segunda-feira, 17 de março de 2014

🌦️ Sempre um Isekai — Capítulo IV: Depois da Tempestade

 

🌦️ Sempre um Isekai — Capítulo IV: Depois da Tempestade

A grande tempestade de 1983 passou, mas deixou rastros.
Uma dorzinha teimosa, um silêncio que nem o tempo apagava.
De São Paulo fomos para o Quiririm, em Taubaté, uma nova fase, um novo reboot da vida — outro “universo paralelo” no meu eterno isekai.

Os meses em São Paulo ficaram soterrados sob uma pedra de esquecimento, e o menino que chegou ao interior era outro: cauteloso, mas ainda curioso.
Terminei o 3º ano com a professora Maria, curiosamente xará da minha antiga mestra de Pirassununga.
O destino, caprichoso como sempre, parecia brincar com variáveis de nomes e destinos.


🏫 A superação e o trofeuzinho

No início, quase repetente — perdido entre traumas e mudanças —, mas me recuperei.
E aquela recuperação virou medalha: uma pequena estátua de metal, um trofeuzinho entregue pela professora Maria.


Não era o prêmio em si que importava, mas o reconhecimento.
Era o sistema dizendo: “Job concluído com sucesso.”

Comecei o 4º ano com a professora Lygia, veterana, calma, dona de um olhar que atravessava as travessuras e enxergava o menino que tentava se reconstruir.


Tinha longa carreira, um magistério de décadas — sabia dosar afeto e disciplina como quem compila sabedoria em tempo real.





🚲 Aventuras no CECAP e o primo Marcelo

No CECAP do Quiririm, a vida começou a rodar de novo.


Ao meu lado, o parceiro inseparável: meu primo Marcelo.
Um companheiro de aventuras, loucuras e risadas — uma das melhores variáveis dessa fase do programa da vida.

Com ele, vieram as brincadeiras de bicicleta, as corridas sem destino, os mergulhos nos rios e córregos, as travessias perigosas até Tremembé e Caçapava.
Íamos pescar peixinhos de aquários, procurar frutos no mato e sítios ao redor laranjas, caquis, goiabas, amoras, nesperas, pitangas, jabuticabas, e cometíamos os lendários “furtos de caqui” em uma chácara com altos muros, com a desculpa que era para presentear as professoras da escola — um ato de rebeldia com intenções poéticas. Que recebiam os frutos com largos sorrisos, sem imaginarem as travessuras para obte-los.


💕 Paixões, confusões e risadas

Na escola, o elenco era digno de uma novela infantil.
Tinha o Adriano, o “louco”, que transformava qualquer aula em comédia; a Adriana, doce e gentil; e a Angélica, uma loirinha italiana de olhos claros que me deixava sem ar.
Sapequinha, risonha, o tipo de menina que encantava só de existir.


Ficou na memória como uma dessas subrotinas do coração que nunca se apagam.


Também havia a Márcia, irmã do Reinaldo, ciumento e destemido.
Cada beijo que eu ganhava dela custava uma surra — parecia um loop infinito de amor e castigo.
E a Rosemeire, que andava com o perigoso “Marreco” — mas isso, como dizem, é outro capítulo do manual.



🌺 Família, risadas e Menudos

No meio de tudo isso, um brilho especial: minha prima Andreia.
Conversar com ela era leve, divertido.
Compartilhávamos sonhos e gargalhadas na Quadra C do CECAP, entre pipas, bicicletas e confissões inocentes.



Ela era fã dos Menudos, e eu zoava fazendo imitação para lá de vergonhosas, no mais puro sarrismo — mas confesso, hoje entendo aquele brilho no olhar adolescente dela. A Vivi apesar de pequenina também seguia os passos da Deia e era maluquinha pelo grupo do não se reprima. Para as meninas era a diversão  em fitas k7 e os programas de auditório tocando sósias e playbacks.

Eram tempos simples, quase analógicos.
A vida se media em pedaladas, o amor em bilhetes dobrados, e a amizade em risadas ecoando pelo fim de tarde.



☕ Epílogo Bellacosa

O Quiririm me ensinou que a vida é um sistema resiliente: mesmo após uma queda feia, ele reinicia, recompila e segue rodando.
Ali reaprendi a ser menino, reaprendi a confiar.
Os traumas viraram código comentado, as lembranças, arquivos de backup que guardo com carinho.

