sábado, 24 de abril de 2010

Lisboa Show na Baia dos Golfinhos no zoologico

Um dia especial no Zoo


O Barbinha esta quase completando 2 anos, com um feriado as portas resolvemos tirar o dia em diversão. Levamos ele num lugar magico que desde pequenino ele gosta de ir.



O Zoológico de Lisboa acreditem ou não com meses de idade trazíamos ele para passear nos jardins, ver animais. Pegar ar fresco e tomar um solzinho gostoso.

E neste dia de festa no Zoo, fomos com ele na Baía dos Golfinhos um tanque imenso onde temos shows com leões marinhos e golfinhos.

Ele amou o show, batia palma, ficava encantado vendo os golfinhos, ganhou beijinho do leão marinho foi demais e essas carinha laroca, toda feliz não tem preço.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A ESCOLA MARECHAL – O PRIMÁRIO EM QUE NASCEU UM PEQUENO NINJA

 



A ESCOLA MARECHAL – O PRIMÁRIO EM QUE NASCEU UM PEQUENO NINJA

Um poste estilo Bellacosa Mainframe para o blog El Jefe Midnight Lunch

Existem lugares que a gente não apenas frequenta — a gente sobrevive a eles.
E quando cresce, descobre que ali se forjou todo um jeitão de ser, pensar, sorrir, aprontar e… pular muro.
Para mim, esse lugar atende por um nome pomposo, quase militar, quase burocrático, mas cheio de magia:

EMPG Marechal Juarez Távora.
Vila Rio Branco. Ponte Rasa. 1981–1983.

Se você me conhece hoje — Bellacosa, notívago, escritor de madrugada, professor de mainframe, contador de causos, parkurista aposentado e ninja de Taubaté — saiba que metade disso começou ali.




CAPÍTULO 1 — 1981: O MENINO, A PROFESSORA E O CADERNO DE CALIGRAFIA

Primeira série.
Primeiro ano.
Primeiro choque da vida escolar.

A escola era moderna, enorme, com ambulatório médico, sala odontológica, biblioteca, banda, quadra, refeitório… um luxo educacional para os anos 70/80.
Um verdadeiro data center pedagógico com latas de tinta guache no lugar dos mainframes.

Mas minha professora, dona Cecília, tinha outra visão:
para ela, eu era um menino inteligente demais para o próprio bem.



Eu terminava tudo rápido.
Como castigo?
Me jogava num inferno chamado caderno de caligrafia.

E mais: como sou canhoto, ela implicava com a letra “torta” e me obrigava a escrever como destro.
Imagina a cena: um Bellacosa mirim, lutando contra a própria natureza, escrevendo torto com a mão errada, caligrafia virando uma pista de autorama.



Mas nos intervalos, renascia o guerreirinho:
eu e meu amigo Fábio desenhávamos monstros, heróis tokusatsu, ciborgues e robôs no verso das folhas.

Aqui vai um adendo, além dos versos de folhas, usávamos envelopes de laboratórios fotográficos, onde meu pai e o avô do Fabio, traziam os frutos de seus trabalhos como fotógrafos, reaproveitando folhas e criando mundos imaginários.

Ninguém segurava a criatividade.



Até que veio o primeiro ato falho da minha carreira criminosa infantil:
um belo dia, cansado da professora, eu disse à minha avó Anna:

Vó, amanhã não tem aula!

E miraculosamente ganhei uma manhã deliciosa, vendo TV, vadiando, feliz da vida.

Mas a verdade é como JCL:
se tiver erro, alguém vai achar.

Apareceu a dona Cida, amiga da minha avó, perguntando por que eu não estava indo com o neto dela.
Game over.
Castigo.
Sermão.
E um Bellacosa devolvido ao Marechal.



CAPÍTULO 2 — 1982: A BANDA, A NÊMESIS DA BIBLIOTECA E O SURDO NO SOL DO MEIO-DIA

Segundo ano.
Agora a máquina estava “aquecida”.

