quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

🌱 Usagi Drop — A Doçura e o Peso de Ser Adulto



 🌱 Usagi Drop — A Doçura e o Peso de Ser Adulto

Alguns animes não gritam, não têm batalhas, nem poderes místicos — apenas histórias humanas contadas com delicadeza.
Usagi Drop é um desses raros retratos da vida que fazem a alma respirar devagar.
Um slice of life sobre amadurecimento, amor silencioso e a inesperada beleza de cuidar de alguém.




📖 Sinopse

Daikichi Kawachi, um homem solteiro de 30 anos, descobre que seu falecido avô deixou uma filha ilegítima de 6 anos — a pequena Rin.
Ignorada pela família, a menina desperta em Daikichi algo que ele mesmo desconhecia: a vontade de proteger, amar e crescer.
Ele decide criá-la, e o que começa como uma decisão impulsiva se transforma em uma jornada sobre paternidade, responsabilidade e ternura.

Em cada manhã apressada e cada lanche compartilhado, Usagi Drop revela que o amor mais puro nasce das pequenas rotinas.




👨‍👧 Personagens Principais

  • Daikichi Kawachi — Um adulto comum, trabalhador, sincero e um pouco perdido. Aprende que ser responsável é também aprender a ser vulnerável.

  • Rin Kaga — Uma criança madura e reservada, mas cheia de sensibilidade. Sua presença transforma o mundo de Daikichi.

  • Kouki & Yukari Nitani — Mãe e filho que se tornam espelhos e apoio na nova vida de Daikichi e Rin.


🧠 Mensagem Filosófica

Usagi Drop não é sobre a paternidade em si — é sobre crescer através do amor.
A série desmonta o mito do adulto completo, mostrando que maturidade é algo que se aprende ao cuidar de outro ser humano.
No fundo, é uma história sobre encontrar sentido na simplicidade — um lembrete de que a vida não precisa ser grandiosa para ser bonita.


🎬 Ficha Técnica

  • Autor: Yumi Unita

  • Ano de Lançamento: 2011

  • Estúdio: Production I.G

  • Gênero: Slice of Life / Drama / Cotidiano

  • Episódios: 11


💡 Dicas Bellacosa

  • Repare nas cores suaves e na trilha sonora minimalista — cada acorde é uma extensão da serenidade de Rin.

  • É um anime perfeito para assistir em dias de chuva, acompanhado de chá ou café — o tipo de obra que abraça em silêncio.

  • Não espere drama exagerado: o impacto está nas entrelinhas, nos gestos e nas pausas.


🔍 Curiosidades

  • O mangá original tem um salto temporal polêmico, mas o anime encerra antes dessa parte — focando apenas na relação pura e paterna.

  • O título “Usagi Drop” (うさぎドロップ) faz alusão à leveza e à vulnerabilidade de Rin — como um pequeno coelho deixado aos cuidados de um adulto desajeitado.

  • A produção do estúdio Production I.G foi elogiada pela fidelidade emocional e pela estética aquarelada das cenas domésticas.


Reflexão Bellacosa

Em Usagi Drop, o herói não empunha espada — ele segura uma lancheira.
Não há batalhas épicas, apenas o esforço silencioso de acordar cedo, preparar o café e chegar a tempo na escola.
E é ali, entre os gestos cotidianos, que o anime nos mostra o que é amor real: aquele que não promete eternidade, mas presença.

Porque, às vezes, o ato mais revolucionário é simplesmente cuidar de alguém — e, nesse processo, descobrir quem você é.


Assista devagar. Sinta. E talvez perceba que, no fundo, todos nós temos uma pequena Rin dentro de nós — esperando ser acolhida.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

📸 O Pequeno Vendedor de Salgadinhos & O Carnaval Mítico de Pirassununga (1983)

 


🌙 El Jefe Midnight Lunch apresenta:
📸 O Pequeno Vendedor de Salgadinhos & O Carnaval Mítico de Pirassununga (1983)
Uma crônica Bellacosa Mainframe sobre liberdade, samba, coxinhas e destino


Existem histórias que chegam para mim como um dump do JES2: cheio de linhas caóticas, mensagens truncadas, e no meio da bagunça... um registro vital, um checkpoint da vida.
Pois bem: 1983, Pirassununga. Brasil em final de ditadura, moralismo fervendo, e um personagem que eu jamais esqueceria — Bene.