Porque, no fundo, a infância é o primeiro mainframe que a gente aprende a operar — e o último que a gente esquece de desligar.

#Quiririm #Cecap #Taubate 

sexta-feira, 14 de março de 2014

🕊️ White Day — O ACK do Amor no Mainframe Japonês

 


🕊️ White Day — O ACK do Amor no Mainframe Japonês

Uma crônica ao estilo Bellacosa Mainframe para o blog El Jefe Midnight Lunch

Se você acha que o Japão é apenas o berço do karaokê, dos animes e das máquinas de venda automática que desafiam as leis da física (e do bom senso), prepare-se: existe toda uma arquitetura social por trás da forma como eles lidam com o amor.

E sim — essa arquitetura tem mais camadas que um dump de CICS pós-ABEND.


O que mais gostei desta data festiva é que faço aniversario no dia 14 de Março e saber que nesse, milhares de pessoas estão felizes comemorando o amor, dando o pontapé inicial nos jogos amorosos é categoria LENDARIO.



14 de março — Quando o Japão manda o “ACK” de volta

No Brasil, 14 de março é só uma data perdida no calendário, um checkpoint sem mensagens no JES2.
Mas no Japão… meu amigo… é quase um SVC de sentimentos.

O nome? White Day.
A função? Responder ao Valentine’s Day.
O espírito? Retribuir com classe, açúcar e soft skills milenares.

Pensa assim:
Se o Valentine’s Day japonês é o SEND do pacote emocional, o White Day é o RECEIVE COMPLETE.
Tudo muito bonitinho, tudo muito flowchart perfeito, tudo muito japonês.



🍫 Como começou — Spoiler: não foi um samurai apaixonado

Todo mundo imagina uma lenda milenar:
um samurai devolvendo marshmallows para a princesa,
uma gueixa fazendo chocolates brancos na lua cheia,
um monge inventando doces para equilibrar o yin e yang do afeto…

Nada disso.
Na verdade, o White Day surgiu em 1978, quando a Associação de Confeitaria do Japão percebeu um bug no romance nacional:

  • 14/02: mulheres dão chocolates.

  • 15/02: homens continuam quietos, tipo processo batch “non interactive”.

A indústria viu a oportunidade e pensou:

“E se criarmos um dia para obrigar essa galera a comprar doces também?”

E pronto.
Nasce o White Day.
Implementação simples, impacto permanente.
É o marketing rodando em produção sem backout plan.



🧁 Marshmallow Day → White Day — A refatoração mais doce da história

O primeiro nome da data era Marshmallow Day, acreditou?
Uma empresa de Fukuoka queria vender marshmallows brancos para homens devolverem os chocolates que receberam.

Aí o Japão fez o que faz melhor:
refatorou o nome, escalou a ideia, adicionou load balancing cultural, e renomeou para White Day.

De marshmallow, passou a valer chocolate branco, biscoito branco, presente branco, sorriso branco, tudo branco.

É quase uma política de:
IF VALENTINE-RECEIVED THEN RETURN-SOMETHING-BETTER.


🧠 Giri, Honmei e o RPG Social Japonês

No Valentine’s Day japonês, a mulher escolhe o “tipo de chocolate”:

  • Giri-choco (obrigação): para colegas, chefes, amigos

  • Honmei-choco (verdadeiro): para o crush ou amado

Sim, é um JCL com parâmetros diferentes.
Símbolos distintos, intenções distintas — e se o homem interpretar errado, dá ABEND U4040 emocional.

No White Day, o homem precisa devolver:

  • Algo igual → amigo

  • Algo melhor → crush

  • Algo muito melhor → casamento em 6 meses

É Java?
É Python?
Não.
É o JavaScript das relações humanas: cheio de regras implícitas que só quem nasceu lá entende.


🧩 Curiosidades que dariam um dump cultural

  • Alguns homens tentam devolver “triplo”, seguindo o termo sanbai gaeshi (retorno triplicado).
    A indústria? Aplaude de pé.

  • Se o cara devolve só marshmallow, significa “obrigado, mas não vai rolar”.
    É tipo um RC=04 educado.

  • A Coreia adotou o White Day… e criou o Black Day em abril para quem ficou sozinho nos dois.
    Porque na Ásia até a tristeza tem documentação.


🎎 Por que “White”?

