📂 El Jefe Midnight Lunch — Bellacosa Mainframe
Log nº 007 — O Pequeno Trabalhador do Cecap, Versão 2.0
Depois do grande ABEND familiar que nos reposicionou no mapa da vida lá em 1983, fomos realocados para o CECAP — Quadra B, onde o vento gelado batia na janela e a realidade batia mais forte no bolso.
E no spool doméstico havia um job que rodava todo mês, sem pausa, sem abend retry, sem cancel step:
Faltava dinheiro. Sempre.
A fotografia ajudava quando havia cliente.
Mas a maior parte do tempo vivíamos de JCL com RETURN CODE 04: rodava, mas com alerta no console.
Minha mãe então ressuscitou um dataset antigo da família:
venda de coxinhas, risoles e croquetes para fora.
Massa na mão, óleo na panela, sonho no peito — e zero logística automatizada.
Porque anos 1980 não tinham iFood, não tinham motoboy, não tinham PIX.
Então quem era o mensageiro oficial, entregador e cobrador, full-stack na marra?
Vaguininho de Monareta Verde, prazer.
Versão bicicleta com garupa, caixa de papelão e cheiro de coxinha invadindo a rua inteira.
Eu cortava o bairro de ponta a ponta, pilotando como se fosse Harley, mas na realidade era Monareta a pedal impulsionada por coxinha e força de vontade.
Ali conheci todos os becos, escadões, donas-de-casa com avental e chaleira no fogo.
Era entregar, receber o pagamento, às vezes tomar um calote nível Soft-Error, mas na maioria volto vitorioso com troco e sorriso gorduroso.
Mas achou que parava aí?
Negativo, padawan do pão dormido.
Minha mãe também lavava e passava roupas para fora, e adivinha quem entregava as peças no cabide, embaladas no plástico?
Sim.
Eu. Office-boy de ferro, XP subindo na raça.
E então veio o job mais épico, o Workload Manager rodando no limite:
🌳 Missão: Desbravar a Floresta — Praça da Quadra G
Meu pai fechou contrato para limpar a praça inteira.
Mas limpar é eufemismo — aquilo era Amazônia versão pocket, mato na altura do peito, arbustos demoníacos, árvores com galhos que pareciam ter alma.
Escalação do time:
| Função | Nome | Nível |
|---|---|---|
| Chefe do Squad | Seu Wilson | RAID 1 de coragem |
| Capataz Mirim | Eu, Vaguininho | CPU a carvão |
| Primo Braço Forte | Celo | Agilidade +2, Força +3 |
Trabalhamos dias inteiros.
Sol torrando, blusa suada, calo na mão, cheiro de terra molhada — o inferno e o paraíso da infância no mesmo pacote.
E foi ali, na grieta verde da praça, que o destino deu ENTER.
Conhecemos Andrea.
Linda. Riso iluminado. Olhos que derrubavam firewall emocional.
Eu e o Celo?
Completamente derrotados — RESPONSE CODE 00: SUCESSO TOTAL DA PAIXÃO.
Mas essa história…
Essa continua em outro log.
Outro turno.
Outro spool de memória.
Porque o capítulo que vem, meu parceiro — é aventura com final de boss, XP alto e plot twist digno de mainframe 3390 explodindo trilha.
E eu prometo:
Vou contar.
Bellacosa, encerrando job, segurando a Monareta e lembrando do perfume da Andrea no vento.
Ps: Quem diria que aquele vendedor de coxinhas em Pirassununga iria assumir ares tão, grandes em Taubaté
Ps2: Em outra oportunidade falo da mini granja Bellacosa, outro dos empreendimentos do sr. Wilson e mais uma vez este pequeno trabalhador dando duro no alto dos meus 9 para 10 anos...