quinta-feira, 13 de agosto de 2015

🏬 A Mercearia do Agnelo e o Portal para o Mundo Adulto

 


🏬 Crônica — A Mercearia do Agnelo e o Portal para o Mundo Adulto

Nos anos 1970, existia um tipo de magia que não vinha de desenho animado, nem de videogame — vinha das pequenas tarefas.
E para o pequeno Vagner, ir às compras era mais que responsabilidade: era aventura, era rito de passagem, era quase um “mini estágio” para a vida adulta.

Ser o filho mais velho significava ter missões:
– Buscar pão e leite na padaria.
– Comprar mantimentos na mercearia.
– E até a ousada e nada proibida tarefa de ir ao boteco comprar cigarros para os pais — coisa que hoje pareceria ficção científica, mas na época era normalíssimo.

E entre todas essas missões, havia um destino especial:



A Mercearia do Agnelo

Um templo do cotidiano.
Um portal para outro mundo.

A mercearia tinha um cheiro próprio, uma mistura de café moído, madeira antiga, açúcar cristalizado e conversa de vizinhança.
E logo na entrada, trono absoluto da experiência sensorial, estava a máquina de moer café dos Moinhos Tupã.

Aquilo não era uma máquina.
Era um dragão vermelho que cuspia aroma.
O café entrava em grãos, dançava lá dentro, e saía em forma de pó fresquinho, quente, quase vivo.
A mercearia inteira se impregnava daquele perfume.
Era a assinatura olfativa da infância.

Havia também os grãos a granel, expostos em urnas de madeira com tampa: feijão carioquinha com manchas desenhadas pelo universo, feijão preto da mitica feijoada, milho de pipoca parceira dos desenhos da tarde, amendoim sem casca para torrar,  arroz soltinho, canjica branquinha que parecia pérola — tudo vendido por medida e conversa.



E o bidon de óleo vegetal.
Meu Deus, aquilo era item de museu.
Um tonel metálico, com torneirinha e uma bomba manual. O Agnelo pegava a garrafa de 1 litro de coca-cola reusada para unidade de medida e servia um litro certinho, sem desperdiçar.
Era o pré-histórico do “refill sustentável”.



Mas nada, absolutamente nada, superava o baleiro.

Aquele baleiro de vidro grandalhão, giratório, hipnótico.
Cada compartimento guardava um tesouro:
bala de coco, balas de café, jujuba, hortelã, gominha, tutti fruti ,caramelo, puxa-puxa e a divina bala de doce de leite…
O giro do baleiro parecia magia negra da gula.
Um comando arcano, uma rotação e lá estava, a tentação escolhida pelo destino.



Além disso, havia as rifas.
Meu pai, o Wilson, vendia.
O Agnelo revendia.
E eu assistia, fascinado, sem entender muito, mas achando tudo chiquérrimo — uma mistura de comércio, confiança e esperança em ganhar um relógio, óculos de sol, isqueiro ou a mítica bicicleta.



O Caminho com a Sacolinha

Aos sete anos, eu caminhava pelo bairro carregando a pequena sacola de pano no braço, como se estivesse carregando a vida adulta embrulhada ali dentro.
Hoje parece absurdo, mas na época era simples, natural.
As ruas eram livres, sem paranoia.
Pais davam conselhos — não entrar em carro de estranho, não conversar demais — mas o bairro era território seguro.



Brincar na rua era difícil, pois vivíamos numa via movimentada, a rua Ultrecht via de ligação entre  a Estrada de Mogi das Cruzes e a Avenida São Miguel.
Mas caminhar até o comércio era tranquilo, quase meditativo. Encontrando colequinhas de escola, velhas senhoras que conheciam a vida de todos, senhoras que sabiam do segredo do universo e além.

Eu recebia o dinheiro, comprava o que precisava, conferia o troco direitinho (aprendizado vital) e voltava pra casa com a sensação de missão cumprida.

