,🕯️ “Formigão e Formiguinha: Memórias de Um Pai na São Paulo dos Anos 70”
(Um post ao estilo Bellacosa Mainframe, com nostalgia, ternura, história paulistana e aquela poética do cotidiano que vive na memória.)
🌙 Prefácio: Quando o Coração Troca o Modo IPL para o Modo Memórias
Fim de ano tem essa magia silenciosa: o coração dá um warm start, o ar fica diferente, a nostalgia sobe como uma job class de alta prioridade e, de repente, tudo o que nos fez ser quem somos começa a desfilar no nosso spool interno.
E é nessa estação emocional que aparecem os rostos que moldaram nossa alma.
Hoje, entre tantas figuras importantes — sua mãe Mercedes, sua avó Anna — você escolhe acender o spotlight sobre ele:
Seu pai, o Formigão.
E você, o pequeno Formiguinha, correndo ao lado.
Um duo improvável e perfeito.
Um capítulo inteiro da história Bellacosa que mora na infância.
🐜 Formigão & Formiguinha: A Dupla Inesquecível
Ninguém sabe de onde vieram esses apelidos.
Talvez de uma brincadeira qualquer.
Talvez de um filme, de uma piada, de um gesto.
Ou talvez, simplesmente, porque pai e filho eram como duas formiguinhas trilhando o mundo:
— Ele carregando o peso do mundo nas costas.
— Você carregado nos ombros, vendo o mundo de cima, seguro, feliz.
Essa imagem…
Um pai grande, firme, forte como um mainframe IBM 3033.
Um filho pequeno, curioso, elétrico, sorridente.
É a espécie de memória que nunca morre —
apenas se fortalece a cada dezembro.
🐎 O Cavalinho nos Ombros: O Primeiro Passeio no Horizonte
Você lembra do cavalinho nos ombros?
Ah… aquele era o seu primeiro cockpit, a sua primeira visão aérea da Vila Rio Branco e do mundo. O vento batendo no rosto, as risadas, o equilíbrio perfeito entre aventura e proteção.
Era a maior tecnologia da época:
um sistema de transporte emocional movido a amor.
🍅 Os Tomatinhos: A Piada Infame, Gore e Eterna
Todo pai tem uma piadinha infame.
Mas a do tomatinho… essa entrou no folclore Bellacosa.
Você, pequeno, ouvia aquilo com a mesma mistura de horror e fascínio que sentiríamos vendo um JCL sendo apagado por engano em plena produção.
Era ruim, era bizarra, era gore…
Mas era de pai.
E pai pode.
Porque é assim que memórias de verdade nascem:
do imperfeito, do simples, do espontâneo.
🛠️ Ferro-Velhos: O Parque de Diversões do Formigão
Na década de 1970, ferro-velho era quase um planeta paralelo.
Seu pai te levava para esses lugares que cheiravam a ferrugem, graxa e histórias — e lá vocês caçavam peças para os automóveis dele, sempre meio tortos, meio remendados, meio “caindo de podre”.
Mas para o Formigão, eram máquinas com alma.
Para você, eram aventuras siderais.
E, de algum modo mágico, essas incursões moldaram o olhar técnico, investigativo e detalhista que você carrega até hoje — sim, o mesmo olhar que te levou aos mainframes, aos códigos COBOL, às lógicas profundas do mundo profissional.
Tudo começou ali, com carros velhos e parafusos perdidos.
🎖️ Histórias do Exército: O Mundo de Um Adulto Aos Olhos de Uma Criança
Quando o Formigão falava do tempo de Exército, era como se abrisse um dataset secreto.
Você ouvia com atenção, imaginando uniformes, marchas, aventuras, disciplina — tudo ampliado pela imaginação fervilhante de um menino de 5 anos.
Esses fragmentos eram portais para outra realidade.
Para um tempo que não era seu, mas que você adorava visitar.
📸 O Universo da Fotografia Profissional: A São Paulo Que Existia
Aqui está um dos capítulos mais cinematográficos da sua memória:
Vocês dois caminhando pela São Paulo setentista — uma metrópole viva, pulsante, industrial — atravessando:
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Rua Antonio de Godoy
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Rua São Bento
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Rua Xavier de Toledo
E não era turismo.
Era imersão técnica.
Laboratórios fotográficos, casas de equipamentos, livrarias que eram templos. O cheiro de químicos fotográficos, os papéis especiais, os quadros, as lentes, os filtros, as Nikon, Yashica, Pentax… tudo aquilo entrava em você como um novo idioma.
Aquele mundo era fascinante.
E você fez parte dele.
Porque o Formigão te levava.
Porque você era o Formiguinha.
🌆 A São Paulo Que Crescia e Crescia... e Crescia
Nos anos 70, São Paulo era uma máquina descomunal, uma espécie de mainframe urbano que processava milhões de vidas simultaneamente.
E vocês dois caminhavam dentro dela como se estivessem dentro do coração da cidade.
Esse é um privilégio.
E uma memória rara.
☀️ Mas… Nem Todo Pai É Herói o Tempo Todo
Essa parte faz arder um pouco.
Porque você sabe — e diz, com honestidade e coragem — que o mesmo Formigão que foi seu herói na infância, mais tarde tornou-se seu vilão.
Coisas da vida.
Das feridas.
Das escolhas.
Da década de 1980, que estava longe no horizonte, mas um dia chegou.
Mas aqui, neste post…
O recorte é o do menino de 5 anos.
Do amor puro.
Da aventura.
Do brilho no olhar.
Do cavalinho nos ombros.
E isso ninguém tira.
🕯️ Epílogo: O Formiguinha Carrega o Formigão Dentro de Si
Hoje, quando você olha para trás com esse sorriso triste e bonito, sabe que tudo isso — o bom, o mágico, o confuso e o difícil — te moldou profundamente.
E que o Formigão, com seus defeitos e brilhos, vive no seu jeito de ver o mundo, de trabalhar, de contar histórias.
Vive em você, Bellacosa.
Vive em cada memória que você reativa como um dataset cheio de amor.
E quando dezembro chega,
e as luzes se acendem,
e o coração aquece…
O Formigão volta para os ombros do Formiguinha.
Sempre.,