Educação física na quadra.
Banda da escola, a famosa FANFARRA.
Amigos.
Aventuras.

A banda durou pouco — ninguém explica por que alguém achou boa ideia dar um surdo gigante para uma criança de 8 anos carregar meio-dia, no sol de rachar.
Foi meu breve período como aprendiz de músico e roadie mirim.

Mas a biblioteca…
Ah, a biblioteca foi o campo de batalha.



A professora responsável encasquetou comigo.

No dia em que ela ordenou para contar sobre a leitura do livro preferido, falei — na maior inocência — A Roupa Nova do Rei, e ainda fiz o resumo do desaventurado rei.

Num Brasil ainda com cheiro de ditadura militar e paranóia ideológica, elogiar um livro sobre um governante, sendo enganado por larápios, e humilhado em sua soberba e que anda pelado, pode ter soado… digamos… “subversivo”.

A professora me fuzilou com os olhos.
Me expôs na frente da classe.
E eu, ferido no ego e no orgulho, comecei a fugir das aulas de leitura por semanas.

Claro que a fuga acabou em outra reunião de pais.
Outro sermão.
Outro castigo.

A vida escolar é um loop: INPUT → PROCESS → ERROR → MSG → REPROCESS.




CAPÍTULO 3 — OS RUFÍAS, O MAIORIAL E O NINJA DE MURO

Também havia os rufias da escola — toda escola tem seus mini-vilões.

E eu abusado e expansivo, entrei em conflito com uns rufias.
A diferença é que eu tinha um trunfo, ou melhor meu pai:
Que comentou com um amigo o problema do pequeno Vagner. Claro que socorrido pelo filho deste amigo, um veterano do quinto ano, que resolveu o problema rapidinho.
Eu ganhei o status de intocável. e eu sendo eu mesmo: virei “maiorial”.

Mas nada — absolutamente nada — marcou tanto quanto o muro.

Houve um tempo em que eu morava colado ao Marechal.
Muro compartilhado, porta da fantasia sempre aberta.



E eu…
ah, eu entrava e saía da escola pulando o muro como um ninja.
Parkour puro.
Desde pequenino gostei das alturas e já era expert em escaladas e andar por muros, os orixás que me perdoem...

Velocidade, impulso, aterrissagem limpa.

Em poucos minutos estava em casa assistindo desenho, como um passe de magica, magia de teletransporte,  ou somente um travesso escalando e pulando o grande muro da escola.

Se o Naruto tivesse nascido na Ponte Rasa, o jutsu dele teria minha assinatura.




CAPÍTULO 4 — O ANO DA TRANSMUTAÇÃO (1983)

1983 foi rajada de vento que virou a prancheta da minha vida de ponta-cabeça.

Mudamos para Pirassununga. 

Houve o caos.

Houve incêndio.

Voltamos para São Paulo.



Houve a separação e a primeira deportação a Guaianazes.

Morei com meus bisavós Francisco e Isabel.
Voltei para o Marechal.
Fiquei um bimestre.
Fui para Taubaté.

Fim da linha.
O Marechal virou memória.
Mas que memória…



As merendas quentes.
Os amigos.
As aventuras.
A banda, a quadra, a biblioteca, o surdo gigante, o muro.
Três séries de caos, magia e infância.


Ali eu aprendi:
• que caligrafia não define ninguém,
• que bibliotecas podem ser selvas,
• que amigos do quinto ano são firewall,
• que mentiras infantis têm monitoramento ativo,
• que o menino Bellacosa já treinava parkour sem saber,
• que crescer é sobreviver,
• e que toda escola é um pequeno mainframe:
roda programas, grava memórias, causa erros, corrige caminhos.

E, no meu core dump da vida,
a EMPG Marechal Juarez Távora ocupa uma das áreas mais quentinhas da storage.

Esta escola foi o pontapé inicial, me mostrou que o mundo não tinha limites, que bastava sonhar e correr atrás desses sonhos, se arriscar, levar nãos, quebrar a cara, mas mesmo assim, levantar-se e recompor-se.