Mal sabia eu que essa habilidade simples — andar sozinho, comprar, conferir, conversar, negociar, observar — seria o primeiro passo para algo que mudaria meu futuro:

Trabalhar anos depois como office-boy na Avenida Paulista, o coração financeiro do Brasil. Mas isso é outra historia para outro dia.

Foi ali, na mercearia do Agnelo, que atravessei pela primeira vez o portal entre o mundo infantil e o adulto.

Uma travessia silenciosa, cotidiana, mas transformadora.
Cada compra era um savepoint do meu RPG da vida real.

E no fundo, quando hoje fecho os olhos, ainda ouço o barulho do Moinhos Tupã moendo café…
a trilha sonora perfeita da infância que me ensinou a caminhar sozinho.

O Agnelo além de mercearia do Bairro era o coração vivo dos acontecimentos, point de informação, mais bem informado que a CIA ou o KGB. Espaço sagrado que os homens da família Bellacosa matavam o bicho antes do tradicional Almoço de Domingo e discutiam sobre futebol, fazendo mesas, ou melhor, balcão redondo sobre os resultados da rodada.



segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Juliana Cunha Confeiteira e seus doces deliciosos


Doces e sobremesas para qualquer evento


Alfajor




Bolo Loucuras de Brigadeiros




Bolo Tentação de Leite Ninho




Bolo Doce Pecado de Morango e Chocolate



Melhores momentos




Brigadeiros uma historia de amor.




Eu amo mesmo brigadeiros!





quarta-feira, 5 de agosto de 2015

🧪🌈 Por que a Rainbow Sheep virou símbolo de DEBUG na indústria?

 


🧪🌈 Por que a Rainbow Sheep virou símbolo de DEBUG na indústria?

A resposta curta:
👉 Porque ela é impossível de ignorar, impossível de esquecer e perfeita para sinalizar “isso aqui não deveria estar acontecendo”.
A resposta longa — e saborosa — vem agora.


🌈🐑 1) A ORIGEM — dos animes para os logs

A Rainbow Sheep surgiu como gag visual em animes nonsense dos anos 90 e 2000.
Era usada assim:

  • Quando um personagem bugava emocionalmente → aparecia uma ovelhinha arco-íris pulando.

  • Quando uma mágica dava errado → a ovelha explodia em glitter.

  • Quando a lógica do universo quebrava → lá vinha ela, balindo em reverb.

E isso fez dela um símbolo muito claro de:

“algo saiu totalmente do normal e o universo está tentando avisar.”

Adivinha quem adorou isso?
👨‍💻👩‍💻 — Os devs, claro.




🧩 2) Como ela entrou na área de tecnologia

Por volta de 2010–2013, memes japoneses começaram a aparecer em:

  • Engines de game dev

  • Ferramentas internas de QA

  • Dashboards de times de teste

  • Scripts de build (sobretudo no mundo open source)

A Rainbow Sheep passou a ser usada como:

🐑💥 “Unexpected State Marker”

Um placeholder visual altamente chamativo para estados impossíveis:

  • Variável que nunca deveria ser nula

  • Loop que nunca deveria ser alcançado

  • Case default que não devia existir

  • Retorno que matematicamente é impossível

  • Condição que só dispara se o programador “fez c@#$%”

O dev que coloca isso pensa:

“Se isso aparecer… algo MUITO errado aconteceu.”

É o equivalente animado do clássico:
DISPLAY "WTF?!" do COBOL ou RAISE HELL no Python.


📟 3) E no Mainframe, Bellacosa?

Apareceu também!
Sim, senhor(a)!

Programadores colocavam mensagens internas tipo:

DISPLAY "RAINBOW SHEEP EVENT DETECTED - CHECK INDEXES"

ou
quando faziam debug de tabelas OCCURS e SEARCH:

IF IDX > TABLE-SIZE MOVE "RAINBOW-SHEEP" TO ERROR-FLAG END-IF

Surgiu até um apelido:

🐑🌈 “Ovelha de Dump”

Quando o programador via a string no SYSOUT, já sabia:
“algum júnior estourou o array de novo.”


🧠 4) Por que ela funciona tão bem como símbolo de debug?

