segunda-feira, 30 de setembro de 2013

💾 z/OS 2.1 — O salto técnico rumo à era híbrida do Mainframe ☁️⚙️

 





💾 z/OS 2.1 — O salto técnico rumo à era híbrida do Mainframe ☁️⚙️

Por Bellacosa Mainframe — onde bits, café e história se misturam ☕🖥️


Quando a IBM lançou o z/OS 2.1 em setembro de 2013, o mundo mainframe vivia uma encruzilhada: ou se isolava como um dinossauro tecnológico, ou se reinventava como o titã resiliente da nova era digital.
Adivinha qual caminho ele escolheu? 😎
Spoiler: o z/OS 2.1 é o marco da virada para a era híbrida e cognitiva do mainframe.

Vamos destrinchar o que mudou, as camadas técnicas e as curiosidades que tornam essa versão um divisor de águas.


🧬 1. Contexto histórico — o z/OS reencontra o futuro

O z/OS 2.1 nasceu junto com os mainframes IBM zEnterprise EC12 (zEC12), um monstro de 5.5 GHz, com 2 TB de memória, 120 processadores físicos e uma arquitetura pensada para virtualização de workloads e análise em tempo real.

O grande desafio da IBM era:

“Como preparar o z/OS para o futuro da integração, da nuvem e do mobile sem perder o legado que roda o planeta?”

Assim surge o z/OS 2.1, com foco em eficiência, elasticidade e conectividade.


🧠 2. Arquitetura e uso de memória — o cérebro expandido

O z/OS 2.1 trouxe uma reengenharia no gerenciamento de memória, aproveitando melhor a arquitetura z/Architecture e as inovações do PR/SM (Processor Resource/System Manager).

Principais avanços:

  • Suporte a 16 TB de memória virtual (um salto em relação ao 2.0).

  • Melhor uso da 64-bit addressing mode, reduzindo page faults e swaps.

  • Buffer Pools e dataspaces otimizados — ideal para DB2, IMS e CICS.

  • Cross Memory Services mais rápidos e isolados.

💡 Curiosidade Bellacosa: O kernel do z/OS 2.1 literalmente “aprende” a liberar memória mais rápido para workloads que mudam de prioridade — algo que hoje chamamos de “inteligência operacional”.


⚙️ 3. PR/SM, LPAR e créditos de CPU — o cérebro por trás da mágica

O firmware PR/SM (Processor Resource/System Manager) foi profundamente atualizado nesta geração para oferecer:

  • Dynamic CPU Weight Management: ajuste automático da prioridade das LPARs.

  • Intelligent Capping: limita o consumo sem matar o desempenho.

  • Soft Capping por Workload: controle fino para billing e otimização.

  • Suporte ao zAAP/zIIP integrados — sem necessidade de hardware dedicado.

🎩 Easter egg técnico: no z/OS 2.1, as LPARs começaram a “conversar” melhor via HiperSockets IPv6, abrindo caminho para a nuvem privada z/OS Connect.


💬 4. Aplicativos internos e softwares — a revolução silenciosa

O z/OS 2.1 veio com uma leva de atualizações internas e ferramentas novas:

🔹 CICS TS 5.1

Suporte a aplicações RESTful, JSON e web services nativos, antecipando o que hoje chamamos de API Economy.

🔹 DB2 11 for z/OS

Melhoria brutal no storage engine e otimização de index rebuild.
Menos CPU, mais throughput.

🔹 JES2 e JES3

Ambos ganharam compressão de spool, melhor suporte a Unicode e integração com RACF e SAF aprimorada.
O JES2, inclusive, ficou mais “verbozão” — logs mais inteligentes para devs e ops.

🔹 UNIX System Services (USS)

Expansão total: mais comandos POSIX, shell modernizado e integração com ferramentas open source (hello, Perl e Python!).

🔹 Communications Server

Nativo IPv6, com QoS aprimorado e integração direta com o z/OSMF.


🧩 5. z/OSMF e o renascimento do operador

O z/OS Management Facility (z/OSMF) virou protagonista.
Pela primeira vez, o operador do mainframe podia administrar o sistema via interface web, com dashboards, workflows e diagnósticos integrados.

Isso mudou tudo:

  • A operação ficou mais visual e menos criptográfica (adeus, painéis 3270 infinitos).

  • Surgiram scripts e automações REST, abrindo portas para DevOps no mainframe.

  • O z/OS começou a dialogar com o mundo Linux e Cloud.

💬 Bellacosa insight: o z/OSMF foi o primeiro passo real para o que hoje chamamos de “Mainframe as Code”.