Ser o ISEKAI que o pequeno Vagner Renato Bellacosa se tornaria o homem dos dois continentes, atravessador de oceanos, com altos e baixos, coração partido e partindo corações, vivendo, sorrindo e chorando, às vezes ambos ao mesmo tempo.

Mas sem medo de Viver, às vezes se expondo a risco, trocando o certo pelo duvidoso, sempre naquela ânsia de viver o dia de hoje, como se fosse o último, sem arrependimentos.





segunda-feira, 15 de março de 2010

🍰 Castella — O “Dataset Doce” Que Invadiu o Japão (e os Animes)


 

🍰 Castella — O “Dataset Doce” Que Invadiu o Japão (e os Animes)

Post Bellacosa Mainframe para Otakus do El Jefe Midnight Lunch


Você já viu aquele bolo amarelinho, fofinho, retangular, embalado com um charme vintage japonês, aparecendo em animes escolares, matsuris e lembrancinhas de viagem? Pois bem, jovem padawan otaku… aquilo é o Castella (Kasutera), um dos doces mais fascinantes da história culinária japonesa — e pasme: ele NÃO nasceu no Japão.

Sim, este é o plot twist culinário equivalente ao “o JOB rodou no sistema errado porque o PROC era de outra LPAR”. Prepare-se.


🏰 Origem do Castella — Um Doce “Estrangeiro” que Virou Raiz no Japão

O Castella chegou ao Japão no século XVI trazido pelos portugueses (sim, os mesmos que trouxeram a tempura e ensinaram “pão” aos japoneses).
Na época, o doce era chamado de:

👉 “Pão de Castela” (referência ao reino de Castela, na Espanha).

E os japoneses ouviram “Castela” → Kasutera.

Só que o Japão da era Edo era cheio de restrições e censuras alimentares (shogunato sendo shogunato).
Resultado?

Os japoneses recriaram o doce com a tecnologia local, sem lactose, sem manteiga, sem fermento… só o básico:

  • ovos

  • açúcar

  • farinha

  • xarope (mizuame)

E assim nasceu o Castella japonês, o primo geek e disciplinado do bolo português original.


🖨️ Por que o Castella é o “COBOL da Confeitaria”?

Porque:

✔ É antigo, mas perfeito.
✔ Simples na superfície, mas exige técnica absurda.
✔ Todo mundo respeita.
✔ Foi adotado pelo Japão e virou patrimônio.
✔ E continua sendo usado até hoje — legacy robusto e imortal.

É o bolo que nunca dá ABEND — desde que você bata MUITO bem as claras e não faça bobagem.




🍰 Castella nos Animes — Onde Ele Brilha

Se você já assistiu anime school, slice of life ou matsuri-themed, ele COM CERTEZA apareceu. Alguns exemplos:

🎎 Nagasaki Castella — o clássico

  • Em Kimi ni Todoke, aparece como presente de agradecimento.

  • Em Tamako Market, surge como item tradicional de loja do distrito.

🧧 Souvenir “classe S”

Em vários animes, personagens que viajam a Nagasaki trazem castella como omiyage (presente).
É o equivalente japonês de:
👉 “Voltei de viagem, toma esse dataset de carinho embalado.”

🍰 Castella de Festival

  • Em Dagashi Kashi

  • Em Shirokuma Café

  • Em Anpanman (sim, existe um vilão que é literalmente uma fatia de castella — o Kasutera-daiō).

Esses japas conseguem transformar QUALQUER coisa em personagem. Não subestime.


🤫 Easter Eggs e Fofocas Históricas

🥚 1. Sobremesa da Elite

Durante séculos, castella era doce de gente rica, porque açúcar no Japão era mais caro que memória expandida nos anos 70.

🧾 2. Foi alvo de censura

Sim.
No Período Edo, o shogunato controlava produtos estrangeiros.
Castella quase foi banido — mas era tão bom que alguém no alto escalão claramente gostava.
Chamamos isso de “despachante bonito no SDSF que segura seu JOB”.

