quinta-feira, 29 de setembro de 2005

☕ Um Café no Bellacosa Mainframe — Explorando o z/OS 1.7: o Mainframe entra na era da virtualização madura

 







Um Café no Bellacosa Mainframe — Explorando o z/OS 1.7: o Mainframe entra na era da virtualização madura


🕰️ Ano de lançamento

O IBM z/OS 1.7 foi lançado em setembro de 2005, projetado para acompanhar os mainframes System z9 (Enterprise Class e Business Class). Essa versão marcou uma virada de chave na robustez, virtualização e segurança do ecossistema z/OS — consolidando a arquitetura z/Architecture e a transição completa para 64 bits.


⚙️ Introdução técnica

O z/OS 1.7 nasceu em um contexto de amadurecimento do hardware System z9, com forte foco em:

  • Virtualização avançada com PR/SM (Processor Resource/Systems Manager) aprimorado;

  • Suporte expandido a LPARs e Workload Manager (WLM) mais inteligente;

  • Adoção mais ampla de zAAPs (Application Assist Processors) e zIIPs (Integrated Information Processors);

  • Avanços em segurança, escalabilidade e integração de rede — já com IPv6 e criptografia mais forte.

O sistema trazia a filosofia “segurança e desempenho por design”, com otimizações para cargas mistas (batch + online) e foco em serviços Java e WebSphere dentro do ambiente z/OS.


🧠 Uso de memória e instruções de máquina

O z/OS 1.7 foi totalmente otimizado para o modo de endereçamento de 64 bits, quebrando limitações das versões anteriores (1.4 e 1.6). Isso permitiu:

  • Suporte a terabytes de memória virtual por endereço;

  • Melhor isolamento entre subsistemas (DB2, IMS, CICS);

  • Redução de swap e paging;

  • Execução mais eficiente de aplicações Java no ambiente UNIX System Services (USS).

Do ponto de vista do hardware, o System z9 introduziu novas instruções na z/Architecture, aprimorando operações vetoriais, criptográficas (CP Assist for Cryptographic Function – CPACF) e de controle de interrupções — todas exploradas pelo z/OS 1.7.


🧩 Aplicativos internos e softwares embarcados

O z/OS 1.7 já vinha preparado para o novo milênio digital e trouxe:

  • RACF com suporte a LDAP, autenticação de múltiplos fatores e integração com certificados digitais (PKI);

  • DFSMS com maior automação de políticas de storage e migração inteligente de datasets;

  • RMF (Resource Measurement Facility) com relatórios mais granulares para CPU, memória e I/O;

  • JES2 e JES3 com aperfeiçoamento no roteamento de jobs e no gerenciamento de spool;

  • TCP/IP stack redesenhada para suportar QoS (Quality of Service) e IPv6 nativo;

  • Workload Manager (WLM) aprimorado, com políticas de prioridade mais refinadas e integração direta com o zAAP/zIIP dispatching.


🧮 Firmware PR/SM e créditos de CPU

O PR/SM (Processor Resource/System Manager) evoluiu para gerenciar múltiplos processadores lógicos com granularidade superior:

  • Distribuição de entitlement e weighting de CPU ajustável em tempo real;

  • Novos algoritmos de balanceamento para workloads Java, WebSphere e DB2;

  • Introdução de Intelligent Resource Director (IRD) e Dynamic LPAR Management, permitindo ao sistema realocar créditos de CPU dinamicamente entre LPARs de acordo com a carga.

Essa combinação de PR/SM + WLM + IRD deu ao z/OS 1.7 a reputação de “sistema operacional que gerencia a si mesmo”, um salto conceitual rumo ao modelo autonômico que a IBM promovia na época.


🧭 Curiosidades e bastidores

  • O z/OS 1.7 foi a última versão compatível com o z800 (System z8), encerrando a era dos mainframes baseados em 31 bits.

  • O codinome interno do projeto era “Atlantic”, por marcar o início da integração completa entre as equipes de hardware dos EUA e software da IBM Europa.

  • Foi também a primeira versão em que o z/OS UNIX System Services foi considerado estratégico, e não mais apenas um “subsistema opcional”.

  • O slogan interno da IBM para o lançamento: “One z, many worlds — virtualized, optimized, secured.”