🔍 6. Instruções de máquina e otimizações no zEC12

O z/OS 2.1 foi ajustado para o novo processador zEC12, que introduziu:

  • Instruções novas como Transactional Execution (TX) — acelera commits em DB2.

  • Crypto Express4S — hardware de criptografia de ponta.

  • Simultaneous Multithreading (SMT) — mais threads, menos gargalo.

  • HiperDispatch refinado — balanceia threads automaticamente.

Tudo isso sob o comando de um PR/SM mais “inteligente”, que distribuía créditos de CPU conforme prioridade, workload e até custo horário da LPAR (sim, billing inteligente já era realidade).


🕹️ 7. Curiosidades, fofoquices e bastidores

  • 🧙‍♂️ Dentro da IBM, o z/OS 2.1 era apelidado de “O Feiticeiro do Silício”, por causa da automação mágica dos workloads.

  • 🧩 O time que desenvolveu o z/OSMF tinha ex-devs do OS/2!

  • 💬 Foi a primeira versão oficialmente “Cloud Ready”, base dos projetos iniciais do z/OS Connect EE.

  • 🕵️‍♂️ Algumas funções experimentais do z/OS 2.1 só foram “oficializadas” no 2.2, como a integração com zAware e zCX.


🚀 8. Conclusão — o mainframe, renascido

O z/OS 2.1 é o elo entre o legado e o futuro.
Ele consolidou a base técnica que permitiria o z/OS rodar workloads modernos, APIs REST, automações web e integração em nuvem — tudo sem quebrar um único programa COBOL dos anos 70.
Esse é o verdadeiro superpoder do mainframe: evoluir sem perder o passado.


Bellacosa Mainframe
☕ Onde bits têm alma e memória tem história.
💬 Deixe nos comentários: você chegou a migrar para o z/OS 2.1? Qual foi o impacto no seu ambiente?

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

“86-13-37: Quando a casa ganhou voz”. Um conto do Pequeno Trabalhador, Parte 4

 


📞 El Jefe Midnight Lunch —  Um conto do Pequeno Trabalhador, Parte 4
“86-13-37: Quando a casa ganhou voz”
Por Bellacosa Mainframe

Estamos de volta ao Cecap no Quiririm em 1984.


O cheiro de tijolo novo, tinta fresca e esperança misturado a caótica mudança de Sampa a Taubaté. A família Bellacosa em modo multitarefa, estilo “z/OS em IPL pós-pânico”: todo mundo executando job, subtarefa, batch noturno, tarefa oculta… tudo ao mesmo tempo. Era reconstrução física, emocional e financeira — tudo junto, tudo misturado — depois do incêndio de 1983.

Foram meses puxados.
Arregaçamos as mangas, suamos, improvisamos, reciclamos e substituímos cacarecos velhos para devolver dignidade ao lar, meu pai com sua experiência em fazer funiliaria em seus automóveis velhos, usou massa plástica para reconstruir o gabinete da fiel TV CRT Preto e Branco Phico Ford. A geladeira parcialmente destruída, foi reformada tanto na lataria como no motor, e colocada em estado de novo, servindo nosso lar, por mais de uma década, sendo aposentada, quando eu ja trabalhava e comprei uma zero bala nas lojas Arapuam. Cada martelada era um checkpoint. Cada móvel novo (ou semi-novo) era uma vitória. E foi no meio desse caos organizado que surgiu a grande novidade.

Algo que, para muita gente hoje, não faz nem cócegas.
Mas pra nós… era a chegada do futuro.



O telefone. Nosso primeiro telefone. O lendário número 86-13-37.

Meus pais, sempre visionários, resolveram alugar um aparelho — porque na época telefone era quase um carro: caro, raro e valioso. A justificativa era prática: “pra divulgar trabalho, ligar pra clientes, fazer panfletagem…” — sim, panfletagem real, analógica, raiz, sem algoritmo, sem impulsionamento.

E adivinha quem ficou encarregado de distribuir spam manual, caixa postal por caixa postal, por todo o CECAP?

Sim, eu mesmo.
E o Celo, meu companheiro de aventuras.
Formávamos uma dupla dinâmica que hoje renderia um spin-off só nosso: dois moleques pedalando, colando panfletos, enfiando papel nos correios, correndo de cachorro, conversando com vizinhos… éramos quase um cluster de entrega distribuída, versão 1.0.

Mas nada — absolutamente nada — superava a sensação de ter um telefone em casa.

Parecia magia.
Era como se tivéssemos instalado um gateway para o mundo.