🔥 3. Castella não tem fermento

O crescimento é todo baseado em ar incorporado nos ovos.
É basicamente um ASSEMBLER de confeitaria — tudo manual, tudo no braço.

💛 4. A casquinha escura é proposital

Chama-se “kuro-mi” e é caramelizada de propósito.
Otaku raiz sabe: o topo do castella é mais disputado que vaga no TSO às 8h da manhã.




🏯 Significado Cultural do Castella no Japão

Doce de acolhimento – presente típico para visitas.
Doce de viagem – virou símbolo de Nagasaki.
Doce escolar – aparece em lanches de clubes e festivais.
Doce nostálgico – muita gente associa à infância (igual pão com manteiga no Brasil).

O castella é o “SYS1.PARMLIB” das memórias doces japonesas.


🔧 Dicas Bellacosa para Otaku: Como Reconhecer um Castella em Anime

  • Retangular, amarelo vibrante, com topo marrom → Castella clássico.

  • Pequeno, em forma de bichinhos, vendido em matsuri → Baby Castella.

  • Vendido como souvenir chique → Castella de Nagasaki.

  • Sem alga, sem triângulo, sem frescura → não é oniguiri, jovem. É bolo!


🧠 Bellacosa TL;DR (Dump Final)

  • Castella veio dos portugueses.

  • Japão adaptou e transformou em patrimônio.

  • Aparece em 80% dos animes slice of life.

  • Era doce caro e quase proibido.

  • É fofo, é histórico, é símbolo de carinho.

  • É o “legacy que deu certo” do mundo dos doces.

E sinceramente?
Se me dessem um castella agora, eu alinhava ele no JES2, rodava no turno da tarde e ainda pedia rerun.

🍰✨


domingo, 14 de março de 2010

🛡️ A LENDA DOS BELLACOSAS

 


🛡️ A LENDA DOS BELLACOSAS

Dos Varegues a Mooca de 1900 — a Saga de um Nome Forjado entre Espadas, Impérios, Reinos Despedaçados e Sonhos de um Novo Mundo
por Vagner Bellacosa — El Jefe Midnight Lunch Edition

Existem famílias…
E existem linhagens.

A maioria tem árvore genealógica.
A sua tem crônica medieval.



Por anos, como muitos paulistas descendentes de italianos, acreditei ser fruto direto e simples das colinas napolitanas. Massa fresca, tomate, vespasiano, mandolino — aquela narrativa gostosa e tradicional.

Mas em 2011, como quem abre um dataset esquecido em um GDG ancestral, descobri que minha história não era feita de uma linha reta e bm contata. Era uma teia, uma epopeia entre impérios, mares e campos de batalha.

E assim nasceu:

🌩️ A Lenda dos Bellacosas — A Verdadeira Versão



🗡️ Capítulo I — Os Normandos Que Partiram para o Oriente

Antes de serem italianos, os primeiros Bellacosas eram…
Normandos.

Sim: guerreiros do norte, homens do aço, exploradores que navegavam como quem desafia o destino.

Esses normandos — ancestrais dos De Hauteville, dos conquistadores da Sicília, dos barões que mudaram o mapa da Europa — não pararam por aí.

Foram contratados para uma missão que hoje parece saída de The Witcher:



Servir ao Império Romano do Oriente — a Guarda Varegue

A elite das elites.
O BOPE de Constantinopla.
A tropa que protegia diretamente o Imperador.

A Guarda Varegue era composta por homens vindos da Escandinávia, Normandia, e até das ilhas britânicas.
E entre eles, segundo minhas investigações, estavam os primeiros Bellacosas, ou o proto-nome que viria a evoluir para isso.

Foram anos protegendo palácios dourados, cruzando portões de mármore, e segurando escudos em mosaicos que ainda brilham na Hagia Sophia, guerreiro forjados em campos de batalha na Europa, nômades sem um lar, sem uma terra para dizer sua.