1. Hipervisual

Cores saturadas chamam atenção no meio de um log cinza.

2. Impossível de confundir

Nada mais parece uma ovelha arco-íris psicodélica.

3. Memorável

Você lembra ONDE usa, quando usa e POR QUE apareceu.

4. Carrega humor

Ajuda devs a não enlouquecerem em dias de troubleshooting pesado.

5. Breakpoint Cultural

É um símbolo universal de “a lógica foi para o espaço”.
Dev de qualquer linguagem entende intuitivamente.


🔍 5) Curiosidades Bellacosa

  • 🎨 Primeiras artes usadas vinham de imageboards japoneses dos anos 2000.

  • 🐑 Alguns estúdios de anime realmente usavam ela para marcar frames quebrados internamente.

  • 🖥 A Unity e Godot tinham scripts compartilhados entre devs com ‘RainbowSheep()’ como função de debug.

  • 🌈 Virou até sticker em notebooks de testers profissionais.

  • 🔥 Há uma versão “Dark Mode” — a Black Rainbow Sheep, usada para bugs críticos em produção.


🥚 6) Easter Egg estilo Bellacosa

Se você criar no seu código:

EVALUATE TRUE WHEN IMPOSSIVEL DISPLAY "🌈🐑 SYSTEM LOGIC BREACHED" END-EVALUATE

Pode ter certeza:
25 anos depois alguém vai te agradecer… ou te xingar.
Ambos fazem parte da tradição. 😄


⭐ 7) Em resumo

A Rainbow Sheep virou símbolo de DEBUG porque representa:

O impossível, o inesperado, o bug que não devia existir — e que, por isso mesmo, precisa ser visto imediatamente.

E ainda deixa tudo mais leve.
Porque debugging já é difícil demais sem humor. 😉


segunda-feira, 3 de agosto de 2015

📜 As Crônicas da Berinjela Cósmica — Ibitinga, o Sítio e o Festival Gastronômico do Destino


📜 As Crônicas da Berinjela Cósmica — Ibitinga, o Sítio e o Festival Gastronômico do Destino

Ao estilo Bellacosa Mainframe, para o arquivo eterno do El Jefe Midnight.


Há histórias na vida que não seguem lógica, não pedem licença e nem esperam nosso paladar crescer.
Simplesmente acontecem.
E uma delas é o Festival da Berinjela de Ibitinga.

Na mesma linha temporal nebulosa — aquele buffer misterioso entre 1978 e 1980 — estávamos de novo no sítio da família amiga do meu pai. Um cenário bucólico, com cheiro de lenha queimando, milho secando no paiol, galinhas ciscando e a eterna brisa quente do interior.

Meu pai, todo animado, anunciou:

— “Minha mãe, dona Anna, vai nos visitar!”

Os sitiantes iluminaram o rosto como NPCs recebendo uma quest rara.

— “E o que ela gosta de comer?”

Meu pai, naquele momento inocente e desprevenido, olhou em volta.
Viu a horta.
E lá estavam: fileiras intermináveis de berinjelas roxas.

E soltou a sentença que mudaria o menu do universo:

— “Ah, minha mãe gosta de berinjela.”

Pronto.
Era o prenúncio do caos culinário.


🍆 O Dia da Grande Beringelada

Chegou o fim de semana.
Todos embarcamos no lendário Fusquinha vermelho, sacolejando na estrada de terra, entre sítios, porteiras, pastos e aquele cheiro de mato quente que entra pelas janelas.

Ao chegar, a cena parecia saída de um anime culinário:

Uma mesa colossal.
E tudo — absolutamente tudo — era feito com berinjela.

A dona da casa tinha se dedicado como uma chef Michelin do campo, e produziu um cardápio digno de ritual:

  • berinjela frita,

  • berinjela à milanesa,

  • berinjela ensopada,

  • berinjela grelhada,

  • berinjela com queijo,

  • berinjela recheada,

  • berinjela à parmegiana,

  • conserva de berinjela,

  • berinjela agridoce,

  • salada de berinjela,

  • e mais umas três variações místicas que desafiam a própria memória RAM.