Dica Bellacosa Mainframe

Se você está montando um laboratório com Hercules ou zPDT, o z/OS 1.7 é o ponto de equilíbrio perfeito:
é moderno o suficiente para suportar Java e USS robusto, mas leve o bastante para rodar em ambiente de teste com 2 GB de RAM.
Além disso, é uma ótima base para entender o comportamento do WLM, RACF e JES2 antes das complexidades do z/OS 2.x.


📜 Resumo técnico rápido

ItemDescrição
Versãoz/OS 1.7
Ano de lançamento2005
Hardware principalIBM System z9
Arquiteturaz/Architecture (64-bit)
PR/SMDynamic LPAR, IRD aprimorado
Instruções novasCriptografia CPACF, melhorias em controle de interrupções
WLMInteligente, com integração a zAAP/zIIP
SegurançaRACF + LDAP + PKI
RedeIPv6, QoS, TCP/IP otimizado
CuriosidadeÚltima versão compatível com System z8

💬 “O z/OS 1.7 é aquele amigo que não precisa de holofote — está nos bastidores, garantindo que tudo funcione com precisão cirúrgica.”


terça-feira, 26 de julho de 2005

⚙️ IBM System z9 – O Mainframe da Revolução Segura

 




⚙️ IBM System z9 – O Mainframe da Revolução Segura

Quando a força do aço encontrou a inteligência do silício.


🧭 Introdução Técnica

Em julho de 2005, a IBM apresentou ao mundo o System z9, o sucessor direto do z990 (T-Rex).
Ele não foi apenas uma atualização: o z9 foi um recomeço arquitetônico, consolidando o 64 bits da z/Architecture, integrando criptografia por hardware e refinando o conceito de Parallel Sysplex e virtualização massiva.

Enquanto o z990 foi o gigante da força bruta, o z9 trouxe elegância técnica — foi a primeira máquina z verdadeiramente pensada para o mundo digital seguro.


🕰️ Ficha Técnica – IBM System z9

ItemDetalhe
Ano de Lançamento2005 (EC) / 2006 (BC)
Modelosz9 EC (Enterprise Class) e z9 BC (Business Class)
CPUz9 Processor Chip (CMOS 9 Geração), até 54 CPs a 1,7 GHz
ArquiteturaIBM z/Architecture (64 bits)
Sistema Operacionalz/OS 1.7 + (compatível com 1.8 e 1.9)
Memória máxima512 GB (BC) / 1,5 TB (EC)
AntecessorzSeries z990 (2003)
SucessorSystem z10 (2008)

🔄 O que muda em relação ao z990 (z7)

  1. Criptografia em hardware nativo – pela primeira vez, o mainframe passou a criptografar em tempo real dados em disco e em trânsito, sem degradar o desempenho.

  2. Suporte a zAAP e zIIP – os novos specialty processors descarregavam cargas Java e DB2, reduzindo custos de licença e melhorando a eficiência.

  3. HiperSockets 2.0 – comunicação interna TCP/IP entre LPARs com latência quase zero.

  4. InfiniBand Coupling Links (ICL) – substituição dos antigos canais ESCON, triplicando a velocidade do Sysplex.

  5. Nova geração de virtualização – até 60 LPARs simultâneas em um único frame, gerenciadas pelo PR/SM hypervisor.

  6. Suporte a Linux on Z amadurecido – o z9 foi o primeiro mainframe “oficialmente híbrido” com workloads corporativos e Linux rodando lado a lado.


🧠 Curiosidades Bellacosa

  • O codinome de desenvolvimento era “Wolverine”, mantendo a tradição de nomes de predadores iniciada pelo T-Rex (z990).

  • O z9 foi o primeiro sistema corporativo certificado pelo NIST com criptografia AES hardware nativa.

  • Um único z9 EC podia processar 1,7 milhão de transações CICS por segundo.

  • Cada processador z9 tinha razão de eficiência 1:1, ou seja, cada núcleo executava workloads completos sem threads compartilhadas — performance consistente e previsível.


💾 Nota Técnica

  • Clock e Pipeline: o processador z9 rodava a 1,7 GHz, com pipeline de 16 estágios e 64 KB L1 cache por núcleo.

  • Canal I/O: 336 canal paths por L-par (12 subchannels por I/O hub).

  • zAAP (Application Assist Processor): descarregava Java, WebSphere e SOAP, liberando CPs principais.

  • zIIP (Integrated Information Processor): otimizado para workloads DB2 SQL e análises complexas.