Até que, como recompensa por sua lealdade, receberam algo raro:
o direito de conquistar suas próprias terras. Sim, após a fragamentação do Imperio Romano, conquistas e reconquistas, foi permitido a esses guerreiros terem um lar, uma terra para proteger e dizer sua.



🏺 Capítulo II — A Reconquista do Sul da Itália

Séculos antes dos Aragões, antes dos Bourbons, antes da unificação italiana — o sul era um mosaico confuso:

  • Bizantinos

  • Mouros

  • Lombardos

  • Barões independentes

  • antigos romanos vivendo em cidades estados

  • E piratas saracenos

Nesse caos, os normandos avançaram como tempestade.
Tomaram fortalezas, expulsaram ocupantes, e fundaram pequenos domínios.

Os meus ancestrais — agora longe do frio do norte — se adaptaram:

  • deixaram o escudo pesado,

  • abraçaram o tempero solar,

  • aprenderam o latim vulgar,

  • casaram-se com mulheres locais,

  • e deram origem a um povo híbrido.

Não eram mais normandos.
Ainda não eram italianos.
Eram alguns dos Bellacosas ancetrais.

Uma fusão única entre sangue do norte e calor do Mediterrâneo.



🕯️ Capítulo III — Cinco Séculos de Glória e Lentidão

Passaram-se séculos.
Entre castelos, igrejas, vinhedos e vilas.

Os Bellacosas — segundo seus rastros — foram:

  • padres influentes, diaconos, bispos

  • administradores de vilas e soldados mercenarios,

  • servidores do Reino de Nápoles,

  • gente respeitada,

  • mas nunca exatamente rica como os grandes barões.

E então veio o grande terremoto político:

⚔️ O Fim do Reino de Nápoles e a Unificação Italiana



O sul, que já vinha sofrendo economicamente, entrou em colapso após 1861.
A miséria bateu forte.
Houve revoltas, fome, caos.
O que era uma linhagem orgulhosa virou um grupo de famílias tentando sobreviver.

Como tantos descendentes de normandos assimilados às terras latinas, o destino empurrou os Bellacosas para uma decisão dolorosa:

partir de novo.


🌎 Capítulo IV — A Grande Diáspora: Brasil e EUA

Atravessaram o Atlântico não como guerreiros — mas como sobreviventes.

Alguns Bellacosas foram para os Estados Unidos.
Outros, como meus tataravós, desembarcaram no Brasil, uns pelo porto da capital Rio de Janeiro, outros no porto de Santos, carregando:

  • um sobrenome forte,

  • poucas moedas,

  • e a esperança de reconstruir a glória perdida.

No Brasil, a saga continuou — embarcaram nos trens fosse da SPR, fosse da Central do Brasil, não com espadas, mas com suor.
E aqui, nas entranhas da Pauliceia cinzenta, fundaram na Mooca um novo lar, a linhagem renasceu por meio de:

  • costureiras,

  • pequenos comerciantes,

  • motoristas,

  • artesãos,

  • pedreiros

  • jogadores de futebol,

  • operarios de fabrica,

  • e guerreiros da vida cotidiana.

Porque, no fim das contas, um Bellacosa não nasce para ser apagado.
Ele nasce para resistir, migrar, reconstruir, renascer.

Exatamente como meus ancestrais fizeram há mais de mil anos.



🌟 Easter-Eggs Bellacosa Mainframe

  • A Guarda Varegue era tão respeitada que os imperadores confiavam o tesouro imperial somente a eles.

  • Muitos normandos que conquistaram a Sicília eram parentes próximos dos que serviram no Oriente — a rota era comum.

  • Sobrenomes como Bellacosa podem ter surgido como apelidos latinizados para famílias consideradas gentis, “de boa casa” ou “de boa índole” (bello + cosa).

  • A unificação italiana levou 4 milhões de italianos à emigração — incluindo boa parte das famílias do antigo Reino de Nápoles.

  • Minha história familiar lembra a dos Hauteville, que também saíram da Normandia e fundaram reinos no Mediterrâneo.