🏳️‍🌈 Bene, a entidade de Pirassununga

Bene não era apenas uma pessoa. Era praticamente um CICS Transaction ambulante:

  • Rápido,

  • Direto,

  • Chamado por todos,

  • E impossível de ignorar.

Em plena época de conservadorismo sufocante, ele era um homossexual efeminado assumido, colorido por natureza, vida e espontaneidade. Sambista nato, porta-bandeira de uma escola paulistana importada para o interior só para “causar”. Bene era aquilo que o Japão chamaria depois de ikemen invertido: exuberância em vez de contensão.

Ele era o próprio “easter-egg” vivo da cidade — algo que ninguém esperava ver num ambiente tão fechado… mas que todo mundo secretamente respeitava, porque Bene fazia a festa acontecer.

Nota de rodapé Pirassununga é uma cidade famosa pela sua base da Força Area, a Esquadrilha da Fumaça e milicos para todos os lados, a existência do Bene era uma prova da força divina e santo forte do rapaz. Imagine que ele escapou ileso aos porões do DOI-CODE sem nunca entrar nos radares desse povo louco.



📸 E onde entra a família Bellacosa?

Como sempre: onde há uma confusão, há um Bellacosa sendo puxado para dentro.

Numa daquelas noites aleatórias em que tudo parecia quieto demais para a década de 80, Bene aparece com um pedido insolito, quase divino:

“Ô, seu Wilson Bellacosa… cê não quer fazer a reportagem fotográfica do Carnaval?”

A promessa de dinheiro brilhou como painel do 3270 quando o VTAM finalmente conecta.
E lá vai meu pai — fotógrafo profissional, retratista raiz — abrir a temporada oficial de fotos do Carnaval de Pirassununga 1983.

Mas, como sabemos, ninguém da família Bellacosa trabalha sozinho. O caos sempre é distribuído como JCL mal comentado.



🥟 A vó Anna, pipeline master do destino

A vó Anna, grande arquiteta da vida Bellacosa, observando a inquietação do meu pai, irresponsabilidade para governar a família, incrível capacidade de ferrar com tudo, fez o que toda matriarca visionária faz:

  1. Pegou minha mãe pela mão

  2. Levou-a para a igreja

  3. Colocou-a num curso de fabricação de salgados para festas

E pronto: nasceu um microempreendimento familiar antes mesmo do MEI existir.
Coxinhas, risoles, croquetes, tudo gerado em batch noturno diretamente na cozinha da casa.



👦 E eu, pequeno padawan?

Promovido — sem concurso público — a vendedor de salgadinhos.

Melhor dizer, convocado, alistado e inscrito nessa operação especial. Sem direito a fuga...

  • Meu pai no meio da rua fotografando tudo, parecendo repórter oficial do Globo Repórter: edição folia interiorana

  • Minha mãe numa calçada vendendo os salgados

  • Eu na outra calçada, um mini-hardware humano processando vendas, troco e clientela com throughput digno de MQSeries

  • Vivi e Dandan… off-line, sem escalonamento naquela missão

Esse foi o primeiro job remunerado do jovem Bellacosa.
O JOB001, o início de uma longa sequência de execuções bem-sucedidas, cada uma com sua história, suas exceções e suas mensagens $HASP aleatórias da vida.



🎭 O Carnaval que me iniciou no “modo trabalhador”

Entre um sambista, um fotógrafo, uma cozinheira recém-formada, uma matriarca estrategista e eu — o pequeno vendedor — nasceu o primeiro workflow profissional Bellacosa.

E tudo isso no meio de:

  • Fantasias improvisadas

  • Sambas ecoando pela praça

  • O povo celebrando a liberdade recém permitida era final da ditadura

  • Bene, radiante, reinando como supernova em meio à poeira conservadora

🌟 Easter-egg que só quem é da época sabe

  • Em 1983, várias cidades pequenas ainda proibiam travestis de desfilar — Pirassununga permitiu Bene sem pestanejar.

  • As fotos do meu pai se tornaram parte da memória oral da cidade — muita gente ainda lembra e guarda estas relíquias de família.

  • A polícia olhava torto, mas deixava passar. Carnaval é exceção até para militar.

📌 Moral do episódio (versão Bellacosa Mainframe)

Às vezes, a vida me coloca para vender coxinhas no meio da rua, achando que é só um bico…
Mas ali nasceu o meu senso de:

  • trabalho,

  • responsabilidade,

  • criatividade,

  • improviso,

  • e principalmente… resiliência.

E tudo isso graças a Bene — o trigger humano — que, só por existir livre, bagunçou positivamente a história da sua família.