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domingo, 11 de fevereiro de 2018

Carnaval de Itatiba foi invadido pelos Demônios da Benjamin

Abertura do carnaval de Itatiba 2018


O bloco carnavalesco "os demônios da Benjamin" mais uma vez abriram o carnaval de rua em Itatiba. Com muita irreverencia a festa do chifrudo foi demais, fazendo piada da penúria econômica da cidade e tirando sarro da politica de nossa terrinha e aloprando os políticos e personalidades que saíram no jornal em 2017;.

Que atirem a primeira pedra, mas não acertem o corno do diabo, deixa para o papai noel sem bala, noticia que virou manchete e  correu o mundo através dos noticiários da internet, ficamos famosos por ai a fora.

E tomem cuidado para não apanharem do Dito, levando cintada da cinta malvada, que botou para correr o cornelius e seus  amigos da Casa santa e no carnaval foi parar num ringue de boxe, montado sobre um carro alegórico. O grande refrão foi mesmo o Dito e sua cinta vingativa, realmente 2017 não foi nada bom para a casa santa... a prefeitura dando calote e ameaçando com auditorias e inspetorias nos serviços hospitalares.

Mas nem só de gozação foi o desfile, a raiva do povo pelo IPTU que aumentou 13%, um valor bem acima da inflação, ainda mais que os carnês de pagamento foram entregues esta semana.

No desfile teve um grupinho de foliões fantasiados de rolo de papel higiênico vazio, dizendo que foi tanta mão metida na massa, que acabou o papel higiênico.

Outros indignados gozavam o uber Unicamp que liga nossa cidade a Campinas,  ajudando a quem mais precisa, você me entende nê? Fazer o que quando a verba acabou? Foi um gastar as verbas públicas sem controle, que o cofre ficou vazio e já sabem pode gerar grandes dores de cabeça ao prefeito. Afinal o barato é marido da barata. 

O grosso da capetada estava mesmo era ironizando o estado precário da saúde publica de nossa cidade, demônios em cadeiras de roda, macas, com soro na  veia e vários temas alusivos a hospital: zombies, médicos monstros, pacientes estropiados e muitos diabinhos.

Acho que falei de tudo, se não falei assista o vídeo, encontro algum amigo e partilhe o carnaval da terrinha











quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

🚂 Sorocaba/1982 — Arquivo de Trilhos, Banheiros Selvatizados & Carnaval Infantil

 


🚂 Sorocaba/1982 — Arquivo de Trilhos, Banheiros Selvatizados & Carnaval Infantil

(Tape Load > /memories/1982/sorocaba_train_trip.bin)

Algumas lembranças não vêm em HD — mas vêm quentes.
Vêm com cheiro de diesel, com vento na janela e com aquele tec-tec hipnótico que só trilho antigo sabe fazer.

1982.
Meu pai tinha o velho fusca azul, fiel e barulhento.
Mas naquele carnaval decidimos fazer algo maior — ir de trem até Sorocaba.
Sim, aventura ferroviária pura, raiz, sem tutorial, sem Google Maps, apenas alma e trilhos.

Lembro da chegada à Estação da Luz, imponência de cartão-postal.
Dali, seguimos rumo à plataforma da Sorocabana, para embarcar no trem da antiga Sorocabana, já sob comando da Fepasa — gigante paulista dos tempos em que ferrovia ainda era mapa vivo no Estado.


A viagem foi mais do que transporte — foi rito de passagem.

A janela era cinema.
O trilho era trilha sonora.
E eu, garoto encantado, absorvia tudo como backup eterno na cabeça.

E tinha o carrinho de guloseimas, claro.
Pipoca estalando, refrigerante de garrafa pesada, biscoito de polvilho, amendoim torrado com cheiro que invadia vagão inteiro.
A experiência completa.



Mas a parte que o tempo nunca apagou —
o banheiro da estação.
Aquele banheiro ferroviário raiz, digno de paleontologia social brasileira:

Sem privada.
Duas plataformas para apoiar os pés, agachar e rezar para a estabilidade.

Se eu não estivesse surpreendido, vem a maior de todas as surpresas, daquelas de cair o queixo. Tínhamos ido ao banheiro da estação, mas nada nos surpreenderia mais que o banheiro no vagão de passageiros do trem.

Aquela cabine minuscula, assento plástico e a privada, melhor dizendo vaso sanitário era metálica com um estranho botão na lateral.




E o mais surreal — a descarga despejava o nosso serviço direto nos trilhos, sem filtro, sem poesia, sem engenharia sueca.
Você apertava, um estanho barulho e lá ia o passado direto para os dormentes, em movimento.
Selvagem. Primitivo. E, para uma criança de 7-8 anos, incrivelmente fascinante.

Foi longa a viagem, extensa como filme épico.
Mas eu não queria que terminasse.



Em Sorocaba, as memórias são borradas como foto velha, mas eu ainda sinto o riso, a correria, a liberdade infantil com as primas — filhas do primo Claudio e sua esposa Marli.
E o ápice do roteiro: Carnaval de rua.
Sambódromo improvisado, escola na avenida,  crianças farreando, os primos brincando: Ana Claudia, Vagner, Giovana e Viviane, a fantasia brilhando na noite quente do interior.

Pulso cultural batendo forte, suor, serpentina e alegria solta como confete ao vento.

E os pequenos bebês Daniel e Claudio presos aos colos nada puderam fazer...

Sorocaba, trem, trilhos, banheiro bárbaro e carnaval —
é assim que guardo 1982 no peito.
Não é sobre luxo, nem sobre conforto: é sobre primeira aventura.

