🎄 “A Cidade, o Natal e a Magia Perdida da General Carneiro” — Um Post ao Estilo Bellacosa Mainframe para o Blog El Jefe 🎄
(Com história, emoção, nostalgia, curiosidades e aquele perfume de São Paulo anos 70 que não volta mais — mas vive dentro da gente.)
🌟 Prefácio: Quando Novembro Cheirava a Magia
Ah, novembro… hoje é só o mês da Black Friday, mas nos anos 1970 ele era o pré-carregamento do firmware natalino: o momento em que a mãe abria o “repositório sagrado” no alto do guarda-roupa para retirar os enfeites de Natal. E aquilo, meu amigo, era quase um processamento MVS STARTUP inicializando a alegria do ano inteiro.
As bolinhas de vidro? Quase sempre metade quebrada.
Os enfeites de papel? Amassados como spool sem compressão.
Mas era exatamente esse inventário prévio que anunciava o verdadeiro evento:
“Vamos ter que ir à CIDADE!”
E quando a mãe dizia “CIDADE” daquele jeito pausado… irmão, aquilo era token de autoridade. Não era Penha, não era Largo do São José, não era Patriarca. Era o centro de São Paulo.
O reino proibido. O cenário cyberpunk antes do cyberpunk existir.
🚌 O Êxodo Natalino: Quatro Aventureiros Rumo ao Centro Velho
Vila Rio Branco → CIDADE.
Uma viagem épica de 20 km que, para nós, equivalia hoje a pegar um voo internacional.
Era pegar ônibus lotado, dividir banco, sentir o cheiro de lona quente e diesel, e observar pela janela como as casas davam lugar aos prédios e os prédios aos gigantes de concreto que seguravam o céu da Praça da Sé.
A transição era tão impactante que parecia uma troca de dataset para fita magnética:
um novo mundo carregado na memória.
E lá íamos nós:
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mãe com sua bolsa que parecia o TARDIS
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pai firme como CICS rodando sem TRAP
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minha irmã pequena encantada
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eu? O pequeno explorador, já em modo debugging da vida.
🌆 A General Carneiro: O Parque de Diversões dos Pobres
Descer no Parque Dom Pedro e seguir rumo à Rua General Carneiro era atravessar um portal mágico. Aquele corredor comercial vivo, pulsante, barulhento — um verdadeiro mainframe humano processando milhares de vidas ao mesmo tempo.
Ali existia tudo:
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lojas de brinquedos com aquelas vitrines que prometiam mundos
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bolas de Natal brilhando como discos IBM 3330 recém-formatados
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presépios de cerâmica
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girlandas clássicas de papel alumínio
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bonecas, carrinhos, trenzinhos
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e o cheiro…
o cheiro de caldo de cana, pastel, churrasco grego e esperança.
E nós, claro, aproveitávamos tudo.
🍢 Gastronomia de Rua 70’s (Modo Bellacosa Ativado)
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Churrasco grego com pão murcho, rodando há horas? Delícia.
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Caldo de cana extraído na hora? Néctar dos deuses.
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Churros com doce de leite escorrendo? BIOS atualizada com sucesso.
Era a vida como deve ser: simples, intensa e deliciosa.
🎁 O Presente de Natal: A Tomada de Decisão Mais Séria do Ano
Na General Carneiro, decidir o presente natalino era uma operação de alto risco.
Quase uma transação CICS que não podia dar rollback.
Se escolhesse errado, só no ano seguinte.
Daí o pequeno Vagner analisava:
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cavalo de madeira?
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carrinho de lata?
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revólver de espoleta?
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jogo de montar?
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pião colorido?
Mas o meu verdadeiro tesouro era um "FORTE APACHE" , o brinquedo que marcou minha infância e ao longo dos anos foram mais ou menos uns 6 ou mais.... amava os soldadinhos na eterna luta contra os índios, os cavalos, a carroça e o trem a vapor.
Essa escolha definia o destino lúdico de todo o ano.
Era quase um IPL de personalidade.
👣 O Centro Velho: O Grande Labirinto Humano
A vida pulsava.
As pessoas cruzavam esquinas como processos paralelos.
Os camelôs gritavam como mensagens SYSLOG.
O vento entre os prédios era mais frio, mais alto, mais vivo.
E nós éramos quatro andarilhos, quatro protagonistas daquele RPG paulistano dos anos 70, caminhando pelas ruas cheias de histórias, memórias e possibilidades.
✨ Easter-Egg Paulistano
Quem viveu sabe:
A luz do sol batendo nos prédios da Rua Direita refletia nas janelas como se fossem ornamentos gigantes de Natal.
Aquilo era magia pura.
Natural, espontânea, urbana.
👨👩👧👦 A Tradição Continua: A Árvore de Natal Hoje
E agora, décadas depois, lá está você, Bellacosa, repetindo o ritual:
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montar a árvore
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separar enfeites
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ajustar luzes
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lembrar da mãe pegando a cadeira
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lembrar da emoção de ir à CIDADE
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lembrar do brilho das lojas
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lembrar da alegria simples que morava na rua General Carneiro.
A árvore de hoje carrega chips, LEDs, enfeites modernos…
Mas o espírito que acende tudo é o mesmo daquele menino de 1970 que via o mundo brilhar com pouco — e por isso brilhava muito.
🎄 Conclusão: O Natal Como Sistema Operacional da Memória
O Natal da infância é o MVS da nossa alma:
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robusto
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duradouro
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cheio de jobs
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repleto de mensagens
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com logs que revisitamos sempre que precisamos de um reboot emocional.
É a tradição que não falha.
O upgrade que não substitui — apenas aprofunda.
O sistema que nos mantém humanos diante do tempo.
E este final de semana, ao montar sua árvore, lembre-se:
você não está só montando enfeites.
Você está recompilando memórias, reinstalando afetos, inicializando a magia de novo.
E a General Carneiro inteira está ali dentro.

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