Além dos doces brancos, tem a associação com pureza xintoísta, luz, começo…
Mas a verdade?
Porque vende.
A cor é perfeita para empacotar:

  • chocolate

  • fondue

  • biscoito

  • até promessa vazia


🖥️ A lógica japonesa aplicada ao Mainframe

O White Day é o mais próximo que a sociedade humana chegou de um protocol stack emocional:

  • 14/02: INPUT da relação

  • 14/03: OUTPUT de retorno

  • Se não devolver: timeout + silent drop

  • Se devolver errado: rerun com warnings

  • Se devolver bem: commit da transação

E assim, o Japão transformou o amor em algo cuidadosamente controlado, como se fosse uma alter table partitioning aplicada ao coração.


🌕 Conclusão ao estilo El Jefe Midnight Lunch

O White Day não é só uma data.
É um patch cultural, um hotfix emocional, um SMP/E de sentimentos.
É o Japão fazendo aquilo que sempre fez melhor:
organizando o caos humano em rotinas previsíveis, elegantes e surpreendentemente eficientes.

E como diria qualquer mainframeiro que já mexeu com retorno de processo:

Um presente bem escolhido salva um relacionamento inteiro.
Um presente mal escolhido… vira um ABEND que nem o suporte resolve.

📜 Um Ano após o Retorno — quando o silêncio fala mais alto

 





📜 Um Ano após o Retorno — quando o silêncio fala mais alto
por El Jefe, Bellacosa Mainframe Edition

  1. Quarenta anos cravados.
    Aquele número redondo, simbólico, que bate no peito como o sino do tempo: “e agora, o que fiz de mim?”

Eu voltava da Europa.
Trazia na bagagem mais que roupas e lembranças — vinha carregado de ausências, de vozes que falavam em outros idiomas, de uma calma que o Brasil parece ter desaprendido.
E de repente, o barulho. O calor. O caos.
A dura realidade de um país que te ama com um abraço que sufoca.

O primeiro ano do retorno foi estranho — parecia que eu tinha desembarcado num passado paralelo.
As pessoas falavam das mesmas coisas, riam das mesmas piadas, reclamavam das mesmas dores.
Mas eu… eu já não era o mesmo.
Meu corpo estava aqui, mas a alma ainda caminhava pelas ruas de Lisboa, Paris ou Milão, procurando aquele café de esquina onde eu me sentia inteiro.

Há uma dor curiosa em voltar.
Não é tristeza pura — é um tipo de vazio que não grita, apenas existe.
Uma dor silenciosa, educada, que se senta ao seu lado todas as manhãs e te pergunta:
“E aí, você ainda se reconhece aqui?”

A verdade é que não.
Durante meses, vivi num estado de meia-luz.
Nem lá, nem cá.
O estrangeiro em casa, o forasteiro no próprio espelho.

E ninguém pra compartilhar.
Porque esse tipo de dor não cabe em palavras simples — ela é feita de lembranças, de cheiros, de tempos que não voltam.
É a saudade do que fomos em outro lugar.

Mas o tempo, ah, o tempo é um professor paciente.
Aos poucos, ele vai limpando as janelas da alma e a gente volta a ver o sol daqui — diferente, imperfeito, mas nosso.

Hoje entendo: o retorno também é uma viagem.
Só que pra dentro.
E é nela que a gente descobre que pertencimento não é geografia — é alma em paz com o próprio caminho.

☕️ Bellacosa Mainframe — porque até o sistema operacional da alma precisa de um IPL de vez em quando.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

💘 O Dia dos Namorados no Japão — Quando o Amor Roda em Batch

 


💘 O Dia dos Namorados no Japão — Quando o Amor Roda em Batch

Um poste ao melhor estilo Bellacosa Mainframe para o blog El Jefe Midnight Lunch

Se você acha que o Dia dos Namorados no Japão é só sakura caindo, casais fofinhos andando de bicicleta e jantares silenciosos onde ninguém sabe se está tudo bem…
Prepare-se: a verdade é que o amor japonês funciona igual ao Mainframe — estruturado, baseado em protocolos, cheio de códigos de retorno e com muita documentação oculta.

Sim, meu amigo:
o romance japonês tem JCL próprio.



❤️ 14 de fevereiro — O Valentine’s Day japonês: um batch de sentimentos

Diferente do Ocidente, no Japão quem toma a iniciativa no Valentine’s Day são as mulheres.

