quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

🚂 Sorocaba/1982 — Arquivo de Trilhos, Banheiros Selvatizados & Carnaval Infantil

 


🚂 Sorocaba/1982 — Arquivo de Trilhos, Banheiros Selvatizados & Carnaval Infantil

(Tape Load > /memories/1982/sorocaba_train_trip.bin)

Algumas lembranças não vêm em HD — mas vêm quentes.
Vêm com cheiro de diesel, com vento na janela e com aquele tec-tec hipnótico que só trilho antigo sabe fazer.

1982.
Meu pai tinha o velho fusca azul, fiel e barulhento.
Mas naquele carnaval decidimos fazer algo maior — ir de trem até Sorocaba.
Sim, aventura ferroviária pura, raiz, sem tutorial, sem Google Maps, apenas alma e trilhos.

Lembro da chegada à Estação da Luz, imponência de cartão-postal.
Dali, seguimos rumo à plataforma da Sorocabana, para embarcar no trem da antiga Sorocabana, já sob comando da Fepasa — gigante paulista dos tempos em que ferrovia ainda era mapa vivo no Estado.


A viagem foi mais do que transporte — foi rito de passagem.

A janela era cinema.
O trilho era trilha sonora.
E eu, garoto encantado, absorvia tudo como backup eterno na cabeça.

E tinha o carrinho de guloseimas, claro.
Pipoca estalando, refrigerante de garrafa pesada, biscoito de polvilho, amendoim torrado com cheiro que invadia vagão inteiro.
A experiência completa.



Mas a parte que o tempo nunca apagou —
o banheiro da estação.
Aquele banheiro ferroviário raiz, digno de paleontologia social brasileira:

Sem privada.
Duas plataformas para apoiar os pés, agachar e rezar para a estabilidade.

Se eu não estivesse surpreendido, vem a maior de todas as surpresas, daquelas de cair o queixo. Tínhamos ido ao banheiro da estação, mas nada nos surpreenderia mais que o banheiro no vagão de passageiros do trem.

Aquela cabine minuscula, assento plástico e a privada, melhor dizendo vaso sanitário era metálica com um estranho botão na lateral.




E o mais surreal — a descarga despejava o nosso serviço direto nos trilhos, sem filtro, sem poesia, sem engenharia sueca.
Você apertava, um estanho barulho e lá ia o passado direto para os dormentes, em movimento.
Selvagem. Primitivo. E, para uma criança de 7-8 anos, incrivelmente fascinante.

Foi longa a viagem, extensa como filme épico.
Mas eu não queria que terminasse.



Em Sorocaba, as memórias são borradas como foto velha, mas eu ainda sinto o riso, a correria, a liberdade infantil com as primas — filhas do primo Claudio e sua esposa Marli.
E o ápice do roteiro: Carnaval de rua.
Sambódromo improvisado, escola na avenida,  crianças farreando, os primos brincando: Ana Claudia, Vagner, Giovana e Viviane, a fantasia brilhando na noite quente do interior.

Pulso cultural batendo forte, suor, serpentina e alegria solta como confete ao vento.

E os pequenos bebês Daniel e Claudio presos aos colos nada puderam fazer...

Sorocaba, trem, trilhos, banheiro bárbaro e carnaval —
é assim que guardo 1982 no peito.
Não é sobre luxo, nem sobre conforto: é sobre primeira aventura.

Porque crescer é isso —
de vez em quando o Fusca fica na garagem,
e a gente embarca naquilo que ainda não sabe explicar,
mas nunca mais esquece.

PS: Este adendo é coisa da Vivi, que lembrou de um acidente curioso nesta viagem, onde meu pai foi querer testar suas habilidades sobre patins, acabou batendo a cabeça no muro e um furo dolorido com um prego escondido.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

🌈🐑 A Ovelha Arco-Íris — o NPC mais aleatório do Japão… que virou meme cultural

 


🌈🐑 A Ovelha Arco-Íris — o NPC mais aleatório do Japão… que virou meme cultural

Se você assiste anime há algum tempo, já deve ter esbarrado nela:
uma ovelhinha fofinha, colorida, vibrante, com lã em degradê arco-íris, geralmente pastando no fundo da cena como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Pois é… não é um yokai oficial, não é um kami, não é um mascote tradicional japonês.
Então o quê, afinal, é essa criatura psicodélica?