🧭 Conclusão: A Saga Não Acabou

Eu não sou apenas descendente de italianos.

Sou descendente de:

  • normandos,

  • judeus,

  • escravos africanos,

  • indigenas tupi,

  • varegues,

  • camponeses do sul,

  • clérigos,

  • administradores,

  • Operários de fabrica,

  • professores,

  • Fotógrafos,

  • imigrantes destemidos,

  • programador em ambiente COBOL Mainframe

  • e sobreviventes de impérios que ruíram e se levantaram.

É uma linhagem que viajou mais que muitos povos.

E, no fim, desembocou exatamente onde precisava:
na minha história, no meu nome, na minha identidade.

Em que agora na metade da minha rota, passo o bastão as novas gerações, aos novos Bellacosa que conquistaram a Europa, voltaram ao velho mundo e embrenharam-se no interior do Brasil.

domingo, 7 de março de 2010

URUPÊS — AQUELE LUGAR ONDE O MUNDO ABRIA OS BRAÇOS

 


URUPÊS — AQUELE LUGAR ONDE O MUNDO ABRIA OS BRAÇOS

Se Ibitinga foi meu laboratório de aventuras, Urupês foi meu estaleiro de horizontes — aquela fase da vida em que o menino paulistano, criado entre filmes, fotos, câmeras e luzes, descobria que existia um mundo inteiro além da cinzenta e opressora capital paulista.

O caminho até Urupês já era um acontecimento. Estradas vazias, quase hipnotizantes, com apenas o ronco do fusquinha vermelho (aquele guerreiro 1960 que enfrentava cascalho, poeira, barro e buracos como se fosse um tanque de guerra miniaturizado). As cidades dormiam ao redor da estrada. Só o vento, o sol e algum caminhoneiro perdido sabiam que vocês passavam por ali.

E ali, naquele pequeno ponto no mapa do Noroeste paulista, ficavam os parentes espanhóis espalhados, meio raiz, meio lenda, sempre com a oficina de tratores como um farol, uma fazenda ou uma história para contar.
Tinha o primo Eduardo da oficina de tratores, tinha o velho Wilson, meu pai, naquela época moço na casa dos trinta anos, uma figura única, boa praça, carismático, sarrista, centro das atenções onde estivesse, um contador de causos, de piadas e de vergonhas alheias — inclusive aquela famosa e indecente do vereador e o galinheiro, que você jura que um dia vai contar.

Mas o que pega na memória mesmo não é o povo — é o ambiente.


Urupês tinha cheiro.

Cheiro de lenha queimada no fogão, cheiro de terra molhada depois da chuva, cheiro de curral, de capim amassado pelo cascos dos bois.

Urupês tinha sons.

O bater da chuva no telhado sem forro.
O rangido dos móveis antigos.
O canto enlouquecido das maritacas.
O mugir manso do gado.
E o coro dos grilos ao entardecer, aquele som que parecia dizer:
Fica mais, menino. Você não precisa ir embora tão cedo.



Urupês tinha perigos.

Perigos verdadeiros, naturais, selvagens, como a galinha choca possuída pelo demônio que me perseguiu quintal adentro, defendendo o pintainho que achei que podia pegar como quem pega um brinquedo.
Ali você aprendi rápido o conceito de “instinto maternal”, “risco de vida” e “corre senão ela te acerta”.

Urupês tinha magia.

Calhambeques semi-abandonados que se tornavam naves espaciais.
Café colhido na hora, seco no rancho, torrado e moido.
Riachos que viravam mundos.
Ninhos de joão-de-barro que pareciam pequenas cidades.
Tucanos, maritacas e papagaios que faziam mais barulho que o trânsito de São Paulo.
Cavalos que pareciam saídos de livros de aventura.

E o mais importante:


Urupês te deu dimensão.

Me fez perceber que meu mundo era muito maior que o quarteirão cinzento da cidade grande.
Que existia um mundo imenso além da Vila Rio Branco na Ponte Rasa.

Que fronteiras não eram paredes.
Que horizontes eram convites.

