vaguinho — o menino arteiro, curioso e falador que vos escreve. Um paraíso com cheiro de bala de coco, brilho de papel alumínio e barulho de moedas tilintando no bolso curto do uniforme da escola. A Bombonière da Tia Guiomar.

🍬 Nova instância da felicidade instalada em produção.
As mulheres da família Farias estavam on fire — crescendo, expandindo, empreendendo, abrindo portas como quem dá ENTER no futuro. Primeiro veio a Loja de Roupas lá no fim da Avenida Imperador. Chique. Movimentada. Moderna para o bairro. E então — ah, então — surgiu o paraíso colado à casa da vó Anna: a Bombonière. Não sei se a ordem era essa, mas tudo bem, foi excesso de açúcar.

Não era só comércio — era portal dimensional.
E eu era o explorador oficial, User ID: ONI.MINI.VAGUINHO.

Toda tarde, depois da escola, eu aparecia para “ajudar” — e coloco aspas porque minha contribuição era 20% trabalho e 80% consumo de estoque não declarado. Eu rearranjava prateleiras, conferia datas, empilhava balas, e ao final recebia o que na minha cabeça era salário digno de gerente: paçocas, dadinhos, bala soft, tabletes de chocolate garoto, chicletes ping-pong sabor tutti-frutti e aquele suspiro branco que desmanchava só de olhar.

Aquilo não era comércio — era SPOOL de alegria direto na minha memória principal.



📍 O cenário era assim:

— As primas Noemi e Miriam, já adultas, experientes na vida e no sorriso doce que só quem já viu o mundo sabe dar.
— O primo Silas, fardado de azul da Aeronáutica, orgulho estampado, horizonte aberto.
— O tio Francisco aposentado — mas extremamente ativo na fé, servo na Igreja, homem de palavra e pulso sereno.

E eu?
Eu era o mascote.
O pequeno oni doméstico.

Falava sem parar, perguntava tudo, queria entender a Bíblia, o bairro, o universo e o que existia depois da última prateleira de doces. Elas riam, me explicavam com paciência infinita e me olhavam com aquele carinho que não se compra no atacado — carinho que vira estrutura de caráter.

Eu crescia ali.
Entre açúcares, sermões e fofocas mansas.
Entre batidas de sino e papéis coloridos de drops de menta.

Se hoje, adulto, ainda sinto o doce da vida mesmo quando o dia amarga…
é porque um dia pequeno, em 1982, 1983, eu fui treinado pela casa ao lado da vó Anna.

Treinado para ser feliz.

E talvez seja essa a graça do uptime emocional:
certas memórias nunca desligam — são programas residentes na alma.

E a bombonière da tia Guiomar?
Essa permanece ON-LINE, sempre que escrevo, lembro e sorrio.


quarta-feira, 17 de outubro de 2018

O que é um mangaka?

 


O que é um mangaka?

Um mangaka é o artista responsável por criar mangás — os quadrinhos japoneses. Ele pode ser roteirista e ilustrador ao mesmo tempo, ou apenas um dos dois, dependendo da colaboração com assistentes e editores. Alguns mangás famosos são resultado de um único mangaka, enquanto outros contam com uma equipe inteira por trás.


Origem da profissão

O termo “mangaka” vem de “manga” (quadrinhos) + “ka” (especialista/criador).
Historicamente, o mangá como conhecemos surgiu no Japão no século XIX, mas foi Osamu Tezuka, nos anos 50, quem formalizou o estilo moderno, criando histórias longas, narrativa cinematográfica e personagens carismáticos. Desde então, o mangaka se tornou uma profissão reconhecida e altamente respeitada no Japão, embora extremamente exigente.


Curiosidades

  • Muitos mangakas trabalham 12–18 horas por dia, especialmente quando publicam séries semanais.

  • Assistentes ajudam com fundos, efeitos, tramas e detalhes repetitivos.

  • Alguns mangakas usam pseudônimos e mantêm vida pessoal praticamente secreta.

  • O mercado de mangá é gigantesco: existem mais de 100 mil títulos publicados no Japão, e a profissão ainda é altamente competitiva.


Dicas para quem quer ser mangaka

  1. Desenho é só parte do trabalho — dominar narrativa, roteiro, ritmo e expressão de emoção é essencial.

  2. Estude outros mangás: observe estilos de desenho, construção de quadros, como a ação flui.

  3. Crie um portfólio sólido com histórias curtas e capítulos de teste.

  4. Pratique storyboard (name): o layout básico da página, antes de desenhar no final.

  5. Seja resiliente: rejeições de editoras são comuns, mas fazem parte do aprendizado.


Principais dramas da profissão

  • Pressão de prazos: especialmente com séries semanais ou mensais.

  • Saúde: problemas de coluna, visão e estresse são comuns.

  • Falta de reconhecimento imediato: muitos só conseguem fama após anos de trabalho.

  • Dependência de editoras: o editor decide quais obras serão publicadas.


O que aprender para melhorar como mangaka

  • Desenho anatômico e perspectiva

  • Roteiro e narrativa visual

  • Diálogo natural e caracterização de personagens

  • Edição digital e tradicional

  • Marketing e presença online (Instagram, Pixiv, Webtoon)


Mercado de trabalho

  • Editoras japonesas: Shueisha, Kodansha, Shogakukan, entre outras.

  • Publicação online: plataformas digitais como Webtoon e MangaPlus.

  • Freelance e doujinshi: vendas em convenções ou online, muito comuns no Japão.

O mercado é competitivo, mas as oportunidades digitais têm crescido, permitindo que artistas fora do Japão se destaquem.