Vamos por partes.


🐑🔥 1. Origem: a mascote invisível da era dos jogos e animes

A “ovelha arco-íris” surgiu como:

  • gag visual (piada de fundo) em animes dos anos 90/2000;

  • mascote de “debug” em jogos japoneses (isso mesmo!);

  • easter egg de ilustração, usado quando o estúdio precisava preencher cenários com algo neutro, engraçado e não ameaçador.

E por que ovelha?

Porque ovelha é o NPC universal do Japão — aparece em countryside, em sonhos, em fantasias, em mundos isekai.
E por que arco-íris?
Porque artistas japoneses amam cores pastéis + kawaii nonsense.

Resultado: uma criatura multicolorida que não faz nada, mas que todo estúdio tem no estoque de assets.


🌈📀 2. O Easter-Egg de parede de fundo (o famoso “background joke asset”)

Entre animadores, existe um termo interno:

“iroiro hitsuji” — いろいろ羊 — ‘ovelha variada’

É um asset de enfeite, usado como:

  • marca registrada do animador,

  • teste de cor em novos episódios,

  • gag para quem percebe detalhes.

Alguns animadores usavam a ovelha arco-íris para testar paletas de cor no final da produção.
Se a paleta acertasse o tom da lã, o episódio tava pronto.


🎮🧪 3. A lenda dentro da indústria de games

No mundo dev japonês:

  • RPGs antigos tinham sprites de ovelhas coloridas para testar mapas isométricos;

  • Alguns MMOs usavam Rainbow Sheep como mob secreto ou item de evento.

Exemplo:

“Se você encontrar uma ovelha arco-íris, o build está estável.”

— piada interna de programadores da SquareSoft e Falcom

Sim, já foi até mascote de debug.


😂💬 4. O meme moderno: ‘ovelha arco-íris = coisa fofa inútil’

Entre fãs, a expressão virou gíria:

  • “Fulano é uma rainbow sheep” → alguém fofinho, aleatório, inofensivo

  • “Cena arco-íris” → momento bobo de respiro cômico

  • Em alguns animes moe, virou até símbolo de caos kawaii controlado.

Aparece muito em:

  • isekais,

  • animes slice-of-life,

  • séries infantis e fantasias leves.


🔍✨ 5. Curiosidade que poucos sabem (nível Bellacosa Mainframe)

A ovelha arco-íris já foi usada como placeholder de censura!

Em storyboards de alguns estúdios, quando algo ia ser removido, testado ou censurado, colocavam:

👉 um sticker de ovelha arco-íris em cima da cena

Uma mistura de:

  • ironia,

  • marca pessoal do animador,

  • forma de acharem rápido o frame para revisão.


🧠🎛️ 6. Porque os japoneses AMAM esse tipo de mascotinho nonsense

Culturalmente:

  • O Japão adora criaturas kawaii + absurdas,

  • Mascotes de coisa nenhuma são comuns,

  • Criar “seres aleatórios” faz parte do estilo humorístico japonês (o nonsense pastel).


🐑🌈 7. Conclusão no estilo Bellacosa Mainframe

A ovelha arco-íris é:

  • metade mascote,

  • metade piada interna,

  • metade teste de cor,

  • metade easter egg…

Sim, tem mais de duas metades —
mas matemática nunca foi aplicada a mascotes japoneses mesmo.

Ela representa aquela leveza absurda, aquele toque de nonsense japonês, a mesma lógica que cria:

  • cachorros que pilotam naves,

  • gatos falantes que trabalham em kombini,

  • e slimes que derrotam dragões ancestrais.

A ovelha arco-íris é a buffer area do anime —
aquela zona neutra de fofura onde o cérebro respira antes de voltar ao caos.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

⚙️ Como Quase viro Torneiro Mecânico (e o SENAI Me Salvou de Mim Mesmo)

 


⚙️ Como Quase viro Torneiro Mecânico (e o SENAI Me Salvou de Mim Mesmo)

Crônica ao estilo Bellacosa Mainframe para o blog El Jefe Midnight Lunch

Existem destinos que brigam com a gente.
Outros que puxam a gente pelo colarinho.
E alguns que dão um grito, uma sirene e uma botinada numa porta de aço — só para deixar bem claro qual caminho você não deve seguir.