Era uma orgia gastronômica berinjelesca, uma overdose vegetal pré-internet, pré-globalização e pré-trauma infantil reconhecível.


🐔 O Contrabando Gastronômico Sob a Mesa

Eu e Vivi, jovens padawans do paladar, não muito fãs do vegetal…
tivemos uma ideia brilhante: usar as galinhas como parceiras do crime.

Elas ciscavam sob a mesa, inocentes, ávidas, prontas.

E nós, discretos, diplomáticos, solidários:

— ops
pluft
— lá ia uma rodela de berinjela direto para o papo da galinha

O avianato agradecia.
Nosso paladar também.

Mas, justiça seja feita:
o pão caseiro, feito no forno à lenha, era um poema.
E a comida preparada no fogão do rancho tinha aquele sabor único que só existe quando a lenha canta, crepita e abençoa cada panela.

O carinho da família amiga era palpável.
Era mais que comida — era comunhão, era ritual, era acolhimento.


🐥 Entre Pintinhos, Poeira e Frutas do Pé

O resto do dia foi um daqueles típicos capítulos de infância rural:

  • correr atrás das galinhas,

  • acariciar pintinhos,

  • subir em árvores,

  • comer fruta direto do pé,

  • brincar na terra vermelha quente,

  • escutar histórias dos adultos,

  • sentir o tempo passar mais devagar.

Coisa simples.
Coisa que cura.
Coisa que marca.



🚽 O Episódio da Fossa (Prévia do Próximo Capítulo)

E já que estamos falando de autenticidade rural…

Ir ao banheiro na roça era apenas para os fortes.
Latrina.
Buraco.
Fossa profunda.
Cheiros indescritíveis.
Medos primitivos.

Mas isso, caro leitor…
tem seu próprio capítulo reservado, digno de trilogia.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

☕ O Retorno do Som Antigo:

 


☕ O Retorno do Som Antigo:

Por que o fascismo ressurgiu no século XXI?


🔥 1. Quando o medo volta, o autoritarismo parece segurança

Em tempos de instabilidade — econômica, social ou emocional — as pessoas buscam ordem.
O fascismo se alimenta justamente disso: da promessa de que alguém “forte” vai colocar “as coisas no lugar”.
É o atalho psicológico da incerteza.

Durante a Guerra Fria, o medo era controlado por narrativas nacionais. Hoje, o medo é difuso:

  • medo do desemprego,

  • medo da tecnologia,

  • medo do “outro”,

  • medo de perder identidade.

E o medo, quando mal administrado, procura líderes duros e certezas fáceis.
É nesse vácuo que o discurso autoritário volta a soar “eficiente”.


📉 2. O colapso da confiança

O cidadão médio perdeu fé em quase tudo:

  • políticos,

  • imprensa,

  • ciência,

  • instituições.

E onde há desconfiança, o populismo cresce.
Porque o populista se apresenta como “a voz do povo traído”.
Ele fala como se fosse “um de nós”, e isso reconforta quem se sente esquecido.

O fascismo moderno não veste farda — veste discurso emocional,
cheio de indignação, humor agressivo e slogans fáceis.
Ele não promete liberdade, promete pertencimento.


💰 3. O capitalismo desigual gerou ressentimento

A globalização, que prometia oportunidades, acabou gerando insegurança e competição brutal.
A classe média, antes estável, viu seu poder de compra ruir.
E o ressentimento virou ódio social.

O fascismo é, em essência, um movimento de ressentidos — de pessoas que sentem que “o mundo mudou demais e me deixou para trás”.
Ele oferece uma catarse: “não é sua culpa, é culpa dos imigrantes, dos intelectuais, da esquerda, da elite, da mídia...”.
O inimigo é inventado, mas a emoção é real.


🌐 4. A internet amplificou o ódio e premiou a raiva

O algoritmo das redes sociais favorece o extremo.
Conteúdos que geram medo, indignação ou raiva têm mais engajamento.
E o fascismo é, por natureza, um discurso emocional e simplificador.
Enquanto o pensamento crítico é lento e complexo, o ódio é rápido e viciante.