Com o 86-13-37, tudo mudou:

📞 falar com parentes distantes;
🏖 ligar para meus avôs Anna e Pedro na Praia Grande;
👋 ouvir histórias, novidades… e broncas;
🤣 ouvir as “historinhas” no 200-1234 (quem viveu, sabe!);
😂 aplicar e receber os primeiros trotes telefônicos — o proto-meme da década.

Era um universo novo.
Era CICS aberto, sessão iniciada, TSO READY.




E aí, abro um parênteses do século XXI, porque é impossível não comparar:

O telefone fixo virou fóssil.
Tenho um até hoje… não uso há séculos. Veio grudado no pacote da fibra ótica e ficou ali como quem guarda uma peça de museu — funcional, mas ignorado.

O celular então… virou mico.
Nos primórdios custava uma fortuna, cada impulso parecia preço de mainframe por MIPS. Depois virou SMS, depois WhatsApp, Telegram… e hoje quase ninguém usa pra ligar.
A ironia: as operadoras mataram o próprio produto com ganância e tarifas absurdas. Empurraram todos nós para alternativas mais baratas, eficientes e… livres.

O triste fim do telefone.
O outrora símbolo de status, comunicação e progresso… hoje é quase um ornamento.




Mas sem chatices, porque aqui é Midnight Lunch e nostalgia merece brilho:

Ainda lembro a emoção real, quase palpável, de ver aquele aparelho instalado na sala.
A liberdade que ele trouxe.
A sensação de que o mundo estava, literalmente, a um toque de distância.

O velho 86.13.37.
A primeira voz da casa renascida.

E um dia, prometo, conto a história da central móvel de telefonia, dos filamentos de cobre coloridos, das pulseirinhas estilosas feitas com restos de cabo multicolorido… um verdadeiro ASSEMBLER de memórias.

Porque cada fio daqueles carregava uma história.
E muitas delas ainda estão aqui, vivas, prontas pra ganhar outro capítulo.

Até a próxima chamada. 📞💾✨


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Pequeno Trabalhador, Versão 3.0 Missão frangos brancos

 


📝 El Jefe Midnight Lunch — O Pequeno Trabalhador, Versão 3.0

MISSÃO FRANGOS


Por Bellacosa Mainframe

Eu sempre digo que, se alguém um dia quiser entender de onde vem minha teimosia, minha criatividade e esse meu jeitão de ver solução até dentro de um dump hexadecimal, é só olhar pra minha infância. Ali, entre madeira, ferramentas, bicicletas e sonhos de cruzeiros novos, nasceu esse escriba que vos fala.

Na parte anterior já contei algumas das aventuras laborais desse pequeno trabalhador que precisava ajudar nas contas de casa, seja vendendo coxinha, entregando roupas e camisas passadas, pedalando para entregar encomendas. Hoje vamos mergulhar em mais um capítulo daquela saga que só quem cresceu nos anos 1980 conhece: a economia doméstica na unha, no braço… e na bicicleta.




Meu pai, o lendário Seu Wilson, era um empreendedor nato. Daqueles que, se tivesse nascido no Vale do Silício, provavelmente teria inventado o Zowe do mundo agro — mas como nasceu no interior, inventava negócios no quintal de casa mesmo. E sempre com aquela visão: “tem que entrar mais cruzeiro novo pra fechar o mês.”

Foi então que ele desenterrou uma ideia antiga da época da fundição dos terminais de bateria, trocar pintainhos por sucatas de ferro-velho em uma decadente perua Kombi..

Lá fomos nós, acompanhados pelo primo Celo, para o bambuzal que havia nos limites do Cecap. E olha… aquilo pra mim era quase uma expedição ao estilo Indiana Jones. Cortamos troncos grossos, carregamos nos ombros (e no improviso, porque Bellacosa que é Bellacosa sempre dá um jeito), e voltamos pra casa com o cheiro de mato fresco impregnado na roupa.

A partir dali, o mestre carpinteiro — vulgo meu pai — entrou em ação. Eu lembro como se fosse hoje: martelo, serrote, alinhamento de taquaras de bambu, amarrando a tela de metal, aquele jeito meticuloso de quem faz com orgulho e precisão. Eu e o Celo ajudando como podia, imaginando se minha tia Deise imaginava o que o filho aprontava, quando estava na companhia do primo e do tio. Em pouco tempo, nasceu o galinheiro da família Bellacosa.