  • Sysplex Timer: sincronização global de alta precisão — essencial para integridade transacional.


💡 Dicas para Profissionais e Padawans

  1. Explore os specialty processors: entender zAAP e zIIP é fundamental para otimização de custos de licença em ambientes modernos.

  2. Reveja a segurança: o modelo de criptografia end-to-end introduzido no z9 é a base do conceito de “Pervasive Encryption” adotado no z14.

  3. Observe a herança: muito do que o z10 e z13 aperfeiçoaram (núcleos multithread, virtualização Linux, eficiência energética) nasceu aqui.

  4. Para aulas: o z9 é ótimo exemplo de transição da era “mecânica e monolítica” para a era do mainframe “inteligente e modular”.


🧬 Origem e História

O System z9 foi apresentado ao público em 26 de julho de 2005, no evento IBM zSeries Launch New York.
Era o resultado direto de três anos de pesquisa sobre o protótipo z8, nunca lançado comercialmente, que serviu de base para suas inovações em interconexão e criptografia.
A família z9 introduziu também o conceito de Business Class (BC) — uma versão mais acessível do mainframe para empresas de médio porte.

Essa estratégia foi decisiva para manter o IBM Z como centro da infraestrutura corporativa global, quando todos previam o “fim do mainframe”.


Conclusão Bellacosa

O System z9 foi o ponto de virada: trouxe o mainframe para a era da internet segura, da virtualização flexível e da eficiência econômica.
Dele derivaram conceitos que até hoje movem as gerações z10, z13 e z14.

“O z9 ensinou ao mundo que o mainframe não envelhece — ele evolui.”
Bellacosa Mainframe

sábado, 5 de março de 2005

PROIBIDÃO: Os Animes Mais Polêmicos de Todos os Tempos

 

Os Animes Mais Polêmicos de Todos os Tempos

O universo do anime é vasto e multifacetado, mas alguns títulos se destacam por causar debates intensos, choque cultural e até censura. Aqui reunimos cinco dos animes mais polêmicos da história, analisando cada um em detalhes.


1. Boku no Pico (2006)

  • Sinopse: Pico, um menino doce e inocente, se envolve em um relacionamento sexual com homens mais velhos, explorando temas controversos sobre amor e sexualidade.

  • Ano de Lançamento: 2006

  • Autor: Katsuyoshi Yatabe

  • Personagens: Pico, Tamotsu, Chico

  • Polêmica: Retrata pedofilia de forma explícita, o que gerou repulsa e debates internacionais.

  • Reação: Considerado impróprio e quase sempre proibido fora do Japão; virou meme global pelo choque que provoca.

  • Curiosidade: Apesar de sua fama negativa, existe uma base de fãs curiosos sobre o título.

  • Mensagem: Explora tabus sociais de forma chocante, mas é amplamente criticado por romantizar crimes.

  • Dicas: Recomendado apenas para pesquisa sobre controvérsias em mídia adulta; não indicado para menores.

  • Recepção do Público: Extremamente divisiva; odiado por muitos, mas curiosamente famoso na internet.


2. Elfen Lied (2004)

  • Sinopse: Lucy, uma mutante com poderes telecinéticos, escapa de um laboratório, desencadeando uma série de mortes e confrontos com humanos, enquanto lida com traumas do passado.

  • Ano de Lançamento: 2004

  • Autor: Lynn Okamoto

  • Personagens: Lucy/Nyu, Kouta, Yuka, Nana

  • Polêmica: Violência gráfica extrema, nudez e abuso infantil.

  • Reação: Foi alvo de críticas severas por exploração de violência e sexualidade de forma chocante.

  • Curiosidade: Apesar da violência, a obra conquistou fãs por sua abordagem filosófica sobre preconceito e rejeição social.

  • Mensagem: Questiona a natureza humana, empatia e isolamento.

  • Dicas: Prepare-se para cenas fortes e conteúdo perturbador.

  • Recepção do Público: Mistura de fascínio e repulsa; cultuado como clássico psicológico e violento.


3. Kodomo no Jikan (2007)

  • Sinopse: Daisuke Aoki, um jovem professor, enfrenta situações complicadas quando sua aluna, Rin, desenvolve sentimentos românticos por ele, desafiando normas sociais.