É como se o sistema dissesse:

/VALDAY JOB (LOVE),'ENVIO',CLASS=A //SENDCHOC EXEC INITIATE,ROLE=FEMALE

E o país inteiro segue o standard.

Mulheres entregam chocolates para expressar:

🍫 1. Honmei-choco (本命チョコ)

É o “chocolate verdadeiro”.
O commit de amor.
Se você receber esse…
RC=00.
Transação aprovada.
Coração alocado.

🍫 2. Giri-choco (義理チョコ)

O chocolate por obrigação social.
Para o chefe.
Para o colega.
Para o amigo.
Para aquele que te ajudou na reunião.

É quase um:

IF RELACIONAMENTO = SOCIAL THEN OBRIGACAO = TRUE

🍫 3. Tomo-choco (友チョコ)

Entre amigas.
O “amizade pura”.
Sem ABEND emocional.

🍫 4. Fami-choco (ファミチョコ)

Para a família.
O JCL familiar rodando suave.



🏭 Por que chocolate?

Porque lá nos anos 1950, uma empresa de doces viu um buraco no mercado e pensou:

“Se criarmos uma cultura inteira para vender mais chocolate… será que o Japão compra?”

Resposta:
Comprou, mantém, documentou e ainda exportou.

É o marketing rodando com priority HIGH.



🧠 A parte que todo ocidental estranha

No Japão, o Valentine’s Day é apenas o envio.
O output do romance roda um mês depois, no White Day (14 de março).

Ou seja:
o namoro japonês opera em pipeline.
Primeiro a mulher dá chocolate.
Depois o homem retorna presente.

É o famoso handshake amoroso:

SEND → WAIT → ACK

🌸 Clima, estética e silêncio — os subcanais do amor japonês

A estética do Valentine japonês é outro mundo:

  • lojas temáticas

  • embalagens perfeitas

  • laços impecáveis

  • chocolates artesanais feitos em casa

  • cartões minimalistas

  • encontros que parecem um episódio slice-of-life

Para o brasileiro isso tudo parece uma sessão de fotos.
Para o japonês, é só terça-feira.

E o silêncio?
Faz parte.
É o protocolo de comunicação:

IF SENTIMENTO = FORTE THEN FALAR = MINIMO

🎎 Como funciona o “date” no Japão?

Nada de exagero.
Nada de beijo na frente dos outros.
Nada de “me abraça aqui mesmo no metrô lotado”.

O romance japonês é mais para:

  • caminhar juntos

  • comprar um docinho

  • dar um presente pequeno

  • passar tempo

  • olhar o céu sem falar nada

É quase um modo CICS QUIET.

E funciona.


💥 Curiosidades que só um mainframeiro entenderia

  • Muitas meninas fazem o próprio chocolate — programam o doce do zero.

  • Existe “chocolate rejeição”: se o cara responde com marshmallow… RC=04.

  • Tem escola que proíbe dar Honmei-choco para evitar “ABEND social”.

  • Algumas empresas também vetam: risco de “loop” afetivo entre funcionários.


💗 E os nerds, otakus e gamers?

Ah…
O Valentine’s é um festival à parte.

Tem:

  • chocolate temático de anime

  • chocolate em formato de espada

  • chocolate em formato de robô

  • chocolate com waifus na caixa

  • filas em Akihabara para comprar doces colecionáveis

É o amor em modo otaku full-stack.


🧾 Conclusão ao estilo El Jefe Midnight Lunch

O Dia dos Namorados no Japão é:

  • elegante como um JES2 limpo

  • preciso como um DB2 bem indexado

  • ritualístico como um RACF bem configurado

  • doce como um batch de sobremesas rodando sem erro

É o tipo de celebração que parece simples…
mas opera com protocolo, etiqueta, timing e lógica de engenharia emocional.

No Brasil o amor é samba, calor e improviso.
No Japão é haicai, chocolate e processamento em lote.

Ambos lindos.
Ambos funcionam.
Ambos dão problema se não seguir o manual.