E como todo empreendimento precisa de matéria-prima, lá fomos nós comprar algumas dezenas de pintainhos. O cheiro de ração de crescimento, depois a de engorda, os sacos pesados, as visitas à beneficiadora de arroz do Quiririm para pegar casca de arroz… tudo isso fazia parte do pacote.

E onde entra este pequeno trabalhador nisso tudo?

Ah, meu amigo…
Entra onde sempre entra: no pedal.



Minha fiel Monareta, verde e tinindo, era praticamente um veículo oficial do negócio:

  • pedalar pra buscar ração;

  • pedalar pra entregar os animais;

  • pedalar pra trocar água e voltar;

  • Sempre pedalando em alguma missão.

  • pedalar pra tudo aquilo que envolvia o “logístico rural urbano express”.

Além disso, este que vos escreve.
  • tinha que limpar o galinheiro;

  • ajudar a alimentar

  • capturar o mais gordinho de acordo com a escolha do cliente.

Mas existe uma cena que, até hoje, quando fecho os olhos, vejo como se estivesse passando em Super-8:



Galinhas com os pés amarrados penduradas no guidão da bicicleta.
Eu, com meus poucos anos, magrelo, mas destemido.
E a Monareta voando pelas ruas de paralelepípedos do CECAP, ruas de terra até o Quiririm , levantando poeira, rumo a mais uma entrega ou compra de itens.

Era surreal. Era engraçado. Era trabalho.

Às vezes fico imaginando o que os vizinhos achavam e diziam sobre essas maluquices. O Cecap composto por muitos empregados bem remunerados da industria automotiva, que prosperou nos anos 1980 no Vale do Paraiba.

Era a vida como ela era.

E no fim das contas, era também o início dessa mentalidade Bellacosa de fazer acontecer. Porque se eu aprendi algo naquele galinheiro artesanal, entre pássaros cacarejando e bambus cortados, foi que todo sistema — seja um CICS, seja um quintal — funciona melhor quando a família coopera. Todo mundo tinha um papel, e eu tinha a minha missão com orgulho.



E assim cresceu este pequeno trabalhador, construído entre galinhas, bicicletas e a eterna vontade de fazer o melhor com o que se tem.

No meio da simplicidade, nasceu o Mainframe humano: resiliente, criativo, sistemático… e com grandes histórias pra contar no Midnight Lunch.

Até a Parte 4. 🐓🚲💾


domingo, 11 de agosto de 2013

🐙 A AVENTURA DO POLVO CONTRABANDISTA 🐙

 🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙🐙



A AVENTURA DO POLVO CONTRABANDISTA — UMA CRÔNICA AO ESTILO BELLACOSA MAINFRAME
PARA O EL JEFE MIDNIGHT LUNCH

Existem memórias de infância que não são simples lembranças…
são microfilmes em 8mm, guardados no SYS1.HISTORIA.VAGNER, com trilha sonora de ondas batendo, cheiro de maresia e gritos de parentes desesperados.
E poucas são tão épicas quanto A GRANDE VIAGEM PRA PRAIA GRANDE NA BRASÍLIA 1970.

Prepare-se, porque vem aí:

uma crônica com sol, areia, mar, DDT, pescadores, um animal marinho clandestino e uma tia Miriam quase protagonizando um filme B de terror japonês.



PRÓLOGO — A BRASÍLIA DO APOCALIPSE (6 PESSOAS, 0 AR-CONDICIONADO, 100% FELICIDADE)

Era verão.
Era infância.
Era Brasil dos anos 1970.

E lá estávamos nós:
seis almas espremidas dentro de uma Brasília azul 1970, esse veículo místico movido a gasolina barata e esperança.

  • Vô Pedro, capitão da expedição e amante oficial do litoral,

  • Vó Anna, guardiã dos quitutes e da paciência infinita,

  • Tia Miriam e Tio Osmar, casal responsável e tenso, afinal Tio Osmar era o oficial responsavel pela navegação, pilotando com maestria de piloto de rally,

  • Tio Pedinho, aventureiro e cinco anos mais experiente no alto dos seus 10 anos,

  • E este narrador, pequeno, curioso, sociável… e, como veremos em instantes, contrabandista marinho em formação.

A estrada era longa.
A alegria, maior ainda.
E quando chegamos, Praia Grande virou palco de epopeia.



DIAS DE GLÓRIA — SOL, MAR, AREIA E BOLO DA VÓ ANNA

O litoral paulista daquela época era um universo paralelo:

  • Areias intermináveis,

  • Sorvetes de máquina azul fluorescente,

  • “Queijooooo coalhoooo!” ecoando no ar quente,

  • Casas alugadas cheias de mistérios e móveis antigos.