  • Ano de Lançamento: 2007

  • Autor: Kaworu Watashiya

  • Personagens: Daisuke Aoki, Rin Kokonoe, Reiji Kokonoe

  • Polêmica: Relação inapropriada entre professor e aluna de escola primária.

  • Reação: Censurado em diversos países, com críticas sobre exploração infantil.

  • Curiosidade: Tenta discutir traumas e solidão infantil por trás da provocação.

  • Mensagem: Mostra os limites da moralidade e o impacto psicológico de crianças negligenciadas.

  • Dicas: Indicado apenas para estudo crítico; não é entretenimento convencional.

  • Recepção do Público: Dividido; alguns enxergam crítica social, outros repulsa completa.


4. Attack on Titan (Shingeki no Kyojin, 2013)

  • Sinopse: Em um mundo cercado por muros, Eren Yeager luta contra gigantes devoradores de humanos enquanto descobre segredos sombrios da humanidade.

  • Ano de Lançamento: 2013

  • Autor: Hajime Isayama

  • Personagens: Eren Yeager, Mikasa Ackerman, Armin Arlert

  • Polêmica: Violência extrema, genocídio, debates sobre ideologias políticas e raciais.

  • Reação: Críticas sobre possíveis mensagens nacionalistas ou fascistas, gerando intenso debate acadêmico e cultural.

  • Curiosidade: Isayama se inspirou em experiências pessoais e literatura para criar tensão social e moral.

  • Mensagem: Explora liberdade, sobrevivência e moralidade em tempos de guerra.

  • Dicas: Observe mais a reflexão filosófica do que apenas a ação violenta.

  • Recepção do Público: Mundialmente aclamado, embora com discussões constantes sobre seu conteúdo.


5. Neon Genesis Evangelion (1995-1996)

  • Sinopse: Shinji Ikari é convocado para pilotar um mecha chamado Eva para combater seres chamados Anjos, enquanto enfrenta conflitos internos e traumas psicológicos.

  • Ano de Lançamento: 1995

  • Autor: Hideaki Anno

  • Personagens: Shinji Ikari, Rei Ayanami, Asuka Langley Soryu, Gendo Ikari

  • Polêmica: Psicologia intensa, sexualidade ambígua, simbolismo religioso e final perturbador.

  • Reação: Fãs ficaram confusos e revoltados com o final original; necessitou do filme End of Evangelion para complementar a história.

  • Curiosidade: Tornou-se referência cultural no Japão e no Ocidente, influenciando diversos animes e debates filosóficos.

  • Mensagem: Explora identidade, depressão, solidão e busca de sentido na vida.

  • Dicas: Assista com atenção à psicologia dos personagens; não espere apenas ação.

  • Recepção do Público: Icônico e polarizador; adorado por críticos e fãs de psicologia/análise de personagens.


💡 Conclusão:
A polêmica nos animes pode surgir por diferentes motivos: violência, sexualidade, crítica social ou filosófica. Cada obra gera reação única, refletindo tanto a sensibilidade cultural quanto o impacto narrativo. De Boku no Pico a Evangelion, o anime mostra que a arte japonesa não tem medo de provocar, questionar e desafiar o público.

sábado, 1 de janeiro de 2005

2004 Melhores momentos na viagem a São Paulo BR

Retrospectiva de 2004 em Itatiba


Terminamos o ano com uma otima viagem ao Brasil, onde em menos de 10 dias, chegamos a Cumbica, fomos a Itatiba, passamos por São Paulo, descemos a serra rumo a Praia Grande, passamos por Taubate, chegamos a Campos do Jordão e ainda retornamos a Itatiba e passamos outras vezes por Sampa.



Foi otimo rever meus amigos, parentes, pessoas queridas, fazermos bons almoços, contar boas historias, relembrar  de momentos antigos.

Apresentei a Carmen para a família e amigos onde nos reunimos em bons momentos para aproveitar o pouco tempo para tentar colocar tudo em dia. Desde os mais de 800 dias vividos no velho continente, até o namoro e futuro casamento.

Foram dias intensos onde aproveitei minha casinha por alguns momentos, sempre cansaderrimo devido aos vais e voltas de tantas viagens, o tempo era curto e queríamos fazer tanta coisa, visitar tantos parentes e amigos.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2004

2004 os melhores momentos em Espanha

Uma passagem rápida por Espanha.


2004 foi um ano intenso com acontecimentos traumáticos para a Espanha. O atentado de Março foi devastador para o povo espanhol.