A minha história com o “quase” começa cedo. A família estava cheia deles: tios torneiros, avôs torneiros, primos torneiros. A serralheria e o torno eram praticamente segunda religião. E para minha mãe, torneiro mecânico era profissão de futuro — sólida, respeitável, manual, bonita de se ver no currículo.

Eu, obediente e sem internet para consultar “10 carreiras que dão match com seu signo”, fui entrando na dança.

  • Fiz inscrição no vestibulinho.

  • Passei.

  • Fui classificado.

  • E o mais raro de tudo: consegui carta de recomendação e adoção para o curso, o famoso “patrocínio” — a moeda de ouro da época.

Estava tudo certo.
Tudo escrito.
Tudo pronto.

Mas o destino, esse programador meio bêbado que vive rodando scripts improváveis, tinha outros planos.




🔔 A Sirene do SENAI — o som que separou minha vida em duas

Era dia de fazer a matrícula.
Eu e minha mãe fomos ao SENAI…
…no horário de almoço.

E aí aconteceu.

Primeiro, uma sirene.
Daquelas que arrepiam alma, bons costumes e qualquer vocação que você achava que tinha.

Depois, BUMMMM.

Uma estrondosa botinada acertou as portas de aço que separavam a área de aulas da área de máquinas.
Aquelas portas tremeram como se um Kaiju tivesse batido nelas.

E então, a visão.



👷‍♂️ A procissão azul — e a epifania

Saiu um rebanho de alunos, como uma leva de trabalhadores de mina abandonando o turno:

  • Macacões azuis

  • Capacetes brancos

  • Botinas de biqueira de aço

  • Graxa até no DNA

  • Barulho de chave inglesa batendo no bolso

  • Aquele cheiro de ferro, óleo queimado e marmita de alumínio

Olhei para aquilo.
Para aquela massa operária se esparramando rumo ao almoço.
Dei um pause mental.
Fiz uma simulação mental estilo “What If…?” da Marvel:

E se EU estivesse ali no meio deles?

Eu.
O menino que gostava de computador, de tecla, de monitor verde, de café, de cheiro de laboratório fotográfico do pai, de livros e revistas tecnológicas.

Eu ali, no meio daquela avalanche azul, com uma lima numa mão e um paquímetro na outra.

Meu cérebro deu tela azul.
Meu coração deu dump.
A lógica marcou ABEND S0C7.




🛑 Escolha crítica — commit ou rollback

Respirei fundo.
Olhei para a minha mãe.

E falei:

— Mãe… não quero isso. Vamos embora.

Se silêncio matasse, eu não estaria escrevendo este post.
Ela ficou meia pistola, meia frustrada, inteira sem entender.

Mas aceitou.

E fomos embora.

A porta de aço atrás de mim se fechou.
E com ela, a versão alternativa da minha vida.




💾 A virada — do torno ao terminal

Dias depois, estava matriculado em Processamento de Dados.

E ali, naquele desvio, naquele branch alternativo do destino, minha vida começou a compilar direito:

  • Teclado no lugar da lima

  • JCL no lugar de fresadora

  • Tabela ASCII no lugar de catálogo de ferramentas

  • Frio de CPD no lugar de calor de oficina

  • Café de madrugada no lugar de sirene industrial

Aquele menino que congelou vendo a procissão azul virou:

  • Analista

  • Professor

  • Bellacosa Mainframe

  • Evangelista do z/OS

  • Cronista de memórias boas

  • Viajante de trilhos e bytecodes

E sobretudo, alguém que ouviu a própria voz no momento certo — antes que o torno engolisse o sonho.




📌 Conclusão — A porta de aço que mudou tudo

Algumas pessoas são moldadas pelo torno.
Outras são moldadas por aquele exato momento em que percebem que não pertencem ao torno.

Eu fui moldado pela sirene.
Pela botinada.
Pelo susto.
Pela intuição.

Aquele dia me ensinou que:

  • Destino não é linha reta, é branching

  • Vocação não é herança

  • Coragem não é continuar — é dizer “não” quando todo mundo espera um “sim”

  • E portas de aço às vezes servem para te acordar

Se eu tivesse entrado na oficina naquele dia… talvez tivesse virado torneiro.
Talvez fosse feliz.
Talvez não.