A política virou espetáculo, e o fascismo aprendeu a usar o palco digital como ninguém.


💔 5. O vazio de sentido e o culto ao “eu”

O mundo contemporâneo é espiritualmente órfão.
O consumo substituiu a fé, o sucesso substituiu o propósito.
E, quando o indivíduo se sente pequeno diante de um mundo caótico, ele busca um grupo que lhe devolva grandeza —
mesmo que esse grupo propague ódio.

O fascismo promete exatamente isso: pertencer a algo maior,
reencontrar um passado idealizado e se sentir “herói” novamente.
É um surto de identidade coletiva em uma era de individualismo doente.


🕯️ 6. A história nunca acabou — ela apenas adormeceu

Após a Segunda Guerra, acreditou-se que o fascismo havia sido derrotado.
Mas ideologias não morrem: elas hibernam.
Esperam o clima social certo para florescer novamente.

E o século XXI forneceu o terreno perfeito:

  • polarização,

  • medo,

  • redes sociais,

  • desigualdade,

  • vazio espiritual.

Foi o solo fértil do ressentimento, onde brotaram novamente as sementes do autoritarismo.


☕ Conclusão Bellacosa

O fascismo não é apenas um regime político — é um estado de espírito coletivo.
Nasce do medo, cresce na raiva e floresce na ignorância emocional.

E a melhor forma de combatê-lo não é com censura, mas com educação e empatia.
Porque um povo instruído e emocionalmente saudável não precisa de salvadores
precisa apenas de líderes que o escutem.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

📘 O FENÔMENO “2.5D” NO JAPÃO — QUANDO A FANTASIA DESCE DO ANIME E SOBE AO PALCO

🍱⚙️ EL JEFE MIDNIGHT LUNCH — Bellacosa Mainframe apresenta:



📘 O FENÔMENO “2.5D” NO JAPÃO — QUANDO A FANTASIA DESCE DO ANIME E SOBE AO PALCO

Prepare seu ramen, ajuste o brilho da tela, alinhe o cursor do terminal.
Hoje, vamos decifrar um dos fenômenos culturais mais fascinantes do Japão moderno: o 2.5D — essa dimensão híbrida, entre o imaginário animado e a carne e osso do mundo real.

Se o 2D é o reino dos animes, mangás e jogos…
Se o 3D é o mundo físico de gente, cheiro de yakisoba e metrô lotado…
O 2.5D é o elo perdido.
É quando o Japão resolve recompilar a realidade e transformar fantasia em performance ao vivo.

E como você está no El Jefe Midnight Lunch, recebe isso ao estilo Bellacosa Mainframe: com história, curiosidades, easter-eggs, problemas legais, cultura pop e aquela leve ironia de quem já viu job ICEGENER rodar 10 horas por engano.

Vamos compilar essa história.


🎭 1. O QUE É O “2.5D”?

O termo “2.5D” (ニ・テン・ゴ次元, ni-ten-go jigen) define:

toda obra que adapta personagens e narrativas 2D para performances ao vivo 3D, mantendo a estética, poses, roupas, personalidades e estilo do universo original.

Exemplos clássicos:

  • musicais de anime e mangá

  • peças teatrais baseadas em jogos

  • idols performando como personagens

  • cosplay-performance profissional

  • shows holográficos

  • grupos híbridos como 2.5D idols

É a linha fina que separa o otaku que vê anime sozinho no quarto e o otaku que compra ingresso para ver o anime ao vivo.


🧬 2. ORIGEM — DE OSMOSIS ENTRE DIMENSÕES

O fenômeno nasce nos anos 1990, mas explode de verdade nos anos 2000.