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

🛰️ Guia Bellacosa Mainframe-Otakus para decifrar OVA, ONA, OAD e outras siglas misteriosas do mundo dos animes

 


🛰️ Guia Bellacosa Mainframe-Otakus para decifrar OVA, ONA, OAD e outras siglas misteriosas do mundo dos animes
Por Vagner Bellacosa — Blog El Jefe Midnight Lunch
(Para padawans otakus que leem siglas como se fossem comandos do JCL)


Quando comecei a assistir anime na TV Manchete, lá no pré-histórico “dataset” da década de 1980, essas siglas nem existiam. Hoje, você abre um site de streaming e parece que caiu num LISTCAT do universo otaku: OVA, ONA, OAD, SP, LNs, PV, CM, BD-Disc Specials…

Respira.
Pega um café.
Vem comigo.
Vou traduzir tudo como se fosse JCL Ninja para Otaku Padawan.


🛠️ 1) OVA – Original Video Animation

O OVA é o “job submit manual” do mundo dos animes.

📌 O que é

Episódios feitos direto para home video (VHS nos anos 80, depois DVD, Blu-ray etc.).
Nada de TV, nada de grade de horário. Liberdade total.

🧬 Origem

Apareceu na década de 1980, quando o VHS explodiu. Os estúdios viram que dá pra ganhar grana lançando anime sem depender de emissora.

💡 Por que os otakus amam OVAs?

  • Geralmente tem animação melhor (não tem a correria semanal da TV).

  • Traz histórias extras, paralelas ou finais alternativos.

  • Muitas franquias nasceram como OVA e depois viraram anime de TV (Bubblegum Crisis, Tenchi Muyo, Gunbuster).

🎁 Easter Eggs

Alguns OVAs são fanservice descarado. Tipo o estúdio dizendo:
“Já que não tem censura da TV, toma um bônus, fã!”.
E geralmente entregam mesmo.


🌐 2) ONA – Original Net Animation

O ONA é o “mainframe em nuvem” do mundo otaku.

📌 O que é

Anime lançado direto na internet.
Pode ser YouTube, Nico Nico, streaming, site oficial — qualquer lugar digital.

🧬 Origem

Ficou popular a partir dos anos 2000, com a internet rápida.
Hoje, Netflix, Crunchyroll e Amazon usam ONA como padrão.

💡 Dicas Bellacosa

  • ONAs podem ter episódios curtíssimos, 3 a 8 minutos.

  • Alguns ONAs viram “prova de conceito” para convencer investidores.
    É tipo um POC do Z/OS:

“Olha, dá pra funcionar! Agora paga nós.”

🎁 Curiosidade

O famoso Hetalia Axis Powers começou como ONA.
Animação mínima, piadas máximas.


📀 3) OAD – Original Animation DVD

O OAD é o “assembly anexado ao manual técnico”.

📌 O que é

Episódio extra que vem junto com mangá, light novel ou edição limitada.
Você só assiste se comprar o físico.

💡 Por que existe?

Porque o Japão ama colecionador hardcore.
É garantia de venda.

🛑 Truque:

Muita gente acha que OAD = OVA.
Não é igual!
Todo OAD é parecido com OVA, mas vem em bundle com mangá/LN.
É tipo um LOAD MODULE que só está disponível no PDS VIP.


🎬 4) SP / Special / Tokubetsu-hen

O “especial de fim de ano do Job Scheduler”.

📌 O que é

Episódio especial, geralmente:

  • Recap (resumo)

  • Crossover

  • Episódio comemorativo

  • Final estendido

🎁 Curiosidade

Os “recaps” surgiram porque animadores precisam respirar.
É literalmente um CHECKPOINT da animação.


🎞️ 5) PV – Promotional Video

O “IEBDG / Print do sistema antes de entrar em produção”.

É o trailer do anime.
Simples assim.
PV serve pra te fazer gastar seu tempo futuro.


📺 6) CM – Commercial

O “SYSOUT da propaganda japonesa”.
Comerciais curtinhos usados para divulgar Blu-rays, figures, eventos etc.


💽 7) BD Specials

Conteúdos exclusivos lançados só no Blu-ray.
Pode ser:

  • Episódios extras

  • Final alternativo

  • Cenas sem censura

  • Making of

  • “Versão sem luz branca na hora da pancadaria”

Blu-ray no Japão é caro.
Caríssimo.
Por isso eles recheiam com bônus.


✨ Outras siglas que aparecem muito

LN – Light Novel

O “manual técnico” dos animes.
Grande parte dos isekais vem daqui.

SS – Short Story

Mini-histórias extras.