Mas eu sei que o menino que saiu correndo do SENAI com a mãe irritada voltou para casa carregando um future-self no bolso:

Um futuro Bellacosa, digitando histórias na madrugada, vivendo entre bytes e trilhos, sanando incidentes e conjurando soluções às 3h da manhã como um bom Dai Maou do Mainframe.

E tudo graças àquela sirene.

Àquela porta.

E àquele não.

domingo, 18 de janeiro de 2015

💋 O Primeiro Beijo – Entre a Praia Grande e o Folclore Familiar

 


🎬 *Poste para o Blog El Jefe – Série “Crônicas do Pequeno Bellacosa”
Título: 💋 O Primeiro Beijo – Entre a Praia Grande e o Folclore Familiar
(Bellacosa Mainframe, episódio especial: “O Dia em que a Novela Invadiu a Vida”)


Alguns beijos são poesia.
Outros são rebeldia.
E alguns… são simplesmente o caos mais divertido da infância.

O meu primeiro beijo pertence à última categoria — aquele caos puro, espontâneo, sem roteiro, que só uma criança de cinco anos, turbinada por imaginação e novelas, pode produzir.



Estamos na segunda metade da década de 1970. Crise do petróleo, fim do milagre econômico, inflação começando a assustar. Os adultos falavam de política; eu falava de brincar. Meu pai, fotógrafo profissional, fazia mágica para garantir renda. Além dos retratos, organizava excursões com a galera do bairro: Pirapora do Bom Jesus, Aparecida do Norte, Itu e seus exageros, represas, sítios e, claro… a Praia Grande, sempre lotada e sempre divertida.




E foi numa dessas viagens de bate e volta, com ônibus lotado, farofa, gritaria, cadeiras de praia amarradas com barbante e cheiro de bronzeador solar barato, que a história aconteceu.

No grupo estava um amigo de infância do meu pai, também casado, também pai. A filha dele, a Patrícia, tinha 4 anos — cabelos lisinhos, vestido florido e uma simpatia que encantava o ônibus inteiro. A partir dali começou o shippamento ancestral:

Ahhhh, quando crescerem vão namorar!
Vai ser casamento marcado!
Já pensou unir as famílias?

E eu, pequeno Bellacosa, com meus 5 anos, só pensava:
“Que povo chato!”

Mas repetiram tanto, tanto, TANTO… que eu, pequeno diabinho inquieto, resolvi:
“Vou acabar com essa conversa AGORA.”

E acabei.

No meio da praia, sem anúncio, sem preparação, sem trilha sonora, fui até a pobre Patrícia e tasquei um beijo.

Mas não foi um selinho inocente.
Não, senhor.
Foi um beijo cinematográfico, aprendido nas novelas que eu nem deveria assistir. Um beijo digno de Tony Ramos e Elizabeth Savalla, daqueles que até a câmera gira.



O mundo congelou.
Adultos boquiabertos.
Minha mãe chocada.
Meu pai tentando entender.
E o resto do ônibus… CAINDO NA RISADA.

“É precoce!”
“Filho de peixe, peixinho é!”
“Só podia ser filho do Wilson!”

Foi a primeira vez que ouvi o conceito de hereditariedade social aplicado a mim — e por causa de um beijo.

Detalhe: meu irmãozinho Dandan ainda estava na barriga da minha mãe. Ou seja, o primogênito entregou o espetáculo antes mesmo da família ficar completa e a Vivi alheia e ocupada com castelinhos de areia nada percebeu.

A Patrícia ficou sem entender nada, mas que retribuiu, retribuiu kkkkk


Eu fiquei orgulhoso. Do meu feito, algo que dali para frente virou parte da lenda, do meu legado de contador de histórias e mais uma peraltice do diabinho.


E a excursão inteira ganhou história pra contar por décadas.


🧩 Easter Egg Bellacosa

Nos anos 70, beijo na TV era um evento nacional. Os adultos viam, comentavam, analisavam… e eu, claro, achei que era só replicar a técnica. Afinal, se a Regina Duarte podia, por que eu não?


🎞️ Moral da história:

Alguns beijos a gente vive.
Outros a gente lembra.
E alguns, como esse, ninguém jamais deixa você esquecer.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

🐑🌈 O que é a “Ovelha Arco-Íris” nos animes japoneses?

 


🐑🌈 O que é a “Ovelha Arco-Íris” nos animes japoneses?