  • Um mar sem poluição com algumas areas verdes nativas, longe da especulação imobiliária dos anos seguintes.

  • Areia com muitas conchinhas, peixinhos, caranguejos, siris, bolachas do mar e muita vida marinha.

  • O vendedor de amendoim, biscoitos e picolé...

E as guloseimas da Vó Anna?
Meu amigo… aquilo dava buff +20 em energia infantil.

Foram dias de correrias, mergulhos, queimaduras de sol e risadas — até que o destino decidiu acrescentar um chefe secreto na aventura.



O INCIDENTE DO POLVO (OU SERIA UM CARANGUEJO?) — O PRIMEIRO CONTATO EXTRATERRESTRE

Eu era uma criança sociável, faz amigos em qualquer lugar, não tinha parada, sempre correndo e aprontando alguma, modo explorando dungeon 100% ativado.
Até em barcos de pescadores que encostam na praia com a simplicidade de quem entrega pão.

Ali, cercado de homens queimados de sol, redes úmidas e peixes brilhando ao sol, ganhei um presente vivo:

👉 um pequeno polvo.
Ou talvez um caranguejo.
Ou um híbrido mutante criado pela minha imaginação infantil.

Não importa. O que importa é que eu trouxe o bichinho para casa.

No copo.
Com água do mar.
E escondi embaixo da cama.

Porque era óbvio:
Lugar seguro.
Estratégico.
Infiltração perfeita.

Até que…



TIA MIRIAM VS O MONSTRO DO ABISMO — O FILME DE TERROR QUE NUNCA FOI GRAVADO

Quando Tia Miriam encontrou o copo do proibido, a casa estremeceu como um mainframe recebendo IPL com erro:

— “MAS O QUE É ISSO?!”
— “É meu amigo.”
— “ISSO VAI NOS MATAR NA NOITE! CRESCER, SAIR DO COPO E VIRAR UM MONSTRO!”

E eu, pequeno, negociando como um diplomata da ONU:

— “Mas tia, ele é bonzinho…”

Vó Anna tentava acalmar.
Vô Pedro achava graça.
Tio Osmar estava em estado de ‘eu não vi nada’.
E Tio Pedinho só ria no canto.

Tia Miriam?
Tia Miriam estava convencida de que, se mantivéssemos o animal ali,
ele iria esperar a meia-noite, crescer cinco metros e devorar a casa como um kaiju de Praia Grande.

Resultado?
O pobre polvo/caranguejo foi exilado no quintal.
Confinado.
Vigiado.

E na manhã seguinte, devolvido ao mar, como herói incompreendido.



A INVASÃO DAS BARATAS — O EVENTO CATACLÍSMICO DO DeTe-FON

Como se não bastasse a saga do animal marinho clandestino, a casa também nos presenteou com outro clássico dos anos 70:

uma infestação de baratas.

Daquelas que parecem surgir por teletransporte.

Foi preciso acionar o armamento químico proibido pela convenção de Genebra:
o lendário DeTefon,  (veneno DDT) famoso por matar tudo:

  • baratas,

  • mosquitos,

  • formigas,

  • e possivelmente 10% da camada de ozônio.

Tio Osmar surgiu com o spray como um herói de filme pós-apocalíptico.
Baratas correram.
Gritos ecoaram.
E a guerra foi vencida.

O cheiro?
Mistura de veneno, maresia e infância feliz.



EPÍLOGO — A MEMÓRIA É UM MAR QUE NUNCA SE APAGA

Aquela viagem ficou tatuada no coração:

  • A Brasília lotada,

  • o mar azul,

  • as refeições da Vó Anna,

  • o polvo contrabandista,

  • Tia Miriam surtando,

  • o DDT  (Detefon) salvador,

  • e a sensação de que o mundo era enorme, cheio de aventuras e pequenos perigos divertidos.

A Praia Grande daquela época tem um brilho especial na memória:
era o cenário perfeito para a fantasia, para as pequenas epopeias que moldam quem somos.

E hoje, revisitando esse capítulo ao estilo Bellacosa Mainframe para o El Jefe Midnight Lunch, percebemos que cada episódio da infância é como aquele pequeno polvo:

talvez pequeno na aparência, mas gigante na emoção que traz de volta.


segunda-feira, 22 de julho de 2013

⚙️ IBM System z12 – O Coração Digital da Nova Economia

 


⚙️ IBM System z12 – O Coração Digital da Nova Economia

O mainframe que trouxe velocidade, inteligência e integração para a era do Big Data.