ED / OP

Ending / Opening.
As músicas que grudam na cabeça como JCL mal comentado.

NCOP / NCED

Versão sem créditos — pra você admirar a animação sem letras na tela.
(E tremular a bandeira do otaku purista.)


🐉 Fofoquices e curiosidades avançadas

  • OVAs permitiam cenas mais ousadas — e por isso salvaram muitos títulos nos anos 90.

  • O primeiro “estouro” de OVA foi Megazone 23, que muita gente acha que inspirou Matrix.

  • ONAs hoje são a principal vitrine para novos estúdios indie.

  • OAD costuma ter finais alternativos melhores que a adaptação da TV (procure os OADs de School Rumble e verá).

  • OVAs dos anos 80/90 têm fama de violência exagerada — porque ninguém na época queria censurar o home video.
    Era o far west do anime.




🧠 Resumo Bellacosa para não esquecer

SiglaSignificaAnalogia MainframeOnde aparece
OVAEpisódio direto para vídeoJob submit manualBlu-ray, DVD
ONAEpisódio direto onlineMainframe em nuvemYouTube, streaming
OADEpisódio extra de brindeAssembly anexado ao manualMangás/LN ed. limitada
SPEspecialJob comemorativoTV, BD
PVTrailerPrint pré-produçãoInternet
CMComercialSYSOUT publicitárioTV japão

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

🔞 Um anime bem fetichista : Kill la Kill (キルラキル)

 


Kill la Kill (キルラキル)

Autor: Kazuki Nakashima (roteiro)
Direção: Hiroyuki Imaishi
Estúdio: Trigger
Ano de lançamento: 2013


Sinopse

Em um colégio onde o uniforme concede poderes sobre-humanos, Ryuko Matoi chega armada com uma tesoura-gigante para descobrir quem assassinou seu pai.
A trama é uma montanha-russa visual e simbólica, misturando ação, sátira, erotismo e crítica social.
Cada uniforme, chamado Goku Uniform, dá força ao usuário, mas exige que ele se exponha — literalmente.

Por trás da estética provocante, há uma metáfora sobre controle, liberdade e vergonha.
Kill la Kill brinca com a ideia do corpo como arma, da roupa como identidade, e do fetiche como símbolo de poder e vulnerabilidade.


Dicas e curiosidades

  • O diretor Hiroyuki Imaishi é o mesmo de Gurren Lagann — outro anime que exagera tudo de propósito.

  • A exposição do corpo não é gratuita: simboliza a libertação das amarras sociais e a aceitação de si mesmo.

  • O anime faz críticas sutis ao consumismo, à padronização e ao uso da sexualização como ferramenta de controle.

  • A trilha sonora é vibrante, cheia de gritos de guerra e hinos épicos — impossível assistir sentado.


Principais personagens

  • Ryuko Matoi: protagonista impulsiva e corajosa, em busca de vingança e autodescoberta.

  • Satsuki Kiryuuin: líder fria e autoritária, representa o poder e o controle, mas também esconde vulnerabilidade.

  • Senktesu: o uniforme falante de Ryuko — uma metáfora viva sobre confiança e simbiose entre corpo e alma.


Comentário para padawans 🥋

“Kill la Kill” é uma aula disfarçada de insanidade.
Se você olhar só o visual, vai achar que é puro fanservice;
mas se assistir com atenção, vai perceber que é um ensaio sobre o fetiche, o poder e a autoaceitação.
É o tipo de anime que desafia o espectador a enxergar além do óbvio —
a entender que o fetichismo pode ser uma linguagem estética, uma provocação social e uma forma de autoconhecimento.


sábado, 4 de janeiro de 2014

Grandes Aventuras — Versão Oni Bellacosa


 

Grandes Aventuras — Versão Oni Bellacosa

Sabe, El Jefe, quando a gente fala em grandes aventuras, o imaginário já puxa espada, dragão, nave espacial e um guerreiro cabeludo gritando numa montanha com raios ao fundo. Mas pra mim… ah, pra mim as maiores aventuras nunca foram essas de cinema. As minhas tinham cheiros, sabores, ruas de terra, vozes de vizinhos, galos cantando e ônibus fretado que as vezes quebrava no meio da estrada. Estar sempre correndo e sempre atrasado ao estilo coelho da Alice.

