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A AVENTURA DO POLVO CONTRABANDISTA — UMA CRÔNICA AO ESTILO BELLACOSA MAINFRAME
PARA O EL JEFE MIDNIGHT LUNCH
Existem memórias de infância que não são simples lembranças…
são microfilmes em 8mm, guardados no SYS1.HISTORIA.VAGNER, com trilha sonora de ondas batendo, cheiro de maresia e gritos de parentes desesperados.
E poucas são tão épicas quanto A GRANDE VIAGEM PRA PRAIA GRANDE NA BRASÍLIA 1970.
Prepare-se, porque vem aí:
uma crônica com sol, areia, mar, DDT, pescadores, um animal marinho clandestino e uma tia Miriam quase protagonizando um filme B de terror japonês.
PRÓLOGO — A BRASÍLIA DO APOCALIPSE (6 PESSOAS, 0 AR-CONDICIONADO, 100% FELICIDADE)
Era verão.
Era infância.
Era Brasil dos anos 1970.
E lá estávamos nós:
seis almas espremidas dentro de uma Brasília azul 1970, esse veículo místico movido a gasolina barata e esperança.
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Vô Pedro, capitão da expedição e amante oficial do litoral,
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Vó Anna, guardiã dos quitutes e da paciência infinita,
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Tia Miriam e Tio Osmar, casal responsável e tenso, afinal Tio Osmar era o oficial responsavel pela navegação, pilotando com maestria de piloto de rally,
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Tio Pedinho, aventureiro e cinco anos mais experiente no alto dos seus 10 anos,
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E este narrador, pequeno, curioso, sociável… e, como veremos em instantes, contrabandista marinho em formação.
A estrada era longa.
A alegria, maior ainda.
E quando chegamos, Praia Grande virou palco de epopeia.
DIAS DE GLÓRIA — SOL, MAR, AREIA E BOLO DA VÓ ANNA
O litoral paulista daquela época era um universo paralelo:
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Areias intermináveis,
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Sorvetes de máquina azul fluorescente,
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“Queijooooo coalhoooo!” ecoando no ar quente,
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Casas alugadas cheias de mistérios e móveis antigos.
Um mar sem poluição com algumas areas verdes nativas, longe da especulação imobiliária dos anos seguintes.
Areia com muitas conchinhas, peixinhos, caranguejos, siris, bolachas do mar e muita vida marinha.
O vendedor de amendoim, biscoitos e picolé...
E as guloseimas da Vó Anna?
Meu amigo… aquilo dava buff +20 em energia infantil.
Foram dias de correrias, mergulhos, queimaduras de sol e risadas — até que o destino decidiu acrescentar um chefe secreto na aventura.
O INCIDENTE DO POLVO (OU SERIA UM CARANGUEJO?) — O PRIMEIRO CONTATO EXTRATERRESTRE
Eu era uma criança sociável, faz amigos em qualquer lugar, não tinha parada, sempre correndo e aprontando alguma, modo explorando dungeon 100% ativado.
Até em barcos de pescadores que encostam na praia com a simplicidade de quem entrega pão.
Ali, cercado de homens queimados de sol, redes úmidas e peixes brilhando ao sol, ganhei um presente vivo:
👉 um pequeno polvo.
Ou talvez um caranguejo.
Ou um híbrido mutante criado pela minha imaginação infantil.
Não importa. O que importa é que eu trouxe o bichinho para casa.
No copo.
Com água do mar.
E escondi embaixo da cama.
Porque era óbvio:
Lugar seguro.
Estratégico.
Infiltração perfeita.
Até que…
TIA MIRIAM VS O MONSTRO DO ABISMO — O FILME DE TERROR QUE NUNCA FOI GRAVADO
Quando Tia Miriam encontrou o copo do proibido, a casa estremeceu como um mainframe recebendo IPL com erro:
— “MAS O QUE É ISSO?!”
— “É meu amigo.”
— “ISSO VAI NOS MATAR NA NOITE! CRESCER, SAIR DO COPO E VIRAR UM MONSTRO!”
E eu, pequeno, negociando como um diplomata da ONU:
— “Mas tia, ele é bonzinho…”
Vó Anna tentava acalmar.
Vô Pedro achava graça.
Tio Osmar estava em estado de ‘eu não vi nada’.
E Tio Pedinho só ria no canto.
Tia Miriam?
Tia Miriam estava convencida de que, se mantivéssemos o animal ali,
ele iria esperar a meia-noite, crescer cinco metros e devorar a casa como um kaiju de Praia Grande.
Resultado?
O pobre polvo/caranguejo foi exilado no quintal.
Confinado.
Vigiado.
E na manhã seguinte, devolvido ao mar, como herói incompreendido.
A INVASÃO DAS BARATAS — O EVENTO CATACLÍSMICO DO DeTe-FON
Como se não bastasse a saga do animal marinho clandestino, a casa também nos presenteou com outro clássico dos anos 70:
uma infestação de baratas.
Daquelas que parecem surgir por teletransporte.
Foi preciso acionar o armamento químico proibido pela convenção de Genebra:
o lendário DeTefon, (veneno DDT) famoso por matar tudo:
Tio Osmar surgiu com o spray como um herói de filme pós-apocalíptico.
Baratas correram.
Gritos ecoaram.
E a guerra foi vencida.
O cheiro?
Mistura de veneno, maresia e infância feliz.
EPÍLOGO — A MEMÓRIA É UM MAR QUE NUNCA SE APAGA
Aquela viagem ficou tatuada no coração:
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A Brasília lotada,
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o mar azul,
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as refeições da Vó Anna,
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o polvo contrabandista,
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Tia Miriam surtando,
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o DDT (Detefon) salvador,
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e a sensação de que o mundo era enorme, cheio de aventuras e pequenos perigos divertidos.
A Praia Grande daquela época tem um brilho especial na memória:
era o cenário perfeito para a fantasia, para as pequenas epopeias que moldam quem somos.
E hoje, revisitando esse capítulo ao estilo Bellacosa Mainframe para o El Jefe Midnight Lunch, percebemos que cada episódio da infância é como aquele pequeno polvo:
talvez pequeno na aparência, mas gigante na emoção que traz de volta.