Porque crescer é isso —
de vez em quando o Fusca fica na garagem,
e a gente embarca naquilo que ainda não sabe explicar,
mas nunca mais esquece.

PS: Este adendo é coisa da Vivi, que lembrou de um acidente curioso nesta viagem, onde meu pai foi querer testar suas habilidades sobre patins, acabou batendo a cabeça no muro e um furo dolorido com um prego escondido.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

📸 O Pequeno Vendedor de Salgadinhos & O Carnaval Mítico de Pirassununga (1983)

 


🌙 El Jefe Midnight Lunch apresenta:
📸 O Pequeno Vendedor de Salgadinhos & O Carnaval Mítico de Pirassununga (1983)
Uma crônica Bellacosa Mainframe sobre liberdade, samba, coxinhas e destino


Existem histórias que chegam para mim como um dump do JES2: cheio de linhas caóticas, mensagens truncadas, e no meio da bagunça... um registro vital, um checkpoint da vida.
Pois bem: 1983, Pirassununga. Brasil em final de ditadura, moralismo fervendo, e um personagem que eu jamais esqueceria — Bene.



🏳️‍🌈 Bene, a entidade de Pirassununga

Bene não era apenas uma pessoa. Era praticamente um CICS Transaction ambulante:

  • Rápido,

  • Direto,

  • Chamado por todos,

  • E impossível de ignorar.

Em plena época de conservadorismo sufocante, ele era um homossexual efeminado assumido, colorido por natureza, vida e espontaneidade. Sambista nato, porta-bandeira de uma escola paulistana importada para o interior só para “causar”. Bene era aquilo que o Japão chamaria depois de ikemen invertido: exuberância em vez de contensão.

Ele era o próprio “easter-egg” vivo da cidade — algo que ninguém esperava ver num ambiente tão fechado… mas que todo mundo secretamente respeitava, porque Bene fazia a festa acontecer.

Nota de rodapé Pirassununga é uma cidade famosa pela sua base da Força Area, a Esquadrilha da Fumaça e milicos para todos os lados, a existência do Bene era uma prova da força divina e santo forte do rapaz. Imagine que ele escapou ileso aos porões do DOI-CODE sem nunca entrar nos radares desse povo louco.



📸 E onde entra a família Bellacosa?

Como sempre: onde há uma confusão, há um Bellacosa sendo puxado para dentro.

Numa daquelas noites aleatórias em que tudo parecia quieto demais para a década de 80, Bene aparece com um pedido insolito, quase divino:

“Ô, seu Wilson Bellacosa… cê não quer fazer a reportagem fotográfica do Carnaval?”

A promessa de dinheiro brilhou como painel do 3270 quando o VTAM finalmente conecta.
E lá vai meu pai — fotógrafo profissional, retratista raiz — abrir a temporada oficial de fotos do Carnaval de Pirassununga 1983.

Mas, como sabemos, ninguém da família Bellacosa trabalha sozinho. O caos sempre é distribuído como JCL mal comentado.



🥟 A vó Anna, pipeline master do destino

A vó Anna, grande arquiteta da vida Bellacosa, observando a inquietação do meu pai, irresponsabilidade para governar a família, incrível capacidade de ferrar com tudo, fez o que toda matriarca visionária faz:

  1. Pegou minha mãe pela mão

  2. Levou-a para a igreja

  3. Colocou-a num curso de fabricação de salgados para festas

E pronto: nasceu um microempreendimento familiar antes mesmo do MEI existir.
Coxinhas, risoles, croquetes, tudo gerado em batch noturno diretamente na cozinha da casa.



👦 E eu, pequeno padawan?

Promovido — sem concurso público — a vendedor de salgadinhos.

Melhor dizer, convocado, alistado e inscrito nessa operação especial. Sem direito a fuga...

  • Meu pai no meio da rua fotografando tudo, parecendo repórter oficial do Globo Repórter: edição folia interiorana

  • Minha mãe numa calçada vendendo os salgados

  • Eu na outra calçada, um mini-hardware humano processando vendas, troco e clientela com throughput digno de MQSeries

  • Vivi e Dandan… off-line, sem escalonamento naquela missão

Esse foi o primeiro job remunerado do jovem Bellacosa.
O JOB001, o início de uma longa sequência de execuções bem-sucedidas, cada uma com sua história, suas exceções e suas mensagens $HASP aleatórias da vida.



🎭 O Carnaval que me iniciou no “modo trabalhador”

Entre um sambista, um fotógrafo, uma cozinheira recém-formada, uma matriarca estrategista e eu — o pequeno vendedor — nasceu o primeiro workflow profissional Bellacosa.

E tudo isso no meio de:

  • Fantasias improvisadas

  • Sambas ecoando pela praça

  • O povo celebrando a liberdade recém permitida era final da ditadura

  • Bene, radiante, reinando como supernova em meio à poeira conservadora

🌟 Easter-egg que só quem é da época sabe

  • Em 1983, várias cidades pequenas ainda proibiam travestis de desfilar — Pirassununga permitiu Bene sem pestanejar.

  • As fotos do meu pai se tornaram parte da memória oral da cidade — muita gente ainda lembra e guarda estas relíquias de família.

  • A polícia olhava torto, mas deixava passar. Carnaval é exceção até para militar.

📌 Moral do episódio (versão Bellacosa Mainframe)

Às vezes, a vida me coloca para vender coxinhas no meio da rua, achando que é só um bico…
Mas ali nasceu o meu senso de:

  • trabalho,

  • responsabilidade,

  • criatividade,

  • improviso,

  • e principalmente… resiliência.

E tudo isso graças a Bene — o trigger humano — que, só por existir livre, bagunçou positivamente a história da sua família.