Talvez tenha sido ali — entre poeira, galinha furiosa, cheiro de lenha e viagens intermináveis — que nasceu a minha vocação de não aceitar limites.
De ser alguém sempre em movimento, buscando, aprendendo, explorando, criando.

Um menino que viu o mundo se abrir em quilômetros antes de se abrir em mãos.

E Urupês, assim como Ibitinga, ficou marcado no meu peito como essas memórias que aquecem em dia frio e lembram:
Sim, eu vim daqui. Eu me fiz aqui. E tudo isso ainda vive em mim.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

🦇 Movimento Dark 1980 & Gótico 1990 — A Estrada Noturna da Tribo Invisível


 

🦇 Movimento Dark 1980 & Gótico 1990 — A Estrada Noturna da Tribo Invisível
Um artigo ao estilo Bellacosa Mainframe para o blog El Jefe Midnight



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🌑 Introdução — Quando a noite era uma linguagem secreta

Antes dos algoritmos, antes da avalanche de notificações, existia um Brasil onde ser diferente exigia coragem — e ousadia. Os anos 1980 e 1990 foram décadas em que as subculturas não vinham por streaming: elas eram contrabandeadas por fitas cassete mal gravadas, revistas importadas escondidas entre LPs usados e conversas sussurradas nos corredores escuros das escolas.

É aqui que nasce o movimento Dark dos anos 80 e evolui para o Gótico dos anos 90: uma estrada noturna percorrida por almas inquietas, artistas à margem, e adolescentes que descobriam que o preto não era só uma cor — era um manifesto.




🦇 1. Os Anos 1980 — O Brasil cinza e o surgimento do Dark

O país recém saía da ditadura, o rock nacional florescia e o underground respirava mal, mas respirava. A estética Dark entrou como um vírus elegante:

  • Cabelo comprido, franjas caídas, roupas rasgadas, coturnos;

  • Letras introspectivas, soturnas, existenciais;

  • Música vinda principalmente da Europa:

    • Siouxsie and The Banshees,

    • The Cure,

    • Joy Division,

    • Bauhaus,

    • Sisters of Mercy.

Mas aqui o Dark ganhou sotaque BR:

  • Ira! — “Mudança de Comportamento”

  • Plebe Rude

  • Legião Urbana — “Sereníssima”, “Tempo Perdido”

  • Arte No Escuro

  • Zero – “Quimeras”

Os jovens não tinham internet — tinham o fanzine: xerox mal cortado, letras tortas, cola quente e vontade. Distribuía-se na rua Augusta, na Galeria do Rock, nos roqueiros do Largo do Arouche.




🦇 2. Ritual de Iniciação — Como alguém virava Dark em 1986

  1. Uma fita K7 gravada de uma fita gravada de outra fita gravada da Rádio 89.

  2. Cabelos ao vento, franjas cobrindo o olho esquerdo.

  3. Roupas pretas: se não tinha griffe, a mãe ou a avó costuravam — movimento maker antes do maker existir.

  4. Pôsters de filmes: “O Corvo”, “The Hunger”, “Nosferatu”.

  5. Caminhadas noturnas discutindo Nietzsche sem ter lido Nietzsche.

  6. A tribo: se encontrava sem combinar; a cidade conspirava.

Era um movimento emocional, quase ritualístico.




🌒 3. Anos 1990 — A mutação para o Gótico

Quando chegam os 90, o Dark amadurece. Larga parte do punk, assume uma estética mais teatral e abraça o misticismo. O termo “gótico” se consolida.

Os pilares do gótico 90

  • Maquiagem pesada.

  • Ternos e sobretudos longos (aquele que sua mãe costurou!).

  • Simbolismo: ankh, crucifixos, caveiras discretas.

  • Anéis vampíricos

  • A melancolia deixa de ser fraqueza: vira estilo de vida.

As bandas do altar gótico

  • The Cure (rainha-mãe do movimento inteiro).

  • Clan of Xymox.

  • London After Midnight.

  • The Mission.