📌 Linha do tempo Bellacosa:

  • 1993 — primeiros musicais de Sailor Moon, embrião do 2.5D

  • 1997Prince of Tennis Musical vira febre entre adolescentes

  • 2000–2010 — surgem peças de Naruto, Bleach, Hakuouki, Touken Ranbu

  • 2010+ — consolidação do 2.5D Stage, indústria milionária

  • 2015 — criação da Japan 2.5D Musical Association

  • 2020+ — idols virtuais e VTubers entram oficialmente no ecossistema 2.5D

  • 2023+ — IA começa a gerar cenários e efeitos híbridos em palco

O Japão descobriu que podia vender ingresso para o anime, e nunca mais parou.



🌟 3. CARACTERÍSTICAS DO 2.5D — COMO A REALIDADE VIRA DESENHO

🔹 Aparência fiel

Perucas coloridas, lentes de contato sobrenaturais, figurinos absurdamente precisos.

🔹 Movimentos coreografados de anime

Saltos exagerados, poses dramáticas, golpes impossíveis — tudo replicado no palco.

🔹 Atuação estilizada

Fala cadenciada, expressões quase “desenhadas”.
Pura simulação 2D.

🔹 Cenários projetados digitalmente

Painéis LED, fundo animado, efeitos de batalha.
É quase um VFX em tempo real.

🔹 Fandom organizado

Cada peça tem goods exclusivos, photobooks e eventos especiais.



🎥 4. EXEMPLOS ICÔNICOS

Algumas produções 2.5D que viraram lenda:

  • Sailor Moon – Sera Myu (o clássico absoluto)

  • Naruto Live Spectacle

  • Touken Ranbu Stage Plays

  • Haikyuu!! Stage

  • My Hero Academia: The Ultra Stage

  • Persona 3/4 Musicals

  • Yowamushi Pedal Stage Play

E recentemente:

  • VTubers ao vivo em 2.5D, com holografia + performers humanos

  • Love Live!, onde as idols reais agem como suas personagens

É o Japão transformando fanservice em indústria pesada.


🧩 5. POR QUE O JAPÃO AMA O 2.5D?

🟦 1. Porque a linha entre real e ficção SEMPRE foi borrada

Kabuki, Bunraku, teatro Noh, idols… tudo já era teatralidade estilizada.

🟦 2. Porque o Japão idolatra personagens

Para muitos japoneses, o personagem é emocionalmente mais estável que pessoas reais.

🟦 3. Porque é uma forma “socialmente aceitável” de otakice

Ver anime? “Infantil.”
Ver o musical do anime no teatro? “Cultura.”
A sociedade japonesa funciona assim.

🟦 4. Porque dá muito dinheiro

Fãs compram goods, photobooks, DVDs, ingressos múltiplos.
Modelo perfeito para microtransações offline.


🧨 6. EASTER-EGGS, BIZARRICES E CURIOSIDADES

  • Atrizes de 2.5D são treinadas a “piscar igual anime”.

  • Em peças de luta, o som do golpe é feito por microfones ocultos nos figurinos (!).

  • Alguns atores alcançaram fama nacional apenas fazendo papel de personagem.

  • Existe um Oscar do 2.5D: o Japan 2.5D Musical Awards.

  • Peças de Touken Ranbu vendem ingressos mais rápido que shows de pop.

  • Em Yowamushi Pedal Stage, atores pedalam bicicletas estacionárias no palco por DUAS HORAS.

  • Algumas peças usam ventiladores potentes para simular “vento de anime no cabelo”.

  • O termo 2.5D foi parodiado em vários animes como Gintama, óbvio.


⚖️ 7. PROBLEMAS LEGAIS E POLÊMICAS

🟥 1. Direitos autorais absurdamente complicados

Mangakás, estúdios, revistas, produtores, sponsors, agências e artistas:
cada um quer sua parte.

Alguns musicais foram cancelados por disputa de direitos.

🟥 2. Exigência física extrema dos atores

Acrobacias, treinos constantes, risco de lesão —
vários atores sofreram acidentes graves.

🟥 3. Assédio e invasão de privacidade

Fandom intenso = stalkers.
Atores de 2.5D são seguidos e perseguidos por fãs obcecadas.