Mas as belezas de Espanhas conseguiram ocultar este momento menos belo da primeira década do século XXI. Os museus, os grandes edifícios, as riquezas das Américas.

Deixaram marcas maravilhosas em Espanha. A Catedral de Sevilha, a praça de Espanha, o museu do Prado são patrimónios que tornam Espanha um dos tesouros da Europa.

Conhecer a Torre do Ouro, navegar no rio Guadalquivir, caminhar pelo centro de Madrid e conhecer o melhor da Andaluzia foi uma grande aventura.

2004 e os melhores momentos em Portugal

As melhores imagens de Portugal em 2004.


Terminamos o ano com montes de passeios realizados em Portugal, onde tivemos a oportunidade de conhecer novas cidades, novos castelos e saborear as delicias da culinária regional.



Portugal é muito rico em historia, cada cantinho do pais possui seus castelos, construções históricas, ruínas arqueológicas, grandes e belíssimas igrejas.

Afinal Portugal possui mais de 2500 anos de historia registradas, desde que os fenícios iniciaram suas transaçoes comerciais com os lusitanos, depois vieram hispanos, cartagineses, romanos, vândalos, alamanos, visigodos, mouros etc. Cada um destes povos deixando sua marca em território português.

Venha se perder e procurar esses vestígios de norte a sul em Portugal, não esquecendo de saborear os deliciosos vinhos, os doces regionais e as delicias da culinária regional.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

GULLIVER — O REINO BRASILEIRO ONDE A IMAGINAÇÃO SEMPRE CABE NUMA MÃO

 


GULLIVER — O REINO BRASILEIRO ONDE A IMAGINAÇÃO SEMPRE CABE NUMA MÃO
Um post ao estilo Bellacosa Mainframe para o blog El Jefe Midnight Lunch





Quando pensamos em Brasil das décadas de 60, 70, 80 e 90, muita gente lembra primeiro de TV preto-e-branco, carro com carburador, feira na calçada, mercearia da esquina… Mas há um fio invisível que costura a infância de milhões de brasileiros: uma pequena legião de soldados de plástico, índios bravos, cowboys destemidos, super-heróis troncudos e monstros improváveis.
Esse fio tem nome: Gulliver.

E como todo bom mito pop, a história da Gulliver mistura engenho brasileiro, ousadia industrial, guerra cultural, brinquedos que viraram patrimônio afetivo — e muitos easter-eggs que ninguém imagina. Prepare seu cavalo, pegue sua Winchester de plástico e siga comigo.


🌄 A ORIGEM — O DESERTO, O SONHO E O PLÁSTICO

A Gulliver nasce em 1956, em São Caetano do Sul (SP), fundada por José “Zeca” Matarazzo Filho — não o conde, mas um industrial com faro para um mercado que estava nascendo: o de brinquedos de plástico injetado.

Enquanto os brinquedos do Brasil ainda eram majoritariamente de lata, madeira ou pano, a Gulliver apostou forte na nova técnica. E acertou: o plástico permitia detalhes finíssimos, moldes ousados, variedade absurda e — principalmente — preço acessível.

E assim, num barracão no ABC paulista, começa o reinado que duraria gerações.




🏹 O FORTE APACHE — O PRIMEIRO UNIVERSO CINEMATOGRÁFICO BRASILEIRO

O carro-chefe absoluto?
O Forte Apache.

Originalmente licenciado da empresa norte-americana Louis Marx & Co., a Gulliver tropicalizou, expandiu, redesenhou e reinventou o playset até transformá-lo em algo 100% culturalmente brasileiro.

Versões em madeira, versões em plástico, versões pintadas à mão…
Sede, quartéis, torres, cavalaria, índios apaches, cowboys, meninos sorridentes, cachorros pastores, carroções, canhões — um universo inteiro numa mesa de poucas polegadas.

O Forte Apache da Gulliver foi, para uma geração, o primeiro “metaverso” de verdade:

  • sem login,

  • sem Wi-Fi,

  • sem NFT,

  • mas com imaginação ilimitada.



👊 A ERA DE OURO — SUPER-HERÓIS, MONSTROS E UM BRASIL POP

Dos anos 60 aos 90, a Gulliver reinou absoluta.

🦸 Super-Heróis

Licenciou Marvel e DC quando isso ainda não era cool.
Se você lembra de um Hulk verde berrante, um Thor cabeçudo, um Superman com peito em formato de barril, você sabe do que estou falando.