🧭 Introdução Técnica

Em 2015, a IBM apresentou o System z13, mas antes dele, em 2012, o System zEnterprise EC12 (z11) pavimentou o caminho. Porém, a família z12 consolidou o amadurecimento da arquitetura híbrida e da computação analítica.
O System zEnterprise BC12 (zBC12) — lançado em 2013 e às vezes chamado de System z12 em contextos comerciais — marcou a transição entre o poder bruto do z11 e a eficiência inteligente do z13.

O z12 foi um mainframe projetado para a era dos aplicativos móveis, do analytics em tempo real, e das transações seguras em escala global.
Seu diferencial: processadores mais rápidos, zAware aprimorado, compressão mais eficiente e integração com ambientes x86 via zBX (zBlade Extension).




🕰️ Ficha Técnica – IBM System z12

ItemDetalhe
Ano de Lançamento2013
ModeloszEnterprise BC12 (zBC12)
CPU4,2 GHz, quad-core (tecnologia refinada 32 nm CMOS)
ArquiteturaIBM z/Architecture (64 bits)
Sistema Operacionalz/OS 2.1 – 2.2
Memória Máxima512 GB
AntecessorzEnterprise EC12 (System z11)
Sucessorz13 (2015)

🔄 O que muda em relação ao System z11 (EC12)

  1. Nova Escala de Acesso: O z12 (BC12) trouxe o poder do z11 para empresas médias, com custo reduzido e mesmo nível de resiliência.

  2. Desempenho: 36% mais rápido por core em relação ao z10 BC, e 2x mais rápido no throughput geral.

  3. Eficiência Energética: redução de até 30% no consumo de energia por MIPS.

  4. zAware 2.0: o sistema de autodiagnóstico analítico foi aprimorado com inteligência baseada em padrões comportamentais.

  5. zEDC (Enterprise Data Compression): até 80% de economia de I/O e disco.

  6. Criptografia: CryptoExpress4S com aceleração para AES, RSA, ECC e SHA-3.

  7. Suporte aprimorado a Linux on Z: mais LPARs, IFLs e integração direta com z/VM 6.3.

  8. Virtualização Avançada: PR/SM com balanceamento dinâmico entre engines zIIP, zAAP e IFL.


🧠 Curiosidades Bellacosa

  • Apesar do nome comercial zBC12, a IBM o apresentou como parte da família z12, pois compartilhava o mesmo núcleo tecnológico do zEC12.

  • Foi o primeiro mainframe a permitir total integração com nuvens privadas e móveis, com suporte nativo a IBM Cloud Manager.

  • O z12 tinha o lema de marketing “Designed for Mobile, Cloud and Big Data”, refletindo o início da era dos smartphones e apps bancários.

  • Em ambiente Linux on Z, o z12 podia consolidar até 8.000 servidores x86 virtuais em um único frame.

  • O visual mantinha o design preto e prata da linha zEnterprise, mas com um painel mais compacto e sistema de resfriamento redesenhado.

  • O z12 foi o último a usar zEnterprise BladeCenter Extension (zBX), antes da IBM migrar definitivamente para integração via software.


💾 Nota Técnica

  • Clock: 4,2 GHz (quad-core)

  • Cache: L1 – 64 KB, L2 – 3 MB, L3 – 48 MB compartilhado

  • Memória: até 512 GB

  • Canais I/O: FICON Express8S, OSA-Express4, HiperSockets de alta velocidade

  • Criptografia: CryptoExpress4S (RSA 4096, AES-256, SHA-3)

  • Virtualização: PR/SM com Dynamic Logical Partitioning

  • Firmware: HMC 2.15, zAware 2.0, Capacity on Demand instantâneo


💡 Dicas Bellacosa para Profissionais e Padawans

  1. Entenda o z12 como elo híbrido: ele representa a consolidação entre o mainframe tradicional e o mundo das nuvens privadas.

  2. Estude o zEDC: tecnologia-chave que impacta performance, compressão e custos de armazenamento até hoje.

  3. Explore o zAware 2.0: foi o início do AIOps — análise comportamental de logs e predição de falhas.

  4. Dica prática: o z12 BC ainda é usado em ambientes de teste para z/OS 2.2 e Linux on Z, ideal para estudos de performance tuning.

  5. Curiosidade de aula: muitos z12 foram vendidos para universidades e bancos regionais como mainframe de entrada, pela confiabilidade e custo-benefício.


