segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

⏳💭 O Relógio Mental e a Ilusão do Tempo — Quando a Vida Vira um Loop de Execução Infinita

 


⏳💭 O Relógio Mental e a Ilusão do Tempo — Quando a Vida Vira um Loop de Execução Infinita
por Bellacosa Mainframe – edição El Jefe Midnight


Tem dias em que o corpo está novo, mas a alma parece rodar num hardware vintage.
O relogio mental marca outro tempo — mais lento, mais cansado, mais cheio de logs pendentes.
É o descompasso entre a idade física e a idade emocional, o timing que o sistema operacional da vida nunca sincroniza direito.

Nos ensinaram a medir o tempo por produtividade.
E a cada ciclo, a meta sobe, o descanso encurta, o foco se dispersa.
Vivemos um loop job eterno, onde a rotina é o JCL e o relógio é o scheduler invisível que dita o ritmo da existência.


🕰️ 1. O BUG DO SISTEMA: CORRER SEM SABER PRA ONDE

Desde cedo, somos programados para executar sem questionar.
“Estude pra trabalhar, trabalhe pra pagar, pague pra viver.”
Mas ninguém explica que esse ciclo batch não tem ponto de parada — e que, se você não fizer um STOP RUN consciente, o sistema entra em loop infinito.

O resultado?
Corpo exausto, mente ansiosa, e a sensação de que o tempo está sempre um passo à frente.

“A vida moderna é o único sistema que processa mais rápido quanto mais você se sente atrasado.”


⚙️ 2. O DESCOMPASSO INTERNO

A idade física é cronológica.
A mental é emocional e contextual — depende do peso que você carrega e da leveza que permite.
Há jovens de 25 com alma de 70, e idosos de 70 com brilho de 25.
O relógio interno não conta anos — ele mede histórias, pressões e pausas negadas.

Cada vez que você abre mão de si mesmo pra caber em mais uma planilha, o ponteiro interno adianta.
E quando tenta desacelerar, vem a culpa — como se descansar fosse downtime improdutivo.


🌿 3. COMO REPROGRAMAR O RELÓGIO MENTAL

🧘‍♂️ SYNC CLOCK — pare de comparar o seu tempo com o dos outros.
Cada mente roda num firmware diferente.
Alguns processam rápido, outros precisam de sleep mode.
E tudo bem — não existe SLA pra alma.

🌅 ADJUST PRIORITY — coloque o essencial em HIGH.
Dormir bem, comer com calma, conversar com quem te entende.
Esses são os core jobs da saúde mental.

💬 RUN REFLECTION — ao invés de medir o dia pelo que entregou, meça pelo que sentiu.
Quantas risadas? Quantos respiros? Quantas pausas sem culpa?

🔁 AUTOTUNE MODE — revise sua rotina como quem ajusta performance:
se está sempre cansado, algo no batch diário está mal dimensionado.

“Equilíbrio não é fazer tudo. É fazer o suficiente para ainda se reconhecer no espelho.”


🧩 4. POR QUE O SISTEMA NOS MANTÉM CORRENDO

Porque um ser exausto não questiona.
O mundo moderno se alimenta da pressa — ela movimenta consumo, status, ansiedade e dependência.
O sistema te quer online, mas nunca pleno.
Quer que você execute comandos, não que reflita sobre eles.

Mas existe uma rebeldia silenciosa em viver devagar.
Em responder com calma.
Em aceitar que o relógio pode girar, mas você não precisa girar com ele.


☕ Epílogo Bellacosa

No fim, talvez não sejamos lentos nem atrasados.
Talvez só estejamos em outro fuso emocional.
E tudo bem.
O tempo da alma não obedece a relógios digitais.

“Viver é aprender a sincronizar o coração com o relógio da consciência — e não com o cronômetro do mundo.”

💼 Da Zona Leste à Avenida Paulista

 


💼 Da Zona Leste à Avenida Paulista

Acordava cedo, o sol mal nascido sobre os telhados de Guaianazes, extremo leste de São Paulo.
Marmita na sacola, mochila com cadernos e livros, gravata meio torta, e um coração cheio de sonhos. Sempre atrasado e sempre correndo. Num contra-relogio que pequenos atrasados eram questão de vida e de morte.

🚆 O destino? Avenida Paulista.

Pegava os trens cacarecos da CBTU, que somente um milagre divino, fazia funcionar, pessoas penduradas, portas abertas, alguns maconheiros e evangélicos disputavam centímetro a centímetros o espaço interior dos vagões. Ao chagar no Brás, outra epopeia, agora os ônibus hiper lotados do Largo da Concórdia, atravessava o centro velho e subia a cidade como quem sobe uma montanha.
No caminho, via o Brasil real — gente simples, batalhadora, movendo a engrenagem da metrópole.

Eu era office-boy, entre documentos, carimbos e filas de banco.
Mas o que me fascinava mesmo eram os terminais 3270.
Aquelas telas verdes piscando códigos… pareciam janelas para outro mundo.