👽 Monstros

Godzilla, King Kong, criaturas do espaço — tudo ganhava forma em PVC duro e eternizava tardes inteiras de batalha no chão da sala.

⚔️ Playsets temáticos

Forte Apache, Castelo Medieval, Vila do Zorro, Piratas, Cavaleiros, Romanos…
Cada kit era um portal instantâneo para outra época.

🚀 Ficção Científica & Robôs

Robôs de fricção, astronautas, monstros radioativos — um eco direto da paranoia nuclear e dos seriados japoneses que chegavam ao Brasil.

🗡️ Os eternos gladiadores Gulliver

Pequenos, coloridos, com poses icônicas — presentes em cada mercearia, banca de jornal e lojinha da 25 de Março.



🧩 CURIOSIDADES E EASTER-EGGS PARA COLECIONADORES

A Gulliver produziu peças para outras empresas — incluindo lotes secretos exportados sem marca.
Muita coisa hoje é “Gulliver sem saber”.

Existem moldes perdidos — literalmente extraviados nos anos 80 e 90. Alguns foram recuperados décadas depois em galpões abandonados.

A pintura a mão do Forte Apache original foi feita majoritariamente por equipes femininas do ABC Paulista, artesãs com precisão impressionante.

O cachorro pastor preto que acompanhava o menino no playset original foi inspirado no cão real de um funcionário da empresa.

✔ Nos anos 70 e 80, a Gulliver teve licenças do Ultraman, Jaspion e outros tokusatsu, mas muitos produtos nunca chegaram às lojas.

✔ A empresa criou a primeira linha nacional de minimodelos históricos, usada até em escolas durante anos.


📉 O DECLÍNIO — A INVASÃO DOS IMPORTADOS

A partir dos anos 90, com a abertura econômica e a entrada massiva de brinquedos chineses, o cenário mudou:

  • O custo de moldes metálicos era altíssimo.

  • As linhas clássicas vendiam menos.

  • O varejo migrou para produtos mais baratos e descartáveis.

  • Empresas nacionais sofreram — a Gulliver, inclusive.

A produção foi reduzida, algumas linhas desapareceram, outras tiveram tiragens curtas. Mas a marca nunca morreu.


🔥 O ESTADO ATUAL — GULLIVER, A FÊNIX DO PLÁSTICO

Hoje, a Gulliver existe — viva, reinventada e nostálgica.

A empresa se reposicionou como marca clássica, apostando em:

  • relançamentos de linhas vintage,

  • séries de edição limitada,

  • produtos colecionáveis,

  • parcerias com grupos de fãs e historiadores do brinquedo brasileiro.

O público?
Adultos entre 35 e 60 anos que carregam na alma o chão da sala onde guerrearam com cavaleiros e apaches.


🌵 DICAS PARA COLECIONADORES (AO ESTILO BELLOSA MAINFRAME)

  1. Prefira moldes antigos — geralmente mais pesados, com PVC mais duro e detalhes mais finos.

  2. Evite restaurações mal feitas — tinta errada destrói valor.

  3. Guarde em estojos fechados — o PVC é sensível à luz e pode ficar quebradiço.

  4. Fique de olho em relançamentos oficiais — alguns são raros já ao nascer.

  5. A comunidade “Gullivermaníacos” no Brasil é riquíssima — grupos no Facebook, Orkut ressuscitado, fóruns especializados.

  6. Cuidado com falsificações chinesas — sim, existem.

  7. O Forte Apache completo com pintura à mão é um Graal — conserve como um DB2 catalog root page.


🌙 CONCLUSÃO — GULLIVER, O MAINFRAME DA NOSSA INFÂNCIA

O que o mainframe tem em comum com a Gulliver?
Longevidade, confiabilidade, legado e presença silenciosa na vida de milhões.

A Gulliver é o nosso “CICS da imaginação”:

  • sempre em produção,

  • sempre entregando,

  • sempre suportando volume,

  • sempre pronta para rodar mais uma aventura.

E assim como o mainframe, ela atravessou gerações — sólida, nostálgica, parte da história nacional.

Se você teve um Forte Apache, um cowboy, um índio, um Hulk esquisitão, um gladiador colorido…
Você carrega Gulliver no coração.

E como sempre digo: nostalgia também é arquitetura — arquitetura da alma.