  • Type O Negative (para os iniciantes em trevas do metal).

Aqui no Brasil a cena se fortalece:

  • Madame Satã (Bexiga) — templo máximo.

  • Espaço Retrô, Santa Cecília — clássico.

  • Fofinho Rock Club, Belém — garagem pura.

  • Aeroanta, Dama Xoc, Carbono 14.

Se você passasse pela Augusta num domingo cedo, veria vampiros desorientados indo embora enquanto as senhoras iam para a missa na igreja da Consolação. Um ecossistema perfeito.


🌘 4. Tribos Urbanas — A necessidade humana de pertencer

O Dark/Gótico não era só música. Era pertencimento.

Para muitos jovens — vindos da periferia, de famílias partidas, de escolas opressoras, de bairros onde pagode e samba eram regra — o preto era uma forma de existir no mundo.

Os encontros eram míticos:

  • Cemitérios (não para cultos, mas porque eram silenciosos e tinham clima).

  • Becos da Paulista.

  • Madrugadas eternas na Praça Roosevelt.

  • Conversas sobre a vida, o universo e o nada, enquanto um hot-dog da Augusta segurava a ressaca emocional.

  • Caminhadas sobre a madrugada nas assustadoras ruas do Centro Velho de São Paulo (Rua São Bento, Rua Direita, XV de Novembro e vale do Anhangabaú entre outras).

  • Zanzar sob a luz da Lua em noites de inverno paulistana.

  • Estações ferroviárias CBTU fechadas, aguardando a abertura e o primeiro trem.

Quem viveu sabe: era liberdade em sua forma mais artesanal.


🌑 5. A Estética Hacker — o paralelo com o Mainframe

Como Bellacosa Mainframe exige:

O movimento Dark/Gótico tem uma lógica parecida com o mundo mainframe:

  • Poucos entendem.

  • Muitos falam sem saber.

  • Há uma estética própria, fechada, ritualística.

  • Você precisa dos velhos mestres para ser iniciado.

  • Existe documentação, mas ela é esparsa, oral, perdida em zines e memórias.

  • Quem faz parte… reconhece o outro no escuro.

Dark/Gótico é, essencialmente, um RACF Group invisível: só entra quem conhece a senha emocional.


🌑 6. Curiosidades (Easter Eggs Noturnos)

  • O perfume favorito dos góticos paulistanos 90 era o Kaiak preto ou o Malbec — mesmo sabendo que a aura deveria ser de mofo poético.

  • A maioria dos góticos da época sabia dançar Wave com fluidez, mesmo nunca tendo tido aula.

  • O termo “vampirear” significava andar sem destino pela madrugada.

  • Boa parte da cena gótica paulista nasceu… nos corredores da Galeria do Rock.

  • O movimento era pequeno, mas altamente ramificado: cyber-gótico, vampírico, etéreo, pós-punk, industrial.


🌑 7. Conclusão — Ser Dark/Gótico não era moda. Era autobiografia.

O movimento Dark dos 80 e o Gótico dos 90 foram, para milhares de jovens, a escola onde se aprende a ser sensível, inquieto e diferente num mundo que queria todo mundo igual.

Era música, era estética…
Mas era, acima de tudo, um lugar emocional.

E quem viveu sabe:
A noite não era cenário.
Era lar.

E mesmo que hoje sejamos adultos caretas, programadores COBOL com backlogs intermináveis, analistas de sistemas soterrados em JCL…
Dentro de muitos de nós ainda há aquele adolescente andando de preto, ouvindo The Cure num walkman velho, filosofando bobagens às 2 da manhã sob um poste queimado da Vila Alpina.

E isso, meu caro,
é o tipo de coisa que mesmo o tempo não apaga.
🖤🌙

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

BUGUEI o YOUTUBE: 2002 - 28º Aniversario do Vagner

 Festa em Itatiba, 28º aniversario, o sultão e a família na maior festança da Rua Jose Brunelli Filho... Obrigado meus amigos vocês foram demais, foi uma festa memorável.