Curiosidade fácil de explicar, mas deliciosa de analisar.

A ovelha arco-íris (虹色の羊 – nijiiro no hitsuji) NÃO é uma criatura folclórica japonesa tradicional.
Ela vem de um meme cultural moderno, usado em animes, mangás e games para representar:

✔️ 1. Algo extremamente raro

Tipo a lenda urbana japonesa equivalente ao “unicórnio do mundo real”.
Personagens dizem “uma ovelha arco-íris” para descrever algo quase impossível de encontrar.

✔️ 2. Sortudo de forma absurda

Em muitos animes de comédia, quando um personagem tem uma sorte bizarra, outro comenta:
“Você encontrou uma ovelha arco-íris, só pode!”

✔️ 3. Coisas fofas e nonsense — o DNA da cultura otaku moderna

A estética kawaii nonsense (coisas estranhas e fofas sem explicação) nasceu nos anos 90–2000.
A ovelha arco-íris virou um símbolo visual desse humor aleatório, tipo:

  • alpaca rosa,

  • polvo arco-íris,

  • gato pão,

  • batata falante.

Sim, é isso. O Japão é o Japão.


🧠 Origem?

Não há registro histórico no folclore clássico.
O mais aceito é que ela surgiu dos MMOs e jogos mobile japoneses, onde criaturas “rainbow” significavam:

  • loot raro

  • item lendário

  • buff temporário

  • mob ultra difícil

Daí migrou para mangás e animes como um easter-egg visual de “raro + fofo + estranho”.


🎨 Por que o Japão usa o arco-íris para “raro”?

Porque em muitos JRPGs:

➡️ cinza = comum
➡️ verde = incomum
➡️ azul = raro
➡️ roxo = épico
➡️ arco-íris = lendário de quebrar o jogo

Isso influenciou a lógica estética dos animes.


📺 Onde ela costuma aparecer?

Ela surge como gag visual em produções de:

  • Isekai (claro, tudo cabe num isekai)

  • Slice of life de comédia

  • Anime escolar

  • Paródias de RPG

Normalmente só aparece de relance, numa piada, num plush toy, num desenho de fundo ou como mascote.


🥚 EASTER-EGG curioso

Em algumas animações japonesas, dizer que “viu uma ovelha arco-íris” é uma maneira humorada de insinuar que a pessoa:

  • está delirando

  • está apaixonada

  • está distraída

  • viu algo paranormal

  • ou está num nível supremo de azar/sorte

Tipo:
"Isso é tão improvável quanto ver uma ovelha arco-íris em Shibuya."


🔮 Versão Bellacosa Mainframe (paralela)

Se fosse no mainframe…

A ovelha arco-íris seria o abend que você jura que viu, mas nunca mais aparece no log.
Um bug lendário.
Um SYSOUT mágico.
Um módulo que só compila na sua máquina e em nenhuma outra.
Um DFHxxxx que reaparece apenas em noites de lua cheia.


🧵 Resumo Final

A ovelha arco-íris nos animes é:

➡️ objeto de gag visual
➡️ símbolo de raridade extrema
➡️ mascote nonsense kawaii
➡️ referência a jogos e loot lendário
➡️ metáfora para algo impossível ou surreal

Não é folclore — é cultura pop moderna, com DNA de games.


quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

⚙️ IBM System z13 – O Mainframe que Sonhava em Tempo Real

 





⚙️ IBM System z13 – O Mainframe que Sonhava em Tempo Real

O gigante projetado para o mundo móvel, cognitivo e analítico.


🧭 Introdução Técnica

Em 2015, a IBM lançou o System z13 (z13 EC) — sucessor direto do zEnterprise EC12 (z11) e herdeiro da arquitetura zEnterprise BC12 (z12).
Foi o primeiro mainframe da história projetado para a era dos dispositivos móveis, quando bilhões de transações em tempo real passaram a acontecer a cada segundo.

A palavra-chave do z13 é integração cognitiva: projetado para Big Data, Analytics, Cloud e Segurança Avançada, ele uniu processamento de alto desempenho, criptografia on-chip e análise em tempo real, abrindo caminho para a era Watson + z/OS.