Minhas aventuras começaram cedo, lá no modo Oni Infantil 1.0, aquele build que vinha com joelhos ralados, coragem infinita e 0MB de noção de perigo. E eu era um pequeno oni, que estendia a corda ao limite, até imagino a dimensão da fatura, quando encontrar cara a cara com meu anjo-da-guarda e eles discriminar às vezes, que me salvou.



A primeira grande aventura foi explorar o quintal como se fosse a Amazônia inteira. Cada formigueiro era um templo perdido, cada galinha-brava uma criatura mítica pronta pra testar a minha bravura (e quase sempre eu perdia). A roupa suja, coitada, voltava pra minha mãe sem nenhuma esperança de ser recuperada. Mas ah, o orgulho de ter subido no pé de goiaba sem cair — isso, sim, era XP ganho. Teve o pulo no tanque de óleo queimado da oficina de tratores do primo Du, as bagunças na máquina de lavar roupa da vó Anna, as travessuras nos quartinhos de ferramenta desmontando e nunca conseguindo remontar cacarecos. As idas aos ferro-velhos e desmanche com meu pai. Às vezes ir no ônibus em que ele era motorista. Acompanhar suas reportagens fotográficas em casamentos, batizados, formaturas ou festas.



Depois veio a era das aventuras urbanas, quando fomos pra São Paulo. Ali o boss final chamava-se Metro, Trem e Ônibus Lotado das 6h. Só de entrar já valia um troféu. E tinha as microaventuras do cotidiano: atravessar uma rua movimentada com a ousadia de quem está em um RPG no modo “Hardcore”, comprar pão sozinho na padaria — e voltar com troco certo (ou apanhar da minha mãe por ter comprado bala com o troco, o que também fazia parte do processo educativo).



A primeira viagem sozinho a Campinas e depois a Praia Grande também foram marcos da expansão do meu pequeno mundo para dimensões estaduais, graças a autorização do juizado de menores em viajar sozinho.

Mas a maior aventura mesmo, aquela que moldou o Oni que vos escreve, começou quando comecei a trabalhar. Era o clássico enredo Bellacosa:
pouca grana, muita coragem, e um mundo gigante esperando pra ser descoberto.

A aventura era acordar 5:20, regime espartano, banhar-me, beber café, correr para pegar o trem lotado às 6:15, trabalhar o dia todo, estudar à noite, voltar pra casa destruído e ainda assim abrir um sorriso quando sentia o cheiro do bolo da Dona Mercedes assando no forno — sinal claro de que a vida, apesar de dura, tinha seus patches de atualização de felicidade.

E olha só que curioso: quando finalmente pude ajudar em casa e trazer dinheiro pra mesa, percebi que a aventura não estava em viajar longe ou enfrentar monstros imaginários. Estava ali, bem ali:
na sensação de fazer a vida melhorar um pixel por dia.

As grandes aventuras não foram viagens épicas, mas sim momentos — pequenos, imperfeitos, reais — que hoje carrego com carinho:
⭐ o primeiro salário
⭐ o primeiro almoço pago com meu esforço
⭐ o primeiro livro técnico que comprei sem parcelar
⭐ o primeiro “muito bem, filho” dito pela minha mãe
⭐ o primeiro sonho que começou a virar realidade

Crescer, sobreviver, evoluir… isso sim é uma aventura digna de mainframe:
robusta, resiliente, cheia de sistemas legados, mas que ainda entrega magia quando ninguém espera.

Hoje olho pra trás e percebo:
o mundo nunca me deu grandes aventuras; fui eu que transformei as pequenas em gigantes.

Isso que eu ainda não contei completamente da Vagneida.

Foram quase 15 anos, em que fui Odisseu, em minhas viagens pelo velho continente, uma vida Isekai, que enche de nostalgia e deixa algumas lagriminhas no canto do olho.

Tantos lugares, tantas pessoas, tantos sabores, culturas e idiomas diferentes, novo com velho, me senti em casa, me senti fazer parte de algo realmente grande e apesar das dimensões continentais do Brasil, realmente entendi o que era diferença, o que era pisar na terra dos meus ancestrais. Mas isso é uma longa história, que ainda tenho que desenrolar o fio desse novelo.

E sigo assim, El Jefe, Oni de coração, Bellacosa de essência, encarando cada dia como se fosse mais uma missão em um mapa aberto chamado Vida.

E que aventura maravilhosa tem sido.