🧬 Origem e História

O System z12 nasceu como uma versão otimizada do EC12, mas voltada à democratização da plataforma Z.
Projetado nos laboratórios da IBM em Poughkeepsie (EUA) e Boeblingen (Alemanha), seu lançamento em julho de 2013 reforçou o conceito de mainframe acessível, modular e preparado para a economia digital.

O nome “zEnterprise BC12” (Business Class) marca o foco em pequenas e médias empresas, mas mantendo a mesma confiabilidade dos grandes zSystems.


📜 Legado e Impacto

O System z12 (zBC12) foi o último mainframe “intermediário” com o DNA clássico da série zEnterprise antes da revolução do z13.
Ele consolidou três legados fundamentais:

  • Automação cognitiva (zAware 2.0)

  • Compressão nativa (zEDC)

  • Integração móvel e em nuvem

O z12 pavimentou a chegada do mainframe cognitivo, antecipando o que o z13 faria em escala global com Watson e Big Data.


Conclusão Bellacosa

O IBM System z12 foi o mainframe da transição digital, onde potência encontrou inteligência.
Ele uniu a confiabilidade lendária do z11 à necessidade moderna de integração e análise.
Pequeno no tamanho, gigante no impacto.

“O z12 não foi apenas um mainframe — foi o primeiro cérebro preparado para entender o mundo conectado.”
Bellacosa Mainframe

 

domingo, 21 de julho de 2013

📂 O Pequeno Trabalhador do Cecap, Versão 2.0

 



📂 El Jefe Midnight Lunch — Bellacosa Mainframe
Log nº 007 — O Pequeno Trabalhador do Cecap, Versão 2.0


Depois do grande ABEND familiar que nos reposicionou no mapa da vida lá em 1983, fomos realocados para o CECAP — Quadra B, onde o vento gelado batia na janela e a realidade batia mais forte no bolso.
E no spool doméstico havia um job que rodava todo mês, sem pausa, sem abend retry, sem cancel step:

Faltava dinheiro. Sempre.

A fotografia ajudava quando havia cliente.
Mas a maior parte do tempo vivíamos de JCL com RETURN CODE 04: rodava, mas com alerta no console.

Minha mãe então ressuscitou um dataset antigo da família:
venda de coxinhas, risoles e croquetes para fora.
Massa na mão, óleo na panela, sonho no peito — e zero logística automatizada.

Porque anos 1980 não tinham iFood, não tinham motoboy, não tinham PIX.
Então quem era o mensageiro oficial, entregador e cobrador, full-stack na marra?



Vaguininho de Monareta Verde, prazer.
Versão bicicleta com garupa, caixa de papelão e cheiro de coxinha invadindo a rua inteira.
Eu cortava o bairro de ponta a ponta, pilotando como se fosse Harley, mas na realidade era Monareta a pedal impulsionada por coxinha e força de vontade.

Ali conheci todos os becos, escadões, donas-de-casa com avental e chaleira no fogo.
Era entregar, receber o pagamento, às vezes tomar um calote nível Soft-Error, mas na maioria volto vitorioso com troco e sorriso gorduroso.

Mas achou que parava aí?
Negativo, padawan do pão dormido.

Minha mãe também lavava e passava roupas para fora, e adivinha quem entregava as peças no cabide, embaladas no plástico?

Sim.
Eu. Office-boy de ferro, XP subindo na raça.

E então veio o job mais épico, o Workload Manager rodando no limite:



🌳 Missão: Desbravar a Floresta — Praça da Quadra G

Meu pai fechou contrato para limpar a praça inteira.
Mas limpar é eufemismo — aquilo era Amazônia versão pocket, mato na altura do peito, arbustos demoníacos, árvores com galhos que pareciam ter alma.

Escalação do time:

FunçãoNomeNível
Chefe do SquadSeu WilsonRAID 1 de coragem
Capataz MirimEu, VaguininhoCPU a carvão
Primo Braço ForteCeloAgilidade +2, Força +3

Trabalhamos dias inteiros.
Sol torrando, blusa suada, calo na mão, cheiro de terra molhada — o inferno e o paraíso da infância no mesmo pacote.

E foi ali, na grieta verde da praça, que o destino deu ENTER.



Conhecemos Andrea.

Linda. Riso iluminado. Olhos que derrubavam firewall emocional.
Eu e o Celo?
Completamente derrotados — RESPONSE CODE 00: SUCESSO TOTAL DA PAIXÃO.

Mas essa história…
Essa continua em outro log.
Outro turno.
Outro spool de memória.



Porque o capítulo que vem, meu parceiro — é aventura com final de boss, XP alto e plot twist digno de mainframe 3390 explodindo trilha.