🕰️ Ficha Técnica – IBM System z13

ItemDetalhe
Ano de Lançamento2015
Modelosz13 EC (Enterprise Class) e z13s (Small Enterprise, 2016)
CPU22 núcleos por chip (hexacore evoluído), 5 GHz, 22 nm SOI CMOS
ArquiteturaIBM z/Architecture (64 bits)
Sistema Operacionalz/OS 2.1 – 2.3
Memória Máxima10 TB (z13 EC) / 4 TB (z13s)
AntecessorzEnterprise EC12 (System z11) / BC12 (System z12)
SucessorIBM z14 (2017)

🔄 O que muda em relação ao System z12

  1. Novo processador de 22 núcleos com arquitetura superscalar e pipelines paralelos otimizados para workloads analíticos.

  2. Memória gigantesca: até 10 TB — 3x mais que o zEC12 — abrindo caminho para análises em tempo real e in-memory DB2.

  3. Instruções SIMD (Vector Facility): suporte nativo a cálculos paralelos — precursor do Machine Learning embarcado.

  4. Criptografia On-Chip: cada núcleo traz co-processadores AES, SHA e RSA — segurança full-speed.

  5. zEDC aprimorado: compressão até 2,5x mais eficiente.

  6. zAware 3.0: IA de autodiagnóstico ainda mais precisa, integrada ao IBM Operational Analytics.

  7. Suporte completo a Linux on Z e OpenStack, além de integração direta com IBM Bluemix (atual IBM Cloud).

  8. Virtualização ampliada: até 85 LPARs, cada uma podendo hospedar milhares de VMs via z/VM 6.3+.


🧠 Curiosidades Bellacosa

  • Codinome interno: “T-Rex II”, em homenagem à robustez do EC12.

  • Primeiro mainframe da IBM com suporte total a computação cognitiva e mobile banking, projetado para mais de 2,5 bilhões de transações por dia.

  • A IBM usou o z13 para simular redes neurais antes de lançar o PowerAI e Watson Machine Learning.

  • Foi a primeira máquina Z com criptografia “sempre ligada” (always-on), sem impacto de performance.

  • No lançamento, o z13 foi anunciado como o “mainframe para a economia digital” — com destaque à capacidade de processar transações móveis seguras em milissegundos.

  • A IBM criou até uma campanha visual épica: o “Mainframe Reloaded”, celebrando 50 anos de plataforma Z.


💾 Nota Técnica

  • Clock: 5,0 GHz

  • Cache: L1 – 96 KB, L2 – 2 MB, L3 – 64 MB, L4 – 480 MB por drawer

  • Memória: até 10 TB

  • Canais I/O: FICON Express16S, OSA-Express5, PCIe Gen3, InfiniBand

  • Criptografia: CryptoExpress5S + CPACF on-chip

  • Hypervisor: PR/SM + z/VM 6.3/6.4

  • Firmware: HMC 2.16 com Capacity on Demand em tempo real

  • Linux Integration: SUSE, RHEL, Ubuntu com KVM nativo


💡 Dicas Bellacosa para Padawans e Jedi da Plataforma Z

  1. Estude o SIMD (Vector Facility): foi o início do suporte nativo a cálculos paralelos — fundamental para IA e ML em z/OS.

  2. Explore o zAware 3.0: aqui nasceu o conceito de AIOps cognitivo no mainframe.

  3. Aprofunde-se no z13s: uma versão mais compacta, perfeita para laboratórios e bancos regionais.

  4. Dica prática: o z13 ainda é amplamente usado em ambientes de z/OS 2.3 e z/VM 6.4 — ótimo para quem quer estudar containers Linux on Z.

  5. Curiosidade de aula: o z13 foi o primeiro mainframe projetado sob a ótica do IBM Design Thinking, com 400 engenheiros e designers trabalhando em conjunto.


🧬 Origem e História

O projeto z13 (EC13) começou em 2010, ainda durante a maturação do EC12, com codinome “Cyclone”.
Desenvolvido nos laboratórios IBM de Poughkeepsie (EUA), Boeblingen (Alemanha) e Haifa (Israel), ele representou o maior investimento da história da IBM em um único sistema corporativo: US$ 1 bilhão.

Lançado oficialmente em 14 de janeiro de 2015, o z13 foi celebrado como o mainframe para o mundo móvel e analítico, com o lema:

“O primeiro sistema do mundo projetado para a era das transações digitais em tempo real.”