Um dia, uma caixa misteriosa chegou ao escritório.
Dentro dela, um microcomputador XT, monitor VGA novinho.
Zero quilômetro. Zero medo. Só ninguém sabia montar. 😅

Tomei coragem e fui até a sala do gerente geral, o Dr. Vicente Kazuhiro Okazaki.
Pedi permissão para instalar. Ele me olhou, surpreso — um garoto cheio de espinhas, solicitando pra mexer em um computador.

Depois de um silêncio que pareceu uma eternidade, ele sorriu, pegou o telefone e ligou para a secretaria Elizabeth:

“Deixa o rapaz montar esta maquina. Vamos ver no que dá.”

E ali, entre uma entrega e outra, entre um 3270 e uma marmita aquecida no vapor, na sala de reunião improvisada como refeitorio: eu comecei a minha grande aventura: pilotar o pc,  digitar, conectar, aprender e entrei num portal do outro mundo.



💻 Aquele PC virou meu laboratório.
A Avenida Paulista, meu primeiro datacenter.
E o office-boy da Zona Leste, o aprendiz que descobria a magia dos sistemas.

Hoje, quando vejo uma API REST conversando com um mainframe, lembro daquele XT.
Daquela tela VGA monocromático verde, o barulhinho do leitor de disquetes 5 1/4 carregando o sistema MS-DOS, a maquina inicializando naquele prompt, piscando o futuro.
E do dia em que liguei, ao mesmo tempo, um computador e o meu destino.

Naquele momento nunca imaginei, que iria chegar tão longe, tinha sonhos, tinha esperanças, mas a realidade era muido dura,  os desafios e perigos enormes. Obrigado Dr. Vicente por ter acredito em mim.


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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

🍹 Bebidas Brasileiras de Origem Japonesa (ou com DNA Nipônico disfarçado)

 


🍹 Bebidas Brasileiras de Origem Japonesa (ou com DNA Nipônico disfarçado)

Por Vagner Bellacosa ☕ — El Jefe Midnight Lunch Edition


🍶 1. Saquê brasileiro — o destilado que pegou sotaque tropical

Quando os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em 1908, uma das primeiras saudades foi do saquê.
Mas o clima quente, o arroz diferente e a falta de koji japonês obrigaram os pioneiros a improvisar.
Em 1934, surgia em Registro (SP) a primeira produção artesanal de saquê brasileiro, adaptada ao arroz tropical.

O sabor? Menos seco, mais frutado — uma mutação que combinou com o paladar brasileiro.
Nos anos 70, o saquê local já era vendido em bares, misturado com limão, frutas e gelo.
Nascia o “saquerinha”, o primo cosmopolita da caipirinha — o drink que transformou o saquê em festa de boteco.

💡 Curiosidade: hoje o Brasil é o maior produtor de saquê fora do Japão, e o rótulo paulista Azuma Kirin domina 70% do mercado nacional.




🧊 2. Saquerinha — o filho mestiço do Japão com o Brasil

O nome é híbrido e o espírito idem:
mistura do saquê japonês com o ritual da caipirinha brasileira.
Inventada provavelmente em São Paulo nos anos 1980, em bares da Liberdade, a saquerinha virou o drink oficial de quem queria ser chique sem perder o jeitinho tropical.

As versões de morango, kiwi e maracujá substituíram o clássico limão, e a receita rodou o país.
É a prova líquida de que o Brasil nunca copia — adapta, samba e serve gelado.




🧋 3. Bubble Tea Brasil (ou “chá com bolinha” made in Liberdade)

Chegou nos anos 2000 direto de Taiwan e Japão, mas só explodiu em São Paulo depois de ser tropicalizado:
menos chá verde, mais leite, mais açúcar e pérolas de tapioca maiores.
Hoje, há versões com açaí, cupuaçu, cajá e até guaraná, todas criadas aqui.

Na prática, o bubble tea brasileiro é um híbrido nipônico-tupi — a fusão entre tecnologia asiática e calor de padoca paulistana.




🍵 4. Matchá Latte Brasileiro — o zen da cafeteria de shopping

O matchá (pó de chá verde moído) chegou com os imigrantes, mas era raro fora das colônias.
Nos anos 2010, os baristas brasileiros o transformaram em matchá latte, com leite vaporizado e mel — versão mais doce, instagramável e tropical.
É o yakult da geração fitness: oriental na teoria, paulistano na prática.


Bellacosa comenta:

Essas bebidas são o retrato do Brasil que o Japão ajudou a misturar:
disciplinado no preparo, criativo no improviso e sentimental no resultado.

Enquanto o Japão busca a perfeição, o Brasil busca o sabor —
e juntos criaram um portfólio de líquidos que rodariam até no mainframe da nostalgia.


💡 Dica do El Jefe Midnight Lunch:

  • Experimente saquerinha com cachaça branca — modo híbrido, 200% fusão cultural.

  • No calor, um yakult com gelo e vodka vira “saquê da geração Y”.

  • E lembre-se: cada gole dessas fusões é um handshake cultural entre Tóquio e Tatuapé.