E eu prometo:
Vou contar.

Bellacosa, encerrando job, segurando a Monareta e lembrando do perfume da Andrea no vento.

Ps: Quem diria que aquele vendedor de coxinhas em Pirassununga iria assumir ares tão, grandes em Taubaté

Ps2: Em outra oportunidade falo da mini granja Bellacosa, outro dos empreendimentos do sr. Wilson e mais uma vez este pequeno trabalhador dando duro no alto dos meus 9 para 10 anos...

sábado, 20 de julho de 2013

📼 Episódio de Hoje: “As Super-Férias de 1984 – O Zelador da Praia e o Menino do Litoral”

 


🌙🍱 El Jefe Midnight Lunch — Crônicas de um Bellacosa Mainframe 🍱🌙
📼 Episódio de Hoje: “As Super-Férias de 1984 – O Zelador da Praia e o Menino do Litoral”
por Vagner Bellacosa – estilo memória sabor de fita magnética


Depois que meu avô Pedro se aposentou lá por 1982, o orçamento apertou igual dataset sem primary allocation. E, como todo bom mainframeiro old school, ele não era homem de ficar ocioso esperando JCL rodar sozinho. Voltou ao batente. Primeiro como zelador na Vila Rio Branco, cuidando daquilo tudo com o mesmo zelo de quem cuida de um VSAM que não pode quebrar.

Mas meu avô tinha uma DLL interna chamada saudade do mar. A praia chamava. E ele ouviu.

Lá por 1984, decidiu botar o pé na areia e mudou-se para a Praia Grande, rumo ao que ele imaginava ser o “ambiente de execução ideal”. Conseguiu emprego como zelador por lá e, sem saber, abriu um novo capítulo das minhas memórias — e, se existisse LOG SMF da infância, esse período estaria com flag SPECIAL.



🏖️ Primeiras Férias de Inverno — Release 1.0

Inverno de 84. Férias escolares.
Passagem comprada.
E lá vamos nós, rumo à casa dos meus avós Pedro e Anna, que agora respiravam brisa marítima e cheiro de maresia.

Meu tio Pedrinho, recém-promovido a Menino da Praia, estava num momento de plenitude raríssimo — tinha um batalhão de amigos, uma “gangue da orla”, e eu, claro, fui puxado por tabela. Derrubei o firewall da timidez rapidinho. Em poucas horas, já estava integrado igual job rodando em multiuser mode.

E olha que era inverno. A água parecia saída do freezer do Super-Homem.
Mas quem liga? Para uma criança de 10 anos, diversão não depende de temperatura, depende de permissão — ou da ausência de adultos olhando.



🎾🏄‍♂️☀️ As Atividades Maravilhosamente Inúteis — E Perfeitas

A praia não chamava para banho, mas chamava para tudo o que realmente importava:

  • caminhar quilômetros no areal, fazendo de conta que era uma missão espacial;

  • jogar ping-pong em mesinhas tortas de pensão barata, mas que pareciam Wimbledon;

  • acompanhar meu tio Pedrinho tendo aulas de surf, enquanto eu imaginava quando seria promovido para aquele módulo;

  • catar conchas, construir fortalezas, disputar quem corria mais rápido na areia fofa e perdia o fôlego igual loop mal programado.

Foram super-férias. Daquelas que instalam patches na alma e que você nunca desinstala.




🏠😅 Meu Pai, o Inquieto — Quase a 5ª Mudança em 18 Meses

Meu pai, espírito inquieto, olhou para tudo aquilo e já começou a especular mentalmente:

“E se a gente se mudasse pra cá?”

Eu, criança, adoraria.
Minha mãe, talvez.
O caminhão de mudanças, coitado, não.

Mas meu avô Pedro — com sua sabedoria de sysprog experiente — tratou de fazer um ABEND S0C1 nessa ideia antes que virasse execução real. E graças a Deus.

Porque isso teria sido a quinta mudança em menos de 18 meses.
Só de lembrar, minha espinha dá um S0C7.

Mas eu, com meus 10 anos, não estava preocupado com logística, caminhão, caixa, endereço novo… nada disso.

Eu queria apenas curtir as férias, depois da tempestade que tinha sido o ano de 1983.


🌅 E ainda voltaria mais uma vez…

Aliás, naquele mesmo ano, voltamos para a praia de novo — num feriado prolongado que caiu como presente dos deuses do calendário.

Mas essa…
ah, essa é outra história.
E como todo bom mainframeiro sabe, histórias boas merecem ser carregadas em volumes separados, senão o dataset fica demais para um único extent.