Em 2016, veio o z13s, uma versão compacta e mais acessível, projetada para empresas médias e ambientes híbridos.


📜 Legado e Impacto

O IBM z13 consolidou a transição do mainframe para o centro da economia digital.
Dele nasceram as bases técnicas do z14 e z15, com os pilares que até hoje sustentam o IBM Z:

  • Criptografia pervasiva

  • Analytics em tempo real

  • IA embarcada

  • Elasticidade cognitiva

Com o z13, o mainframe deixou definitivamente o estereótipo de “sistema legado” e tornou-se plataforma de inovação contínua.


Conclusão Bellacosa

O IBM System z13 foi o mainframe que aprendeu a pensar enquanto processava.
Projetado para entender padrões, proteger dados e analisar informações antes que os humanos percebessem.
Um marco que uniu performance bruta, inteligência cognitiva e elegância técnica.

“O z13 foi o cérebro que ensinou o mainframe a ouvir, prever e proteger.
O início da era cognitiva com alma z/OS.”
Bellacosa Mainframe

 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

📼✨ A Chegada dos Animes e Mangás no Brasil

 


📼✨ A Chegada dos Animes e Mangás no Brasil 

— A Crônica Bellacosa Mainframe Para o El Jefe Midnight Lunch

(ou: como meia dúzia de fitas VHS, alguns visionários e uma penca de gambiarra televisiva moldaram gerações inteiras — incluindo este que vos escreve, Vagner “Bellacosa Otaku”)


1. Prólogo: O Pacote Misterioso que Mudou o Brasil

Antes de Naruto correr de braços para trás, antes de Goku gritar três episódios para virar Super Saiyajin, antes da Sakura transformar cartas — o Brasil já era um país pronto para o encantamento oriental… só não sabia disso.

A explosão dos animes e mangás por aqui não foi planejada, não teve comitê, não teve PPT corporativo.
Foi gambiarra, paixão, importação clandestina, empresários visionários (e às vezes meio doidos), acordos de TV feitos na madrugada e fãs copiando fita VHS com tracking torto.

Assim começa nossa história.


2. O Primeiro Contato – O Embrião dos 1960–70



📺 National Kid (anos 60)

Embora muita gente pense que a invasão nipônica começou nos anos 70/80, o National Kid já mostrava para a criançada que o Japão sabia fazer super-heróis antes da Marvel dominar o mundo.
Ele foi importado pela Record e virou febre em São Paulo — inclusive em comunidades nikkei, que o adotaram como patrimônio.



⚡ Tokusatsu como ponte cultural

Nos anos 70, Ultraman, Ultraseven e Spectreman firmaram a presença da estética japonesa no Brasil.
É quase como se o Japão estivesse testando o ambiente antes de mandar sua tropa de elite animada.

Easter-egg: Spectreman passava com áudio levemente “atrasado” porque a emissora improvisava dublagem ao vivo em alguns episódios perdidos.


3. A Era Dourada dos 1980: A Explosão Controlada (ou não)



📼 TV Record e seu terça total com filmes marciais niponicos.

Primeiro contato com Karate, Ninja, Samurai, Dojos, Ronin e comidas japonesas e aquele tipico humor niponico.



📼 TV Manchete – A melhor amiga do otaku antes da internet existir

Quando a Manchete entra na jogada, o jogo muda.
Mas muda feio, muda forte, muda para sempre.

🌌 A Princesa e o Cavaleiro (1980)

Sim, Tezuka, o pai do mangá moderno, já dava as caras. Era experimental, suave, fininho — mas plantava sementes.

⚔️ Os Cavaleiros do Zodíaco (1986 – Brasil em 1994)

Aí acabou.
O país nunca mais foi o mesmo.

A importação foi obra de Francisco “Chico” Anysio Jr., que levou o anime para a Manchete acreditando que “ia dar bom”.
Deu muito bom.
Virou febre nacional, vendeu revistas, bonecos, pôsteres, álbuns de figurinhas, VHS, tudo.

Curiosidade Bellacosa: a dublagem brasileira era tão marcante que até hoje japonês fã de anime procura versão BR pela internet — e não é meme.

🐈 Yu Yu Hakusho

Outro clássico Manchete, outro anime que formou caráter.
Roteiro adulto, lutas icônicas, e uma abertura brasileira que até hoje mora na cabeça de toda uma geração.