🟥 4. Escândalos com idols 2.5D

Namorar sendo idol 2.5D pode gerar demissão (!!).
Porque “quebra o personagem”.
Sim, o Japão é assim.

🟥 5. Censura estética

Certas peças baseadas em mangás adultos precisam passar por cortes enormes.
Fetiches, violência e fanservice são suavizados.


🛠️ 8. DICAS PARA O PADAWAN DO 2.5D

🔹 Assista gravações oficiais (butai eiga) — qualidade incrível.

🔹 Se viajar ao Japão, compre ingresso ANTES — tudo esgota.

🔹 Leia o mangá antes — facilita entender a adaptação.

🔹 Leve lenços — certas peças são emocionais de verdade.

🔹 Não filme. Eles caçam infratores com precisão cirúrgica.

🔹 Prepare-se para goods exclusivos e tentadores — leve yen extra.


🏁 9. CONCLUSÃO — O JAPÃO VIVE ENTRE DIMENSÕES

O 2.5D existe porque o Japão ama:

  • disciplina

  • idolização

  • fantasia

  • performance

  • perfeição estética

  • personagens

  • tecnologia

E o público abraça isso como se fosse uma ponte entre real e irreal, um ambiente seguro para se emocionar sem julgamentos.

O 2.5D é o mainframe cultural japonês:
funciona em silêncio, é gigantesco, complexo, brilhante e ninguém de fora entende direito.

E é por isso que é fascinante.


Bellacosa Mainframe desconectando.
Obrigado por acessar esta dimensão intermediária.
No próximo turno da madrugada, posso explicar:

  • o fenômeno das 2.5D Idols,

  • o mercado dos VTubers holográficos,

  • ou a indústria das peças baseadas em RPGs clássicos.

Até o próximo midnight batch. 🍜✨


quarta-feira, 8 de julho de 2015

Vovó Anna: A Tecelã de Bolos e Destinos

 


El Jefe – Anna: A Tecelã de Bolos e Destinos

Por Bellacosa Mainframe

Existem memórias que chegam como cheiros: o perfume quente do pão de ló abrindo a alma da casa, a nota doce do leite condensado que escorre da colher, o toque macio da farinha fina levantando nuvens no ar.
E existem memórias que chegam como ecos: o bater dos teares industriais da Mooca, o “tac-tac-tac” das máquinas de costura do salão paroquial, o murmúrio das orações das 18h que atravessam gerações.

Este é um poste sobre Anna, minha avó e madrinha — tecelã de tecidos, tecelã de bolos, tecelã de vidas.




I – Novo Mundo, Urupês, e o fio que começa a trama

Anna nasceu em Novo Mundo (onde hoje repousa Urupês), no interior vigoroso de São Paulo.
E como todo bom paulista de raiz, cresceu entre terra vermelha, quintal vasto, vizinhança que sabe o nome de todos e histórias contadas no portão. 

Do Noroeste paulista do café, vieram pelos trilhos da companhia Paulista, instalaram-se em São Caetano do Sul e depois parque São Lucas, reduto de imigrantes espanhóis, que rivalizavam com os imigrantes italianos da Mooca. Outro dia introduzo meu bisavô Luis, o patriarca da família e que mais confusão colocou nessa historia.

São nossas raízes que definem nossa engenharia — no Mainframe e na vida.




II – Da Mooca ao Mundo: a tecelã industrial

Ainda jovem, Anna encarou o coração industrial da Mooca — bairro de imigrantes, suor, máquinas e sonhos de metal.

Tecelã de fábrica, comandava teares como quem rege uma sinfonia:
cada fio, um compasso;
cada trama, uma decisão;
cada tecido, um código que só os olhos treinados decodificam.

E ela tinha esse dom:
o “olho mágico” — o debugger humano — capaz de encontrar qualquer falha invisível na trama de fio.
Sim, minha avó era uma espécie de SPOOL humano, identificando erros, direcionando saídas, ajustando rotas.
Pura engenharia viva.




III – A reinvenção: da fibra ao açúcar

Quando o tear ficou para trás, Anna abriu espaço para outro tipo de arte:

A confeitaria.