Como se tornar conhecido

  1. Participar de concursos promovidos por editoras.

  2. Postar trabalhos em plataformas online (Pixiv, Webtoon, Instagram).

  3. Criar obras curtas e de impacto para chamar atenção de editores.

  4. Networking com outros artistas e fãs: eventos, convenções, redes sociais.


Currículo e apresentação para otakus / editoras

Um currículo de mangaka geralmente inclui:

  • Portfólio: páginas finalizadas, histórias curtas, personagens originais.

  • Experiência: trabalhos anteriores, concursos, publicações online.

  • Resumo do estilo e interesses: gênero que domina (shonen, shoujo, seinen, etc.).

  • Storyboards ou “names”: demonstração da narrativa visual.

  • Perfil pessoal: idade, região, disponibilidade.

Dicas de apresentação:

  • Seja objetivo e visual: editoras gostam de ver seu trabalho primeiro.

  • Mostre personalidade: seu estilo é o que te diferencia.

  • Atualize seu portfólio constantemente.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

As Aventuras do Pequeno e Inquieto Vagner: Quando a curiosidade desafia muros, telhados… e até santos.

 


As Aventuras do Pequeno e Inquieto Vagner

Capítulo Especial para o Blog El Jefe — Ao estilo Bellacosa Mainframe

“Quando a curiosidade desafia muros, telhados… e até santos.”

Existem crianças que colecionam figurinhas.
Existem crianças que colecionam carrinhos.
E existem crianças — raras, perigosamente especiais — que colecionam histórias de quase-morte, sustos épicos e cicatrizes que brilham como badges de um herói de RPG.

O pequeno Vagner dos anos 1970 era desse terceiro tipo.
Um mini-escalador, meio ninja, meio gato de telhado, completamente movido a curiosidade e energia inesgotável.
Um personagem digno de um anime isekai corporal, onde cada episódio terminava com sua mãe segurando a cabeça e o pai jurando que “dessa vez ele aprendeu”. (Spoiler: não aprendeu.)

E esta é uma dessas histórias.


🏡 Um quintal, uma casinha de santo e uma criança sem limites

Os anos 1970 eram uma mistura deliciosa de caos, espiritualidade, improviso e liberdade.
Nada de tablet, internet ou brinquedos eletrônicos: o playground era o mundo inteiro.

Seu pai e sua mãe, num momento de espiritualidade profunda, converteram-se à Umbanda.
E como bons devotos, construíram no fundo do quintal uma casinha de santo:
um pequeno templo particular dedicado aos guias, com suas oferendas, velas, objetos sagrados e aquele ar de respeito silencioso que toda criança deveria olhar de longe.

"De longe".
Mas claro que o Vagner não entendeu essa parte.




🎪 O Pequeno Vagner descobre o “parkour” antes dele existir

Com 4 para 5 anos, o menino já havia descoberto a engenharia dos muros.
Para ele, eram pistas de circo.
Barreiras para adultos, mas autódromos imaginários para crianças inquietas.

Ele subia.

Ele corria.

Ele equilibrava.

O pequeno Vagner era uma mistura de trapezista do Circo Piolin com ninja mirim da Vila Rio Branco na Ponte Rasa.

Nem os telhados estavam a salvo.




E então o destino disse: “vamos testar esse garoto”

Um dia, no auge da sua carreira de equilibrista clandestino, sua mãe gritou seu nome —
Aquele grito que toda criança reconhece instantaneamente como:

“Se eu não descer AGORA, as consequências serão piores do que quebrar o braço.”

Vagner, lógico, tenta descer rápido.
Mas rápido demais.

Em vez de usar o caminho seguro, ele decide inovar:
usa a casinha dos santos como degrau.

Sim.
O templo.
O altar.
O lugar sagrado.

Peso de uma criança.
Estrutura frágil.
Resultado inevitável.




💥 Colapso divino

O pequeno Vagner desce.
A casinha desce também.
As telhas voam.
Os santos… coitados… alguns ganham alta celestial.

E no meio do cenário pós-apocalíptico, lá está ele:
Vagner, o Sobrevivente, coberto de pó, alguns arranhões e uma expressão que misturava susto com “acho que fiz besteira”.

Susto dos pais?
Nível: CHERNOBYL.

Punição?
Longa, completa, detalhada, com direito a bronca sobre:

  • perigo

  • respeito

  • orixás

  • saúde

  • limites

  • obediência

  • e uma menção especial a “você ainda vai me matar de susto”.

Mas o santo dele, convenhamos, não só era forte — era ninja também.


🧿 Easter Egg Espiritual: Orixás gostam de crianças inquietas

Curiosamente, dentro das tradições afro-brasileiras, existe uma ideia poética de que crianças arteiras são protegidas por guias brincalhões, cheios de vida e movimento.

Se duvidar, algum deles riu lá de cima naquele dia.
Provavelmente disse:

“Deixa o menino. Ele tem caminhos longos e incríveis pela frente.”

E estava certo.


💫 Conclusão: sobrevivente desde os 5 anos

O pequeno Vagner cresceu, virou especialista em mainframe, professor, contador de histórias, e homem de tecnologia.

Mas o espírito inquieto continua lá. A pequena Vivi tem menção honrosa que ficou ajudando nos curativos e acompanhando o irmão se recuperando.
Só que hoje, em vez de escalar muros e derrubar casinhas de santo, ele escala sistemas, resolve problemas gigantescos, pula obstáculos corporativos e ainda encontra tempo para relembrar — com humor e poesia — essas aventuras que moldaram seu repertório de vida.



E cá entre nós:
quem derrubou uma casa de orixá aos 5 anos sobrevive a qualquer coisa.