4. Mangás no Brasil: A Revolução Impressa

📚 Editora Abril — A pioneira acidental

Nos anos 80 a Abril lançou Lobo Solitário — mas em formato americano, ocidentalizado, corte, vira-página invertido…
A boa intenção existia, o know-how não.

📘 A virada — Conrad e JBC (anos 90/2000)

A Conrad chega com Dragon Ball e Cavaleiros, em formato quase original.
A JBC vem depois com Rurouni Kenshin, Sakura Card Captors, Love Hina, Evangelion

Easter-egg Editorial:
A fase em que os mangás eram impressos em papel jornal translúcido nivel papel de pão virou outro símbolo geracional.


5. A Chegada da Indústria — O Mercado Se Organiza

2000–2010: A consolidação

  • Anime no Cartoon Network

  • Fullmetal Alchemist na Animax

  • Naruto no SBT

  • Pokémon e Digimon reinando nos anos 2000

  • Eventos como Anime Friends, Ressaca Friends, Fest Comix

O fandom cresceu, o mercado entendeu que aquilo era ouro puro e começou a profissionalizar:

  • Editoras começaram a licenciar com prazos decentes

  • Lojas especializadas surgiram

  • Cosplay virou cultura e profissão

  • Streaming engatinhou com Crunchyroll e serviços locais


6. 2010–2020: O Brasil Entra na Rotação Mundial

Com a chegada dos streamings globais:

  • Crunchyroll oficializa lançamentos simultâneos com o Japão

  • Netflix investe em anime próprio

  • Amazon e Hulu entram no jogo

  • Dublagem brasileira volta a ser relevante na indústria japonesa

O Brasil vira um dos maiores mercados consumidores de anime do mundo.
E isso não é exagero.

Impacto cultural:

  • vocabulário japonês no dia a dia (“senpai”, “kawaii”, “baka”)

  • estética otaku em moda e publicidade

  • aumento de interesse por idioma e viagens ao Japão

  • influência em quadrinhos nacionais e animações

  • fanbases gigantes, organizadas, apaixonadas e altamente conectadas


7. 2020–2025: O Presente — Anime Mainstream Total

Hoje temos:

  • Streaming com catálogo vasto

  • Dublagens simultâneas

  • Mangás lançados com poucas semanas de diferença do Japão

  • Lojas e marcas nacionais vivendo exclusivamente de anime

  • A indústria brasileira de dublagem respeitadíssima lá fora

  • Eventos profissionais atraindo 100k+ pessoas

Anime deixou de ser “coisa de nerd isolado” e virou cultura pop dominante.


8. O Toque Pessoal do Vagner “Bellacosa Otaku”

Eu cresci assistindo anime em TV de tubo, com antena torta e som chiando quando alguém abria a geladeira.
Assisti Cavaleiros com o coração disparado, achando que Poseidon era invencível.
Gritei Kamehameha ao lado de amigos no recreio.
Copiei mangá no papel almaço.
Fui ao meu primeiro evento com cosplay improvisado.
E senti — como milhões de brasileiros — que o Japão tinha acabado de abrir uma janela para um mundo novo.

Anime não é só desenho.
É portal de entrada para cultura, linguagem, valores e sonhos.
E quando olho para o impacto gigantesco que isso teve em gerações inteiras, vejo claramente:

Se o Brasil ama anime, é porque o anime também amou o Brasil de volta.


9. Easter-Eggs para o Verdadeiro Fanático

  • O episódio “perdido” de Cavaleiros realmente existiu na Manchete.

  • A versão brasileira de Pokémon inspirou dubladores latinos a seguir a mesma linha emocional.

  • A abertura de Shurato no Brasil é mais famosa aqui do que no Japão.

  • Samurai X teve episódios reorganizados só no Brasil para ficar “mais lógico”.

  • A pirataria dos anos 2000 — controversa — foi um dos motores que pressionou editoras a trazer mais títulos.


10. Conclusão Bellacosa Mainframe

A chegada dos animes e mangás no Brasil foi:

  • improvisada

  • apaixonada

  • caótica

  • genial

E o resultado é um dos maiores polos otaku do mundo, onde o amor por arte, mitologia e narrativa japonesa se mistura com a criatividade brasileira.

O Brasil não apenas recebeu anime —
O Brasil adotou anime. E anime adotou o Brasil.