E aí, meu amigo…
Aí nasceu a lenda.

Os Bolos da Vila Rio Branco™

(um patrimônio não catalogado, mas reverenciado)

Bolos de noiva, aniversários, batizados, festas — todos coroados por:

  • pão de ló úmido,

  • vinho licoroso infiltrado com precisão cirúrgica,

  • glacê de banha vegetal + leite condensado (o santo graal da doçaria caseira),

  • miniaturas que pareciam um parque de diversões em cima da massa.

  • cobertura de coco ralado colorido com corantes

  • tiras de coco feitas com plaina de madeira criada pelo meu avô Pedro

  • e eu o diabinhao da familia, a formiguinha, roubando ameixas secas como se fossem ouro.

  • pegando os restinhos das latas de leite condensado

E eu ali, padawan oficial da lambança,
lambendo as travessas como quem consome o último setor do dataset mais precioso do universo.

Easter egg culinário:
O bolo farofa de geladeira — criação experimental que só quem viveu sabe descrever.




IV – Avon, reunião e o quintal que era um mundo

Nos encontros da Avon, a casa virava um OPS log social:

  • perfumes,

  • catálogos,

  • risadas,

  • bandejinhas com doces estratégicos,

O quintal?
Ah, o quintal...

Toda família brasileira tem um quintal que, na verdade, é um portal interdimensional.
O dela era desses:
meio roça, meio experimentação, meio Disneyland com cheiro de terra molhada.




V – O Salão Paroquial e a liturgia do afeto

Anna, católica fervorosa:

  • missa de sábado a tarde,

  • rezar ao terço em alguma novena

  • Ave-Maria das 18h religiosamente seguida,

  • voluntária de corte e costura na igreja.

E quando ela ia dar aula, claro: carregava este escriba junto, como unidade auxiliar para gastar energia.



(Deus escreve certo por linhas tortas, mas avó escreve certo por linhas de costura.)

Ali onde eu conhecia um outro mundo e fazia novas amizades, sem imaginar que ali havia um abismo social com crianças vindo de favelas, para as mães aprenderam uma profissão. Mas isso não percebia, magia da infância e brincava com outras crianças enquanto minha avó ensinava o mundo a criar, moldar, alinhavar — costurar destinos.

São Paulo tem disso até hoje, abismos sociais, onde uns poucos têm muito e uma multidão nada tem, lutando para conseguir uns trocados em biscastes e serviços sazonais.



VI – Bisavós, Tia Maria e o “patch de açúcar” da infância



Próximo da casa dela viviam:

  • minha bisavó Isabel,

  • meu bisavô Francisco,

  • e a lendária Tia Maria, dona dos divinos bolinhos de chuva.

  • sem esquecer do famoso cagado, que viveu quase até a imortalidade

Essa vizinhança não era só geografia;
era sistema distribuído familiar.
Um cluster de afeto, açúcar e memórias eternas.




VII – Filosofia Bellacosa Mainframe para fechar a compilação

Toda avó é uma arquiteta de memória.
Mas a Anna…
A Anna parece ter me tecido — literalmente:

  • um fio no tear,

  • um fio no glacê,

  • um fio na fé,

  • um fio no quintal,

  • um fio no carinho,

  • um fio no destino.

E eu, que lambia travessas de massa de bolo, brincava no quintal, bagunçava no quartinho de ferramentas e corria pelo salão paroquial da igreja,
onde carrego até hoje esses fios dentro de si. Não posso me esquecer do Mappin, ah outra lembrança doce de minha querida avó.

Moral do job:

Existem pessoas que compilam sistemas.
E existem pessoas que compilam famílias.

Anna foi das segundas —
um COBOL humano,
feito de estrutura, força, doçura, propósito,
e uma capacidade sobrenatural de transformar trabalho em amor.


Easter-egg da Alma:

Quem escolheu meu nome VAGNER, foi ela e para desgosto da minha mãe foi registrado pelo meu pai, mas isso é historia para outro post.